Nas décadas sessenta e setenta, nem era preciso olhar para o relógio. Era só olhar para fora e para a multidão que, pouco a pouco, ia conquistando os passeios e, quando estes se faziam pequenos, a rua.
A Rua da Constituição era uma das passagens obrigatórias para o fluxo de Portuense e Portistas que desaguaria nas Antas.
Durante anos, conheci este cíclo.
E, avaliando, a olho nú, a multidão, gritávamos: “Está na hora. Vamos! Até logo!". E, como obedecendo a uma sentença ancestral, respondia-nos a minha mãe: “Portem-se bem! E Viva o Porto!”.
A multidão crescia em silêncio. Era o jogo do ano. Podiam-se ouvir, aqui e ali, uns “vamos a ver, vamos a ver...”. Mas mesmo estes pareciam dar mais força ao silêncio. Não haviam risos. Como se todas as energias estivessem concentradas na antevisão do desafio. Na época, as televisões eram escassas e os replay quase inexistentes. Sabia-se que era preciso memorizar cada lance e cada jogada, para poder, mais tarde, após o jogo, argumentar e convencer.
Nós, os mais novos, por vezes, ainda arriscávamos uma pergunta: “Se perdermos este jogo e ganharmos o campeonato, qual é a diferença?“. A resposta dos mais velhos era lapidar: “Calem-se! Não sabem do que falam!“.
Desde então, com o decorrer dos anos, o FC Porto tornou-se o clube Português com mais títulos internacionais e o clube Português com maior projecção internacional. E há cada vez mais Portistas por este mundo fora. Tenho muito orgulho nisso.
Desde então, com o decorrer dos anos, integrei a “claque dos mais velhos“. E, quando um mais novo me pergunta: “Se perdermos este jogo e ganharmos o campeonato, qual é a diferença?” . Eu, imediatamente, respondo: “Cala-te ! Não sabes do que falas !“.
E Viva o Porto !
Nem imagina como nos aqui no Alentejo o compreendemos tão bem.
ResponderEliminarForça FCP!
ResponderEliminarRealmente há muita diferença em perder este jogo e no fim ser campeão.
ResponderEliminarEu cá acredito que vamos ser campeões e que no registo de vitórias vai estar a de amanhã.
Abraço
Porto Maravilha :
ResponderEliminarFala ! Porque sabes do que falas !
Um abraço
Eu cá, gosto de ganhar as duas coisas, à mouraria e o campeonato no final:)~
ResponderEliminare estou com fé q o conseguiremos, não haverá proença q o impeça!
por mim era já hj, já estou pronto para a guerra:)
Nem mais Porto Maravilha!
ResponderEliminarSempre vi o Benfica não como um adversário, mas como um inimigo. E a terminologia bélica tem a sua razão de ser, quando o Lucho fala de ir para a guerra.
É disso que se trata. Não são 90 minutos de futebol. São uma batalha, de contornos biblicos. O Bem contra o Mal. Uma vitória nossa, redentora, mostrará que existe Justiça. Que aqueles que conspiram, sempre, na sombra, podem ser derrotados.
Vamos a eles!
São os que eu mais detesto na vida,
ResponderEliminaros enca(o)rnados!Não posso com eles
nem um bocadinho!Se amanhã,algum me
apareçe pela frente é para tombar!
E que lá dentro das 4 linhas,que é
o que verdadeiramente me interessa
o nosso Antigo,Muy Nobre e Leal FC
Porto lhes dê um banho de bola para
nos dar mais uma grande alegria!
Eu acredito...Força Mágico FCPorto
Um grande abraço ao nosso PortoMaravilha. As saudades mordem-nos a alma, estes lugares ficam para sempre na memória e há coisas que não esquecem nunca mais, são marcas incontornáveis, como as cicatrizes que contam cada uma das nossas histórias.
ResponderEliminarSe mais não houvera, isto seria o suficiente para justificar uma justa vitória amanhã. Cumprimentos!
A Enciclopédia do PortoMaravilha é sempre de um acerto estonteante.
ResponderEliminarUm Porto - Benfica, é um Porto - Benfica. Ponto final, Paragrafo!
PortoMaravilha,
ResponderEliminarMuito bom o texto. Tem muita importância ganhar o jogo ao Benfica. Por uma questão de orgulho e de sabermos que sempre foram o nosso principal inimigo.
Espero uma vitória hoje.
Porto Maravilha,
ResponderEliminarNão posso recordar os 60's e 70's, os primeiros pq nem sequer ainda existia, nos segundos, pq as memórias são mais que escassas.
Agora, 80's e 90's é um fartote de recordações co melhor que há... e depois, estes jogos são para se ganhar, SEMPRE!!! nem que seja a feijões!!!
"S.L.Benfica- Na auto-estrada do purgatóriO"
ResponderEliminar"Já diz o povo que “criança não mente”. E com muita razão, valha a verdade. Há cerca de quinze anos atrás, em sintonia com o aparecimento da televisão privada, começou também uma nova fase na vida do nosso futebol, nomeadamente ao nível da transmissão mais frequente de jogos internacionais. Como a comunicação tudo influencia, as crianças cresceram com os dribles de Romário, a geometria de Laudrup ou a irreverência de Lentini. E foi também nos anos 90, coincidência ou não, que o futebol português começou a perder um grande fulgor nas competições europeias. E as crianças não mentem…
“Então e de que clube és?” perguntava-se.
“Sou do F.C.Porto e do Real Madrid. “
Sou do Benfica e do Barcelona. “
Sou do Sporting e do Manchester”, assim respondiam.
