"FC Porto foi a melhor equipa que já treinei" O técnico de futebol José Mourinho fez a revelação na Faculdade de Motricidade Humana (FMH), após ter sido agraciado com o doutoramento "honoris causa". O técnico de futebol José Mourinho revelou hoje que o FC Porto foi a"melhor equipa" que já treinou e que os quatro anos que passou no FC Barcelona foram "fundamentais" para a sua carreira.
Em conferência de imprensa na Faculdade de Motricidade Humana (FMH), após ter sido agraciado com o doutoramento "honoris causa", Mourinho falou da "paixão à primeira vista" que teve quando ingressou no Chelsea e referiu que vencer o campeonato italiano será o "título mais difícil" da carreira.
"Se o FC Porto fosse um clube de um país com outro poder económico podia ter feito uma época marcante na Europa. Aquela equipa foi a melhor que já treinei. Foi destruída devido a factores económicos", disse o técnico, referindo à sua passagem pelos "dragões" em 2002/2003 e 2003/2004, que culminou com a conquista da Liga dos Campeões.
O Jogo: o destaque deveria ter sido dado à frase do Mourinho.
Record: mais uma capa ridícula, o Record arrisca-se a diminuir a população Portuguesa (já foi o Veloso, foi o Sporting, agora é o árbitro...)
A Bola: AHAHAHAHAHAHAHAHAH, o Suazo está muito triste, ò coitadinho :( Brilho... que brilho, Suazo ?!! Tem juizo! A única coisa que brilha para esses lados é o Rui Costa no túnel de acesso, mas esse brilho ninguém vê!
Um dia destes, quando o tema não for tão desconfortável para alguns ouvidos mais sensibilizados pelos acontecimentos do último fim-de-semana no Algarve, alguém com queda para o melodramatismo vai lembrar-se de dizer que o FC Porto tem não sei quantos golos marcados na conversão de grandes penalidades. Se for como da última vez, vai acrescentar, bonacheirão e com um sorriso malandro a enquadrar a piscadela de olho, que não está a colocar em causa se foram bem ou mal marcados, mas apenas a registar um facto. Ora, nessa altura, seria bom que alguém lhe recordasse que só nos últimos dois jogos, ficaram por marcar nada menos que cinco grandes penalidades a favor do FC Porto. Bem sei que não fizeram falta, que o FC Porto ganhou na mesma, mas a nobre defesa da verdade desportiva não deve conhecer excepções de conveniência se se quiser dar ao respeito. É que as grandes penalidades são todas assim, grandes, e se são grandes até um cego as vê e não há desculpa para não serem marcadas.
1 O provincianismo, ao contrário do que imaginam os lisboetas, não é uma doença que ataque apenas a gente da província: também ataca a distinta gente da capital. Dez dias a fio, a imprensa desportiva de Lisboa proporcionou ao país uma exuberante demonstração do mais ridículo provincianismo futebolístico que se possa imaginar. Eu sei que um Sporting-Benfica é um «clássico» (que eu próprio gosto sempre de ver, embora raramente com agrado); eu sei que uma final é uma final, embora a neófita Taça da Liga não passe, hierarquicamente, da terceira ou quarta competição em termos de importância na agenda desportiva — imediatamente antes do «Troféu Guadiana» e do «Troféu Eusébio»; eu sei ainda que todo o alarido feito a propósito desta final tinha que ver com o simples facto (especialmente para a «Instituição» Benfica) de nada mais de sólido terem os dois «monstros» de Lisboa a que se agarrarem, nestes idos de Março: o campeonato está a fugir-lhes, a Taça de Portugal já era, da Supertaça vão estar bem provavelmente ausentes, e a Europa terminou em enxovalho para ambos (salvas as diferenças que há, apesar de tudo, entre ser sovado nos oitavos da Champions ou ser humilhado no grupo de qualificação para os dezaseis-avos da Taça UEFA). Mas, não obstante tudo isso, caramba, é preciso ter a noção das proporções, sob pena de perder a noção do ridículo. Meus caros amigos, acreditem: visto de fora, de quem não é nem lagarto nem lampião, a desbragada promoção deste jogo do Algarve a «jogo do ano» (como lhe chamou a SIC), foi simplesmente ridícula. Durante a semana inteira pareceu que o mundo tinha parado na expectativa de um desafio transcendente. No sábado, A BOLA dedicou-lhe nada menos do que 18 páginas (!), e só lendo o jornal de fio a pavio e muito atentamente é que alguém vindo de fora conseguiria descobrir que havia mais outro jogo no fim-de-semana... e que, por acaso, era uma meia-final da Taça de Portugal, entre o FC Porto e o Estrela da Amadora. Provincianismo também é isto: convencer-se que, fora de Lisboa ou fora de um Benfica-Sporting, tudo o resto é paisagem.
