Uma homenagem a Vitor Baía!
A estória que segue é verídica. Não mudei o nome nem das localidades nem dos lugares.
Ter consciência que temos um sósia ou vários sósias é algo questionante. E numa sociedade que está ligada à imagem e à vídeo, como a nossa, ainda mais.
Tudo começou assim:
Estava-se a meio dos anos oitenta. Dividia um andar, com a minha companheira de então e um casal de amigos carteiros. Morávamos em Vincennes. Ao lado da fortaleza e ao lado da boca do metropolitano. Acho que ainda hoje a estação tem o mesmo nome: “Metro-Vincennes”. A ligação era directa para Paris. Os autocarros andavam. Que mais pedir?
Estava-se a meio dos anos oitenta e o diário “Libération”, criado pelo filósofo Jean Paul Sartre, fez uma primeira página sensacional (edição infelizmente esgotada) sobre a final das Taças das Taças. Pela primeira vez, na sua história, o diário “Libération”, apresentou uma primeira página dedicada ao futebol. Ainda me lembro: “La juve a gagné mais...”, em letras pequenas e, logo depois, “Bravo Porto!”, transcrito em letras gordas e ocupando o centro da primeira página. Foi algo inédito para este diário mais ligado ao mundo social e político.
Estava-se a meio dos anos oitenta e a vida também consistia em ir passar alguns fins de semana no “Sertão Francês”, isto é, na Borgonha. Assim, lá descíamos nós para a Borgonha de quinze em quinze dias ou de três em três semanas. Eu comecei a ter medo em ir para o Sertão, quando a minha companheira comprou um Renault quatro em segunda mão (eu acho que era em quarta mão).
Sempre preferi conhecer o Sertão de camioneta. Nunca com um 4L!
Assim, a gente lá ia com o Renault 4. Até Fointenebleau e até Nemours não haviam dificuldades. Mas, depois, era preciso ir por estradinhas para se chegar até à Puisaye, pequena região da Borgonha. Bem que sei que Larrousse aí nasceu. E que , se calhar, aí elaborou a sua enciclopédia porque não podia sair de casa no inverno. O deserto verde-castanho e frio com os seus lagos gelados onde, por vezes, as temperaturas ultrapassam os menos vinte graus centígrados.
E é claro que o carro ia sempre abaixo por causa do frio que entrava pela grelha da frente e que, automaticamente, arrefecia o motor. E é claro que era eu quem ia pôr o papelão para tapar a grelha, agarrando-me ao destino para não dar um trambolhão no piso escorregadiço e gelado da estradinha. Ou pedindo ajuda a não sei quem, para que uma manada de javalis não nos aparecesse à frente.
Foi para nos aquecermos que, nessa tarde avançada dum sábado, entrámos num café que era loja, mercearia e tabacaria ao mesmo tempo. Foi num lugar denominado Mézilles. O que vou contar é coisa para não acreditar.
Entrámos e, logo, ouvi gritos: Lilian, só agora apareces? Não reagi. Não era o meu nome.
Mas duas pessoas avançaram imediatamente: Onde estiveste? Ontem, não jogámos por causa do gelo. Mas, como combinado, esperámos por ti no “Auberge du Lac”. Reservámos e pagámos por ti. Andas a gozar? Estás a dever quinze francos!
E acrescentaram: Ou pagas ou vais passear nú!. A ameaça era concreta, a minha bolsa pobre e o frio muito. Eu não só estava com os óculos embaciados como também estava desemparado. Eu repetia e repetia que não me chamava Lilian. Mas o vinho quente tinha-lhes tirado qualquer poder de discernimento. Foi, então, que a minha companheira, com a sabodoria das mulheres que os homens não conhecem, gritou : “Fala-lhes em Português!“. Foi o que fiz e foi o que me salvou de ser congelado!
