18 dezembro, 2017

DE REGRESSO AO LUGAR NATURAL.


FC PORTO-MARITIMO, 3-1

Durante o dia de ontem ao consultar a generalidade da imprensa, fiquei preocupado. O FC Porto tinha perdido a liderança, segundo os pasquins, e muito mais importante e determinante já não era o detentor do melhor ataque da prova.

Mas depois comecei a questionar-me. O FC Porto já realizou o seu jogo relativo à jornada 15? Ou será que ainda não cumpriu o seu papel mas a perda de pontos é já dada como certa, quase por decreto?

Das duas, uma. Decidam-se! Confesso que fiquei realmente perturbado com as notícias vindas nos pasquins e por isso passei o dia muito mal disposto e sem condições para fazer nada.

No entanto, depois de ter o cuidado de me certificar em órgãos sérios e nada propagandistas, li que afinal teríamos um jogo para cumprir frente ao Marítimo, em que estavam em disputa três pontos. Isto tudo sem desvalorizar o facto de terem escalonado para o jogo do Dragão um árbitro que todos conhecemos qual a sua grande paixão e também do Marítimo ser uma equipa complicada e difícil de bater.


A partir daqui começou a fazer sentido tudo aquilo que tinha lido nos órgãos de propaganda. Os dois da 2ª circular tinham vencido os seus jogos, um deles então recebeu uma grande prenda em Tondela e o FC Porto teria que defrontar um colosso esta noite. Então há que pôr a máquina de propaganda a carburar. Só que se esqueceram de consultar a estatística.

Pois a estatística não vale nada ou vale o que vale. Como quiserem! Só que em 37 jogos para o campeonato em casa, o FC Porto venceu 35 e empatou 2. Saiu-lhes o tiro pela culatra. Agora no dia 3 de Janeiro, os propagandistas que se entretenham com os dois de lá de baixo que nós vamos tratar de vencer em Santa Maria da Feira, um jogo sempre complicado num campo muito pequeno.

Vamos ao jogo. O Marítimo apresentou-se com cinco defesas e um bloco compacto, baixo, muito curto ofensivamente e com a única missão de fechar os espaços para a sua baliza.


Com esses espaços reduzidos, o FC Porto teve dificuldades em construir o seu jogo. Foi o mesmo FC Porto que se apresentou frente ao V. Guimarães com uma única alteração. Brahimi regressou e surgiu no lugar de Corona.

Por isso, foi pedido que o FC Porto fosse paciente, que não se precipitasse e que fizesse a circulação de bola rápida para ultrapassar a ulta-defensiva madeirense. Por outro lado, seria importante que os Dragões aproveitassem as bolas paradas, sempre muito bem batidas por Alex Telles.

Foi aos 19 minutos que os Dragões abriram o marcador. Telles cobrou um canto do lado esquerdo e Reyes apareceu solto a cabecear para a baliza. O mais complicado estava feito: desmontar o autocarro de três andares do Marítimo.

Só que, aos 26 minutos, numa perda de bola a meio-campo, o Marítimo chegou ao golo na única vez em que foi à baliza portista. Everton rematou forte à entrada da área, José Sá sacudiu para a lateral, a bola sobrou para Fábio Pacheco que, perante certa apatia da defensiva azul-e-branca, rematou e fez o empate. O remate contou ainda com a ajuda de Reyes que traiu o guardião portista.


Mas depois o Marítimo começou a praticar todo o tipo de anti-jogo. Faltas despropositadas e grosseiras e perdas de tempo. Com isso, pagou caro a sua prática de não querer jogar futebol. Gamboa faz uma falta para amarelo sobre Aboubakar e dois minutos depois entrou com os pitons sobre Herrera e recebeu ordem de expulsão.

O FC Porto parecia ter o caminho facilitado para a baliza madeirense mas ainda foi pior. O Marítimo apenas abdicou de atacar por completo e manteve o bloco muito baixo. Apesar disso, a fechar a primeira parte, Brahimi encontrou uma linha de passe e isolou Marega pela esquerda que à saída do guarda-redes contrário fuzilou a baliza maritimista. Um golo na melhor altura, deixava o FC Porto em vantagem ao intervalo.

