28 fevereiro, 2007

Mourinho no Dragão

'Nortada' do Miguel Sousa Tavares...

Pena tenho que o Anderson não esteja a jogar. Porque estou convencido de que, com ele em campo, talvez José Mourinho recebesse em Stamford Bridge uma lição de humildade.

1 - Parabéns a José Mourinho, que conquistou mais uma Taça ao serviço do Chelsea, a Carling Cup. Ganhar é o seu talento, o seu vício, o seu destino. Mas saber ganhar, já não sei se será.

Na semana passada repeti aqui os elogios a Mourinho, que já tantas vezes lhe fiz e sempre com sincera admiração. Disse que ele seria recebido no Dragão, pelos verdadeiros portistas, com a admiração e a gratidão que merecia quem lá deixou a obra e a memória que ele deixou. Estou, pois, à vontade para agora dizer que a passagem de Mourinho pelo Dragão, terça-feira passada, me deixou um profundo sentimento de decepção, dando comigo a pensar se esta paixão pelo futebol será mesmo coisa recomendável.

Primeiro que tudo, foram as declarações de José Mourinho ainda em Inglaterra, dizendo que esperava ser recebido com alguns assobios e manifestações de ingratidão, a que já estava habituado e não o afectavam em nada. Ora, sucedeu que, tendo sido recebido exactamente ao contrário, desde o aeroporto até ao estádio, Mourinho não foi capaz de ter uma palavra, já não digo de arrependimento pelo que dissera, mas ao menos de saudação ao público. Não teve uma palavra, não teve um gesto, não teve uma atitude. E celebrou o golo do Chelsea com um entusiasmo tão grande quanto desnecessário: já Luís Figo, ao celebrar o golo do Inter contra o seu Sporting, nos havia ensinado o que estamos fartos de saber, mas fingimos sempre não acreditar: que, tirando raras e estranhas excepções, estas coisas do amor à camisola, de gratidão para com um clube, de fidelidade à memória e aos adeptos que ontem nos veneravam, só existe mesmo para os adeptos. Eles, os profissionais, só conhecem sentimentos para quem, em cada momento, lhes paga.

Depois, Mourinho pôs em campo uma equipa de luxo a fazer um futebol medíocre, sem rasgo nem alma, unicamente pensado para levar de vencida a eliminatória e nada mais. Tanto pior para os idiotas como eu, que continuam a pensar que só vale a pena ir aos estádios para ver bom futebol; se é apenas para ver a minha equipa ganhar, fico em casa a ver pela televisão, que é bem mais barato e confortável.

Mas Mourinho não se limitou a castrar o espectáculo que a sua equipa tinha obrigação de dar, em benefício do resultado que pretendia: tratou também de assegurar que o adversário não pudesse dar espectáculo. Não é preciso ser um «treinador de top mundial», como Mourinho se definiu, para perceber que, na ausência de Anderson, a única hipótese de perigo do FC Porto e a única hipótese de espectáculo do jogo, residiam nos pés desse talento ainda não normalizado chamado Ricardo Quaresma. E, assim, a sua grande estratégia para este jogo consistiu numa coisa simples e feia: anular Ricardo Quaresma de qualquer maneira: a bem, se possível; a mal, se necessário. Para isso, começou por tirar Paulo Ferreira (desconfiou que, por razões várias, talvez não estivesse disponível para uma sale besogne) e fê-lo substituir por um Diarra instruído para perseguir como um doberman e atacar como um rottweiler. Em seu apoio, não estivesse Quaresma suficientemente intimidado e massacrado, colocou Essien, com a missão de jamais deixar passar o adversário com a bola nos pés. E, enfim, ele próprio, Mourinho, tornou-se o terceiro elemento decisivo do Plano Quaresma Não Passa!, colocando-se estrategicamente de pé junto à lateral, para esbracejar e gritar «teatro!» de cada vez que Quaresma encontrava um ombro, um joelho ou um pé de Diarra a barrar-lhe a passagem. A certa altura, quando Essien, vindo em auxílio de Diarra, ceifou Quaresma com uma entrada assassina, ainda o extremo portista voava no ar e já Mourinho gesticulava em direcção ao árbitro, tentando convencê-lo de que nem falta houvera. E a verdade é que valeu a pena a sua atenção: Essien foi poupado a um vermelho directo e, no final, Mourinho ainda se deu ao luxo de dizer que Quaresma era tão talentoso como «batoteiro» e que lhe faria bem passar uns tempos em Inglaterra para aprender a levar porrada com um sorriso nos lábios. Confesso que para um treinador de «top mundial», esperava outra estratégia, menos feia, mais amiga do futebol. E outra memória — dos tempos em que ele treinava o FC Porto e os ingleses, incapazes de digerir a derrota do Celtic ou a eliminação do Manchester United, o acusavam de ser treinador de uma equipe de mergulhadores.

No fim, ainda ouvi José Mourinho a queixar-se que a lesão de John Terry e o facto de não dispor de outro central de raiz é que tinha condicionado todo o futebol do Chelsea. Como é sabido e conforme é de tradição com os nossos emigrantes do futebol no estrangeiro, a imprensa portuguesa assumiu todas as dores de Mourinho, porque o vilão do Abramovich lhe negou em Dezembro a compra de outro central. Ora, convém recordar que o vilão do Abramovich gastou 60 milhões de contos, em três anos, a dar a Mourinho os jogadores que ele quis e, só no ano passado, perdeu 24 milhões de contos com o futebol do Chelsea. Certamente que não é da sua responsabilidade que, com tantos milhões para gastar, Mourinho se tenha esquecido de comprar outro central. Só com o dinheiro do Shevchenko, ele teria comprado dois ou três de primeira linha e, assim, a lesão do John Terry não teria constituído problema algum. Mas também o Shevchenko não estaria lá para marcar aquele golo. Como em tudo na vida, quando se faz uma escolha, tem de se prescindir de alguma coisa…

Pena tenho que o Anderson não esteja a jogar. Porque estou convencido de que, com ele em campo, talvez José Mourinho recebesse em Stamford Bridge uma lição de humildade que lhe relembrasse quais são verdadeiramente os grandes desafios e as grandes vitórias. E essas não são as que o livro de cheques torna possíveis.

2 - Inacreditável a história protagonizada pelo ilustríssimo desembargador Lima, presidente do CJ da Liga, que, depois de ter agendada uma reunião para decidir do recurso da suspensão de Ricardo Quaresma e depois de ter constatado que ele era o único dos juízes que se opunha à despenalização do jogador, resolveu adiar a decisão sine die, dizendo que «não tinha tido tempo» de ler o processo! É inacreditável e, obviamente, não pode passar impune. Não há ninguém que tenha a decência de o demitir, já que ele, por si, não tem tempo para o fazer?

3 - Na quinta-feira passada, o Público voltava a revelar novos dados sobre os trabalhos da task force de Maria José Morgado contra Pinto da Costa (e, ao que parece, só contra ele). Desta vez, tratava-se de mais umas declarações «incriminatórias» de Carolina Salgado, cuja grande novidade consistia em que essas declarações — produzidas em «rigoroso» segredo de justiça, a sós com os investigadores, sem testemunhas nem hipótese de contraditório — aparecerem reproduzidas no jornal com tal detalhe que até vinham entre aspas. Mas, desta vez, não reparei que a doutora Maria José Morgado se tivesse insurgido contra esta fuga. E, todavia, a experiência diz-nos que, tanto a sua origem quanto a sua finalidade, são tão evidentes que só mesmo um imbecil é que não percebe.
Tenho seguido atentamente tudo o que sai referente ao Apito Dourado. Não quero antecipar conclusões mas tenho alguma experiência e conhecimento de como é que as coisas se fazem e, sem querer desde já matar tão tremendas esperanças agora depositadas na justiça, digo-vos que, a fazer fé no que tem vindo a público e se aquilo é tudo o que se está a passar, tirem o cavalinho da chuva: qualquer estagiário de advocacia reduz aquilo a pó. Mas aguardemos.

4 - E, por falar em Apito Dourado, meditem nesta história exemplar. Em 2004, o ano de ouro do FC Porto, de Mourinho, um empresário resolveu emprestar 25 mil euros a um seu jogador, então no União de Leiria. Todos os dias acontece isso, empresários emprestarem dinheiro aos jogadores e até aos clubes. Mas sucede que, três dias depois, o Leiria jogava contra o FC Porto: foi quanto bastou para que se levantasse a suspeita de corrupção do adversário, por parte do FC Porto. E, sem sequer atentar que o dito jogador era ponta-de-lança (e não guarda-redes ou defesa, como suponho que seria normal nestas circunstâncias), abriu-se mais um processo por suspeitas contra o FC Porto e o seu presidente — e logo o Correio da Manhã, depois seguido por outros, gritou as suspeitas aos quatro ventos. Afinal, aberta a investigação, descobre-se que o jogador nem sequer chegou a depositar o cheque recebido. Sem se dar por vencida, a task force continua a investigar, não aceitando o arquivamento. Mas o efeito útil já está conseguido: a suspeita foi divulgada e ficou instalada.

# in Jornal “A BOLA”, 2007.02.27

27 fevereiro, 2007

Aziados & Ca Lda

Estava eu ainda ontem pela noitinha bem descansado e de ‘barriguinha farta’ à custa da maior goleada conseguida nesta temporada, longe de imaginar o que o dia de hoje, o primeira da semana, me reservava ‘on work’… e não só ali.

Então não é que ‘quem os ouve falar’, até fica com a ideia de que estamos a falar de coisas literalmente opostas, ou até na pior das hipóteses, de jogos diferentes?... é que pelos vistos, a nossa engorda de ovos moles lá para os lados de Aveiro, só aconteceu por um motivo: o FC Porto foi escandalosamente beneficiado, e pelos vistos, até por um árbitro azul de nascença, de seu nome, Bruno ‘Calabote’ Paixão!!

Olhem que há cada uma, rssssss… há gente (?!) que para além de ridícula e medíocre, ainda consegue ser invejosa a um nível digamos que, já a ultrapassar uma qualquer demência mental ou até esquizofrenia doentia… ‘ouvindo-os a falar’, dos 5 golos, no mínimo, repito, no mínimo, 4 deles foram irregulares! Ufffaaaaa, vá lá que ao menos nos deixaram 1 (!) para amostra, é que o Beira-Mar não tendo marcado nenhum, sempre com esse único golo, supostamente, daria para vencermos… ou será que não?

Já dizia o outro, “para se ser sério, não basta ser; tem de se parecer”. Com isto, quero apenas dizer que quem consegue ‘inventar azias doentias’ destas, sinceramente, de sério não tem nada… só podem mesmo ser uns perfeitos débeis mentais!

Os nossos 5 golos sem resposta em Aveiro, não são mais do que isto:

18 min (0-1): golo perfeitamente legal, porque Pepe e Lisandro estão em jogo, um ao cabecear, outro ao encostar o peito na bola para inaugurar o marcador; dúvidas?

36 min: Postiga é empurrado nas costas pelo ombro de Alcaraz na grande área aveirense. penalidade claríssima por marcar; dúvidas?

71 min (0-2): Raul Meireles isola-se, passa a bola a Lisandro (em fora de jogo), este remata mas não consegue marcar, e no seguimento da jogada oferece a bola para trás, onde aparece Lucho a fuzilar as redes; fora de jogo de Lisandro no inicio da jogada!

