AQUILO que passará à história sob o nome de Apito Dourado foi uma operação sabiamente planeada e montada, visando um objectivo principal: quebrar os rins ao FC Porto, pôr um ponto final na sua hegemonia futebolística longamente exercida. Não o conseguindo no terreno de jogo, tentou-se então consegui-lo fora de campo, no terreno da justiça. O Apito Dourado, à revelia de tudo o que o senso comum e a simples boa-fé sabiam, pretendeu e pretende ainda demonstrar que, como dizia há dias o presidente do Benfica, esta longa sequência de sucessos desportivos do FC Porto se deve a «batota» e nada mais. Incluindo os dois títulos de campeão europeu e os dois títulos de campeão mundial de clubes. Por isso mesmo, desde o início, o Apito Dourado teve apenas dois alvos declarados: o presidente do FC Porto e o presidente da Liga, Valentim Loureiro. O objectivo único era provar que, com o apoio do segundo, o primeiro construíra um sistema de corrupção e tráfico de influências, que era a única justificação para o domínio desportivo exercido — apenas isso, nem sequer a gritante incompetência da gestão desportiva dos rivais. À época, curiosamente, Valentim estava de costas voltadas com Pinto da Costa, tendo-se associado com o presidente do Benfica para dominar a Liga — que Luís Filipe Vieira afirmou ser mais importante do que ter uma boa equipe de futebol. Mas pouco importou: para atingir Pinto da Costa e demonstrar o seu poder «mafioso» era essencial demonstrar que ele dominava a Liga, mesmo que tal não fosse verdade. E uma das coisas eticamente mais eloquentes neste processo foi a forma como Filipe Viera deixou cair e abandonou o seu aliado Valentim Loureiro, assim que percebeu que ele era mais útil no papel ficcionado de cúmplice de Pinto da Costa.
A primeira consequência do Apito Dourado foi, assim, a execução de Valentim Loureiro: ele foi condenado por tráfico de influências em benefício do Gondomar, num processo que aos seus mentores deixou a amarga sensação de estarem apenas a perseguir a arraia miúda como forma de tentar chegar ao «peixe graúdo». E o Boavista viria a comer por tabela, sendo relegado pela Comissão Disciplinar da Liga para a segunda divisão — num caminho inelutável rumo ao desaparecimento, sem que ninguém consiga dizer ao certo porque foi um dos históricos do futebol português condenado à morte.
Quanto a Pinto da Costa e ao FC Porto — o verdadeiro e único alvo do Apito Dourado — a situação não se afigura brilhante para os seus mentores, mas ainda restam algumas esperanças. Recordemos: houve três processos, correspondentes a outros tantos jogos da época 2004/05, em que se ancoraram as acusações: o primeiro, relativo a um Nacional-Benfica, acabou com um despacho de não-pronúncia do Tribunal do Funchal, em que o juiz chegou a escrever que não se entendia como é que o nome de Pinto da Costa tinha sido metido ali a martelo; o segundo, relativo a um FC Porto-Estrela da Amadora, acabou igualmente com um despacho de não-pronúncia do Tribunal do Porto, confirmado por sentença unânime da Relação, e com uma participação por crime de falsas declarações contra a peça-chave de todo o Apito Dourado — a suposta «escritora» Carolina Salgado; resta o terceiro, relativo a um Beira-Mar-FC Porto, que já havia sido também arquivado, mas que a insistência da Drª Morgado conseguiu levar a julgamento. E é esse que agora decorre no Tribunal de Gaia.