Já sem o saudoso Jorge Perestrello entre nós, o fenómeno elevou-se à categoria de hábito. Todos os dias, quer gostemos ou não de futebol, podemos ver notícias frequentes sobre os clubes internacionais, hoje com jogadores portugueses nas suas fileiras com uma grande regularidade. Mudaram-se os tempos, mas a sinceridade das crianças continua a mesma, até porque há determinados aspectos que a comunicação não consegue mudar:
“Então e de que clube és?”
“Sou do F.C.Porto e do Manchester. “
“Sou do F.C.Porto e do Barcelona”
“Sou do F.C.Porto e do Chelsea”, dizem agora.
Hão-de reparar que há um número cada vez mais crescente de crianças adeptas dos portistas. Acreditem que eu faço este exercício muitas vezes e a minha pequena amostra tem-me levado a chegar a algumas reflexões. E os miúdos continuam com os seus ensinamentos:
“E porque é que és do F.C.Porto?”
“Porque o Porto ganha.”
Porque o Porto ganha. Quatro palavras apenas mas um manto enorme de conclusões que a partir deste pequeno conjunto podem ser tiradas. O F.C.Porto é o grande clube das últimas duas décadas em Portugal. Jupp Heynckes, quando treinou as águias, também assim o admitiu. É o clube português mais representativo da actualidade e não vale a pena enterrarmos a cabeça na areia e vermos miragens, termos ilusões. Os dragões possuem uma dinâmica de vitórias considerável e, acima de tudo, são vencedores com uma grande regularidade. Mesmo menos bem conseguem estar sempre nos lugares da frente. “Até nos momentos de crise o dólar é uma moeda forte”, assim o descreveu António Oliveira, um dos obreiros do tricampeonato.
E os meninos são do F.C.Porto porque não querem ser gozados na escola. Porque querem ser vencedores, querem ser primeiros. Com os resultados conseguidos, o F.C.Porto resolve também um problema de futuro, a renovação geracional. As suas conquistas recentes garantem uma nova fornada de adeptos, uma massa crítica e apaixonada para os tempos vindouros.
Caminho contrário está a fazer o S.L.Benfica. Com efeito, e se constatarmos os dados, verificamos que há uma correspondência entre a perda de poder das nossas equipas na Europa e a ausência de resultados do clube da Luz. Perde o Benfica, perde a competitividade do nosso campeonato, perdemos pontos no ranking da Europa, saímos todos derrotados.
Não vou me aqui debruçar sobre as causas que tiraram o protagonismo ao Benfica, até porque não faltam teorias sobre esse tema. Contudo, quero lembrar um passado bem recente em Inglaterra, quando um galvanizado Chelsea de José Mourinho conseguiu roubar a hegemonia do Manchester United. Foi sol de pouca dura e, duas épocas volvidas, Carlos Queiróz apareceu numa conferência de imprensa a explicar a recuperação dos “red devils”.
“Reconhecemos o trabalho e a superioridade do Chelsea e, como tal, fomos estudar a equipa ao pormenor. Analisamos modelos de jogo, copiamos pequenos pormenores que fizeram a diferença, e hoje estamos mais fortes”, afirmou “CQ” numa altura em que o Manchester United se preparava para interromper a caminhada do “tri” dos “blues”.
Foi um ponto de reviravolta e também uma lição que o Benfica bem pode adaptar à sua realidade. Chelsea e F.C.Porto são realidades distintas, é certo, mas a forma como ambas as equipas se afirmaram nas respectivas ligas dá que pensar. Carlos Queiróz, como tantas vezes o fez no passado, conseguiu descobrir a solução. É por estes motivos, num pequeno parêntesis, que eu entendo que a nossa selecção vai conseguir dar a volta à situação.
O S.L.Benfica atravessa, a meu ver, um ponto crítico da sua história. Os escassos troféus não se coadunam com o seu palmarés histórico e, deste modo, a renovação geracional não consegue ser realizada. Tal como impérios ou civilizações, a manutenção desta situação pode desaguar na perda de grandeza, até porque nada é eterno. Seja quais forem os argumentos mais ou menos racionais, o que é facto é que a realidade não mente e um Benfica sem ganhar não estranha. Pior do que perder é perder e considerarmos isso normal. É este o caminho que o Benfica está a percorrer. Lembremo-nos, a nível europeu, do que aconteceu a Saint Etienne ou a Everton, potências do passado reduzidas à condição de equipas de média dimensão nos dias de hoje.
É claro que o domínio portista origina comentários de vária índole. Os mais extremistas alegam que a era “Pinto da Costa” foi responsável pelo controle dos árbitros e dos resultados. Não quero estar aqui a fazer juízos de valor, apenas ser pragmático em relação a este assunto: até para se ser corrupto é preciso saber, ter inteligência e perspicácia. Não é qualquer pessoa que consegue ser corrupta sem ser punida. E mais, para tudo existe sempre um antídoto. O argumento, portanto, está ultrapassado.
A atravessar um momento de indefinição, resta ao Benfica pensar qual a solução mais rápida e eficaz para tornear a situação a seu favor. Porque o purgatório começa a ser um corredor demasiado apertado, as respostas são necessárias. Olho para o Benfica de futuro e vem-me a cabeça um nome: Ruben Amorim. Jogador calmo, discreto, de enorme qualidade e cultura táctica considerável em prol dos interesses da equipa. É com este tipo de jogadores que o S.L.Benfica deve construir o seu futuro e uma equipa tipo completamente enquadrada com os seus pergaminhos. Sem preconceitos, reconhecer a superioridade do F.C.Porto nos últimos anos e, pegando no seu modelo, tentar copiar os pontos mais positivos e determinantes. Incutir nos mais jovens uma cultura de conquista, deixando os jogadores florescer e alimentar o plantel sénior. A mim, parece-me este o caminho adequado até porque tenho a certeza que Portugal precisa, e muito, de um Benfica forte!"
Gil Nunes em "Finta e Remata