74 min (0-3): Alain assiste para fora da área Raul Meireles, que com mais um (!) remate portentoso, eleva a contagem para 0-3; dúvidas?

77 min (0-4): Quaresma entra na área, cruza para Adriano que remata com dificuldade, recupera a bola e ainda no chão, assiste para o lado Alain; dúvidas?

88 min (0-5): Pepe entre na área desmarcado por Adriano, ao tentar fintar o guarda-redes, é tocado no pé esquerdo pelo pé do guarda-redes e cai; grande penalidade clara; dúvidas?

Moral da história: 4 golos limpinhos como água, sendo 1 deles através de uma grande penalidade claríssima. No resto, 1 golo precedido por fora de jogo inicial de Lisandro que posteriormente endossa a bola a Lucho para marcar, e 1 penalidade claríssima por marcar. Dúvidas? Alguém ainda as têm?

Tudo mais que isto, não passa de pura ilusão de invejosos aziados a precisar urgentemente da dose diária de alka-seltzer e compensan. Apenas um conselho médico: tratem-se, carago!!... já agora, levem os ‘aziados enc(o)rnados’ da TVI convosco!!

25 fevereiro, 2007

Goleada à moda antiga

Competição: bwin 06/07 (19ª jornada)
Data: 25.02.2007
Local: Estádio Municipal, Aveiro
FC Porto: Helton; Bosingwa, Pepe, Bruno Alves, Marek Cech; Paulo Assunção, Raul Meireles, Lucho Gonzalez; Lisandro Lopez (Alain), Quaresma (Renteria) e Hélder Postiga (Adriano)
Golos: Lisandro, Lucho, Raul Meireles, Alan e Adriano

Foi digamos que um domingo gordo, aliás, bem gordinho com 5 bolas na conta, depois da última saída de muito má memória (Leiria). E se calhar, ninguém estaria à espera deste resultado, em primeiro lugar, porque os tempos do futebol actual são outros; em segundo lugar, porque o adversário vinha de 5 jogos consecutivos sem perder.

Apesar desta riqueza no resultado final, até ao 2º golo, voltei a não gostar da atitude passiva, aliás, demasiado passiva dos nossos jogadores, parecendo querer fazer ouvidos moucos do que foi dito pelo nosso treinador na rampa de lançamento para este jogo. E não bastando alguns dos nossos episódios recentes, tinham ali mesmo à mão o exemplo do Aves em Alvalade. Sinceramente, não sei para que gostam assim tanto de complicar o que é fácil… adiante.

No inicio do jogo, parecia que os nossos jogadores andavam ali assim pró surpreendidos com a rapidez e simplicidade de processos dos aveirenses, que conseguiam chegar com relativa frequência à nossa baliza, e quase sempre criando perigo, umas vezes por mérito, outras vezes por demérito nosso. E então, fomos andando neste ritmo até cerca dos 15 minutos.

A partir daqui, com as marcações mais apertadas, começamos finalmente a tentar impor o nosso jogo, até que aos 18 min, sem que ainda nada tivéssemos feito para o merecer, na primeira oportunidade criada, golo! No seguimento de um livre-cruzamento marcado por Quaresma, de cabeça Pepe coloca a bola no 2º poste para Lisandro se limitar a encostar o peito (!) e inaugurar o marcador (0-1).

Nesta altura, já os aveirenses tinham perdido aquele fulgor inicial, enquanto que os nossos jogadores já conseguiam fazer transições rápidas e muita circulação de bola, aproveitando para desgastar cada vez mais os adversários.

Mesmo sem criar outras grandes oportunidades para aumentar a vantagem, voltamos a ter razões de queixa da arbitragem do habitual freguês, um tal de Bruno ‘Calabote’ Paixão, que contra o que todos puderam ver, fechou misteriosamente (ou não…) os olhos a uma carga de ombro de Alcaraz nas costas (!) de Postiga. Entretanto, estávamos no intervalo.

Para os segundos 45 minutos, apesar de se manter algum excessivo acomodamento ao resultado de 0-1 pelos nossos jogadores, conseguíamos controlar com relativa tranquilidade o desenrolar da partida. Quaresma, como sempre, volta a tentar um daqueles seus remates em arco, que faz a bola sobrevoar toda a defensiva e encaminhar-se para o ângulo da baliza dos aveirenses, até que surge a mão milagrosa de Eduardo para a desviar para canto. Teria sido mais uma obra-prima do Harry Potter. Nessa altura, já Postiga tinha dado o lugar a Adriano.

Entretanto, aos 70 min e no seguimento de um rápido contra-ataque, Lucho faz o 0-2, depois de uma bela jogada de envolvimento iniciado pelo hoje magistral, Raul Meireles. A partir daqui, e de uma forma declarada, passamos a jogar literalmente em contra-ataque e matamos o jogo: aos 73 min, Raul Meireles eleva a contagem para 0-3 e que bem mereceu este golo (!)… aos 76 min, até o mal-amado Alain fez o gosto ao pé e coloca o resultado em 0-4.

Nesta altura, o Beira-Mar já só pedia que o jogo terminasse rapidamente, tal era a frequência de lances de perigo junto à sua área. Estávamos então nos 87 min, quando, qual milagre de Nossa Senhora, alguém (finalmente!!!) descortinou uma grande penalidade a nosso favor, depois de um toque no pé de apoio de Pepe pelo guarda-redes adversário que se preparava já para o ultrapassar e fuzilar a baliza. Neste caso, coube a Adriano marcar a grande penalidade e fechar a contagem para 0-5.

2 jogos, 9 golos!!! Que venha agora o Braga no próxima sábado, e juntamente com ele, a visita do nosso Grande Capitão JORGE COSTA para a homenagem e tributo de todos os Portistas que justamente merece.

azul + : goleada para moralizar, Quaresma entusiasmante, Raul Meireles excelente, Paulo Assunção como um relógio, muito público nas bancadas com bilhetes ao preço de 10 € (!!) e voilá… finalmente uma grande penalidade (justa) marcada a nosso favor!

azul - : Hélder Postiga em claro decréscimo ‘emocional e desportivo’, Hélton por duas vezes aos ‘ovos moles’, alguma lentidão de processos até ao 2º golo, pés de “chumbo” do Renteria e ainda, uma outra grande penalidade que ficou por marcar por derrube a Postiga ainda na 1ª parte.

Conceitos... da esmola

Vem isto tudo a propósito de um sms que recebi durante a tarde de ontem, com a seguinte mensagem:

“O FCP creditou na sua conta corrente 1% do valor do seu bilhete do FCP-Chelsea. Consulte http://www.fcporto.pt/ e recorde as vantagens de um conceito inovador”


A piada está mesmo no “1%” e no “conceito inovador”… é que 1%, no meu caso, representa a bela e enorme quantia de 0,10 €. Ainda se fosse 10%, prontos, ainda se aceitava, agora 10 cêntimos? se chamam a isto conceito inovador, eu vou ali e venho já… adiante.

Quando li esta piada de muito mau gosto, pensei eu cá para os meus botões: “mas estes tipos tão a gozar comigo ou o quê? 10 cêntimos? mas estes tipos pensam que eu sou algum mendigo e ainda tenho como obrigação dizer obrigado?”… sinceramente, perderam uma grande e enorme oportunidade para estarem sossegados e quietinhos, perderam mesmo.

Na verdade, de todas as tais inovações azuis, o único ‘conceito inovador’ que utilizo com regularidade, é mesmo o abastecimento de combustível na REPSOL e que com a apresentação do meu cartão de sócio com lugar anual aquando do respectivo pagamento, credita na minha conta corrente do FC Porto, a módica quantia de 0,03 € por cada litro de combustível, o que não é nada mau, aliás, o meu saldo à data é já de cerca de 30 € o que já dá para umas coisitas… fora este serviço, nem mais um único conceito utilizo porque as vantagens, quanto a mim, representam ZERO!

Proponho que todos os que tenham recebido este sms «vergonhoso e ridículo», e caso estejam de acordo, contactem a $AD para lhes solicitar o NIB da conta bancária de forma a que de imediato, possamos «doar» esta pequena fortuna ao clube… sempre era mais uma fonte de receita para os habituais «comissionistas» que por lá gravitam e que concerteza, mais uma vez, estariam na primeira fila e com a mão estendida, tipo sanguessugas.

Sinceramente, ainda estou meio aparvalhado com este sms… na minha opinião, é caso para lhes dizer com todas as letras: “tenham vergonha e parem lá de brincar com a nossa cara, carago!... já agora, fiquem lá com a esmola!”

23 fevereiro, 2007

Na ressaca…

Depois da meia-desilusão da noite passada, é hora de fazer uma breve análise ao que todos nós pudemos presenciar (outros, pela tv) ao que se passou no Estádio do Dragão, no jogo da 1ª mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, que opôs o nosso mágico FC Porto aos ingleses do Chelsea, com um empate enganador de 1-1 no final dos 90 minutos.

Aqui vai a minha visão mais a frio sobre o que vi “ao vivo”:

A nossa equipa…

… encheu-me as medidas completamente. Depois das misérias futebolísticas do pós-natal a que tínhamos assistido nos últimos jogos, admito que apesar de todo o optimismo com que habitualmente costumo encarar qualquer jogo do meu mágico FC Porto, seja ele o adversário que for, com maior ou menor dimensão planetária, tinha algum receio do que iria encontrar ao longo daqueles 90 minutos… era sempre bom recordar que do outro lado estava uma «equipa de milhões».

Que bela surpresa! Em largos períodos do jogo, à excepção dos primeiros e últimos 10 minutos do jogo, tomamos as rédeas do jogo e colocamos aquela «equipa dos milhões» em completo sentido. Quem diria que íamos ter o prazer de ver o “papa chiclas” a gesticular, a protestar, a saltitar de nervoso, não concordam?

Não obstante a nossa superioridade em campo, o que não se traduziu no resultado final, mais uma vez ficou provado que com raras excepções, o futebol português é muito bonito, muito técnico, assim ao estilo «brasileiro» da Europa, mas falta sempre qualquer coisa… e essa coisa são os golos e os pontas-de-lança. Talvez, digo eu, talvez o McCarthy nos tivesse feito um jeitaço neste jogo, talvez!

Agora, falta jogar a 2ª mão em Londres, na esperança que a «sorte» que nos faltou cá, se traduza lá em Londres no final dos 90 minutos. Uma coisa é certa, a responsabilidade de ultrapassar esta eliminatória cabe unicamente ao Chelsea, não a nós. Por isso, tudo o que vier para os nossos lados, será como que um «prémio merecido». Nada temos a perder; mas temos muito a ganhar. Peço apenas que continuem a lutar… nós acreditamos!

O nosso treinador…

… surpreendeu-me na globalidade, muito pela positiva (a única excepção foi não ter convocado Ibson, que acredito, depois do que vimos, na minha opinião, muito poderia ter ajudado naquele meio campo, quando já caminhávamos para a fase final do jogo).

E surpreendeu-me porque cá em Portugal, é usual, aliás, demasiado usual, os treinadores portugueses nestes jogos de vital importância, entraram em campo «borrados de medo» pelo bicho-papão do outro lado do campo. Não aconteceu desta vez, e há que elogiar esse mérito do nosso treinador, o Prof. Jesualdo Ferreira.