Este simples enunciado factual dos resultados judiciais produzidos até agora no âmbito do Apito Dourado (e após milhares ou milhões de euros investidos em «investigação» por parte do Ministério Público) seriam suficientes para que o Procurador-Geral da República tivesse alguma contenção a falar do assunto — pelo menos, até ver o que sucede no tribunal de Gaia e após o depoiamento da sua tão acarinhada e protegida testemunha. Mas não: Pinto Monteiro entendeu antecipar-se e debitar a sua sentença, antes que a Justiça reduza a pó o seu voluntarismo justiceiro. Disse o Dr. Pinto Monteiro que, após o Apito Dourado, «mesmo que os arguidos venham a ser absolvidos, nada será como dantes, no futebol português». E isto, porque «a partir deste processo, os agentes do futebol português passaram a saber que podem ser investigados». Falso, Sr. Procurador: o que o Apito Dourado mostrou é que o presidente do FC Porto estará sempre sob suspeita e, eventualmente, sob investigação; quanto aos outros «agentes», não vimos nada... Na tese dos mentores do Apito Dourado, os árbitros vendem-se, sim, mas só ao FC Porto; o tráfico de influências existe, sim, mas só a favor do FC Porto; as batotas fazem-se, sim, mas apenas em benefício do FC Porto. O Sr. Procurador pode-nos indicar alguma diligência de investigação que, nem que fosse por mera rotina ou cautela, tenha incidido sobre os presidentes do Benfica, do Sporting, do Braga, do Guimarães? É sem dúvida uma coincidência infeliz que todos aqueles que intervieram a vários níveis no Apito Dourado para acusar o FC Porto sejam simpatizantes do Benfica. Uma coincidência infeliz mas que, por isso mesmo, deveria ter acautelado a forma como o fizeram.
Mas o Dr. Pinto Monteiro vai ainda mais longe quando, sem um estremecimento de pudor, afirma que «pode não se provar que sejam culpados, mas já se provou que houve indícios para terem de responder perante a justiça». Depois de ver que, em dois dos três casos em que o seu Ministério Público quis acusar, a justiça reduziu os seus «indícios» a meras intenções sem fundamento algum e a sua querida testemunha a alguém desprovido de qualquer credibilidade, sentindo que o único processo que conseguiu levar a julgamento nada mais tem a sustentá-lo do que a credibilidade dessa mesma testemunha, o Procurador-Geral dá-se por muito satisfeito por achar que conseguiu recolher «indícios» que não servem para condenar ninguém, mas apenas para o acusar sem fundamento. Ou seja: não conseguindo convencer a Justiça, resta a sentença popular. Se alguém ainda não tinha percebido o estado a que chegou o Ministério Público, leia o retrato da situação nestas extraordinárias declarações de quem manda nele. Entre o raciocínio «jurídico» do Procurador e o do presidente do Benfica, não vejo a mais pequena diferença de substância...E, caramba, se devia havê-la!
Isto posto, mantenho-me coerente com o que sempre disse desde o início desta história. Lamento muito que o presidente do meu clube esteja sentado no banco dos réus (e, com ele, o próprio clube) a responder pela acusação de corrupção desportiva. Não ignoro a forma como se chegou a tal e, obviamente, basta-me saber que tudo depende de querer acreditar no que diz Carolina Salgado, para concluir que só pode haver um desfecho, que é a absolvição. Claro que não acredito que fosse preciso comprar o árbitro de um jogo já sem importância alguma e em que, segundo os relatos da época, o FC Porto até acabou prejudicado pela arbitragem. E claro que, como toda a gente que percebe alguma coisa de futebol e não está de má-fé, sei muito bem que não foi graças a «batota» que o FC Porto ganhou o que ganhou cá dentro e foi duas vezes campeão da Europa e do mundo. Foi, entre outras coisas, porque Pinto da Costa é, de longe, o presidente que mais percebe de futebol e um dos raros que não chegou ao futebol por acaso e para se promover socialmente. Porque enquanto ele era presidente do FC Porto e tratava de reunir os melhores, Vale e Azevedo era presidente do Benfica e os benfiquistas adoravam-no mesmo percebendo que ele roubava e era um absoluto incompetente, mas atacava Pinto da Costa — e, hoje ainda, há quem ache que tal é suficiente para ser campeão. E, por isso, enquanto o Benfica desprezava jogadores como Jardel, Zahovic, Deco, Maniche, ou treinadores como Mourinho e Jesualdo Ferreira, Pinto da Costa aproveitava-os e era com eles que ganhava.