Bem, o «jogo do ano» foi um legítimo candidato a pior jogo do ano. Faltas e interrupções sucessivas, futebol aos repelões, sem dois passes certos consecutivos, escassas oportunidades de golo, zero de imaginação ou talento. O Benfica teve uma oportunidade aos dois minutos e uma bola pingadinha na trave na segunda parte, e... foi tudo o que fez: o seu futebol atingiu, na altura crucial da época, um nível simplesmente confrangedor. Razão teve o Sílvio Cervan (ele nunca se esquece...) para aproveitar mais uma vez a sua coluna das sextas-feiras aqui para tentar intimidar e pressionar previamente o árbitro (e diga-se que tem vindo a ter resultados reconfortantes nesse esforço). Em minha opinião, Lucílio Baptista é — desde há muitos anos e consistentemente — o pior árbitro português. Mas como, desde sempre, é um árbitro militantemente anti-Porto, lá foi fazendo a sua carreira, sempre para cima e sempre muito estimado pelos grandes de Lisboa e pela Comissão de Arbitragem. Raro é o jogo importante que lhe confiam em que ele não tenha influência directa no resultado — e mais uma vez assim aconteceu, só que desta vez e desdizendo a sua fama de sportinguista, ele ofereceu uma taça ao Benfica (que há quatro anos não tinha nada para pôr na vitrina). Dito isto, e apesar de só o Sporting ter merecido ganhar e ter feito por isso, não tenho a menor pena dos leões: anos a fio, Lucílio Baptista prejudicou despudoradamente o FC Porto em confrontos com o Sporting (chegou a arbitrar, sempre em prejuízo dos azuis, quatro ou cinco jogos consecutivos entre os dois emblemas para o campeonato, mais uma final no Jamor que entregou de bandeja ao Sporting), e nunca, então, eu lhes ouvi um queixume que fosse contra este árbitro. Aliás, o Sporting, tal como o Benfica, só chegou a esta final Carlsberg graças a um regulamento feito à medida para tal e graças a dois manhosos penalties que lhe permitiram virar o jogo da meia-final em Alvalade, contra a «reserva» do FC Porto — que Jesualdo Ferreira lançou às feras, porque se convenceu, muito inteligente e seriamente, que rodar jogadores era o objectivo desta «competição». (Mas, a avaliar pelos festejos dos benfiquistas no final, como se tivessem acabado de vencer a Champions, e com toda a limpeza e mérito, já não sei, não...).
E assim, no rescaldo do «jogo do ano», ouviram-se gritos de «roubo!» e «ladrão!» e «o futebol está podre!» e outros que tais: o habitual. Só que, desta vez, tudo se passou entre os parceiros da «moralização do futebol português». E eu a imaginar que, depois do Apito Dourado, o futebol português já estava moralizado!
2bPois então, jogou-se também uma meia-final da Taça de Portugal. Aliás, a primeira mão de uma meia-final— já que este ano, e como de há muito eu vinha defendendo, se joga as meias-finais a duas mãos. É um método bem mais justo, pois que evita que, como sucedeu várias vezes num passado recente, uma equipa possa chegar ao Jamor sem nunca ter jogado eliminatórias fora de casa, ou apenas o tendo feito contra clubes de dimensão claramente inferior.
Jogou-se, e o FC Porto, apesar de ter obtido um resultado confortável, não obteve um resultado suficientemente confortável para permitir a Jesualdo Ferreira fazer a gestão total da equipa na segunda mão — tanto mais que este FC Porto não tem «banco».
Foi um jogo sem grande história, embora com casos de arbitragem: o primeiro golo do FC Porto também nasceu de um penalty inexistente, mas antes havia-lhes sido mal anulado um golo e, na segunda parte, um penalty verdadeiro foi perdoado ao Estrela. Distraí-me a observar com atenção o desempenho individual dos jogadores de azul e confirmei coisas que já tinha como certas.