De regresso do descanso, o FC Porto não atacou com tudo mas procurou fazê-lo com calma, paciência e cabeça. Saberia que o Marítimo iria continuar a jogar muito fechado cá atrás e iria tentar aproveitar uma falha na defensiva portista. Daniel Ramos, o treinador insular, bem pôde esperar sentado.

O Marítimo nunca conseguiu chegar à baliza azul-e-branca e ainda teve que revelar os seus maus fígados pela derrota, colocando em causa a expulsão mais do que justificada do seu imprudente jogador. Além disso, a equipa do Marítimo revelava um nervosismo fora do normal perto do final do jogo. Estaria ali à espera algum prémio tentador em caso de pontuarem no Dragão? Fica a questão.


O jogo foi de sentido único e mais fluído se tornou quando Corona entrou para o lugar de Maxi e Ricardo recuou para a lateral direita. O corredor passou a ser muito mais explorado e as trocas de bola muito mais intensas. No meio-campo, Danilo e Herrera mandavam e não davam hipóteses, principalmente o 22 portista que está num grande momento de forma e preenche todos os espaços do miolo.

Aos 75 minutos, Brahimi voltou a encontrar nova linha de passe sobre a esquerda e Marega repôs mais justiça no marcador. O resultado e a vitória estavam alcançados perante uma equipa vergonhosa, com mau perder e que foi ao Dragão apenas para não jogar à bola.

O FC Porto regressa à liderança e espera tirar dividendos na classificação na próxima jornada. Para isso terá que vencer o Feirense, jogo que se realiza no 3º dia do próximo ano civil. Até lá, o FC Porto tem dois jogos da Taça da Liga para vencer, de forma a tentar marcar presença na Final Four da prova.




DECLARAÇÕES

Sérgio Conceição: “Estávamos preparados para defrontar este Marítimo”

Análise a uma vitória justa
“Sabemos do que é capaz a nível defensivo o Marítimo. Jogaram com um bloco baixo, com três centrais, mas nós estávamos preparados para isso: variamos o jogo até encontrarmos espaços na defesa. Eles conseguiram responder ao nosso golo, mas depois disso foi um constante perder tempo, de forma a quebrar a intensidade da nossa equipa. Depois, num movimento fantástico, fizemos o segundo golo e fomos para o intervalo em vantagem, mas alerta. No segundo tempo entrámos à procura do terceiro golo. Podia ter acontecido mais cedo, tivemos ocasiões para isso, mas chegou já perto do fim do jogo.”

Triunfo num jogo “sempre complicado”
“Eles tentaram condicionar ao máximo o nosso jogo ofensivo, mas, como já disse, estávamos preparados. E o segundo e o terceiro golos são bons exemplos disso. É sempre difícil jogar com equipas assim, mas no fim conseguimos vencer um jogo que é sempre um jogo perigoso.”

A opção por Reyes
“O Reyes tem dado a resposta que os outros também têm dado. Não nos podemos esquecer dos muitos jogos de qualidade que fez o Felipe, mas o futebol é mesmo isto: o momento. O importante é ter sempre todos disponíveis e não deixar que nada interfira no bom ambiente que se vive no nosso balneário.”


Contas para fazer no final do ano futebolístico
“Quero fechar o ano futebolístico na frente, não o ano civil. Obviamente que queremos estar na frente, como estamos desde o início, mas é em maio que queremos lá estar.”

Taça da Liga já está a ser preparada
“É importante dar continuidade a esta dinâmica da vitória, porque neste clube entramos para ganhar todas as competições. Sabemos que temos que ganhar ao Rio Ave para continuar na Taça da Liga e até posso dizer que estamos neste momento a ter treino de forma a preparar da melhor forma esse jogo.”

Eficácia e inteligência a jogar
“Fazer três golos é bom. É sempre bom fazer mais um do que o adversário. Temos tido muita diversidade nos marcadores dos golos o que revela o trabalho que levamos a cabo ao longo da semana. Mas para mim o importante é o processo e não quem marca o golo. E hoje só uma equipa inteligente poderia ganhar este jogo. Não nos podemos esquecer de que qualquer equipa que some um ponto contra nós já é positivo.”



RESUMO DO JOGO

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