Não é por isso, pois, que Pinto da Costa está sentado no banco dos réus. Ele está sentado no banco dos réus devido à sua fatal tendência para as más companhias. O que eu, como portista, não consigo aceitar é que o presidente do meu clube receba um árbitro em casa para tomar café. Que o receba acompanhado do «empresário» António Araújo e com a Dª Carolina Salgado a fazer de dona-da-casa, Primeira Dama e tudo o resto cujas consequências estão à vista. É inacreditável que, mesmo acossado pela justiça, Pinto da Costa não tenha ninguém minimamente prestigiado para apresentar como testemunha abonatória no tribunal, para além do tristíssimo juiz Conselheiro Mortágua. É lamentável que o homem que conseguiu transformar um clube de província num campeão do mundo e num motivo de orgulho para Portugal, ainda não tenha conseguido, ao fim de tantos anos, despir a capa do provincianismo e transformar-se num homem do mundo. E que tenha preferido, como qualquer cacique de província, viver rodeado de gente pequenina, que lhe satisfaz o culto pessoal e desprestigia o clube.
Não me interessa se é mentira ou não, nem é isso que está aqui em questão... o que me importa é que com «amigos» destes a fazer o jogo dos outros, quem precisa de inimigos?
Para quê então tanto nos queixamos do Rui's Santos? Dos Cartaxanas? Dos Delgados? Dos Silvios? Destes e daqueles? Para quê, pergunto eu...
Ahhh e só mais uma coisinha, tu, a quem reconheço ser uma defensora implacável da nossa cidade, da nossa região, do nosso orgulho nortenho, do nosso orgulho de "provinciano" que é o que esse «rendido» do MST à capital do império... essa coisa história de achares que acusar PdC de não "despir a capa do provincianismo" é falar verdade, vou ali e já venho.
Antes orgulhosamente provinciano e das minhas raízes do Norte... que um «vendido» à capital do império e que rapidamente se acha um mundo e que nega as suas raízes!!!
Esse MST se não sabe, tem obrigação de saber que foi assim, neste estilo, nesta forma de estar, neste orgulho, o tal "provinciano" que nos acompanha diariamente que o FC Porto se transformou no que é nos dias de hoje... pelos vistos, ele não sabe... ou rapidamente se esqueceu, vá-se lá saber porquê!!!
MST, sempre foi e continua a ser o meu opinion-maker de eleição... mas em assuntos do FC Porto, deveria aprender a tar calado, quando o assim deve ser!!
Mas ele quer agradar a quem, com este tipo de discurso, como o do último parágrafo????
Olha, a mim, não me agrada nem um pouco... e duvido que a algum Portista agrade, mas isso, já sou eu a pensar cá com os meus botões!!!
Eu não chamei a atenção sobre o PdC, mas sim sobre quem gravita em sua volta. Pessoas de índole duvidosa, gente que não deveria estar tão próxima de assuntos do clube, gente que nos deu problemas, que atiraram com o nosso nome para o mundo da corrupção, gente que permitiu uma figurinha patética como o Platini chamar-nos de batoteiros, de pôr em causa um símbolo/um nome que tu sabes muito bem que protejo contra tudo e contra todos. Se teve arte e engenho para dar o nosso nome a conhecer à europa e ao mundo não podia ser um pouco mais selectivo nas escolhas das pessoas que o rodeiam ?
Tu sabes muito bem o quanto eu admiro o nosso Presidente, bem como também sabes que excepto o Antero Henrique, acho que ele está muito mal rodeado.
Sem «rodeios», ou «meios-rodeios», há coisas que não se escrevem/dizem... e ele tem-nas dito e só por isso, nesse aspecto, não vejo qualquer diferença nesse discurso, comparado com os patéticos labregos que gravitam em tudo o que é CS.
Há coisas que são para ser discutidas... entre nós, unicamente entre nós!!!... e não para (escrevinhar para) fora!!!