Que o Stepanov, o Mariano e o Farías (25 minutos em jogo sem tocar na bola!), pese a ocasionais fogachos e à simpatia da imprensa, nunca serão jogadores ao nível de um FC Porto: destoam e destoam bem.
Que ao Fernando lhe falta muito, muitíssimo, caminho a percorrer antes de chegar aos calcanhares de um Paulo Assunção e justificar a titularidade como «cabeça de área» de uma equipa com pretensões europeias.
Que o Cissokho, ao invés, foi a melhor aquisição desde o Hulk: melhora de jogo para jogo e finalmente o FC Porto parece ter um lateral-esquerdo de categoria, depois de doze experiências falhadas em cinco anos.
Que o Bruno Alves está feito um senhor jogador de categoria mundial, na linha dos grandes centrais a que o FC Porto nos habituou, desde o Geraldão e passando pelo Aloísio, Jorge Costa, Ricardo Carvalho e Pepe. Ele, Raul Meireles e Lisandro López são a grande obra de beneficiação que Jesualdo trouxe ao FC Porto. Já Ricardo Quaresma, um talento evidente que Adriaanse maltratou, e Hulk, cujo potencial Jesualdo foi o último a ver, não lhe credito. Mas estes, sim.
Viu-se também que Rodriguéz melhorou muito (desde que aqui o considerei candidato a decepção do ano), mas que continua irregular e intermitente.
Viu-se que Lisandro parece ter perdido o seu «killer instinct» (e que, quando marca, os golos são anulados e normalmente mal anulados), e que Lucho González está uma sombra do jogador que já foi. Continua, é certo, protegido da imprensa, que jura que «ele não sabe jogar mal», mas lá em cima, nas bancadas do Dragão, um público que percebe hoje de futebol como poucos, desespera ao ver a quantidade de jogo que Lucho estraga e desperdiça. É um mistério, mas que já se tinha visto também no passado.
3 Eduardo, guarda-redes do Braga e da Selecção Nacional, provou a minha tese de que um grande guarda-redes de uma equipa média ou pequena não é necessariamente um bom guarda-redes de uma equipa com ambições europeias. Especula-se que ele estará nas cogitações do FC Porto e eu espero que não: não precisamos de um guarda-redes que faça defesas impossíveis e que, de vez em quando, falhe nas possíveis: precisamos de quem defenda sempre tudo o que tem defesa. Também se especula que Jorge Jesus poderá substituir Jesualdo Ferreira como treinador do FC Porto. E eu também espero que não: não precisamos de um bom treinador — que Jesus é — e que, de vez em quando, consegue grandes resultados. Precisamos de alguém que, como Jesualdo Ferreira, consiga manter um nível de competitividade permanentemente elevado, sem nunca se queixar da sobrecarga de jogos ou excesso de competição e que saiba ter, em tudo o resto, uma atitude e uma presença ao nível de um dos oito melhores clubes da Europa.
'Foi um jogo sem grande história, embora com casos de arbitragem: o primeiro golo do FC Porto também nasceu de um penalty inexistente'
O homem além da falta ainda tocou com a mão na bola duas vezes.
'Que o Stepanov, o Mariano e o Farías (25 minutos em jogo sem tocar na bola!), pese a ocasionais fogachos e à simpatia da imprensa, nunca serão jogadores ao nível de um FC Porto: destoam e destoam bem.'
Assim é Mafaldinha... mas seria de esperar que estas declarações fizessem as capas dos três jornais desportivos. Ou tens duvidas que se ele se lembrasse de ter dito algo do género: o meu sonho é treinar os lampiões, tal não seria capa destacada e com alguma sorte ainda em relevo ? Afinal, ele não é o the Special One ? O Special One ter uma saída destas para o FCP é digna de destaque de capa! Só nesta CS é que se relega isso para um cantinho de jornal. O facto do Suazo estar triste ou outro lamentar da falta de brilho que interesse tem isso? O resultado daquela taça foi alterado e estão a tentar passar por cima. Deviam ser os próprios encarnados a ter vergonha e estarem caladinhos.
Miguel, mais uma vez brilhante :) Os editores da Bola devem-se passar com os textos dele...