Achei emblemático e elogioso o facto de a determinada altura do jogo, e sentindo a possibilidade «real» de derrotar o “papa chiclas”, meteu toda a carne no assador… Quaresma, Postiga, Lisandro e Bruno Moraes; e posteriormente, trocando Postiga por Adriano. Com o que tinha, fez o que pode e ninguém o poderá responsabilizar minimamente. Gostei! E espero seja para manter esta atitude «à Dragão».

Os nossos adeptos…

… estiveram magníficos, vibrantes e sempre ao lado da nossa mágica equipa. Que saudades de ver este nosso Estádio do Dragão a abarrotar de paixão e calor humano que se transmite lá para dentro do campo… e até mesmo para todos nós que ali habitualmente «moramos» naqueles 90 minutos.

Na entrada em cena das equipas, ver aquele estádio a cantar/vibrar em uníssono em torno de um clube mágico, e poder desfrutar daquela magnifica coreografia de mistura de cores azuis-e-brancas, foi brutal!

Se o resultado final dependesse do apoio dos nossos mágicos adeptos, concerteza teríamos dado uma «abada» aos ingleses… infelizmente, não depende! Espero apenas que esta atitude, esta paixão e este apoio desenfreado e incontrolado pelo FC Porto, seja para manter, seja qual seja o adversário… seja qual seja o resultado!

Ao “papa chiclas”…

… queria apenas dedicar-lhe meia dúzia de palavrinhas, que nem tenho tempo para mais, nem ele merece mais. Para mim, apesar de se calhar ter a convicção de que no final desta eliminatória, provavelmente, ficarás a rir-te (mas onde raio pára mais uma vez o meu optimismo, carago?), foi reconfortante ver-te com medo do «Dragão», tal era o teu grau de nervosismo, sempre a protestar, sempre a gesticular, sempre a barafustar com o «homem de preto» (e que bela prenda ele te deu com a expulsão perdodada ao Essien, não? Já te estavas a borrar todinho, aposto!) e com as tangas com que o nosso Harry Potter presenteava os teus súbditos. Foi pena o resultado, foi sim senhor, mas lá no fundo, sou eu que continuo a rir-me na tua cara: em 2 jogos na tal «Sicília» a que te referias há bem pouco tempo, levaste bem com que contar. Na primeira, meteste a viola ao saco com a nossa vitória «real» por 2-1. Desta vez, voltaste a ter que engolir em seco, quando já te preparavas para te rir da nossa cara e dizer “ahhhh, eu é que sou bom”; puro engano! Mais uma «derrota moral» para encaixares, por isso, embrulha mais esta!!

21 fevereiro, 2007

Pouca sorte!


Competição: UEFA Champions League 2006/07 (1/8 final, 1ª mão)
Data: 21.02.2007
Local: Estádio do Dragão, Porto
FC Porto: Helton; Bosingwa, Pepe, Bruno Alves, Fucile (Bruno Moraes); Paulo Assunção, Raul Meireles (Marek Cech), Lucho Gonzalez; Lisandro Lopez, Quaresma e Hélder Postiga (Adriano)
Golos: Raul Meireles

Num Estádio do Dragão completamente lotado (50.216 espectadores), como que a lembrar as grandes noites europeias que ainda hoje nos invadem a memória, o resultado final do jogo da 1ª mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, este empate desolador, quase que pode ser explicado como que pura falta de sorte nos momentos cruciais do jogo, que nos poderia ter deixado numa posição mais confortável para o jogo da 2ª mão em Londres.

No onze portista para o início do jogo, não me espantaram em nada as escolhas do Prof. Jesualdo Ferreira, porquanto as mesmas representavam o onze base dos mais recentes jogos. Começado o jogo, ambas as equipas apesar de um nervosismo evidente, tentavam ocupar posições em campo, mas com as várias perdas de bola de parte a parte, nenhuma delas se conseguia impor verdadeiramente no comando das operações.

Estava o jogo nesta toada, até que aos 12 minutos, Raul Meireles aproveita da melhor forma um mau alivio de Makelele, e ainda fora da área, remate de primeira para a baliza, fazendo a bola entrar bem junto ao poste esquerdo de Cech, inaugurando o marcador para os azuis-e-brancos (1-0). Nem é preciso dizer que neste momento, quase o estádio vinha abaixo, tal foi a emoção que tal momentos nos proporcionou. Nesta altura, pensava ainda eu que o mais difícil estava feito. Agora, seria hora de começar a tentar tomar o controle do jogo.

Puro engano! Com a entrada em cena de Robben para o lugar do lesionado John Terry, quase que o Chelsea começou a criar um ligeiro ascendente no comando do jogo, tendo Bosingwa ficado completamente com a cabeça em água até ao intervalo com a presença sistemática de Robben na sua área de acção. Este mesmo, acabou envolvido no lance que dá o empate (1-1), onde aproveitando mais uma distracção de Bosingwa, isola Schevchenko que com um remate seco e cruzado, bate Hélton. Estava restabelecido o empate. Este golo, teve o condão de levar o FC Porto momentaneamente a descontrolar-se, altura em que o Chelsea fez valer os seus galões de “equipa milionária” e instalou-se no meio campo do FC Porto.

Ainda antes do intervalo, destaque para 3 lances que poderiam ter dado um outro desfecho final ao jogo. Primeiro, Lisandro isola-se cara-a-cara com Cech e não consegue marcar golo, com uma bela defesa do guarda-redes do Chelsea. Passados mais uns minutos, depois de mais uma diabrura de Ricardo Quaresma, este faz um remate de trivela que leva a bola a embater na barra da baliza de Cech, que se limitou apenas a seguir a bola com os olhos. Que pena; teria sido sublime! Por fim, se o árbitro tivesse efectivamente 2 olhos, teria expulsado Essien do jogo mesmo em cima dos 45 minutos, depois de uma entrada excessivamente dura e a varrer sobre Quaresma. Estávamos no intervalo.

Com o regresso para os segundos 45 minutos, o jogo recomeçou com o mesmo ritmo do final da 1ª parte, tentando aqui e acolá, qualquer uma das equipes tomar o controle do jogo, sem o efectivamente alguma vez conseguir. Nesta altura, já se notava qual a estratégia dos ingleses para esta segunda metade: tentar impor um ritmo baixo no jogo.

A partir dos 55 minutos, o Prof. Jesualdo Ferreira começa a mexer na equipa, retirando Raul Meireles e fazendo entrar Marek Cech. Esta substituição originou um deslocamento momentâneo de Quaresma para o centro do terreno, onde se tornava um «vagabundo» com a missão de fazer chegar jogo aos avançados portistas. Mas o ritmo de jogo não se alterava, sendo mais do agrado dos ingleses, ou seja, ritmo mais lento e pausado. Entretanto, entram em jogo também Bruno Moraes (Fucile) e Adriano (Postiga) que pouco trouxeram ao jogo, já que o mesmo se centrava quase única e exclusivamente a meio-campo. Entretanto, era dado o apito final.

Este resultado deixa a eliminatória em aberto, embora o Chelsea tem a vantagem de ter marcado um golo fora mas o FC Porto se marcar um golo em Londres pode relançar a eliminatória. Uma curiosidade reside no facto de que com este empate o FC Porto continua sem perder em casa com as equipas inglesas e José Mourinho continua sem perder frente a Jesualdo Ferreira.

Agora, passada que foi mais uma grande noite europeia na nossa «Meca do Futebol», e sabendo de antemão já antes do jogo se iniciar, contávamos com uma eliminatória deveras difícil para nós, e que este resultado final de 1-1 veio ainda mais complicar as contas, há um facto indesmentível no meio de todos este cenários possíveis, ou seja: “nada temos a perder, mas temos muito a ganhar”, por isso... a esperança é a última a morrer. Em Londres, logo veremos o que nos reserva o futuro!

No resto, 3 curiosidades apenas para memória futura:
1) continuamos sem perder com equipas ingleses no nosso terreno;
2) Mourinho continua sem vencer o FC Porto (a sério); e
3) o FC Porto já venceu Mourinho (a sério).

azul + : ambiente mágico num estádio lotado, Pepe, Paulo Assunção, Quaresma e Lisandro.

azul - : primeiros 45 minutos de Bosingwa e demasiada condescendência do árbitro com as sucessivas e consecutivas faltas sobre Quaresma, muitas delas, invariavelmente, nem assinaladas. Que dizer da entrada duríssima de Essien sobre Quaresma aos 37 min? apenas... amarelo!

The “Special Club”

“O cantinho do Sr. António”

A mim não é preciso “darem-me queijo” para roer as unhas, mas a verdade é que elas nunca estiveram num estado tão lastimável como agora… coitadinhas!! Isto por causa do jogo que aí vem e que me está a deixar num estado de ansiedade tal que se torna difícil controlar este meu impulso nervoso.

Este FC Porto – Chelsea não é para mim mais um jogo de futebol, é “O Jogo de Futebol” desta época. O encontro reveste-se de uma importância que ultrapassa o limiar da sanidade mental. Este jogo é um jogo da Champions, está em causa a nossa passagem à eliminatória seguinte, vai ser contra a equipa que mais dinheiro gasta no mundo em contratações de jogadores, uma equipa recheada de estrelas, e orientada por aquele que se considera o melhor treinador do mundo, e que por sinal também já foi nosso treinador.

Não fiquei admirado quando me deparei com a leitura diária dos jornais desportivos de referência e observei que o jogo (propriamente dito) tinha sido deixado um bocado para 2º plano, e o que contava era mesmo saber o que Mourinho diz e não diz, o que Jesualdo responde e não responde. Enfim, típico quando se trata do reencontro do “Special One” com a sua antiga Equipa. O mesmo “circo” aconteceu na última recepção que fizemos ao Chelsea e que de tão boa memória é (ai Diego… Diego, se o tempo pudesse voltar atrás). Mourinho começou, novamente, a preparar mal mais este regresso ao mítico Estádio do Dragão. Da última vez decidiu embarcar naquela palhaçada de trazer 8 (!!) seguranças privados pois segundo ele a recepção poderia ser altamente perigosa, valha-me Deus!! Desta vez já começou com os habituais recados do género “… eu sou o melhor do mundo e o resto que se lixe!!”, passando a imagem de que o FC Porto não teve qualquer relevância nas “suas” conquistas, ou seja, mete-me um pouco de impressão (para não dizer nojo) cada vez que ele fala nas “suas conquistas”. A ideia que passa para os leitores/ouvintes é de que não foi o FC Porto que ganhou 2 campeonatos seguidos, 1 Taça UEFA e 1 Champions, mas que foi ele que as ganhou, enfim, será que ninguém explica ao homem que a réplica desses troféus estão pelas bandas do Dragão e não na casa onde ele aterrou de pára-quedas?! Toda a gente sabe que o homem não prima pela humildade, mas daí a não ter a coragem de afirmar inequivocamente que foi pelo facto de estar no clube onde estava (FC Porto) que conseguiu o sucesso que ainda hoje saboreia, isso venha quem vier, eu não entendo.