No fundo da questão, estamos em sintonia total... no superficial, nem tanto assim, mas opiniões, são meras opiniões e não devem ser mais valorizadas do que isso.
Gosto muito do MST, mas quanto a esta crónica, ...não sei o que lhe passou pela cabeça. Em certa medida até o aceito pelo seu fanatismo e amor cego. Não é fácil aguentar a pressão de ver o seu clube afectado por gente mesquinha e baixa, como a dita senhora.
Compreendo e aceito o seu ponto de vista. Mas o que não compreendo é o não defender do homem que carrega, por mais que não queiram, o simbolo do nosso clube às costas.
Se PDC não tem ninguêm para o defender, com melhor e maior estatuto, é porque muitos ambicionam a sua queda para se alavacarem ao poder e meter a mão no saco.
Se tivesses aquilo que alguns têm aparecias para defender o presidente do clube que tantas e tantas alegrias de deram e continuam a dar.
Este julgamento parece o julgamento da Joana D`Arc e de todos aqueles que pela sua valentia, se revoltaram contar o poder instituído.
Sintomático... as palavras do Procurador.
Por mais que não se aceitem os comportamentos do PdC, o problema é que não é o dito senhor que está a ser julgado mas sim o N/ Clube.
É essa a pequena grande diferença.
Nestes momentos e acima de tudo, o que deve ser defendido por todos é o clube e por sua via o PdC. O resto vem depois, pois no N/Clube existem eleições e todos são livres de concorrer. Como dizia o outro...mostarda no cu dos outros é refresco no meu.
MIGUEL SOUSA TAVARES
ResponderEliminarAs más companhias
AQUILO que passará à história sob o nome de Apito Dourado foi uma operação sabiamente planeada e montada, visando um objectivo principal: quebrar os rins ao FC Porto, pôr um ponto final na sua hegemonia futebolística longamente exercida. Não o conseguindo no terreno de jogo, tentou-se então consegui-lo fora de campo, no terreno da justiça. O Apito Dourado, à revelia de tudo o que o senso comum e a simples boa-fé sabiam, pretendeu e pretende ainda demonstrar que, como dizia há dias o presidente do Benfica, esta longa sequência de sucessos desportivos do FC Porto se deve a «batota» e nada mais. Incluindo os dois títulos de campeão europeu e os dois títulos de campeão mundial de clubes.
Por isso mesmo, desde o início, o Apito Dourado teve apenas dois alvos declarados: o presidente do FC Porto e o presidente da Liga, Valentim Loureiro. O objectivo único era provar que, com o apoio do segundo, o primeiro construíra um sistema de corrupção e tráfico de influências, que era a única justificação para o domínio desportivo exercido — apenas isso, nem sequer a gritante incompetência da gestão desportiva dos rivais. À época, curiosamente, Valentim estava de costas voltadas com Pinto da Costa, tendo-se associado com o presidente do Benfica para dominar a Liga — que Luís Filipe Vieira afirmou ser mais importante do que ter uma boa equipe de futebol. Mas pouco importou: para atingir Pinto da Costa e demonstrar o seu poder «mafioso» era essencial demonstrar que ele dominava a Liga, mesmo que tal não fosse verdade. E uma das coisas eticamente mais eloquentes neste processo foi a forma como Filipe Viera deixou cair e abandonou o seu aliado Valentim Loureiro, assim que percebeu que ele era mais útil no papel ficcionado de cúmplice de Pinto da Costa.
A primeira consequência do Apito Dourado foi, assim, a execução de Valentim Loureiro: ele foi condenado por tráfico de influências em benefício do Gondomar, num processo que aos seus mentores deixou a amarga sensação de estarem apenas a perseguir a arraia miúda como forma de tentar chegar ao «peixe graúdo». E o Boavista viria a comer por tabela, sendo relegado pela Comissão Disciplinar da Liga para a segunda divisão — num caminho inelutável rumo ao desaparecimento, sem que ninguém consiga dizer ao certo porque foi um dos históricos do futebol português condenado à morte.