Bem, quanto às capas, penso que está tudo na paz do senhor, passe a expressão... pelo menos, ainda não vi very-lights a voar d'um lado pró outro, o que diga-se de passagem, é pena.
Enquanto os labregos de encornado ou escamados se entretêm a discutir o sexo dos anjos, lá vamos tendo umas folgas pró FCP nas capas do jornais... nada mau, nada mau.
Gosto muito de queijo, mas graças a deus, não tenho por hábito ocorrerem-me falhas de memórias, nem tão pouco bajulamentos populares em jeito de “colinho”.
Se os/as há quem se esqueça, lamento informar, mas, eu não esqueço... lamento não jogar na mesma (vossa) equipa, é o que me apraz dizer.
Em jeito de remate final para matar o assunto de vez (pela minha parte), até porque não mais irei contribuir para este peditório do arrogante, relembro apenas o passado em, julgo eu, se não me falha a memória, em 2005, aquando da visita do Chelsea ao Dragão, estando essa figurinha de cristal a treinar o adversário e tendo chegado acompanhado de seguranças:
“por que vem acompanhado de seguranças?” “quando vou a Palermo, tem de ser assim”.
Se não sabem ou já se esqueceram, eu relembro… Palermo é tão só a capital da Sicília, terra da Mafia, da Cosa Nostra... não vos diz nada, pois não??!!?? A mim diz, e muito… e ainda não esqueci!!!
Pela minha parte, e enquanto essa figurinha de cristal não se retractar publicamente com um pedido de desculpas ao clube e aos seus adeptos, a minha posição é inalterável e ninguém, mas ninguém me vai convencer do contrário: ele que vá chamar mafioso à PQoP!!!
"o primeiro golo do FC Porto também nasceu de um penalty inexistente"
Incrível como MST escreve uma coisa absurda como esta. Há um plano da TVI que permite ver CLARAMENTE que Vidigal AFASTA a bola dos pés de Lisandro com a MÃO.
MST, qt ao resto mt bem, mas aqui, desculpa, lá, devias estar a ler o EQUADOR (pela 72ª vez) e a ver o jogo ao mesmo tempo.
MST acho que devias de vez em quando, ver os jogos em vez de falares com a Leonor Pinhão... (o primeiro golo do FC Porto também nasceu de um penalty inexistente).
Acho que ele ficou pertubado com a marcação de um penalti no dia anterior entre dois clubes da provincia... e já não consegue distinguir o que é penalti.
Em relação ao "banco" do Porto, cada um tem a sua opinião, mas acho que Mariano tem vindo jogo a jogo a ganhar pontos na massa adepta portista, e está a mostrar o porquê da sua contratação, e o porquê de Jesualdo tanto insistir nele...
Quanto a Farias, já mostrou ser bom ponta-de-lança. Precisa é de jogar mais vezes e mais tempo. Pois comparando este ano com Lisandro face aos jogos utilizados, Farias tem maiores índices de eficácia.
Quanto a outros, tais como Sapunaru, que cheguei a dizer que não tinha lugar no plantel do Porto, agora digo que me tem surpreendido nos últimos jogos (secou o Simãozinho nos dois jogos da LC).
"FC Porto foi a melhor equipa que já treinei"
ResponderEliminarO técnico de futebol José Mourinho fez a revelação na Faculdade de Motricidade Humana (FMH), após ter sido agraciado com o doutoramento
"honoris causa".
O técnico de futebol José Mourinho revelou hoje que o FC Porto foi a"melhor equipa" que já treinou e que os quatro anos que passou no FC
Barcelona foram "fundamentais" para a sua carreira.
Em conferência de imprensa na Faculdade de Motricidade Humana (FMH),
após ter sido agraciado com o doutoramento "honoris causa", Mourinho
falou da "paixão à primeira vista" que teve quando ingressou no
Chelsea e referiu que vencer o campeonato italiano será o "título mais
difícil" da carreira.
"Se o FC Porto fosse um clube de um país com outro poder económico
podia ter feito uma época marcante na Europa. Aquela equipa foi a
melhor que já treinei. Foi destruída devido a factores económicos",
disse o técnico, referindo à sua passagem pelos "dragões" em 2002/2003
e 2003/2004, que culminou com a conquista da Liga dos Campeões.