Este homem que passou pelo Barcelona como adjunto, por um bairro de Lisboa como treinador, e por terras leirienses também como treinador, sem ter qualquer referência digna de registo, antes de ingressar no nosso Clube, será que não mete a mão à consciência e se pergunta a si mesmo: “porque será que só Naquele Clube eu consegui o sucesso que tanto treinador almeja?”, será que está assim tão difícil de perceber que só no FC Porto ele teve as condições para explanar as qualidades que todos, hoje em dia, lhe reconhecem?! No Chelsea, onde põe e dispõe de milhões de euros para criar o seu “Dream Team”, não consegue a tão desejada Champions porquê?! Não deveria isso ser quase que uma obrigação, para quem se considera tão especial, que não percebe qual a relevância do seu anterior Clube nas “suas” vitórias?! Aqui ficam as perguntas, às quais penso que todos os caríssimos Blues lhes sabem responder. Em suma, na minha opinião o “Special One” só o conseguiu ser enquanto esteve ao serviço do nosso “Special Club”. Aprende Mourinho que eu não duro sempre.

Quanto ao jogo, nós não somos favoritos, e isso é bom. Parto com a consciência de que tudo pode acontecer, se perdermos será contra um dos planteis mais fortes da actualidade, se ganharmos poderemos embalar para uma cavalgada imparável que me faz recuar na memória cerca de 3 anos atrás. O sonho será o limite!! Para este jogo, e dado o meio-campo musculado deste Chelsea, colocaria em campo: Helton, Bosingwa, Pepe, B. Alves, Fucile, P. Assunção, Raul Meireles, Lucho, Ibson, Quaresma e Adriano.

Psd – Adorei as declarações do Benni, afirmou ser portista para sempre e ficar a torcer por Nós. Este Homem sim, nunca me enganou. Ah!! Não confundir as minhas considerações anteriores com ingratidão perante o Mourinho, não costumo retribuir com ingratidão a quem ajudou o nosso Clube a escrever uma das páginas mais importantes da sua história. Mas também gosto pouco de quem desdenha de quem lhe estendeu a mão e lhe colocou o céu a seu pés.

Saudações,
Sr_Antonio

Regresso a casa

'Nortada' do Miguel Sousa Tavares...

Com Mourinho, um bom jogador não fica nunca sem trabalho e um jogador medíocre não consegue nunca passar por bom.

1 - Amanhã, à noite, José Mourinho vai estar pela segunda vez de regresso à casa que o projectou para os altos céus onde agora habita. Um jornal inglês telefonou-me há dias para perguntar coisas sobre Mourinho e saber como é que ele iria ser recebido no Dragão. Disse-lhes que, pela minha parte, e julgo que por parte de quase todos os portistas, iria ser recebido com o respeito e a gratidão que merece quem deu tanto ao FC Porto e, com toda a legitimidade e normalidade, quis depois subir um escalão mais na sua vida profissional. Porque, para os portistas, só pode ser motivo de orgulho que o Chelsea, depois de 50 anos à fome, tenha necessitado de vir buscar o nosso treinador para conseguir ser campeão de Inglaterra. Queriam saber também quais eram, em minha opinião, as razões para o sucesso de Mourinho — uma questão que já me colocaram inúmeras vezes. Acho que a questão também já foi respondida inúmeras vezes e por diversas pessoas e pouco mais ou nada há já a acrescentar. É consensual que a maior parte do seu sucesso tem que ver com a forma quase obsessiva como prepara, estuda e planeia os jogos. Com a capacidade que tem de conseguir extrair o máximo de cada jogador e com o olho clínico que tem para raramente se enganar neste aspecto: com Mourinho, um bom jogador não fica nunca sem trabalho e um jogador medíocre não consegue nunca passar por bom. Parece simples, mas a experiência mostra-nos que para muitos treinadores as dificuldades começam exactamente na incapacidade de distinguirem um bom jogador de um jogador banal. Depois, Mourinho tem uma outra característica que é muito pouco portuguesa e que por isso o ajudou a fazer a diferença entre nós. Não tem medo de correr riscos, de aceitar desafios, de ir à luta, por mais incerto que pareça o seu desfecho. Com Mourinho no comando, não me recordo de o FC Porto ter alguma vez enfrentado um destes grandes desafios europeus com o seu treinador borrado de medo — e de medo transmitido à equipa — como tantas vezes vejo suceder. O normal dos portugueses é procurarem sempre um abrigo para as situações difíceis e uma desculpa para as derrotas: ou é o Estado, ou é o chefe ou é o árbitro. O risco e a culpa são sempre transmissíveis. Não admira, assim, que, depois de ter vencido tudo o que havia para vencer por aqui, José Mourinho tenha olhado à volta e percebido que o horizonte estava fechado.

Amanhã, os portistas (e só os portistas, deixemo-nos de hipocrisias…) vão todos torcer contra Mourinho, mas com todo o respeito, conforme é normal e justo. Nesta sua segunda volta a casa, depois da saída, ele espera poder desfazer a memória da primeira visita, onde o seu imbatível Chelsea caiu às mãos de um FC Porto então à deriva, mas que nessa noite se transcendeu, ao ponto de até Diego ter conseguido marcar um golo de fora da área — ele que só por acaso é que acerta na baliza. Mas, amanhã, as perspectivas são ainda mais negras do que então. O que faz a diferença entre o Chelsea e o FC Porto é que na milionária equipa inglesa todos os jogadores são bons e, por isso, se não for a noite de Terry será a de Ricardo Carvalho ou de Petr Cech, se não for a de Essien será a de Lampard, se não for a de Drogba será a de Schevchenko. Enquanto que no FC Porto há três jogadores excepcionas, três razoáveis e o resto banais. Quer dizer que para poder levar de vencida o Chelsea, o FC Porto precisa de todos os seus talentos em acção e todos os outros sem falhas. Mas, como se sabe, desde aquela entrada (oh, puramente acidental e nem sequer faltosa!) de Katsouranis sobre Anderson, secou a principal fonte de inspiração ofensiva do futebol portista e o principal motivo de beleza do campeonato português. Logo aí ficou ameaçado de morte o destino da época europeia do FC Porto e eu pessoalmente temo que nem sequer haja mais Anderson para o resto da época. Sem ele, e em grande parte graças ao levantamento do estandarte por parte de Ricardo Quaresma, foi possível, mesmo assim, continuar a liderar o campeonato e ultrapassar a fase de grupos da Liga dos Campeões. Mas, aqui chegados, conseguir ir ainda mais além face à luxuosa equipa do Chelsea não é tarefa impossível mas é terrivelmente desigual. E, tendo eu como certo que uma equipa como o Chelsea não falha, vencê-la só se tornará possível se for o FC Porto a transcender-se. Oxalá!

2 - Quinta-feira passada, na véspera de o Conselho de Justiça se reunir para analisar os recursos dos castigos impostos pelo CD a José Pedro, do Belenenses, e Ricardo Quaresma, do F C Porto, li dois textos onde se estranhava que a decisão fosse ser tomada em tempo útil. Estranhava-se não, desconfiava-se, insinuava-se. Desconfiava-se em tanta rapidez por parte do FC Porto que nem sequer gastara todo o prazo disponível para a interposição do recurso; desconfiava-se que o CJ fosse tomar a decisão no próprio dia em que o FC Porto iria jogar com a Naval e queria utilizar o Quaresma. E, entrelinhas, insinuava-se em tudo isto um tratamento de excepção e favor, talvez digno de aturadas investigações do dream team da Dr.ª Maria José Morgado. Ou seja: desconfiava-se que o clube que estava interessado numa decisão rápida não atrasasse o processo; desconfiava-se que, no meio tenha havido uma semana com a Taça, que fez prolongar o período útil da decisão, e desconfiava-se que, na primeira reunião ordinária em que o pudesse fazer, o CJ se ocupasse do assunto. Numa palavra, desconfiava-se do facto banal de a justiça poder, por uma vez, funcionar em tempo útil e cumprir a sua função. Com tanta desconfiança e tanta insinuação, o CJ tomou a inexplicável e inexplicada decisão… de não tomar decisão alguma, fazendo com que um eventual vencimento do recurso por parte do FC Porto não tenha efeito útil algum. E, para tornar as coisas ainda mais inexplicáveis, o CJ decidiu o recurso de José Pedro e esqueceu o de Quaresma. Agora, é bom de prever que só confirmando a decisão recorrida é que o CJ pode supor que sai de face levantada. Por parte do FC Porto, julgo que tudo fica, ao menos, cristalinamente claro: dentro e fora do campo, este vai ser um campeonato terrível de ser ganho. Nunca tantos tentaram tanto contra tão poucos. Mais dois ou três jogos sem o Quaresma — arrumado por entrada acidental de um adversário ou por imposição de um juiz-de-linha após uma palmada acidental — e o campeonato pode ficar decidido.

3 - Três atletas de três modalidades diversas do Benfica apanhados sucessivamente no controlo anti-doping é, em termos de imagem pública, a pior resposta que podia ser dada de dentro para fora à ronda de conversações políticas em que o presidente do Benfica explicou aos partidos como era preocupante a situação do combate ao doping em Portugal — no qual, como em tudo o resto, o Benfica, e só o Benfica, está na primeira linha de combate pela transparência e et cetera e tal. Azar.

# in Jornal “A BOLA”, 2007.02.20

16 fevereiro, 2007

Voltou a normalidade…


Competição: bwin 06/07 (18ª jornada)
Data: 16.02.2007
Local: Estádio do Dragão, Porto
FC Porto: Helton; Bosingwa, Pepe, Bruno Alves e Fucile; Lucho (Ibson), Paulo Assunção e Cech; Bruno Moraes (Renteria); Lisandro (Adriano) e Hélder Postiga
Golos: Lisandro (2), Lucho e Adriano

Depois de 2 jornadas consecutivas de anormalidades, este jogo e o resultado final serviu como que para afastar os fantasmas da desgraça que pareciam pairar no FC Porto… mais do que convencer, importante mesmo era vencer para recarregar baterias e aumentar os níveis de confiança da equipe. No fim, objectivo cumprido com um score final de 4-0.

Apesar de um inicio de jogo morno por parte dos jogadores azuis-e-brancos, o FC Porto foi sempre ao longo de todo este, a única equipe a comandar as operações, a impor o ritmo de jogo que mais lhe interessava e também a única que procurava a baliza adversária. Foi ao som deste ritmo, que Lisandro logo aos 19 min de jogo inaugurou o marcador no Estádio do Dragão, tendo este momento tido o condão de tranquilizar todos os presentes… equipe e adeptos.

Passado um outro quarto de hora, e sempre com o FC Porto a controlar por completo o jogo, foi a vez de Lucho voltar aos golos (6º golo) que tanto nos habituou desde a sua chegada ao Dragão… fê-lo no seguimento de um ressalto de bola na área adversária, fuzilando autenticamente o desamparado Taborda. Até ao intervalo, foi assistir apenas ao mesmo do costume… controle total do jogo e ritmo pausado, mas sempre com a baliza adversária em mira.

Após o reatamento, e ainda antes de se iniciarem as poupanças para o grande embate de 4ª feira com o Chelsea, a contar para os 1/8 final da presente edição da Liga dos Campeões, tempo ainda para Lisandro bisar na partida, fazendo o 3-0 e marcando um golo em muito idêntico ao que inaugurou o marcador.

Porque o jogo não estava já nesta altura para grandes aventuras e correrias, de seguida, foi a vez de Lisandro e Lucho darem o lugar ao saudado regresso de Adriano e de Ibson que ajudaram a manter o controle de jogo… a equipe adversária, limitava-se apenas a tentar recuperar a bola e pouco mais que isso.

