Restelo... velhos tons do clássico!!!

O tempo é de clássico. Ultrapassada a faina dos mares da Taça, o inicio da 2ª volta inicia-se em tons de azul, frente a velhos conhecidos. Os Dragões estão em Alerta Azul, não vá a Nau do Tetra, pôr-se a jeito de diálogos críticos, bem ao jeito dos nossos velhos do Restelo.

Se os da invicta carregam nas suas vestes o peso de ser e querer renovar as insígnias de campeão, do outro lado, o conjunto da cruz de Cristo, transporta consigo o estigma do calvário calcorreado ao longo de toda a 1ª volta.

Os azuis do Restelo, que por entre guerras e questiúnculas travam infinitos braços de ferro com a Liga, onde desta feita são os preciosismos e estrangeirismos que estão na ordem do dia, deitando por terra velhos entendimentos dos “goals avearages”, ou lá o que lhe quiserem chamar.

Em Belém, uma velha e já conhecida raposa, de seu nome Jaime Pacheco, adepto de um futebol raçudo em constante defensividade, nunca descurando o contra ataque como arma venenosa e a jogar “sempre no sentido de ganhar” opta desta feita e no entanto por um discurso um tanto ou quanto díspar nas ideias; afirma que a sua equipa está preparada para assumir as despesas do jogo ofensivo com estratégia clara de marcar golos, (será Pacheco também um poker star, fazendo do bluff, a sua melhor arma?).

Pacheco tem para si como parte da estratégia, a importância de jogar o jogo pelo jogo, colhendo na exibição da pretérita jornada handicap moralizadores capaz de obstar as manobras do adversário, objectivando sempre uma atenção especial nas peças mais influentes do FC Porto, mas não esquecendo nem deixando de ter em conta que é no colectivo que o Porto é forte.

Ocupando uma inesperada 13ª posição na tabela, pouco consentânea com o Belenenses de velhos pergaminhos, apresenta-se para o jogo com mais uma estreia, Ávalos, outro velho conhecido, 5º e último reforço do Belenenses, junta-se aos recém-chegados Saulo, ex-avançado da Naval, Zarabi, ex-defesa central dos Finlandeses FC Turko, Tininho e Diakité, ex-Beira-Mar.

Apostados em deixar a cauda da tabela, os recém chegados alinham todos pelo mesmo diapasão quando o tema versa a possibilidade de lutarem ainda pelos lugares europeus, sendo certo que para este clássico a motivação passa exclusivamente por garantir os 3 pontos em disputa.

Reforço atrás de reforço saltam à vista as diferenças entre o velho Belenenses da 1ª volta e este que se apresta a enfrentar os Dragões com o intuito de lhes roubar a liderança. Para além da mudança de timoneiro, no relvado ficou para trás o toque lento, sonolento, e pouco eficaz e pontuador do futebol brasileiro de Casimiro Mior. O pouco subserviente Pacheco, deixou uma boa meia dúzia de nomes cair e por entre desvinculações e perda do estatuto de titular indiscutível, só Júlio César, Wender, Silas e Zé Pedro são transversais a receita destes novos pastéis.

Admito que este Belenenses me deixa desconfiado quando toca adiantar um modelo de jogo, a única certeza que me habita é a de que apesar de os resultados não corresponderem ao desejado, estes azuis do Restelo têm já o cunho pessoal de Jaime Pacheco bem vincado. Astúcia, argúcia e a habitual matreirice são os traços gerais adiantados como parte integrante da estratégia de jogo para este Domingo.

A precisarem de pontos como de pão para a boca, lembro que o Restelo apesar de nos últimos tempos ser um terreno grato às nossas pretensões, têm-se revelado na História como um reduto onde impera o equilíbrio e onde os Dragões já sofreram agrestes dissabores, sendo ainda de juntar o que reza do curriculum de Pacheco, no que respeita a enorme apetência para roubar pontos aos chamados grandes.

Do outro lado do clássico, surge um FC Porto que vem de uma vitória tangencial, colando-se ainda assim ao estatuto de único emblema presente em todas as frentes.

Aproveitando as várias competições para ir dando minutos aos menos utilizados, não abrindo mão da gestão de esforço de outros, para este encontro as principais preocupações de Jesualdo prendem-se no entanto com as questões de natureza física, sendo que no subconsciente deste clássico pesa já a questão disciplinar á que Fucile, Hulk e Licha não podem furtar-se.

Hélton deverá voltar à baliza, assim como Rolando deverá formar novamente dupla com Bruno Alves, sendo de todo previsível que o apuro técnico/táctico da semana de trabalho fomente Cissokho como natural titular do lugar à esquerda da defensiva portista.

No meio campo aparecem as 1ªs dúvidas para o confronto, Fernando continua a contas com a entorse tornando-o duvida até bem perto da hora do jogo, a confirmar-se a ausência será baixa de peso, num meio campo habituado a ter o jovem médio como referencia e âncora de grande parte dos equilíbrios de jogo.

Com uma zona intermédia portista marcadamente adepta das transições explosivas, derivar Raul Meireles para a posição seis perde-se um médio capaz de transportar bola, com apetência para o ultimo passe e que tem sido fulcral no acto de assistir e aparecer na área contrária a finalizar.

Num jogo que se prevê de muita luta e confrontação individual, a invernia que assola todo o País promete ser um factor com grande quota parte de influencia no cariz do jogo, numa altura em que os relvados se apresentam pesados em face da chuva que tem caído, os Dragões terão de se apresentar em campo não só muito próximos dos registo de jogo últimos mas também mostrando vigor, capacidade de luta e de choque.

Jesualdo sabe que tem pela frente um opositor agora mais capaz, reconhece o grau de dificuldade e exigência que os 90 minutos vão exigir ao seu grupo, talvez até por isso assuma que ganhar é fundamental não retirando a pressão aos seus jogadores.

O Dragão patenteou uma assinalável robustez psicológica e defensiva em Braga, sem deixar de ser agressivo na 1ª linha de pressão. O mister azul e branco conta com o seu tridente como arma capaz de alfinetar a defensiva da cruz de Cristo e não fora Lisandro estar também ele a contas com uma contusão difícil de debelar e o onze no Restelo seria em tudo idêntico ao da última partida da Liga.

Os Dragões jogam em Belém sendo já conhecedores da realidade dos seus adversários rivais, até por isso está de novo em causa o 1º lugar, pelo que se espera que a equipa demonstre maturidade suficiente para a 3ª tentativa se mostrar forte e capaz de assegurar uma liderança definitiva.

Pode até pensar-se que o clássico mais apetecível está para lá da Capital, mas eu continuo a pensar que no Restelo sempre aparece o bom e velho Belenenses capaz de nos propiciar um grande clássico onde apareçam os nossos melhores tons de Azul…

LISTA DE CONVOCADOS
Guarda-redes: Helton e Nuno.
Defesas: Sapunaru, Fucile, Stepanov, Rolando, Pedro Emanuel, Bruno Alves e Cissokho.
Médios: Fernando, Guarín, Raul Meireles, Tomás Costa e Lucho González.
Avançados: Mariano, Lisandro López, Hulk, Farías e Cristian Rodriguez.