O Jogo: o destaque deveria ter sido dado à frase do Mourinho.
ResponderEliminarRecord: mais uma capa ridícula, o Record arrisca-se a diminuir a população Portuguesa (já foi o Veloso, foi o Sporting, agora é o árbitro...)
A Bola: AHAHAHAHAHAHAHAHAH, o Suazo está muito triste, ò coitadinho :(
Brilho... que brilho, Suazo ?!! Tem juizo!
A única coisa que brilha para esses lados é o Rui Costa no túnel de acesso, mas esse brilho ninguém vê!
Heliantia:
ResponderEliminarAs declarações de Mourinho foram feitas ontem, como dizes e bem, após ter sido agraciado com o doutoramento " honoris causa".
BIBÓ PORTO
JORGE MAIA
ResponderEliminarGrandes penalidades
Um dia destes, quando o tema não for tão desconfortável para alguns ouvidos mais sensibilizados pelos acontecimentos do último fim-de-semana no Algarve, alguém com queda para o melodramatismo vai lembrar-se de dizer que o FC Porto tem não sei quantos golos marcados na conversão de grandes penalidades. Se for como da última vez, vai acrescentar, bonacheirão e com um sorriso malandro a enquadrar a piscadela de olho, que não está a colocar em causa se foram bem ou mal marcados, mas apenas a registar um facto. Ora, nessa altura, seria bom que alguém lhe recordasse que só nos últimos dois jogos, ficaram por marcar nada menos que cinco grandes penalidades a favor do FC Porto. Bem sei que não fizeram falta, que o FC Porto ganhou na mesma, mas a nobre defesa da verdade desportiva não deve conhecer excepções de conveniência se se quiser dar ao respeito. É que as grandes penalidades são todas assim, grandes, e se são grandes até um cego as vê e não há desculpa para não serem marcadas.
Jorge Maia n' O Jogo.
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MIGUEL SOUSA TAVARES
Zangam-se as comadres
1 O provincianismo, ao contrário do que imaginam os lisboetas, não é uma doença que ataque apenas a gente da província: também ataca a distinta gente da capital. Dez dias a fio, a imprensa desportiva de Lisboa proporcionou ao país uma exuberante demonstração do mais ridículo provincianismo futebolístico que se possa imaginar. Eu sei que um Sporting-Benfica é um «clássico» (que eu próprio gosto sempre de ver, embora raramente com agrado); eu sei que uma final é uma final, embora a neófita Taça da Liga não passe, hierarquicamente, da terceira ou quarta competição em termos de importância na agenda desportiva — imediatamente antes do «Troféu Guadiana» e do «Troféu Eusébio»; eu sei ainda que todo o alarido feito a propósito desta final tinha que ver com o simples facto (especialmente para a «Instituição» Benfica) de nada mais de sólido terem os dois «monstros» de Lisboa a que se agarrarem, nestes idos de Março: o campeonato está a fugir-lhes, a Taça de Portugal já era, da Supertaça vão estar bem provavelmente ausentes, e a Europa terminou em enxovalho para ambos (salvas as diferenças que há, apesar de tudo, entre ser sovado nos oitavos da Champions ou ser humilhado no grupo de qualificação para os dezaseis-avos da Taça UEFA).
Mas, não obstante tudo isso, caramba, é preciso ter a noção das proporções, sob pena de perder a noção do ridículo. Meus caros amigos, acreditem: visto de fora, de quem não é nem lagarto nem lampião, a desbragada promoção deste jogo do Algarve a «jogo do ano» (como lhe chamou a SIC), foi simplesmente ridícula. Durante a semana inteira pareceu que o mundo tinha parado na expectativa de um desafio transcendente. No sábado, A BOLA dedicou-lhe nada menos do que 18 páginas (!), e só lendo o jornal de fio a pavio e muito atentamente é que alguém vindo de fora conseguiria descobrir que havia mais outro jogo no fim-de-semana... e que, por acaso, era uma meia-final da Taça de Portugal, entre o FC Porto e o Estrela da Amadora. Provincianismo também é isto: convencer-se que, fora de Lisboa ou fora de um Benfica-Sporting, tudo o resto é paisagem.