Entretanto, era hora da estreia no relvado do Estádio do Dragão da última contratação no mercado de Inverno, o colombiano Renteria, entrando para o lugar do algo desinspirado neste jogo, Bruno Moraes.

Pelos vistos, e porque já tínhamos saído do Estádio, em cima do apito final do jogo, Adriano correspondeu da melhor maneira a um excelente cruzamento de Marek Cech, fazendo o 4-0 final com um bonito golo de cabeça.

Como disse, muito melhor que o espectáculo, importava era o regresso às vitórias, aos golos e a um resultado que permitisse aumentar os níveis de confiança para o jogo de 4ª feira, o que penso foi conseguido. Agora, venha o Chelsea.

azul + : regresso às vitórias e aos golos; excelente, segura e eficaz exibição de Marek Cech, Paulo Assunção e Lisandro; regresso do goleador Adriano aos jogos e aos golos.

azul - : pouco público presente, Renteria um pouco trapalhão e só mais um (!) penalty por marcar.

Que estarão eles a «tramar» desta vez?


Arbitrário

A Comissão de Arbitragem da Liga escolheu o árbitro Nuno Almeida para apitar o jogo entre o FC Porto e a Naval, naquilo que na melhor da hipóteses demonstra uma de completa falta de sensatez e, na pior, é uma demonstração preocupante de premeditação por parte daquele orgão. Nuno Almeida é um dos árbitros envolvidos no processo Apito Dourado por suspeitas de viciação do resultado do jogo FC Porto-Maia a contar para a Taça de Portugal em 2003, jogo em que a formação então orientada por José Mourinho venceu por 3-0 a equipa do escalão secundário. É-o apesar de ter expulso da partida o avançado portista McCarthy por alegada agressão. Uma decisão que o Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol rectificaria semanas mais tarde, considerando que as imagens televisivas afastavam a presunção de que o árbitro falava verdade no relatório e provavam não ter existido agressão, reduzindo a pena aplicada ao sul-africano. Aliás, Nuno Almeida voltaria a expulsar McCarthy em 2005, dessa feita num jogo com o Leiria e, mais uma vez, vendo a sua decisão contestada pelos portistas. Seja como for, o facto é que Nuno Almeida está envolvido no processo Apito Dourado o que torna inevitável perguntar que condições tem o árbitro algarvio para apitar jogos do FC Porto? O que será que vai fazer um árbitro suspeito de beneficiar o FC Porto caso tenha que decidir sobre um lance duvidoso na partida de sexta-feira? E, finalmente, que intenções norteiam - ou suleiam? - uma nomeação tão gritantemente insensata, irresponsável e incendiária como esta?

# Jorge Maia, in O JOGO de 2007.02.14

É caso para perguntar: que mais nos irá acontecer até ao fim do campeonato?

Apesar de todas as provocações com que nos presenteiam diariamente, e vendo desde há várias décadas muita gente «demasiado insuspeita» completamente «prenha» dos ouvidos por novelas com enredo puramente de teor mexicano, foi enfrentando-os olhos nos olhos e transformando supostas fraquezas em força abominável, que chegamos ao patamar futebolístico a nível mundial por direito próprio. É isso que os outros nunca nos perdoarão … jamais! Mas isso, obviamente é um problema deles, não nosso.

Mais logo, quando entrarmos em campo para defrontar a Naval 1º Maio, pelas 20h30, na nossa Meca do Futebol, vulgo Estádio do Dragão, quero ver nos olhos dos nossos jogadores, muita atitude, muito empenho, muita dedicação, muito amor à camisola, muita garra, muita bravura e muito orgulho por vestirem as mágicas cores do mágico FC Porto… é isto que quero ver em campo ao longo dos 90 minutos. Nós, os adeptos, sócios e simpatizantes, cá estaremos para os apoiar, incentivar, e acima de tudo, os defender.

Portanto, “bamos a eles, carago!”.

15 fevereiro, 2007

Eternamente Sua Santidade

“O Cantinho do Sr. António”

Começo por pedir que não estranhem a nova foto do Sr_Antonio, mas eu fiz há alguns dias uma operação plástica num cirurgião de renome e fiquei com estas belas trombas que aqui estão a ver. Mas adiante que atrás vem um elefante.

Então não é que a figura de Sua Santidade, Jorge Nuno Pinto da Costa, anda a ser posta em causa pelos seus próprios fiéis?! Muito bem, eu acho que já me expressei desde o início da minha colaboração neste espaço de reflexão portista (…) Nãoooooooooo… não posso crer… cada vez que escrevo a palavra “portista” no meu “Word”, a palavra aparece como não existindo no português, ou seja, aparece sublinhada a vermelho (grrrrrr!!) como se se tratasse de um erro, mas se escrever “benfiquista” aparece como existente no português, ou seja, como correcta. E não, não estou a brincar, vejam se isso também acontece no vosso “Word”, a sério, vejam lá e depois digam-me alguma coisinha. Será que até a merda do Windows também é mouro, mas afinal que é isto??? Alguém me explica??? Será que o Orelhas também andou a meter aqui a pata?! Há que “inbestigar”, há que “inbestigar”… hum. Vou já telefonar à Morgadinha dos Canaviais.

Bom, ia eu dizendo que Sua Santidade tem sido bastante criticada por algumas franjas do universo portista (lá está a dar erro outra vez), eu sou daqueles que também me sinto incomodado com o seu silêncio, mas que me oponho frontalmente a essas “opiniões” de que Ele já não se deve recandidatar. Compreendo quem tem essa opinião, mas discordo dela por completo. Vamos por partes:

1 - O Presidente tem-se mantido calado perante os vários ataques que têm sido feitos ao bom-nome do nosso Clube. É uma realidade inatacável. E eu pergunto-me porque será? Já se perguntaram porque será? Alguém tem dúvidas que se o nosso Presidente achasse que estava em posição de poder “estrebuchar” como sempre fez, Ele não estaria já a disparar em várias direcções? Eu não tenho a menor dúvida que sim. Ou seja, o nosso Pinto não tem piado porque a conjuntura em que estamos não o tem deixado.

2 - Ele está pura e simplesmente abandonado: pela SDA (Sociedade Demasiado Anónima), onde habita um ninho de cobras cuspideiras, mortinhas para espetar o veneno sempre que a oportunidade se proporcione, e que só não o fazem mais às claras porque não querem por em risco futuras candidaturas presidenciais. Pelos amigos de ocasião, que não querem envolver o seu nome com o dele, e que espreitam a oportunidade de o ver afundar, sem se comprometer, para prosseguir com os seus negócios empresariais à custa do nosso Clube. Por alguns adeptos, que começam a pedir a sua cabeça, esquecendo tudo o que este Homem fez por nós. Pela claque do Clube, que desde o episódio do Co Adriaanse nunca mais o encarou com os mesmos olhos, e que no passado davam a “ pele”por Ele se fosse preciso.
E este abandono ainda se refere apenas ao universo azul e branco.

3 - Por outro lado tem contra si: uma comunicação social agressiva e facciosa que explora o processo “apito dourado” como se de um “processo Pinto da Costa” se tratasse. E que nos impinge essa ideia pelos olhos a dentro como um facto consumado, a cada noticiário das 8 da noite, para júbilo dos marroquinos espalhados por este país. Tem contra si federação, liga, conselho de arbitragem, e todos os organismos do futebol, que de repente viraram todos paladinos da verdade, tanta hipocrisia. E mais grave, tem contra si o próprio poder político, que lhe impôs uma magistrada que mais não faz do que tentar por todas as “maneiras e feitios” reabrir processos já apreciados, onde o seu nome esteja envolvido. Poder político esse, que tantas vezes lhe beijou a mão quando necessitou do seu apoio em campanhas eleitorais, e que até o sondou para uma possível candidatura eleitoral, que Ele prontamente recusou por amor ao nosso FC Porto, ao contrário do Valentim por exemplo.

4 - Nós no FC Porto estamos a deitar-nos na cama que fizemos, no FC Porto, ao contrário dos clubes dos bairros da capital, sempre se falou a “uma só voz”, e essa voz era a do Presidente, se Ele agora não se pode manifestar deixa de haver voz no Clube. Se tivéssemos um treinador do estilo Mourinho, essa ausência de voz do Presidente seria mascarada pelos argumentos de guerrilha de um treinador que sabe tirar proveito desta conjuntura, mas como todos sabemos, o nosso actual treinador é do estilo “low profile”, e ninguém o pode criticar por isso, e daí notar-se mais a ausência de defensores da nossa amada Instituição.

5 - E se Sua Santidade não fala qual é a solução? Perguntam vocês caríssimos Blues. A resposta é a “compreensão”. Sim, isso mesmo, a compreensão. Quem pôs a sua vida ao serviço deste clube merece esse esforço da nossa parte não merece?! Eu cá penso que sim. Acredito que assim que a poeira deste processo sujo, no qual o estão a tentar envolver, vai assentar, e quando isso acontecer Ele vai voltar à forma que sempre nos habituou, não duvidem. Nunca se esqueçam que em última análise o que está em causa não é só achincalhar Pinto da Costa, é achincalhar o Presidente do FC Porto, é esse o prazer da escumalha marroquina. Ele não amansou, Ele, que alguns querem ver afastado, é o mesmo Homem que levou pedradas em Faro, em Portimão, em Campomaior, que aguentou com sacos de mijo em Paços de Ferreira, que foi ameaçado em plena catedral da merda, que deu a cara por um clube regional e que o transformou à custa de muito suor, esforço e dedicação num Clube Mundial. Conhecido em qualquer canto do Planeta. Abram os olhinhos, quando o Pinto se reformar, o nosso FC Porto vai penar, e não vai ser por pouco tempo.

Quem aqui entre nós fez mais pelo FC Porto que Ele?! Quem?! Ele deu tudo por nós, está na hora de retribuir e dar tudo por Ele. E já agora, quem nunca pecou, que atire um calhau de 7 metros (não estou a falar de droga, essa aproveitem e vendam), se puder com ele é claro :)).

Saudações,
Sr_Antonio

14 fevereiro, 2007

Sim(ul)ão e Quaresma

'Nortada' do Miguel Sousa Tavares...

Uma vez mais, Scolari foi o último a ver o que já todos tinham visto, ou, melhor dizendo, o último a não querer ver. Scolari ficou a dever a Quaresma um Mundial em que ele merecia e devia ter participado e não participou.

1 - O Portugal–Brasil foi um jogo fraco e bastante desinteressante. Valeram os golos e por isso Portugal mereceu a vitória, face a um dos piores seleccionados brasileiros de que me lembro. Curioso foi verificar como, ao arrepio de toda a história, o virtuosismo e a classe individual tenham estado, desta vez, do lado luso: Cristiano Ronaldo lançou o pânico na defesa brasileira, sempre que pegava na bola e avançava direito a eles; Quaresma levou Lúcio ao desespero e chegou a deixar um defesa a dar cambalhotas sozinho no relvado; e Simão, quando a oportunidade surgiu, furou pelos centrais como faca em manteiga. De facto o Brasil só conseguiu ser notícia devido à extraordinária camisa de Dunga, exibida ao frio de Londres, numa ternurenta manifestação de amor paternal. Mas pai e filha, cada um no seu domínio, levaram muito que meditar deste jogo.

