Mas c’um carago, é assim tão difícil?

Hoje, ainda na ressaca do dilúvio de ontem ao final da tarde em Paços de Ferreira, e qual enredo ao melhor estilo de ‘Terror em Elm Street’, onde estivemos até bem perto dos 90 minutos, nas redondezas do inferno… até que, qual D. Sebastião emergido do dilúvio, surge em campo o nosso Imperador Adriano e num momento de sorte que normalmente apenas protege os audazes, nos catapultou de novo para os limiares do paraíso, ainda que a calcar a linha fronteiriça entre o bem e o mal.

Quando fazemos um «rewind» da época e nos questionamos sem saber muito bem a resposta para o porquê da necessidade de tanto sofrer, jogo após jogo, e quando nesta altura já poderíamos estar todos há muito a descansar ao sol da bananeira, andamos para aqui com o «credo na boca», a rezar a todas as alminhas e a todos os santos, para que em vez de um «bi-campeonato», não nos saia pelo caminho mas é nenhum «bi-carbonato». Mas havia necessidade, carago?

Olhamos para este plantel de campeões, e não esquecer, que também de milhões, e o que vemos nesta fase crucial do campeonato?... a sensação que tenho é que os «nossos rapazes» entrem para dentro do campo completamente borrados de medo, demonstrando não parecer aguentar a pressão de voltarem a ser campeões. Ao ver o jogo de ontem, muitas vezes em voz alta, a falar para mim próprio, me questionava: mas o que se passa com Quaresma? mas o que se passa com Lisandro que parece que a bola tem picos? mas o que se passa para uma época tão miserável de Lucho? Eu sinto no ar, algo me diz que algo se passa dentro daquele balneário e que bom não é concerteza… falta-me é saber o quê. Talvez um dia venhamos a saber… talvez.

Olho para o treinador, o que vejo? um homem completamente tolhado pelo medo de vencer, quiçá, próprio de quem esteve sempre habituado a conduzir um Mini-Austin e que de um momento para o outro se vê nas mãos com um Porsche Carrera, todo automático e brilhante, e sentindo a «potência» de tal bólide, treme das pernas como «varas verdes», mostrando um medo de tal ordem, que lhe tolhe os movimentos no momento da aceleração… custa-me muito dizê-lo, e já o expliquei porquê noutras alturas, mas mesmo sabendo que nem tudo será culpa do treinador, não me parece que, mesmo ganhando o campeonato, como domingo exigo e nem admito sequer outra hipótese, não me parece ter condições para continuar… repito, não me parece.

Ainda hoje me diziam em jeito de provocação: “ahhh e tal, uma equipe de milhões, com o triplo do orçamento do 2º classificado, vai provavelmente ser campeão com apenas 1 ponto de diferença? sóis mesmo fracos”, dizia-me esse artista. Na hora, e sem mandar recados por ninguém, respondi-lhe com todas as letras, e acho que não cometo aqui qualquer inconfidência da conversa que tive com este amigo lagarto, o seguinte: “mete a equipe do putos maravilha de Alcochete pelo cú acima… porque no domingo, para nós, é só mais um campeonato da «vida real»… para vocês, é mais um troféu do «teve quase»”.

Se fosse verdade essa lógica, e ainda que concorde em parte com ela, porque actualmente vivemos num mundo onde o capitalismo faz lei, e onde só sobrevivem os mais fortes, então, como explicar que o Chelsea do «papa-chiclas» não seja campeão todos os anos? E o Manchester? E o Barcelona? E o Real Madrid? E o Milão? E o Inter? Etc, etc, etc…

Querem melhor prova dessa «lógica que é uma batata» do que quando em 2004/05, em Gelsenkirchen, o FC Porto se tenha sagrado campeão europeu com um orçamento abaixo entre os 60/80% do que a grande maioria dos adversários que teve que ir eliminando até à final? O dinheiro não faz campeões, e isso já está provado não de agora, mas desde há muito tempo… é indesmentível que pode ajudar, e concerteza muito ajuda, mas não os «fabrica»!

Por isso, domingo, ou vai ou racha… e vai mesmo carago, nem que seja à lapada!

PS – Ontem, por esquecimento, não fiz uma uma referência especial a 2 clubes que desde há muito aprendi a admirar, não pelas cores!, não pelos clubes em si!, até bem pelo contrário, mas que sempre nutri um encanto especial pelas multidões de adeptos apaixonados que conseguem «arrastar» e que muita faltam fazem ao futebol português e principalmente, à Primeira Liga. Por isso, os meus parabéns ao Leixões e ao Vitória de Guimarães pela subida à BWIN. Agora, e quando nos defrontarem, que levem sempre no toutiço e mai' nada.