Bem, o «jogo do ano» foi um legítimo candidato a pior jogo do ano. Faltas e interrupções sucessivas, futebol aos repelões, sem dois passes certos consecutivos, escassas oportunidades de golo, zero de imaginação ou talento. O Benfica teve uma oportunidade aos dois minutos e uma bola pingadinha na trave na segunda parte, e... foi tudo o que fez: o seu futebol atingiu, na altura crucial da época, um nível simplesmente confrangedor. Razão teve o Sílvio Cervan (ele nunca se esquece...) para aproveitar mais uma vez a sua coluna das sextas-feiras aqui para tentar intimidar e pressionar previamente o árbitro (e diga-se que tem vindo a ter resultados reconfortantes nesse esforço). Em minha opinião, Lucílio Baptista é — desde há muitos anos e consistentemente — o pior árbitro português. Mas como, desde sempre, é um árbitro militantemente anti-Porto, lá foi fazendo a sua carreira, sempre para cima e sempre muito estimado pelos grandes de Lisboa e pela Comissão de Arbitragem. Raro é o jogo importante que lhe confiam em que ele não tenha influência directa no resultado — e mais uma vez assim aconteceu, só que desta vez e desdizendo a sua fama de sportinguista, ele ofereceu uma taça ao Benfica (que há quatro anos não tinha nada para pôr na vitrina). Dito isto, e apesar de só o Sporting ter merecido ganhar e ter feito por isso, não tenho a menor pena dos leões: anos a fio, Lucílio Baptista prejudicou despudoradamente o FC Porto em confrontos com o Sporting (chegou a arbitrar, sempre em prejuízo dos azuis, quatro ou cinco jogos consecutivos entre os dois emblemas para o campeonato, mais uma final no Jamor que entregou de bandeja ao Sporting), e nunca, então, eu lhes ouvi um queixume que fosse contra este árbitro. Aliás, o Sporting, tal como o Benfica, só chegou a esta final Carlsberg graças a um regulamento feito à medida para tal e graças a dois manhosos penalties que lhe permitiram virar o jogo da meia-final em Alvalade, contra a «reserva» do FC Porto — que Jesualdo Ferreira lançou às feras, porque se convenceu, muito inteligente e seriamente, que rodar jogadores era o objectivo desta «competição». (Mas, a avaliar pelos festejos dos benfiquistas no final, como se tivessem acabado de vencer a Champions, e com toda a limpeza e mérito, já não sei, não...).
E assim, no rescaldo do «jogo do ano», ouviram-se gritos de «roubo!» e «ladrão!» e «o futebol está podre!» e outros que tais: o habitual. Só que, desta vez, tudo se passou entre os parceiros da «moralização do futebol português». E eu a imaginar que, depois do Apito Dourado, o futebol português já estava moralizado!
2bPois então, jogou-se também uma meia-final da Taça de Portugal. Aliás, a primeira mão de uma meia-final— já que este ano, e como de há muito eu vinha defendendo, se joga as meias-finais a duas mãos. É um método bem mais justo, pois que evita que, como sucedeu várias vezes num passado recente, uma equipa possa chegar ao Jamor sem nunca ter jogado eliminatórias fora de casa, ou apenas o tendo feito contra clubes de dimensão claramente inferior.
Jogou-se, e o FC Porto, apesar de ter obtido um resultado confortável, não obteve um resultado suficientemente confortável para permitir a Jesualdo Ferreira fazer a gestão total da equipa na segunda mão — tanto mais que este FC Porto não tem «banco».
Foi um jogo sem grande história, embora com casos de arbitragem: o primeiro golo do FC Porto também nasceu de um penalty inexistente, mas antes havia-lhes sido mal anulado um golo e, na segunda parte, um penalty verdadeiro foi perdoado ao Estrela. Distraí-me a observar com atenção o desempenho individual dos jogadores de azul e confirmei coisas que já tinha como certas.
Que o Stepanov, o Mariano e o Farías (25 minutos em jogo sem tocar na bola!), pese a ocasionais fogachos e à simpatia da imprensa, nunca serão jogadores ao nível de um FC Porto: destoam e destoam bem.
Que ao Fernando lhe falta muito, muitíssimo, caminho a percorrer antes de chegar aos calcanhares de um Paulo Assunção e justificar a titularidade como «cabeça de área» de uma equipa com pretensões europeias.