Do lado português, o mais marcante terá sido o saldo das presenças em campo de Simão e de Quaresma. Primeiro que tudo, a imagem lindíssima de ambos a abraçarem-se depois do golo facturado a meias e a continuarem abraçados à saída do relvado. Neste ambiente de guerra permanente Benfica-Porto (do qual eu próprio me faço eco), o abraço de alegria e camaradagem daqueles dois veio trazer-nos de volta para aquilo que é o mais bonito e o mais importante do futebol.

Depois, a meditação sobre a sua própria situação na Selecção: Simão parece estar finalmente a ser o «Simão do Benfica», afastando aquele inexplicável temor reverencial que a camisola das quinas parecia inspirar-lhe, roubando-lhe toda a audácia e confiança que caracterizam o seu futebol. Ao invés, o «Quaresma do FC Porto» — que Scolari agora diz ter finalmente visto em campo — nunca poderia lá ter estado antes, ao serviço da Selecção, pela simples razão de que Scolari nunca lhe deu oportunidade para tal. A nove meses do Mundial da Alemanha, já se tinha tornado claro no discurso do seleccionador que Quaresma iria ficar de fora. E ficou, mesmo depois de ter conquistado todos os troféus para o melhor jogador do campeonato português. Nunca saberemos até onde Portugal poderia ter chegado com ele na Alemanha. O que sabemos, é que uma vez mais, Scolari foi o último a ver o que já todos tinham visto, ou, melhor dizendo, o último a não querer ver. Agora, claro, inventa uma justificação retroactiva e sem fundamento algum para o que não tem explicação. Scolari ficou a dever a Quaresma um Mundial em que ele merecia e devia ter participado e não participou.

2 - Muita discussão a propósito do castigo a Derlei, e com o Benfica a dizer, e com razão, que vai ficar atento a casos semelhantes no futuro. Realmente, a questão tem razão de ser: porquê agora o Derlei e não outros antes dele? Será que nas dezasseis jornadas anteriores não houve mais nenhum caso que justificasse um sumaríssimo? Claro que sim, claro que houve. A explicação, que ninguém se atreveu a dar em voz alta, é simples como a água: o Derlei só foi castigado agora porque o Quaresma o tinha sido uma semana antes, numa jogada bem menos nítida e grave que a do Derlei. Só que, depois da dualidade de critérios em campo (um juiz-de-linha achou que o Quaresma devia ir para a rua, outro achou que o Derlei não devia) e na Secretaria (dois jogos para o Quaresma, um para o Nuno Gomes, por fazer bem pior), não havia «topete» para passar por cima da palmada do Derlei. Até os dirigentes do Benfica o perceberam, e por isso se conformaram.

Entretanto, o CD da Liga resolveu criar doutrina na matéria. Sempre é melhor haver uma doutrina do que não haver nenhuma e continuar-se, como até aqui, no reino do casuísmo. Só que a doutrina enunciada pelo CD levanta muitos e dificilmente ultrapassáveis problemas. Ao explicar que o CD não pretende ser o «quinto árbitro» e que, por isso, só intervirá, através dos sumaríssimos, quando os lances gravosos tenham escapado aos quatro árbitros, assume-se que o fará a partir do recurso às imagens televisivas. E daqui deriva o primeiro problema insolúvel: é que, se todos os jogos dos grandes são transmitidos, há muitos outros que o não são, o que determina uma dualidade de critérios: uma agressão que escape aos árbitros, num jogo não transmitido, passará impune pelo CD.

A segunda questão tem que ver com a falta de lógica e de sustentação da doutrina agora enunciada. Duas agressões idênticas podem ter tratamentos disciplinares diferentes, conforme os árbitros digam nos seus relatórios que as viram ou que não as viram. No caso concreto do Derlei, por exemplo, é difícil aceitar que o fiscal-de-linha, a metros da jogada, a não tenha visto. Mas se, por hipótese, o árbitro tem escrito no relatório que ele ou o auxiliar tinham visto a jogada mas não a tinham considerado uma agressão, o Derlei teria passado sem castigo. Árbitros com critérios mais largos perdoarão coisas que outros não perdoam, tendo como resultado prático diferentes critérios disciplinares, em campo e fora dele. Imagine-se o que isto não irá acrescentar à suspeição generalizada que hoje existe sobre os árbitros!

A mim parece-me que o único critério que asseguraria alguma igualdade de tratamento e lógica era o CD punir idênticas situações com idênticas penas — quer o jogador tivesse sido amarelado ou não, quer tivesse sido expulso ou não, quer o árbitro declarasse ter visto ou não. Isso resolveria pelo menos a questão nos jogos transmitidos.

3 - Surpreendentemente, o presidente do Sporting apareceu esta semana a dizer que se iria embora se a Câmara Municipal de Lisboa não viabilizasse a pretensão do clube de poder vender como urbanizáveis uns terrenos que estão afectos à prática desportiva ou outros fins. Em causa estará um encaixe previsível de 35 milhões de euros, se a CML aceitar alterar o PDM da cidade e rever a utilização consentida para os terrenos. Surpreendentemente também, Carmona Rodrigues apressou-se a responder que tudo irá fazer nesse sentido. E surpreendentemente ainda, ficámos a saber que esta negociação confidencial já teria sido objecto de um acordo particular entre Carmona e Soares Franco. Queria apenas recordar que não passou ainda nem meia dúzia de anos desde que a CML, pela mão de Santana Lopes, assinou com Benfica e Sporting acordos que viabilizaram financeiramente a construção dos novos Estádios de Alvalade e da Luz, em termos tão generosos que uma das cláusulas previa até a construção de uma urbanização, integralmente a expensas da CML, cujos lucros, após venda, seriam repartidos em partes iguais pela Câmara e pelos clubes (e sucedeu até que, nunca tendo sido construída a tal urbanização, a CML antecipou a ambos os clubes 15 milhões de euros pela sua parte nos «lucros» de tão leonino negócio»). Esta e outras cláusulas dos ditos acordos tornaram-nos de tal maneira generosos, que a última cláusula estabeleceu que nunca mais, no futuro, Benfica e Sporting voltariam a pedir qualquer coisa à Câmara. Esqueceram-se foi de acrescentar que se tratava do futuro muito próximo… Agora é o Sporting, a seguir virá o Benfica. Entretanto, quem, como de costume e aqui como no resto, continua com a má fama é o FC Porto. Apenas porque Rui Rio, ao invés dos seus colegas de Lisboa, resolveu estabelecer uma guerra-modelo contra o FC Porto e porque um inspector das Finanças não conseguiu perceber nada do Plano de Pormenor das Antas (iniciado pela Câmara, e não pelo clube). E, entre outras coisas, não atentou nesta diferença fundamental: é que o FC Porto, ao contrário dos clubes de Lisboa, era, à época, proprietário de um vasto património imobiliário: 17 hectares de terreno, livres e disponíveis, que viriam a reverter em grande parte, para o Município, no âmbito do Plano Geral de Urbanização das Antas, que, conforme está à vista de todos, foi muito mais e muito melhor para a cidade do que a simples substituição de um estádio velho por um novo. Mas quem, neste país, é que se dá ao trabalho de estudar a fundo as questões complexas, de ler os dossiers, de ver os contratos e compará-los, em lugar de adoptar logo como verdade conveniente a primeira atordoada que alguém se lembra de lançar para o ar?

# in Jornal “A BOLA”, 2007.02.13

13 fevereiro, 2007

Qual a fronteira entre a ficção e a verdade?

Andava eu entretido a fazer a minha ronda habitual e diária pelos meus blog’s de eleição ‘azuis-e-brancos’, quando deparo com um texto ‘sentido’ que, admito, francamente me fez parar para pensar e ao mesmo tempo reflectir em muitos dos factos que lá estavam narrados… sem o querer, acabei a fazer um «rewind» da minha memória.

Entretanto, deixo-vos aqui esse texto para que o possam também ler:


Sim ou Não? Voto em branco

Este ano, lá para Abril-Maio (+-), haverá eleições no FC Porto - isto se a actual direcção, não prolongar o mandato por mais um ano como estatutariamente pode fazer. Não sabemos se o irá fazer, como não sabemos se PdC encabeçará um nova lista. Sabemos é que já corre há alguns meses um abaixo-assinado para convencê-lo a recandidatar-se, e se o fizer ganha.

Nestes anos só conheci PdC como presidente do FCP, nos anos de Américo de Sá nem sabia que havia um presidente - o Porto era o Gomes, o Oliveira, o Freitas, o Simões, o Fonseca, o Duda, o Ademir, o Rodolfo, ... quando comecei a descobrir que havia um presidente, já este era PdC, e admirava-o. Ele estava sempre lá a defender o FCP, era sempre o primeiro a dar o peito às balas, eram famosas as suas entrevistas, e eu revia-me nelas e na sua luta pelo FCP, pelo Porto e pela regionalização. Os anos foram passando, o FCP a crescer, os títulos a aumentar e PdC era definitivamente o principal rosto. Pelo meio ia ouvindo muitas coisas sobre ele, sempre as ouvi como ataques ao FCP e nunca lhes dei crédito, mesmo quando uma semana, após um FCP-Famalicão em que um jornalista da RTP foi agredido, vi PdC a conversar muito amigavelmente com o agressor junto ao pavilhão das Antas. Li o "Golpe de Estádio" e achei aquilo muito naïf. Vi a retrete a ser penhorada e indignei-me. Vi uma piscina olímpica não construída e a culpa era obviamente da EDP. Assinei baixo-assinados para o estádio ter o nome de Pinto da Costa.

Até que veio a criação da SAD, que votei a favor, e comecei a interessar-me mais pelas questões extra-desportivas, aquelas que estão além da vitória/derrota, da bola que entra ou que bate no poste. E PdC começou a desiludir-me. Comecei a não gostar de ver promessas não cumpridas, comecei a não gostar de ver compras a pacote, comecei a não gostar de ver questões pessoais de PdC a interferirem no FCP, comecei a não gostar de ver empresários a gravitar, comecei a não gostar de ver ligações a políticos, mas continuei a votar em PdC. Até que veio José Mourinho e aí verifiquei pela primeira vez, que a importância do treinador era maior que a do presidente, e apesar das vitórias importantes de 2004 decidi não votar em PdC - com a decisão final a ser tomada pela inclusão de Fernando Gomes (ex-presidente da câmara) e de Paulo Teixeira na lista, e pelas pazes com a SIC / patrocínio do Andebol (sem a mínima explicação aos adeptos).

E se em 2004 estava desiludido com a gestão de PdC, fundamentalmente pela vertente económica, hoje estou muito mais. Nestes 3 anos, as causas/problemas pessoais de PdC tiveram um impacto negativo na imagem do clube, as questões financeiras só pioraram, continua a não haver pavilhão (era a grande promessa de PdC para este triénio que está a acabar), o FCP deixou de ser uma referência na prática desportiva não competitiva na cidade, isto sem esquecer a época 2004/2005 que foi do mais puro surrealismo que se possa imaginar.

