02 julho, 2009

O tetra, jornada a jornada - parte III

16ª jornada
[belenenses, 1 – porto, 3]

Início da 2ª volta, novo jogo fora de portas e o aumento do número de vitórias consecutivas. Fazendo alarde de uma pressão alta, asfixiante, os azuis e brancos reduziram o opositor à vulgaridade, numa meia hora diabólica, com Hulk em grande a desbravar o território inimigo. Depois, perante a redução no marcador e a boa réplica dos atletas da cruz de Cristo, foi tempo de sofrimento, que o golo tardio de Lucho, aos 86 minutos, mitigou. Mais 3 pontos conquistados, mesmo perante uma arbitragem que “saiu prestigiada do Restelo”, nas palavras benevolentes de Coroado, mas onde se pode colocar o juiz de campo no banco dos réus, pela validação do golo irregular ao Belenenses. Na memória de todos a rábula, já nos descontos, do 2º amarelo a Fucile, numa manobra que comprova que no Dragão ninguém dormia em serviço. É nos pormenores que se vencem campeonatos.

Aqui no blogue agradecia-se a visita massiva de 500.000 internautas, número redondos e que fazem abrir a boca de espanto.

17ª jornada
[porto, 1 – Benfica, 1]

Já despachada a meia-final da Taça da Liga, com mais uma arbitragem debaixo de fogo, após a pesada derrota portistas em Alvalade [com dois penaltys a ampararem os leões na recuperação do tento inaugural portista], era chegada a vez do derby explosivo, nas palavras da imprensa. O Porto-Benfica que podia decidir muita coisa, na corrida ao título. Para mim, é uma espécie de luta secular, entre o Bem e o Mal, personificado naquelas camisolas de cor aberrantemente vermelha. E a partida não defraudou as expectativas nela depositada. Intensa, carregada de emoção, com os batimentos cardíacos acelerados a acompanhar as investidas das cores amadas, terminando num redutor empate, com o habitual cheirinho a polémica. Numa campanha de branqueamento que prima pela previsibilidade, os pasquins procuraram colocar a tónica do discurso na grande-penalidade, convertida com frieza por Lucho, que ofereceu o empate aos Dragões. Mas, na recorrente estratégia, foi esquecido o pormenor do derrube a Lucho, na 1ªmetade do encontro, com o teimoso 0-0 no marcador a acentuar a gravidade do erro arbitral. Nos homens da casa sobressaiu Rodriguez, no espírito combativo que é a sua imagem de marca, procurando galvanizar os companheiros amorfos.

18ª jornada
[porto, 3 – rio ave, 1]

Jogo em casa, na temporada que findou, era sinónimo de sofrimento acrescido. A recepção aos vizinhos vila-condenses não foi excepção. Ao golo inaugural, comemorado efusivamente nas bancadas repletas, seguiu-se o tradicional jogo confuso, que ameaçava a hegemonia portista na partida. Futebol confuso, pouco clarividente, passivo, deixando que a confiança tomasse conta dos visitantes. O balde de água fria, a uma mera vintena de minutos do fim, chegou pelos pés talentosos de Fábio Coentrão. Parecia inevitável nova perda de pontos, resultado que seria desastroso. A redenção, quando o desespero já tinha tomado conta do anfiteatro, chegou pelo “pistoleiro” Farías, marcando em duplicado nos últimos minutos do encontro. O Dragão penava, titubeante, mas conseguia com esforço manter o rumo certo.

Para juntar à imensa lista de erros, contra os portistas, a partida frente aos vila-condenses foi repleta de peripécias. Vencia o Porto por 1-0, quando Mariano introduz o esférico, de forma legal, na baliza de Paiva. O tento, se sancionado, daria a necessária tranquilidade a um grupo que vivia sobre brasas. Elmano Santos, chefe da banda, resolveu nada ver. Na dúvida, o Dragão era prejudicado.

Por estas alturas, tinha surgido novo fenómeno na internet. Uns textos, sem assinatura, intitulados Labaredas, eram o que de melhor o clube apresentava para defesa da honra casta. Não chegava. Uma tarefa que deveria ser efectuada com arreganho, de peito feito, sem temor nem receios espúrios, defendendo intransigentemente os ideais do clube e o grupo de trabalho, era feita de forma discreta, no sítio oficial do clube. O Labaredas não chamuscava ninguém…

19ª jornada
[paços, 0 – porto, 2]

Aproveitando o derby lisboeta, com as duas agremiações a degladiarem-se, os portistas visitaram a capital do Móvel, com várias interrogações à mistura, mercê do encontro que se avizinhava com o Atlético de Madrid. Por isso, não se estranhou que Sapunaru e Tomas Costa aparecessem nos eleitos do jogo, permitindo que Fucile e Lucho retemperassem forças. Os pupilos de Jesualdo entraram a todo o gás, procurando resolver a contenda o mais depressa possível. Hulk materializou esse desejo, num disparo fortíssimo, com Bruno Alves a sentenciar as hostilidades, num castigo máximo que permitiu a obtenção de crucial triunfo. É que a semana seguinte seria infernal: visita aos colchoneros e recepção, na liga tuga, ao Sporting, num jogo que poderia clarificar a questão do título. Para a posteridade, a azia incontrolável dos comentadores da RTP, numa emissão que roçou o patético,mostrando de forma patente que o código deontológico perde para a irracionalidade alimentada a ódio.