Que o Cissokho, ao invés, foi a melhor aquisição desde o Hulk: melhora de jogo para jogo e finalmente o FC Porto parece ter um lateral-esquerdo de categoria, depois de doze experiências falhadas em cinco anos.
Que o Bruno Alves está feito um senhor jogador de categoria mundial, na linha dos grandes centrais a que o FC Porto nos habituou, desde o Geraldão e passando pelo Aloísio, Jorge Costa, Ricardo Carvalho e Pepe. Ele, Raul Meireles e Lisandro López são a grande obra de beneficiação que Jesualdo trouxe ao FC Porto. Já Ricardo Quaresma, um talento evidente que Adriaanse maltratou, e Hulk, cujo potencial Jesualdo foi o último a ver, não lhe credito. Mas estes, sim.
Viu-se também que Rodriguéz melhorou muito (desde que aqui o considerei candidato a decepção do ano), mas que continua irregular e intermitente.
Viu-se que Lisandro parece ter perdido o seu «killer instinct» (e que, quando marca, os golos são anulados e normalmente mal anulados), e que Lucho González está uma sombra do jogador que já foi. Continua, é certo, protegido da imprensa, que jura que «ele não sabe jogar mal», mas lá em cima, nas bancadas do Dragão, um público que percebe hoje de futebol como poucos, desespera ao ver a quantidade de jogo que Lucho estraga e desperdiça. É um mistério, mas que já se tinha visto também no passado.
3 Eduardo, guarda-redes do Braga e da Selecção Nacional, provou a minha tese de que um grande guarda-redes de uma equipa média ou pequena não é necessariamente um bom guarda-redes de uma equipa com ambições europeias. Especula-se que ele estará nas cogitações do FC Porto e eu espero que não: não precisamos de um guarda-redes que faça defesas impossíveis e que, de vez em quando, falhe nas possíveis: precisamos de quem defenda sempre tudo o que tem defesa. Também se especula que Jorge Jesus poderá substituir Jesualdo Ferreira como treinador do FC Porto. E eu também espero que não: não precisamos de um bom treinador — que Jesus é — e que, de vez em quando, consegue grandes resultados. Precisamos de alguém que, como Jesualdo Ferreira, consiga manter um nível de competitividade permanentemente elevado, sem nunca se queixar da sobrecarga de jogos ou excesso de competição e que saiba ter, em tudo o resto, uma atitude e uma presença ao nível de um dos oito melhores clubes da Europa.
Miguel Sousa Tavares n' A Bola.
FONTE: http://portistaforever.blogspot.com/
Mourinho...como homem inteligente que é (alguém duvida?!)só podia mesmo referir-se ao nosso MÀGICO F.C.P. desta forma.
ResponderEliminarSem o F.C.P ele nunca... mas NUNCA teria entrado no Chelsea e teria chegado onde chegou, por isso compreende-se estas declarações :)
dá-lhes miguel!!
ResponderEliminarMuito bem MST, mas hoje também gostei muito do Jorge Maia, aliás como habitualmente!
ResponderEliminarO FC Porto foi prejudicado contra a Naval, contra o Estrela... e isso não parece dar direito a capas de jornais...
o Jorge Maia ainda é a única coisa de aproveitável que tem o Jogo
ResponderEliminar'Foi um jogo sem grande história, embora com casos de arbitragem: o primeiro golo do FC Porto também nasceu de um penalty inexistente'
ResponderEliminarO homem além da falta ainda tocou com a mão na bola duas vezes.
'Que o Stepanov, o Mariano e o Farías (25 minutos em jogo sem tocar na bola!), pese a ocasionais fogachos e à simpatia da imprensa, nunca serão jogadores ao nível de um FC Porto: destoam e destoam bem.'
Opiniões, apenas opiniões e cada qual tem a sua.
Assim é Mafaldinha... mas seria de esperar que estas declarações fizessem as capas dos três jornais desportivos.
ResponderEliminarOu tens duvidas que se ele se lembrasse de ter dito algo do género: o meu sonho é treinar os lampiões, tal não seria capa destacada e com alguma sorte ainda em relevo ?
Afinal, ele não é o the Special One ? O Special One ter uma saída destas para o FCP é digna de destaque de capa! Só nesta CS é que se relega isso para um cantinho de jornal.