Quanto a Pinto da Costa e ao FC Porto — o verdadeiro e único alvo do Apito Dourado — a situação não se afigura brilhante para os seus mentores, mas ainda restam algumas esperanças. Recordemos: houve três processos, correspondentes a outros tantos jogos da época 2004/05, em que se ancoraram as acusações: o primeiro, relativo a um Nacional-Benfica, acabou com um despacho de não-pronúncia do Tribunal do Funchal, em que o juiz chegou a escrever que não se entendia como é que o nome de Pinto da Costa tinha sido metido ali a martelo; o segundo, relativo a um FC Porto-Estrela da Amadora, acabou igualmente com um despacho de não-pronúncia do Tribunal do Porto, confirmado por sentença unânime da Relação, e com uma participação por crime de falsas declarações contra a peça-chave de todo o Apito Dourado — a suposta «escritora» Carolina Salgado; resta o terceiro, relativo a um Beira-Mar-FC Porto, que já havia sido também arquivado, mas que a insistência da Drª Morgado conseguiu levar a julgamento. E é esse que agora decorre no Tribunal de Gaia.
Este simples enunciado factual dos resultados judiciais produzidos até agora no âmbito do Apito Dourado (e após milhares ou milhões de euros investidos em «investigação» por parte do Ministério Público) seriam suficientes para que o Procurador-Geral da República tivesse alguma contenção a falar do assunto — pelo menos, até ver o que sucede no tribunal de Gaia e após o depoiamento da sua tão acarinhada e protegida testemunha. Mas não: Pinto Monteiro entendeu antecipar-se e debitar a sua sentença, antes que a Justiça reduza a pó o seu voluntarismo justiceiro. Disse o Dr. Pinto Monteiro que, após o Apito Dourado, «mesmo que os arguidos venham a ser absolvidos, nada será como dantes, no futebol português». E isto, porque «a partir deste processo, os agentes do futebol português passaram a saber que podem ser investigados». Falso, Sr. Procurador: o que o Apito Dourado mostrou é que o presidente do FC Porto estará sempre sob suspeita e, eventualmente, sob investigação; quanto aos outros «agentes», não vimos nada... Na tese dos mentores do Apito Dourado, os árbitros vendem-se, sim, mas só ao FC Porto; o tráfico de influências existe, sim, mas só a favor do FC Porto; as batotas fazem-se, sim, mas apenas em benefício do FC Porto. O Sr. Procurador pode-nos indicar alguma diligência de investigação que, nem que fosse por mera rotina ou cautela, tenha incidido sobre os presidentes do Benfica, do Sporting, do Braga, do Guimarães? É sem dúvida uma coincidência infeliz que todos aqueles que intervieram a vários níveis no Apito Dourado para acusar o FC Porto sejam simpatizantes do Benfica. Uma coincidência infeliz mas que, por isso mesmo, deveria ter acautelado a forma como o fizeram.
Mas o Dr. Pinto Monteiro vai ainda mais longe quando, sem um estremecimento de pudor, afirma que «pode não se provar que sejam culpados, mas já se provou que houve indícios para terem de responder perante a justiça». Depois de ver que, em dois dos três casos em que o seu Ministério Público quis acusar, a justiça reduziu os seus «indícios» a meras intenções sem fundamento algum e a sua querida testemunha a alguém desprovido de qualquer credibilidade, sentindo que o único processo que conseguiu levar a julgamento nada mais tem a sustentá-lo do que a credibilidade dessa mesma testemunha, o Procurador-Geral dá-se por muito satisfeito por achar que conseguiu recolher «indícios» que não servem para condenar ninguém, mas apenas para o acusar sem fundamento. Ou seja: não conseguindo convencer a Justiça, resta a sentença popular. Se alguém ainda não tinha percebido o estado a que chegou o Ministério Público, leia o retrato da situação nestas extraordinárias declarações de quem manda nele. Entre o raciocínio «jurídico» do Procurador e o do presidente do Benfica, não vejo a mais pequena diferença de substância...E, caramba, se devia havê-la!