Não tenho dúvidas que PdC não será minimamente beliscado em termos criminais no "Apito Dourado", mas sinceramente isso não me basta. Uma coisa são questões criminais, outra questões de dignidade e imagem do clube, e aquilo que é público das escutas, não deixa boa imagem. E nisto não acho que se possa passar um cheque em branco a PdC, por muito que o FCP lhe deva - PdC tem que se explicar aos sócios e não basta lançar insinuações que outros fazem o mesmo ou pior - para comícios desportivos já me bastou o "comício" contra o Record (na época da história da viagem do Calheiros ao Brasil), Record com quem mais uma vez PdC fez as pazes sem uma palavra aos sócios.

Durante algum tempo acreditei que o melhor, quando PdC saísse, era ficar alguém da sua confiança, depois do exemplo que se passou em Barcelona após a saída do Nunez, e pela falta de confiança que tenho actualmente da SAD - na sua globalidade, não creio que essa seja uma boa solução.

Quer isto dizer que, caso haja eleições e caso PdC seja candidato, eu não votarei em PdC. Nem em nenhum delfim, caso PdC não seja candidato. Mas também não votarei num pára-quedista qualquer. Como acredito que PdC se vai candidatar (ou prolongar por mais um ano), não creio que apareça ninguém credível a queimar-se enfrentando-o, por isso nas próximas eleições já há pelo menos um voto em branco.

# texto raptado do blog ‘óculos azuis e brancos

Sou franco, quando se trata do meu Presidente, do nosso Presidente, do Presidente de todos os Portistas, Jorge Nuno Pinto da Costa, admito, não conseguiria nunca votar em branco, até porque como alguns de vocês já o sabem, já subscrevi a nova lista de candidatura no último jogo caseiro, que diga-se de passagem, foi de muita má memória para nós.

Por outro lado, Jorge Nuno Pinto da Costa será eternamente para mim o Mítico Presidente do FC Porto, venham os que vierem depois dele … esse lugar, será sempre dele por mérito próprio. Se hoje somos respeitados fora de portas (cá dentro, já sabemos bem como funcionam as coisas, não é?), se hoje temos o estatuto que temos, se hoje temos os troféus nacionais e internacionais que temos, se deixamos há muito de ser os «andrades» para ser os «dragões», devemos tudo a um homem… Jorge Nuno Pinto da Costa.

Não esqueço, não tenho a memória curta, nem sou ingrato… desde há muito que me habituei a confundir FC Porto com Pinto da Costa e vice-versa. Esse homem, volto a repetir, será sempre para mim o Mítico Presidente do FC Porto.

Mas, e há sempre um mas… alguém de bom senso e que consiga ter algum poder de discernimento e consiga por um momento, separar o FC Porto de Pinto da Costa, é capaz de me identificar uma única inverdade neste texto? Eu não consigo… e é isso que me assusta, juntamente com o actual silêncio «ruidoso»!!

12 fevereiro, 2007

Fim-de-semana azul… a ver os cabeçudos na Póvoa!

E assim, lá se passou mais um fim-de-semana sem futebol para os lados do Dragão, tudo consequência de mais uma (!) paragem de quase 15 dias para a liga interna, o que já começa a ser uma rotina crónica em tudo idêntica a um qualquer país sub-desenvolvido, onde se diz jogar um futebol profissionalizado. A ser verdade, que termo deveremos utilizar às ligas em países como a Inglaterra, Espanha, França, Itália, etc? futebol planetário? pois…

Contudo, desta vez, tiro o chapéu ao meu (nosso) mister quando se referiu a esta paragem como sendo “boa”… não podia estar mais de acordo, até porque sempre o disse e continuo a manter com todas as letras: qualquer paragem, seja ela porque motivo for, só favoreçe quem está mal, e raramente ou nunca quem está bem, como tal!

Ainda no mesmo período, e havendo um ‘tal de referendo’ para votar, o que obviamente cumpri por 2 motivos: porque SIM e também porque acredito que “mais vale hoje um aborto, que um vermelho amanhã” (lolol), tinha tudo para ser um fim-de-semana chato, pachorrento, chuvoso e muito frio.

Entretanto, e sem que alguém o tenha anunciado, era Sábado pela noitinha quando fomos todos nós presenteados com a oportunidade de assistir ‘ao vivo’ e na 1ª fila da bancada ao anedótico cortejo dos "ridículos cabeçudos" do “clube de ciclistas da freguesia de Benfica”, como que a anunciar a época festiva de Carnaval que se avizinha… e que tão ao bom gosto este ano me vai saber (lolol).

Mas adiante, falemos do que desportivamente se passou de especial neste fim-de-semana para o “azul-e- branco” do FC Porto.

Hóquei em Patins
liga dos campeões - 5ª jornada, grupo B
FC Porto - Follonica (5-1)

Com este resultado, o FC Porto garantiu automaticamente a presença na «final four» da Liga dos Campeões, juntamente com o Bassano (Itália), faltando unicamente decidir na última jornada quem fica no primeiro lugar, ainda que o FC Porto mantenha uma distância de 2 pontos de vantagem. Seja qual for a classificação final, está na hora de colocar definitivamente de lado as ‘vitórias morais’ e conquistar o troféu que há muito anos perseguimos. Os outros adversários nessa «final four» serão o Barcelona (Espanha) e o Vic (Espanha).

Basquetebol
liga uzo - 20ª jornada
Barreirense - FC Porto (70-75)

Estando-se a fazer uma época modesta em termos de resultados com um score de 12 vitórias e 8 derrotas, foi necessário forçar o prolongamento para levar de vencida a equipe do Barreirense e regressar às vitórias. Vencemos, o que é sempre bom, aliás, muito bom. A Ovarense lidera a classificação (18-2), estando o FC Porto no 4º lugar (12-8).

Andebol
liga halcon (20ª jornada)
Sporting - FC Porto (27-30)

Um jogo com muita emotividade, tal foi o resultado incerto até ao fim… ora o FC Porto se distanciava (6-9), ora o Sporting fugia (21-15) já durante a 2ª parte. Quando se pensava tudo perdido para os azuis-e-brancos, com um fantástico score de 1-11, passamos para a frente do marcador por 22-26. Até ao fim, foi gerir o jogo e mantendo a distância no resultado, fruto de venenosos contra-ataques. Um excelente jogo, com muita emoção à mistura. O Belenenses lidera com 40 pontos, estando o FC Porto no 4º lugar da tabela classificativa com 35 pontos (menos um jogo).

Futebol
taça de portugal - 8ª final
1ª Filial do FC Porto – Benfica (2-1)

Em primeiro lugar, cada um tem o ‘atlético’ que merece

Em segundo lugar, é caso para dizer que o Carnaval chegou mais cedo ao norte do país. Começaram por actuar os “ridículos cabeçudos”, depois o “calabote de serviço” a tentar ajudar à festa e por fim, as “lágrimas do clube de ciclistas da freguesia de Benfica”. Foi bem feito… aliás, muito bem feito, e volto a repetir: cada um tem o ‘atlético’ que merece!!

Em terceiro lugar, o que não vai faltar neste país de invejosos nos próximos dias, serão: montes de “melões”, “cabeçudos”, “elefantes” e “rinocerontes”, estando muitos deles, nos estúdios da TV’s e nas redacções dos jornais. Alguém se lembra de ter visto nos «média» as entrevistas ao Mendonça, à família do Mendonça, ao cão do Mendonça, ao gato do Mendonça, ao periquito do Mendonça, ao vizinho do Mendonça, etc? Foi bem feito… aliás, muito bem feito, e volto a repetir: cada um tem o ‘atlético’ que merece!!

Em quarto lugar, nem com 14 (!!) em campo lá foram… ‘Santa Morgadinha dos Invejosos e Falhados’, não quer aproveitar a onda e investigar o porquê do ‘louro’ Beto e do ‘cadáver’ Luisão terem chegado ao fim dos 90 minutos ainda em campo? Aproveite, que era capaz de perceber algumas coisas muito engraçadas, em vez de andar com a sua equipe de ‘acólitos invejosos’ entretida a tentar descobrir o sexo dos anjos. Foi bem feito… aliás, muito bem feito, e volto a repetir: cada um tem o ‘atlético’ que merece!!

Em quinto lugar, a ‘anedota’ da semana é a agora desculpa de que “pronto, a Taça de Portugal é a festa dos pequenos… o que interessa mesmo é ganhar na 5ª feira ao Dínamo de Bucareste e depois o campeonato” (ohohohohohoh). Foi bem feito… aliás, muito bem feito, e volto a repetir: cada um tem o ‘atlético’ que merece!!

Em sexto lugar, está explicado o número elevado de abstenção ao referendo do aborto (56,4%), é que a azia e a dor de corno era tanta, que nem ânimo houve para sairem da pocilga. Foi bem feito… aliás, muito bem feito, e volto a repetir: cada um tem o ‘atlético’ que merece!!

Por fim, foi bem feito… aliás, muito bem feito, e volto a repetir: cada um tem o ‘atlético’ que merece!!

Desejos de uma boa semana a todos os Portistas… e já agora, saudações aos Cabeçudos!! (ohohohohoh)

10 fevereiro, 2007

Votem in… consciência

Caríssimos Blues, este fim-de-semana o nosso amado Clube não vai realizar nenhum jogo, para gáudio dos nossos jogadores. Desta vez dou razão ao Professor Jesualdo: “a paragem é boa”, ou pelo menos assim espero, pois se diante da Naval o ritmo se mantiver em devagar e devagarinho penso que teremos nova desilusão. Mas quero acreditar que isso não vai acontecer e que os ares de Crestuma já lhes tenham avivado a memória, e que agora tenham consciência de que a brincadeira acabou pois jogam no melhor Clube do Mundo.

Como não se vai realizar jogo, a minha cabecinha concentrou-se (se é que isso é possível) num evento nacional que parece que dá pelo nome de “Referendo ao Aborto”. Sim, isso mesmo, essa competição que vai acontecer neste Domingo. Eu estava meio indeciso, mas depois de alguma reflexão e de um barril de cerveja, decidi compartilhar com todos vocês os motivos que poderão pesar na minha decisão. Então cá vai…

Alguns dos motivos para votar “Sim”…


Alguns dos motivos para votar “Não”…


Saudações,
Sr_Antonio

09 fevereiro, 2007

E os nomeados, foram...

Estávamos na passada 3ª feira, por volta das 20h00, quando o telemóvel toca ao som do já mais que habitual «tripeiro eu sou, e tenho o Porto no meu coração, etc, etc», atendi… do outro lado da linha, quem mais não poderia ser do que o responsável pela pasta financeira e de marketing cá do «burgo», Miau, o recém-empossado. Trazia novidades, como sempre!

A «bomba do dia» era mesmo o facto de na edição do Jornal RECORD desse dia (3ª feira, 2007.02.06), na zona restrita às notícias do nosso mágico FC Porto, mais precisamente na página 11, aproveitando a análise do tema mais que actual para as bandas do Dragão, a «tal suposta crise», o jornalista teria andado a navegar pela blogosfera azul-e-branca em busca das opiniões desinteressadas, mas muito apaixonadas dos Portistas anónimos que todos nós somos neste espaço virtual.

Sabe-se lá que influências terão sido movidas (eheh), ou até mesmo os custos financeiros a que tal menção honrosa obrigou (eheh), então não é que este blog, o até então «anónimo na imprensa» “BiBó PoRtO, carago!!” foi um dos seleccionados para ser referenciado no canto lateral direito da mesma página, com uma breve referência ao artigo de opinião aqui deixado ficar logo a seguir ao jogo de sábado passado, FC Porto vs Estrela Amadora?