O facto do Suazo estar triste ou outro lamentar da falta de brilho que interesse tem isso? O resultado daquela taça foi alterado e estão a tentar passar por cima. Deviam ser os próprios encarnados a ter vergonha e estarem caladinhos.
Miguel, mais uma vez brilhante :)
Os editores da Bola devem-se passar com os textos dele...
Bem, quanto às capas, penso que está tudo na paz do senhor, passe a expressão... pelo menos, ainda não vi very-lights a voar d'um lado pró outro, o que diga-se de passagem, é pena.
ResponderEliminarEnquanto os labregos de encornado ou escamados se entretêm a discutir o sexo dos anjos, lá vamos tendo umas folgas pró FCP nas capas do jornais... nada mau, nada mau.
JORGE MAIA, na mouche...
ResponderEliminarMST, sempre, mas sempre a rasgar, mas, e há sempre um mas,infelizmente, a pecar sempre em algo, sempre num detalhe qualquer... desta vez:
"o primeiro golo do FC Porto também nasceu de um penalty inexistente"
como, importa-se de repetir??!!??
ele está a falar do quê???
de que jogo???
ai Miguel, ai Miguel, com a tua idade, passa mas é na Multí-Ópticas que terás um desconto à maneira, vai por mim!!!
Gosto muito de queijo, mas graças a deus, não tenho por hábito ocorrerem-me falhas de memórias, nem tão pouco bajulamentos populares em jeito de “colinho”.
ResponderEliminarSe os/as há quem se esqueça, lamento informar, mas, eu não esqueço... lamento não jogar na mesma (vossa) equipa, é o que me apraz dizer.
Em jeito de remate final para matar o assunto de vez (pela minha parte), até porque não mais irei contribuir para este peditório do arrogante, relembro apenas o passado em, julgo eu, se não me falha a memória, em 2005, aquando da visita do Chelsea ao Dragão, estando essa figurinha de cristal a treinar o adversário e tendo chegado acompanhado de seguranças:
“por que vem acompanhado de seguranças?”
“quando vou a Palermo, tem de ser assim”.
Se não sabem ou já se esqueceram, eu relembro… Palermo é tão só a capital da Sicília, terra da Mafia, da Cosa Nostra... não vos diz nada, pois não??!!?? A mim diz, e muito… e ainda não esqueci!!!
Pela minha parte, e enquanto essa figurinha de cristal não se retractar publicamente com um pedido de desculpas ao clube e aos seus adeptos, a minha posição é inalterável e ninguém, mas ninguém me vai convencer do contrário: ele que vá chamar mafioso à PQoP!!!
"o primeiro golo do FC Porto também nasceu de um penalty inexistente"
ResponderEliminarIncrível como MST escreve uma coisa absurda como esta. Há um plano da TVI que permite ver CLARAMENTE que Vidigal AFASTA a bola dos pés de Lisandro com a MÃO.
MST, qt ao resto mt bem, mas aqui, desculpa, lá, devias estar a ler o EQUADOR (pela 72ª vez) e a ver o jogo ao mesmo tempo.
Sinceramente, só depois de ler pela segunda vez é que me apercebi desse enorme lapso (???) do Miguel!
ResponderEliminarInacreditável, é mesmo penalti e não há qualquer dúvida...
Alma Azul
ResponderEliminarMST acho que devias de vez em quando, ver os jogos em vez de falares com a Leonor Pinhão... (o primeiro golo do FC Porto também nasceu de um penalty inexistente).
Acho que ele ficou pertubado com a marcação de um penalti no dia anterior entre dois clubes da provincia... e já não consegue distinguir o que é penalti.
Em relação ao "banco" do Porto, cada um tem a sua opinião, mas acho que Mariano tem vindo jogo a jogo a ganhar pontos na massa adepta portista, e está a mostrar o porquê da sua contratação, e o porquê de Jesualdo tanto insistir nele...
Quanto a Farias, já mostrou ser bom ponta-de-lança. Precisa é de jogar mais vezes e mais tempo. Pois comparando este ano com Lisandro face aos jogos utilizados, Farias tem maiores índices de eficácia.
Quanto a outros, tais como Sapunaru, que cheguei a dizer que não tinha lugar no plantel do Porto, agora digo que me tem surpreendido nos últimos jogos (secou o Simãozinho nos dois jogos da LC).
E mais não digo...