Desde então, os aspectos ligados aos sósias sempre me questionaram. Se, por exemplo, no mundo da canção os sósias são, publicamente, reconhecidos, já não parece ser o caso no mundo do futebol. Ainda na semana passada, dois sósias (afirmando-se, abertamente, como tal) de dois cantores célebres vieram animar a feira duma cidadezinha vizinha. Existem, pois, sósias profissionais no mundo da canção. E no mundo do futebol?
Já imaginaram, um curto instante, a sorte que haveria em ser-se o sósia dum dos cinco jogadores mais credenciados do mundo ?
E Viva o Porto !
A estória que segue é verídica. Não mudei o nome nem das localidades nem dos lugares.
Ter consciência que temos um sósia ou vários sósias é algo questionante. E numa sociedade que está ligada à imagem e à vídeo, como a nossa, ainda mais.
Tudo começou assim:
Estava-se a meio dos anos oitenta. Dividia um andar, com a minha companheira de então e um casal de amigos carteiros. Morávamos em Vincennes. Ao lado da fortaleza e ao lado da boca do metropolitano. Acho que ainda hoje a estação tem o mesmo nome: “Metro-Vincennes”. A ligação era directa para Paris. Os autocarros andavam. Que mais pedir?
Estava-se a meio dos anos oitenta e o diário “Libération”, criado pelo filósofo Jean Paul Sartre, fez uma primeira página sensacional (edição infelizmente esgotada) sobre a final das Taças das Taças. Pela primeira vez, na sua história, o diário “Libération”, apresentou uma primeira página dedicada ao futebol. Ainda me lembro: “La juve a gagné mais...”, em letras pequenas e, logo depois, “Bravo Porto!”, transcrito em letras gordas e ocupando o centro da primeira página. Foi algo inédito para este diário mais ligado ao mundo social e político.
Estava-se a meio dos anos oitenta e a vida também consistia em ir passar alguns fins de semana no “Sertão Francês”, isto é, na Borgonha. Assim, lá descíamos nós para a Borgonha de quinze em quinze dias ou de três em três semanas. Eu comecei a ter medo em ir para o Sertão, quando a minha companheira comprou um Renault quatro em segunda mão (eu acho que era em quarta mão).
Sempre preferi conhecer o Sertão de camioneta. Nunca com um 4L!
Assim, a gente lá ia com o Renault 4. Até Fointenebleau e até Nemours não haviam dificuldades. Mas, depois, era preciso ir por estradinhas para se chegar até à Puisaye, pequena região da Borgonha. Bem que sei que Larrousse aí nasceu. E que , se calhar, aí elaborou a sua enciclopédia porque não podia sair de casa no inverno. O deserto verde-castanho e frio com os seus lagos gelados onde, por vezes, as temperaturas ultrapassam os menos vinte graus centígrados.
E é claro que o carro ia sempre abaixo por causa do frio que entrava pela grelha da frente e que, automaticamente, arrefecia o motor. E é claro que era eu quem ia pôr o papelão para tapar a grelha, agarrando-me ao destino para não dar um trambolhão no piso escorregadiço e gelado da estradinha. Ou pedindo ajuda a não sei quem, para que uma manada de javalis não nos aparecesse à frente.
Foi para nos aquecermos que, nessa tarde avançada dum sábado, entrámos num café que era loja, mercearia e tabacaria ao mesmo tempo. Foi num lugar denominado Mézilles. O que vou contar é coisa para não acreditar.
Entrámos e, logo, ouvi gritos: Lilian, só agora apareces? Não reagi. Não era o meu nome.
Mas duas pessoas avançaram imediatamente: Onde estiveste? Ontem, não jogámos por causa do gelo. Mas, como combinado, esperámos por ti no “Auberge du Lac”. Reservámos e pagámos por ti. Andas a gozar? Estás a dever quinze francos!
