21 março, 2015

BAYERN, MADEIRA E LIGA EUROPEIA: O DRAGÃO A TODO O VAPOR.

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Chegados aos quartos-de-final de uma competição como a Champions é difícil esperar facilidades. No entanto há dificuldades maiores do que outras e é preciso ser realista: neste momento provavelmente nenhuma equipa do Mundo é melhor do que o Bayern de Munique.

Entretanto, mais do que carpir mágoas, o pensamento deve ser outro. As responsabilidades (que já não eram grandes, uma vez que os objectivos base estão cumpridos) são agora mínimas, toda a Europa “sabe” que o Bayern passará às meias. Contudo isto é futebol e se fosse aqui falar de todas as surpresas que este desporto já proporcionou iria bater o record de caracteres num texto publicado aqui no blog.

Cresci a ver vezes sem conta aquele VHS, maldizendo o azar de ter nascido tarde demais para viver Viena. A história de 1987, já sobejamente conhecida por todos nós, irá ser repetida vezes sem conta nos próximos dias, num ano mágico em que venceríamos novamente o colosso de Munique no tira-teimas proporcionado pelo Troféu Juan Gamper, nos tempos em que estes torneios de pré temporada tinham uma mística diferente da actualidade. No entanto a história com o Bayern não é só feita de sucessos, sendo que mesmo assim podemos tirar lições importantes dos outros encontros com o gigante alemão.

Em 1991, num Estádio das Antas a abarrotar de entusiasmo, a reviver as memórias frescas de Viena e com uma certeza inabalável em nova vitória, o FC Porto foi incapaz de fechar uma eliminatória na qual trazia um prometedor 1-1 do Olímpico de Munique. Mesmo sem o capitão e líbero Augenthaler expulso precocemente na 1ª mão (ele que já havia falhado Viena por lesão), o Bayern marcou cedo e nem o talismã Madjer foi capaz de inverter o rumo de um jogo que perdemos 2-0. Ainda miúdo, vivi esta derrota de uma forma que ainda hoje não consigo digerir. Afinal o Bayern não era apenas um figurante, ao qual ganharíamos sempre, como em 87.

Uns anos mais tarde, voltamos a cruzar-nos em circunstâncias mais semelhantes às actuais, quiçá ainda piores. Uma equipa em quebra pós Penta, com o Vítor Baia no seu calvário de lesões no joelho e o ainda jovem Deco com problemas físicos, viu sair-lhe em sorte um Bayern, que apesar do trauma da final perdida no ano anterior com o Manchester United, vinha lançado com duas goleadas ao Real Madrid na 2ª fase de grupos. 4-2 em Chamartin e um 4-1 na Alemanha eram os resultados que nos faziam tremer e sofrer em antecipação. No entanto a realidade foi bem diferente, como muitos não esquecem.

Num Estádio das Antas surpreendentemente despido de público, o Bayern pode agradecer a Oliver Kahn, uma “esperteza” dividida entre Paulo Sérgio e Effenberg e ao árbitro russo Nikolay Levnikov a sorte de ter deixado o Porto com um lisonjeiro 1-1. Na segunda mão vimos um FC Porto com personalidade resistir a um golo madrugador e a procurar o empate, que acabou por acontecer em cima da hora, pelo inevitável Mário Jardel. Quando o prolongamento parecia inevitável e a nossa equipa parecia melhor física e psicologicamente, metendo medo a ilustres na bancada como Beckenbauer, veio um dos maiores desgostos da minha vida. Livre atrás de livre cavado nas imediações da nossa área, uma arbitragem que tudo permitia naqueles minutos intermináveis e o pior aconteceu. Thomas Linke, um dos nomes inesquecíveis deste jogo, pôs a Nação Portista de lágrimas nos olhos, numa das maiores injustiças que me recordo. O outro nome inesquecível foi o de um senhor chamado Hugh Dallas (numa época de “azares”, em que apareceu essa anedota chamada Bruno Paixão) que tudo fez para levar o Bayern às meias. No entanto, e em conclusão, ficamos com a certeza de que afinal o papão estava ao nosso alcance. E se tivéssemos tido essa postura desde o 1º minuto da eliminatória, a começar por uma presença maciça de público nas Antas, provavelmente as coisas teriam sido diferentes.

A história mostra portanto que não há vencedores antecipados (1987), que as histórias não se repetem sempre (1991) e que os favoritismos nem sempre são assim tão fáceis de confirmar (2000).



Apesar da expectativa que estes jogos geram em jogadores e adeptos, a nossa luta interna não pode ser colocada em espera e hoje temos mais um jogo decisivo. Aconteça o que acontecer em Vila do Conde, teremos de vencer na Madeira para manter viva a chama de um volte face no campeonato, que premeie aquela que é sem margem para dúvidas a melhor equipa Portuguesa da época. Só a vitória interessa para manter este bom momento actual e tenho a certeza que na deslocação ao Nacional os nossos atletas estarão cientes que outra escorregadela na ilha “maldita” nos colocará em péssima posição para atacar a recta final do campeonato.

Este fim-de-semana terá também outro aliciante, numa prova que desde 1990 não temos sido nada felizes. Uma equipa de hóquei em patins que segundo a imprensa (e não só...) está em fim de linha recebe o eterno rival, cujas armas em teoria serão aparentemente mais fortes. Mas em casa o FC Porto é o FC Porto, seja em que circunstâncias for, por isso as fichas todas nos nossos. A batalha será dura mas se o guarda-redes adversário repetir a exibição do galinheiro e não “mijar” a baliza como o fez para o campeonato tudo é possível. Oxalá tudo esteja alinhado a nosso favor, por todas as razões e mais uma, com 3 palavras. Capitão Reinaldo Ventura.

Bom fim-de-semana e força Porto!

1 comentário:

  1. Viva.
    Esse jogo com o bayern em munique, ainda é o que mais me fez ferver com o arbitro.
    Abraço.
    Sérgio.

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