A presença de dois clubes Ingleses na final da Liga dos Campeões pode deixar entrever um futuro cinzento para o futebol continental e, logo, para o FC Porto. Desde há alguns anos e, sobretudo, desde há dois anos, a presença de clubes ingleses nos quartos de final da referida competição, é esmagadora.
Se analisarmos a evolução do futebol europeu, antes e depois da lei Bosman, temos os seguintes dados, considerando dois períodos de 10 anos:
Representação dos países nos quartos de final antes da lei Bosman ( 1985-1996 )
Espanha, Inglaterra, Itália : 21%
Outros : 79 %
Representação dos países nos quartos de final após a lei Bosman ( 1997-2008 )
Espanha, Itália, Inglaterra : 65 %
Outros : 35 %
Deixo advinhar qual é a parte dos clubes Ingleses nos 65%, após a lei Bosman!
A chegada de Platini às instâncias da UEFA gerou expectivas diversas e opostas. Houve até quem pensasse que um futebol diferente, longe de multimilionários, poderia nascer. No fundo, a nova estrutura da competição que entrará em vigor, na época 2009-2010, não mudará grande coisa. O sistema de grupos é conservado (48 equipas divididas em 12 grupos). A ideia de qualificação directa desde o primeiro jogo foi afastada (jogo : casa-fora).
Penso que hegomonia do futebol Inglês (e a dos campeonatos mais ricos) vai acentuar-se. A repartição dos direitos televisivos será ainda mais desproporcionada. A repartição dá a melhor fatia do bolo aos clubes que representam os maiores mercados de consumo.
O FC Porto, no plano desportivo, não parece ser inferior aos seus concorrentes Europeus. O que é único. Tal como o bom Vinho do Porto. Os resultados provam-no. Em contrapartida, há uma disparidade económica muito grande entre o FC Porto e os seus principais rivais Europeus. A fórmula actual da Liga dos Campeões criou uma Europa do futebol a duas velocidades. Veja-se a três, se pensarmos nos países de Leste.
Até agora, o FC Porto soube defender-se, integrando o G14. Todavia, penso que não é um absurdo pensar que o G14 morreu. Não foi o presidente do Lyon quem declarou que “a partir do momento em que os problemas foram resolvidos, o G14 já não tem razão de ser”? Os litígios maiores que opunham o G14 à UEFA foram solucionados. Entre outros aspectos, a UEFA comprometeu-se a pagar aos clubes que põem à disposição os seus jogadores nas competições internacionais. Ora, em que clubes joga a maioria dos jogadores internacionais? Ateste-se na constituição, por exemplo, das selecções Francesa ou Portuguesa.
A Liga dos Campeões foi instaurada em 1992. E, até agora, só um finalista não era membro do G14. Existem grandes chances para que o G14 se limite (ou se transforme) em um número reduzido de clubes que ditará o seu poderio económico.
Fará o FC Porto parte desse grupo ?
No contexto actual, parece, cada vez mais, infelizmente, uma utopia o FC Porto poder ganhar uma nova Taça dos Campões. Mas oxalá me engane! Vou-me enganar!
Creio que a Liga dos Campões será cada vez mais Inglesa. Se pelo passado as equipas Inglesas eram acessíveis em Abril ou Maio, devido ao cansaço dos jogadores, hoje em dia, já não é o caso. Os clubes Ingleses corrigiram o seu ponto fraco: reforçaram, extraordinariamente, o seu plantel de modo a poderem ser competitivos em todas as competições.
Será esta hegemonia insular a desforra da construção do túnel sob a Mancha?
Penso que, a curto prazo, o FC Porto e o futebol só ganhariam com a criação de uma “excepção futebolística”. Se tal excepção existe no campo da cultura, porque razão não deveria existir no campo do futebol?
O Conselho da Europa (que reune 47 países Europeus) é favorável a tal ideia. Seria importante apostar na “regra dos 6+5”. Isto é, aquando do apito inicial, os clubes seriam obrigados a alinharem, pelo menos, 6 jogadores formados no país. Foi esta ideia que Platini defendeu, em Janeiro, junto da União Europeia. Contudo, para muitos especialistas, esta “regra” seria contrária ao direito, actualmente em vigor na UE, da livre circulação dos trabalhadores .
Deixo o debate em aberto.
E Viva o Porto!
Fontes consultadas: «L’Equipe», «Le Monde» , «Les Cahiers du football».
Meu caro amigo:
ResponderEliminarBONJOUR:))
É sempre um prazer ler os teus posts.
Estou de acordo qd referes os grandes benefícios dos Clubes Espanhóis, Ingleses e Italianos depois da LEI BOSMAN. É o poder, o dinheiro quem manda, agora muito mais ainda com os apuramentos em dose dupla, tripla ou até mais de clubes do mesmo País para a Champions League.
Qt ao FC PORTO parece-me ser a unica equipa em Portugal com capacidade para ombrear com este tubarões.
Abraço.
AU REVOIR:)
Ao que parece a Europa já se pronunciou contra a medida do 6+5, pois seghundo estes viola so direitos fundamentais da própria...
ResponderEliminarDepois voltarei ao assunto pois acho o post interessantíssimo.
Abraço amigo PortoMaravilha
Saudações azuis e brancas
Carlos Pinto
Viva !
ResponderEliminarFoi mesmo um azar !
Blue Boy : O teu blog está hoje em sintonia com a imprensa Francesa.
Hoje, Toda a imprensa Francesa ( l'Equipe, Libération, Le Figaro ...) escreve a propósito da reforma do 6 +5. Está nas edições on line. Se esta parece não ter grande chances de sucesso ( mas a ver vamos), já a proposta duma nova "regra" 8+3 poderá ter possibilidades de ver o dia. Isto é, oito formados no clube.
Parece que a Presidência Francesa ( na UE ) vai lutar por isso !
Boas novas, para o Futebol, também as últimas declarações do Ofício de Imigração Inglês.
E Viva o Porto !
"No contexto actual, parece, cada vez mais, infelizmente, uma utopia o FC Porto poder ganhar uma nova Taça dos Campões. Mas oxalá me engane! Vou-me enganar!"
ResponderEliminarAi vais vais, pois eu acredito firmemente que não vão ser preciso esperar muitos anos para voltar-mos a ganhar a C.League.Entre 1987 e 2004 são 17 anos.Aposto que não vai ser preciso tanto tempo para a C.League voltar ao Dragão.
Um abraço
Basta ver o caso do Arsenal e até do próprio Inter em Milão. São situações quase que vergonhosas. E se a selecção inglesa atravessou uma crise a muito se deveu isso. Não rodam os seus jogadores, como é que eles hão-de fazer boa figura na selecção?
ResponderEliminarum abraço