Aqui ao lado, deixo-vos a «prova do crime», que é como quem diz, a imagem da tal referência na edição impressa do Jornal RECORD de 3ª feira. Se quiserem, podem confirmar que a mesma foi «raptada» do tal post de sábado; podem clicar aqui para confirmar.

Será justo, e além do mais, também não é mentira nenhuma, deixar aqui os parabéns «aos outros blogs portistas eleitos» para essa referência jornalística, que foram: os Guerreiros da Invicta, o FêCêPê, os Portistas de Bancada do amigo Zirtaev, o Sangue Azul e o Basculação. Muitos outros blogs Portistas com imensa qualidade que proliferam pela blogosfera azul-e-branca poderiam ter sido referenciados, mas pronto, desta vez calhou-nos a nós… amanhã, quem sabe, não serão outros os eleitos? e quanto justo seria!!

Acho estranho, ou nem tanto assim, «a chamada ao tema» da nossa voz, logo numa altura em que as coisas não estando a correr sobre rodas e existindo até já alguns sinais de contestação própria de adeptos que não estão, nem querem habituar-se às derrotas, não concordam? na verdade, a «tal contestação» mais não é do que fruto de 2 ou 3 resultados negativos que surgiram depois de uma série de excelentes resultados até ao final do ano passado. Nada estava conquistado, mas também não agora está perdido!

Apesar de me sentir totalmente satisfeito, e porque não até «recompensado» do meu esforço diário por tentar elevar cada vez mais alto e com mais brilho o bom nome do nosso mágico FC Porto, questiono-me apenas se alguma vez alguém se daria ao trabalho de nos referenciar fosse onde quer que fosse, a qualquer um de nós que mantenha esta «dedicação blogueira» em prol de um objectivo pessoal, se as coisas estivessem a correr mais que bem para os lados do Dragão?

Sinceramente, acho que não!, mas obviamente que esta não é mais que a minha opinião pessoal e pouco mais que isso. Esta «colagem» da nossa voz soou-me, digamos, que a premeditada e com algum objectivo «de pura má-língua», mais do que os simplesmente jornalísticos, não sei…

Bem, isso agora também pouco interessa… o que conta mesmo para a história, é que todos nós, os ali referenciados e os não referenciados, prossigam a sua «luta diária» em prol de uma paixão desenfreada pela nosso Mágico FC Porto, acreditando cada vez mais que a «nossa voz» começa finalmente a chegar aonde todos nós queremos e desejamos… lá fora, e porque não, «lá dentro»?

08 fevereiro, 2007

Crise anunciada

'Nortada' do Miguel Sousa Tavares...

Esta é a primeira e a principal explicação para a actual crise do FC Porto: faltaram os jogadores que fazem a diferença e faltam outros que ao menos a disfarcem.

1 - O que aconteceu ao FC Porto com o Estrela da Amadora é daqueles pesadelos que acontecem uma vez por ano no futebol. Uma equipa que, embora sem jogar bem, faz o suficiente para ganhar o jogo, atacando, perdendo golos, metendo avançados, e quando, finalmente, consegue arrancar a vitória, numa jogada bem construída já nos descontos, vê o golo anulado e a vitória esfumar-se (se houve fora-de-jogo no momento do cruzamento, foi milimétrico; se houve antes, não conta); e depois, na jogada seguinte, vê não apenas a vitória mas o próprio empate esfumarem-se no último suspiro do jogo. Se o FC Porto tem ganho o jogo, como seria mais normal face ao que se passou, não estaríamos agora a falar de crise — e, todavia, ela está lá e por isso é que é importante reflectir no que vem acontecendo.

O jogo com o Estrela confirmou-me aquilo que há muito penso — esta equipa do FC Porto é desequilibrada: tem três jogadores fora-de-série (Pepe, Anderson e Quaresma), tem um bom jogador (Lucho) e todos os outros são apenas razoáveis ou nem sequer isso. Na primeira fase da época, a equipe viveu do talento e da dinâmica de jogo de Anderson. Quando ele foi cirurgicamente afastado dos campos, Quaresma pegou na equipa e, a golpes de génio, assegurou a qualidade de jogo suficiente para o FC Porto ultrapassar a fase de grupos da Liga dos Campeões e manter uma liderança destacada no campeonato. Quando, por sua vez, Quaresma foi também cirurgicamente afastado do jogo, o FC Porto ficou reduzido a uma equipa banal, à mercê de golpes como os sofridos contra o Estrela e o Leiria. Bastaria que Anderson ou Quaresma, ao menos um deles, estivesse em campo e o FC Porto não teria ficado em branco nos dois jogos e naturalmente tê-los-ia vencido; bastaria que ao menos Pepe não estivesse também castigado e o Estrela não teria marcado aquele golo.

Se uma equipa tem três jogadores de génio e quase todos os outros banais, é inevitável que, ficando aqueles três de fora, nem o jogo nem os resultados possam ser iguais. Essa é a primeira e a principal explicação para a actual crise: faltaram os jogadores que fazem a diferença e faltam outros que ao menos a disfarcem. Por exemplo: falta ainda muito ao Helton para justificar a categoria que lhe atribuem, em especial no seu inseguro jogo aéreo; falta quem, na ausência de Quaresma, saiba cruzar em condições (contra o Estrela, Bosingwa fez uma dúzia de cruzamentos e só um é que saiu bem); falta um terceiro defesa-central de categoria que, como já se viu tantas e tantas vezes, não será nunca o Ricardo Costa; falta mais um médio de ataque que, mesmo sem o génio de Anderson, empurre o jogo para a frente e seja capaz de, de vez em quando, marcar golos; faltam razões que possam explicar a inexplicável aposta de Jesualdo Ferreira num Raul Meireles totalmente abúlico e ineficiente; e falta ou não é experimentado devidamente (Bruno Moraes) quem saiba finalizar habitualmente — ultrapassada que parece estar a inesperada ressurreição de Hélder Postiga. A crise tem, portanto, também que ver com uma errática e por vezes lastimável politica de aquisições que, por cada grande jogador que consegue, acrescenta meia dúzia de banalidades.

2 - O FC Porto, nunca é de mais lembrá-lo, gasta o dobro do Benfica em aquisições e o triplo do Sporting. E, embora tendo já arrepiado algum caminho em relação a tempos de loucura e de irresponsabilidade recentes, os maus hábitos tendem a manter-se. Vejamos o que aconteceu apenas neste período intercalar de compras. O Sporting não fez nenhuma aquisição, nem sequer por empréstimo, porque decidiu que só faria se tivesse dinheiro para tal e encontrasse um jogador capaz de entrar de imediato no onze titular; o Benfica fez duas aquisições, mas ambas por empréstimo: no final da época verá se está ou não interessado em continuar com eles e adquirir os seus passes; já o FC Porto avançou para duas compras, com contratos a longo prazo, como é habitual na casa, ficando amarrado aos jogadores, quer eles provem quer não, por muitos e bons anos. Não espanta, pois, constatar que grande parte do movimento de jogadores neste período tenha correspondido a jogadores emprestados pelo FC Porto. Pelas minhas contas, os portistas devem ter actualmente duas equipas inteiras emprestadas a outros emblemas, incluindo clubes de Espanha, Alemanha e Brasil, sendo que, na maior parte dos casos, é o clube que paga a parte de leão ou mesmo a totalidade dos seus vencimentos. Dos jogadores contratados em Julho para esta época, todos com contratos a longo prazo, mais de metade já estão emprestados, decorridos seis meses e depois de se ter concluído que, afinal, não interessavam. Eis uma coisa que nunca percebi: porque é que quando quer jogadores, o FC Porto só os consegue comprar a bom preço e com excelentes salários e longos contratos e, quando se quer desfazer deles, não consegue vender nenhum? Nesta mini época de aquisições, o FC Porto lá foi às compras: aguentou-se nas exigências incomportáveis do Sp. Braga (que tem dois jogadores emprestados pelo FC Porto…) em relação a Diego e Madrid, mas já não resistiu em comprar mais um defesa-esquerdo (o sexto em três anos) e mais um ponta-de-lança (o sexto, contando com Hugo Almeida). Mas um defesa-central para substituir Pedro Emanuel, lesionado, não; e um médio ofensivo para substituir Anderson, lesionado, também não. Erros de gestão destes pagam-se depois em campo.

3 - O regresso do ninja ao nosso campeonato merece ser saudado. Derlei deixou um cartaz de jogador de fibra e de talento, um profissional de cima a baixo, para sempre ligado à incrível final de Sevilha. Ao assinar pelo Benfica, perguntaram-lhe e com toda a lógica, como é que ele, que tinha estado ligado a todos os grandes êxitos do FC Porto da época de Mourinho, via a acusação, desencadeada pelo seu novo clube, de que tais êxitos não eram fruto do esforço e do talento de jogadores como ele mas, sim, de batota. Obviamente, ele deu a única resposta que podia dar: que isso agora não interessava, era passado. A ele, não, claro. Mas interessa, sim, ao clube que ele representou com tanto mérito. É disso que trata o Apito Dourado: decidir se o FC Porto de então ganhava porque tinha jogadores como Derlei, Deco, Ricardo Carvalho, Jorge Costa, Vítor Baía, Maniche, Carlos Alberto ou McCarthy, ou porque supostamente subornava os árbitros. É uma questão de honra, de dignidade e de verdade desportiva, e isso nunca é passado. O que sentirá Derlei se lhe retirarem, por alegadas malfeitorias, os títulos de campeão de Portugal conquistados em 2002 e 2003?

Entretanto, bastaram a Derlei quinze minutos em campo na estreia pelo Benfica para ele perceber a diferença das camisolas. Na semana passada, um tal de Ricardo Quaresma que, por acaso, vinha sendo o melhor jogador do campeonato, deu uma palmada com o braço para trás para se livrar de um adversário que estava a agarrá-lo, quando ele tinha a bola e queria fugir para o ataque. Embora estivesse de costas para o juiz de linha, este não hesitou em ver ali uma agressão: Quaresma foi expulso e, para além desse jogo, levou mais dois de suspensão. Esta semana, exactamente no mesmo local do campo, Derlei deu também uma braçada para trás atingindo o adversário. Com uma grande diferença: não estava a ser agarrado e era o outro que tinha a bola e se ia escapar. E mais esta decisiva diferença: estava de frente para o juiz de linha, que tudo viu e nada de mal viu. Nem amarelo, nem vermelho, nem suspensão. Seja bem-vindo ao Benfica, Derlei!

4 - Os critérios disciplinares dos árbitros em campo podem ajudar a decidir campeonatos, se os critérios variarem de árbitro para árbitro, de clube para clube e de jogador para jogador. E mais ainda se a essa dualidade de critérios for somada depois igual dualidade da Comissão Disciplinar. Não interessa apenas tentar perceber porque é que Quaresma é expulso e Derlei não. Também interessa perceber porque é que Nuno Gomes é expulso duas vezes, uma delas por agressão a pontapé pelas costas, e só leva um jogo de cada vez, enquanto Quaresma leva dois, logo à primeira e contestada expulsão. Já se sabia que ia ser assim, mas não acham que é um bocado chocante?

# no Jornal “A BOLA”, 2007.02.06