20ª jornada
[porto, 0 – Sporting, 0]

O segundo terço do campeonato chegava ao fim, com um inócuo empate. Pela 2ª vez consecutiva, os portistas foram incapazes de vencer um rival directo, jogando em casa. Depois da brilhante exibição na capital espanhola, esbanjando classe e personalidade, a palidez tomou novamente conta dos azuis e brancos, incapazes de derrotarem um adversário humilhado pelo colosso bávaro. O Sporting, espécie de grupo excursionista na Europa do futebol, tinha sofrido contundente revés nas suas aspirações europeias, mas foi capaz de travar as aspirações portistas. O medo de perder venceu claramente o desejo de ganhar. Numa partida eminentemente táctica, onde a ponderação, o calculismo e a moderação deram cartas, a conquista de um ponto foi um mal menor. A 10 jornadas no fim, multiplicavam-se as entrevistas com o “mago” que pagou 4 milhões por Balboa, com este a afirmar a convicção de um Benfica campeão. Com o Apito Dourado a definhar, moribundo, a sanha persecutória de quem apenas encontra motivo para viver no ódio que destila ao azul e branco virou-se para as transferências, com as investigações a fazerem manchete nas páginas dos pasquins lisboetas. Tanta azia…

continua na próxima semana...

18 comentários:

  1. Nesta caminhada do tetra q aqui nos trazes meu caro Paulo, faço um stop ao minuto 71 do FCP-Rio Ave.
    Com o golo de Coentrão este «lucho» ficou quase «morto», de lágrimas nos olhos quase não querendo ver a penosa parte final do jogo. Mas eis que ao minuto 87 a luz do tetra se acendeu e numa explosão de alegria (após o decisivo golo de cabeça de Farias) voltei à vida, ressuscitei, gritei, dei asas à minha louca paixão pelo Porto. E nessa altura não travei as lágrimas, escorreram-me pelo rosto e agradeci aos deuses azuis e brancos. Obrigado FC Porto por todas estas noites de alegria q concedes a tanta e tanta gente.

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  2. Eu acredito. E tu?02 julho, 2009

    Rapaz de pouca fé.

    Aos 71m, ficaste "quase morto" com tanto tempo para jogar?

    Isso é que confiar na equipa. Se os adeptos, aos 71m, já não acreditam, quem vai acreditar?

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  3. Naquela altura os jogos em casa eram de autêntico sofrimento.

    Foram minutos de terror.

    Mas se me queres desvalorizar enqt adepto estás à vontade. Força nisso.

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  4. E a magnífica viagem do tetra continua...

    Mais uma vez, excelente!

    Lucho,

    Também eu entrei em desespero com esse golo e a possibilidade de voltarmos a não vencer em casa. Até falámos desse jogo na viagem até ao Algarve.

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  5. Sevilha03 foram 6 horas a falar de jogos do FC Porto:)

    No regresso é que a vontade de falar era menor:)

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  6. Porque benfica e sporting são os únicos com letra maiuscula?

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  7. O Almeida pergunta:

    Porque benfica e sporting são os únicos com letra maiuscula?

    O Azulibranco responde:

    Pela mesma razão que uma criança se tem que pôr em cima de um banco para chegar onde chegam os grandes.

    Abraço.

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  8. Já é comum dizê-lo, roçando até um nadinha a lamechice, mas a verdade é uma... este Paulo Pereira, a escrever, até faz levantar um morto, carago :D

    Destas então mais 5 jornadas, recordo 3 momentos:

    1) a recepção aos GAYvotas na 17ª jornada, num jogo sensaborão, e como já habitualmente, com uns escribas no pós-jogo a falarem do que convém, esquecendo o essencial... nada que já não seja habitué vinda dessa trupe de mentecaptos e acéfalos.

    2) o deixa andar na recepção ao Rio Ave, onde mais uma vez, foi preciso ir buscar forças ao fundo do baú para já nos instantes finais, Farias bisar e tranquilizar as bancadas do Dragão que já efervesciam a todo o gáz.

    3) por fim, o ainda mais sensaborão na recepção aos lagartos, com um jogo que me relembro bem, mas por um motivo só: a quantidade de vezes que bocejei ao longo do jogo... porque seria?

    E prontos, agora como se costuma dizer, "e venham mais cinco"... prá semana.