Isto posto, mantenho-me coerente com o que sempre disse desde o início desta história. Lamento muito que o presidente do meu clube esteja sentado no banco dos réus (e, com ele, o próprio clube) a responder pela acusação de corrupção desportiva. Não ignoro a forma como se chegou a tal e, obviamente, basta-me saber que tudo depende de querer acreditar no que diz Carolina Salgado, para concluir que só pode haver um desfecho, que é a absolvição. Claro que não acredito que fosse preciso comprar o árbitro de um jogo já sem importância alguma e em que, segundo os relatos da época, o FC Porto até acabou prejudicado pela arbitragem. E claro que, como toda a gente que percebe alguma coisa de futebol e não está de má-fé, sei muito bem que não foi graças a «batota» que o FC Porto ganhou o que ganhou cá dentro e foi duas vezes campeão da Europa e do mundo. Foi, entre outras coisas, porque Pinto da Costa é, de longe, o presidente que mais percebe de futebol e um dos raros que não chegou ao futebol por acaso e para se promover socialmente. Porque enquanto ele era presidente do FC Porto e tratava de reunir os melhores, Vale e Azevedo era presidente do Benfica e os benfiquistas adoravam-no mesmo percebendo que ele roubava e era um absoluto incompetente, mas atacava Pinto da Costa — e, hoje ainda, há quem ache que tal é suficiente para ser campeão. E, por isso, enquanto o Benfica desprezava jogadores como Jardel, Zahovic, Deco, Maniche, ou treinadores como Mourinho e Jesualdo Ferreira, Pinto da Costa aproveitava-os e era com eles que ganhava.
Não é por isso, pois, que Pinto da Costa está sentado no banco dos réus. Ele está sentado no banco dos réus devido à sua fatal tendência para as más companhias. O que eu, como portista, não consigo aceitar é que o presidente do meu clube receba um árbitro em casa para tomar café. Que o receba acompanhado do «empresário» António Araújo e com a Dª Carolina Salgado a fazer de dona-da-casa, Primeira Dama e tudo o resto cujas consequências estão à vista. É inacreditável que, mesmo acossado pela justiça, Pinto da Costa não tenha ninguém minimamente prestigiado para apresentar como testemunha abonatória no tribunal, para além do tristíssimo juiz Conselheiro Mortágua. É lamentável que o homem que conseguiu transformar um clube de província num campeão do mundo e num motivo de orgulho para Portugal, ainda não tenha conseguido, ao fim de tantos anos, despir a capa do provincianismo e transformar-se num homem do mundo. E que tenha preferido, como qualquer cacique de província, viver rodeado de gente pequenina, que lhe satisfaz o culto pessoal e desprestigia o clube.
Miguel Sousa Tavares n' A Bola.
FONTE: http://portistaforever.blogspot.com/
Este último parágrafo do MST (o meu MST) é de bradar aos céus... sinceramente, não havia necessidade.
ResponderEliminarEle há gente que de tanto se arborar em "mais sério que o vizinho", acaba mesmo é a dizer... asneira e a dar tiros nos pés!!!
Bem, adiante...
"Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és"
ResponderEliminarMeu caro amigo, ele não diz mentira nenhuma :)
Não me interessa se é mentira ou não, nem é isso que está aqui em questão... o que me importa é que com «amigos» destes a fazer o jogo dos outros, quem precisa de inimigos?
ResponderEliminarPara quê então tanto nos queixamos do Rui's Santos? Dos Cartaxanas? Dos Delgados? Dos Silvios? Destes e daqueles? Para quê, pergunto eu...
Ahhh e só mais uma coisinha, tu, a quem reconheço ser uma defensora implacável da nossa cidade, da nossa região, do nosso orgulho nortenho, do nosso orgulho de "provinciano" que é o que esse «rendido» do MST à capital do império... essa coisa história de achares que acusar PdC de não "despir a capa do provincianismo" é falar verdade, vou ali e já venho.