E acrescentaram: Ou pagas ou vais passear nú!. A ameaça era concreta, a minha bolsa pobre e o frio muito. Eu não só estava com os óculos embaciados como também estava desemparado. Eu repetia e repetia que não me chamava Lilian. Mas o vinho quente tinha-lhes tirado qualquer poder de discernimento. Foi, então, que a minha companheira, com a sabodoria das mulheres que os homens não conhecem, gritou : “Fala-lhes em Português!“. Foi o que fiz e foi o que me salvou de ser congelado!
Desde então, os aspectos ligados aos sósias sempre me questionaram. Se, por exemplo, no mundo da canção os sósias são, publicamente, reconhecidos, já não parece ser o caso no mundo do futebol. Ainda na semana passada, dois sósias (afirmando-se, abertamente, como tal) de dois cantores célebres vieram animar a feira duma cidadezinha vizinha. Existem, pois, sósias profissionais no mundo da canção. E no mundo do futebol?
Já imaginaram, um curto instante, a sorte que haveria em ser-se o sósia dum dos cinco jogadores mais credenciados do mundo ?
E Viva o Porto !
Isso querias tu:) Sósia do grande Baía:)
ResponderEliminarTinhas as mulheres todas a teus pés:)
hihihihi
ResponderEliminarGrande Baía.
visitem
http://campeoesfcporto.blogspot.com/
No basket ganhamos em Ovar. 67-73 após prolongamento.
ResponderEliminarViva !
ResponderEliminarLucho : Tu és terrível ! ( mdr = morto de riso ). Lol !
É verdade que há muito a dizer sobre os sósias no mundo do futebol.
Todavia, quanto a mim,e não só, a história dos sósias no mundo do futebol começa em 1966. O selecionador Italiano tem um discurso totalmente paranóico. Não sei se se lembram. Tou a ficari vilhinho.
Ele explica a derrota da Itália perante a Coreia do Norte porque esta, segundo ele, teria entrando, na segunda parte, com onze sósias. Estes, não estando cansados correram.
Ele justifica a derrota da Itália devido à utilização de sósias ! Eles parecem-se todos dizia ele.
É claro que sua argumentação releva do campo médico. Quanto a mim !
Mas também não deixa de ser curioso o seguinte : Foi nesse mesmo ano que se experimentaram as primeiras cameras lentas. Para mostrar as belas imagens. Desde, então, algo mudou : Só se mostram, em câmera lenta, as faltas.
Lucho : Acabo de ler : Mais uma vitória mais uma alegria !
De qualquer modo : As declarações do treinador Italiano, cujo mome esqueci, não sou uma iuqupédia, são beras interessantes, não por si, mas para entender o passado.
E Viva o Porto !
Bela história, Porto Maravilha, pontuada de recordações saborosas...
ResponderEliminarE, já que abordas o tema, fiquei a pensar. De quem gstava eu de ser sósia?
A resposta foi dada pelo Lucho:) E só escrevo isto, pk a minha mulher não frequenta o Bibo Porto:)
ps: Grande vitória, inesperada, em Ovar.
Interessante, muito interessante, estas palavras, essas palavras, este jogo de palavras...Boa, Porto Maravilha. Não sei se sou sósia de alguém, mas frequentemente dizem-me que estive ali ou acolá, que me viram em tal sítio onde não estive, não nessa altura...Cumprimentam-me e dizem:...-Eu conheço-o!
ResponderEliminarOK, não sei de onde, mas não tem importância, somos todos cidadãos do Mundo. E isto repete-se e eu dou-me a pensar -quem andará por aí a fazer-se passar por Meireles?...
Muito interessante esse caminho...
Helton; Fernando, Rolando, Bruno Alves e Fucile; Pelé, Raul Meireles, Lucho e Tomás Costa; Lisandro e Hulk.
ResponderEliminar"...a sabodoria das mulheres que os homens não conhecem..."
ResponderEliminarPorto Maravilha
Totalmente de acordo ;)
Com que então sósia do Baia...
:)