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  9. Ouçam lá. Que andam a fazer. blogs como o vosso serve para que?
    Estamos na epóca de transferências e vocês nem umas palavrinhas. não tem opinião. que crl anda o Porto a fazer? acordem

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  10. Ei, eu sou portista, perguntei memso porque não sabia --"

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  11. 1º Excelentes palavras Paulo, como sempre, uma habitué já.

    2º Caro anónimo, Blogs como este servem, acima de tudo para uma afável, democrática e construtiva tertulia, troca de ideias, palvras, histórias e estórias e noticias acerca de algo que temos em comum, o nosso Amor pelo Porto e nao para dar aquilo que querem que se imponha. É por isso que o blog é ja uma referencia tanto no seio portista como na blogoesfera.

    abraços

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  12. Uma bela análise à época portista.
    Não foi uma caminhada brilhante, o futebol jogado, principalmente em casa, não foi famoso, mas os grandes objectivos da temporada foram alcançados com mérito e só os mentacaptos não reconhecem a justiças das nossas vitórias.

    Um abraço

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  13. Anónimo,

    Se não servir para mais nada, que sirva ao menos para marcar uma diferença, que nem é para melhor, nem para pior, apenas "diferença" do que 95% dos blogs falam... todos ou quase todos do mesmo.

    Aliás, basta passar ao longo do dia em 3, 4 ou 5 de referência para rapidamente sentires que te parece estar sempre a "ler do mesmo".

    Tem que haver espaço para tudo... nós, por cá, tentamos fazê-lo... mesmo que aparentemente não gostes nem um pouco ou até penses que andamos a dormir... levando-nos a pensar que talvez que ande a dormir não sejas tu propriamente, mas tão pouco, andes muito distraido de quais são as nossas linhas orientadores para este espaço de tertúlia.

    Em certa parte, lamentamos... mas para falar do "diz que disse", do "ouvi dizer que", do "contaram-me que", não achas que já bastam os jornais e alguns (muitos) blogs?

    Então sim, quando todas essas coisas passarem do "virtual" para o "real", nessa altura, se calhar, mais do que nunca, se possam dar largas à escrita e cada qual, opinar ao seu gosto.

    Até lá, it's only silly-season... eu, quiçá, até lhe chamar-lhe-ia uma coisa mais pomposa e própria das nossas tradições: folclore, mto folclore!

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  14. Viva !

    Grande texto, novamente. Que bela escrita !

    E, continuo a pensar que sem fotos fica muito pujante.

    A mim marcou-me, quanto a esta fase, o Porto-Benfica. Falta mais que evidente sobre Lucho, antes do intervalo, que poderia ter mudado o curso dos acontecimentos.

    Com o 1-1, acho que se assistiu a um jogo em que ninguém queria perder desfigurando-se, assim, o espectáculo.

    Essa do Sporting "grupo excursionista na Europa do Futebol" está excelente !

    E Viva o Porto !

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  15. O Porto vs Rio Ave foi um jogo tramado!
    Estava tudo muito bem até que o menino coentrão marca um belo golo e provoca de maneira infantil e extremamente imatura(à imagem dele,vê-se logo o clube a que pertence) todos os portistas.

    Tentei sempre afastar a ideia de não íamos conseguir o golo da vitória.
    E,bem,aquele golo do Farías foi um dos que mais festejei!
    Porra,daquela vez não houve nada que nos impedisse de ganhar!A bola entrou,e por mais uma vez até,para grande infelicidade do Fábio Coentrão que ainda por cima se lesionou, e foi dizer ao flash interview que a culpa era...do árbitro.

    Não sei pq razão é que o slb dispensou este jogador!


    Abraço :)

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  16. Acho que nessa 20ª jornada, pude assitir ao pior jogo de futebol no Dragão!
    Saí de lá assim:

    " Fo**-se, e pago eu tanto dinheiro para ver o Jesualdo jogar no Dragão À defesa? Não criamos uma opurtunidade carago !! Esta época não ponho cá mais os pés!!"

    O resto, já se sabe, 15 dias depois lá estava eu !!

    Novo Blog:
    http://carregaporto.blogspot.com/

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  17. Mais uma excelente análise Paulo!

    Boa vitória em Belém, com arbitragem tramada. Empate a 1-1 na recepção aos mouros, com um jogo longe de ser brilhante, e tal como o Blue disse, com a comunicação "do regime" social e dar ênfase ao que lhe apetece, escondendo casos bem mais inacreditáveis. Mas depois de saber que nos últimos 90 penáltis marcados na 1ª divisão, só 1 é que foi simulação, já nem digo nada!!!!!!
    Recepção aos vila-condenses, sofridinho. Também uma boa vitória na Mata Real, com mais uma amostra de incrível! E por fim um jogo bastante apático contra os calimeros. Não estivemos bem este ano nos jogos em casa.

    Abraço

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