Antes orgulhosamente provinciano e das minhas raízes do Norte... que um «vendido» à capital do império e que rapidamente se acha um mundo e que nega as suas raízes!!!
Esse MST se não sabe, tem obrigação de saber que foi assim, neste estilo, nesta forma de estar, neste orgulho, o tal "provinciano" que nos acompanha diariamente que o FC Porto se transformou no que é nos dias de hoje... pelos vistos, ele não sabe... ou rapidamente se esqueceu, vá-se lá saber porquê!!!
MST, sempre foi e continua a ser o meu opinion-maker de eleição... mas em assuntos do FC Porto, deveria aprender a tar calado, quando o assim deve ser!!
Mas ele quer agradar a quem, com este tipo de discurso, como o do último parágrafo????
Olha, a mim, não me agrada nem um pouco... e duvido que a algum Portista agrade, mas isso, já sou eu a pensar cá com os meus botões!!!
Cruzes, rapaz :)
ResponderEliminarEu não chamei a atenção sobre o PdC, mas sim sobre quem gravita em sua volta. Pessoas de índole duvidosa, gente que não deveria estar tão próxima de assuntos do clube, gente que nos deu problemas, que atiraram com o nosso nome para o mundo da corrupção, gente que permitiu uma figurinha patética como o Platini chamar-nos de batoteiros, de pôr em causa um símbolo/um nome que tu sabes muito bem que protejo contra tudo e contra todos.
Se teve arte e engenho para dar o nosso nome a conhecer à europa e ao mundo não podia ser um pouco mais selectivo nas escolhas das pessoas que o rodeiam ?
Tu sabes muito bem o quanto eu admiro o nosso Presidente, bem como também sabes que excepto o Antero Henrique, acho que ele está muito mal rodeado.
Prontos, tás desculpada :D
ResponderEliminarSem «rodeios», ou «meios-rodeios», há coisas que não se escrevem/dizem... e ele tem-nas dito e só por isso, nesse aspecto, não vejo qualquer diferença nesse discurso, comparado com os patéticos labregos que gravitam em tudo o que é CS.
Há coisas que são para ser discutidas... entre nós, unicamente entre nós!!!... e não para (escrevinhar para) fora!!!
No fundo da questão, estamos em sintonia total... no superficial, nem tanto assim, mas opiniões, são meras opiniões e não devem ser mais valorizadas do que isso.
Ponto final, parágrafo... assunto encerrado.
Gosto muito do MST, mas quanto a esta crónica, ...não sei o que lhe passou pela cabeça.
ResponderEliminarEm certa medida até o aceito pelo seu fanatismo e amor cego. Não é fácil aguentar a pressão de ver o seu clube afectado por gente mesquinha e baixa, como a dita senhora.
Compreendo e aceito o seu ponto de vista. Mas o que não compreendo é o não defender do homem que carrega, por mais que não queiram, o simbolo do nosso clube às costas.
Se PDC não tem ninguêm para o defender, com melhor e maior estatuto, é porque muitos ambicionam a sua queda para se alavacarem ao poder e meter a mão no saco.
Se tivesses aquilo que alguns têm aparecias para defender o presidente do clube que tantas e tantas alegrias de deram e continuam a dar.
Este julgamento parece o julgamento da Joana D`Arc e de todos aqueles que pela sua valentia, se revoltaram contar o poder instituído.
Sintomático... as palavras do Procurador.
Por mais que não se aceitem os comportamentos do PdC, o problema é que não é o dito senhor que está a ser julgado mas sim o N/ Clube.
É essa a pequena grande diferença.
Nestes momentos e acima de tudo, o que deve ser defendido por todos é o clube e por sua via o PdC. O resto vem depois, pois no N/Clube existem eleições e todos são livres de concorrer.
Como dizia o outro...mostarda no cu dos outros é refresco no meu.