09 julho, 2009

O tetra, jornada a jornada - parte IV

21ª jornada
[leixões, 1 – porto, 4]

10, 9, 8, 7... a contagem decrescente, rumo ao sonho, era feita pela massa associativa azul e branca, cada vez mais esperançada em novo feito histórico. Os jogos eram vividos numa montanha russa de emoções. Alegria e júbilo, abraçados umbilicalmente à decepção e frustração. Os 90 minutos, excruciantes, vividos isoladamente. Jogo a jogo. Como se fossem finais. E quando o apito do árbitro, correspondente ao epílogo de mais uma partida, soava tridente, a satisfação do dever cumprido tomava conta de todos. Mais um obstáculo ultrapassado. E o tetra a sorrir, lá no fundo do túnel. A 21ª ronda coincidiu com o elevar da contagem da diáspora portista. A abertura da 109ª cada do Porto, na localidade de Mira, foi devidamente esmiuçada aqui no blogue, como forma de agradecimento pelo concretizar de novo altar de devoção ao emblema do Dragão. Os pupilos de Jesualdo, na curta deslocação a Matosinhos, deram festival. 4 golos frente a um adversário incómodo, com o predador Lisandro a começar a partida numa posição pouco habitual: no banco. Um Porto que parecia um harmónio, pleno de afinação, obrigando as gargantas nas bancadas a saudarem com “olés” as jogadas de fino recorte, esteticamente perfeitas. Com Hulk, Meireles e Mariano Gonzalez “on fire”, os 3 pontos vieram no bornal portista, até à Invicta.

22ª jornada
[porto, 2 – naval, o]

Sem euforias, mas plenos de confiança nas suas faculdades. Era assim que se sentia o pulso a uma equipa que, pela primeira vez sob o reinado de Jesualdo, tinha atingido os quartos-de-final da Champions. Pese o empate, sem golos, frente ao colchoneros, as duas exibições portistas frente ao Atlético tinham aguçado o apetite dos observadores imparciais. Potencial enorme, capacidade de sofrimento e possibilidades reais de fazerem mossa, independentemente do nome do futuro adversário. Na Liga caseira, o Leixões cilindrado em casa pelo Porto tinha, de seguida, surpreendido a equipa de Quique, cada vez mais mal amado e já sem direito às habituais parangonas elogiosas no jornal do Delgado e do Serpa. Na Invicta, preparava-se com ansiedade a recepção à Naval, protagonista de grande surpresa, na 1ª volta, ao derrotar os Dragões. Tudo foi diferente, desta feita. Jogo de sentido único, com o já habitual cheirinho a terras argentinas, não fossem os autores dos golos compatriotas de Maradona e Cª. Mariano e Lucho, criadores dos tentos, faces mais visíveis de todo um trabalho de equipa, na ultrapassagem de novo opositor. Cheirava a tetra. Com intensidade. A vantagem pontual, para o Sporting, 2º classificado, era agora de 4 pontos. A exibição não teve mácula. Equipa concentrada, dominadora, rápida nas transições, sólida competitivamente, afastando de vez o espectro dos empates caseiros. Venha o próximo, gritava-se no Dragão…

23ª jornada
[Guimarães, 1 – porto, 3]

Enquanto as bravatas se sucediam, fruto do crescente desespero (Rui Costa era protagonista, diariamente, na página da Bola, fazendo manchete uma frase lapidar, na edição de 19/03, com o “comigo não há impossíveis” a demonstrar o distanciamento do dito cujo da realidade onde vivia], o Porto conhecia o seu adversário na mais elitista competição europeia. Os red devils, de boa e recente memória, seriam um opositor de respeito, num confronto que se esperava com alguma inquietação e desassossego. Sem grandes dificuldades, o Porto desembaraçava-se de uns exemplares profissionais do Estrela da Amadora, na 1ª mão da renovada Taça de Portugal. A exibição consistente, mais do que o resultado, colocava desde já os atletas portistas com pé e meio no Jamor. Enquanto uns exultavam de alegria por vencerem, de forma desonesta, a Taça da Liga, espécie de “liga dos campeões dos pequeninos, à maneira lusitana”, o blogue lançava uma campanha exclusiva, procurando que Eduardo Filipe, exemplo perseverante da mística portista, permanecesse mais um ano na equipa de andebol. No futebol, a deslocação à cidade-berço prometia ser escaldante. O encontro correspondeu, por inteiro, às expectativas. O Porto de então, exalando segurança por todos os poros, soube reagir à adversidade no marcador para, em grande estilo, conquistarem mais “3 envelopes para o título”. Essa tarja, de humor refinado, exibida orgulhosamente pelos Super Dragões, foi um dos momentos altos na noite em que o servilismo pacóvio dos vimaranenses, cedendo aos interesses das agremiações lisboetas, foi punido de forma exemplar. Nos 90 minutos de batidas cardíacas desordenadas e intensas, Meireles e Fernando foram enormes, pulmões do meio-campo sempre hiperactivos, motores de um Porto pujante.

24ª jornada
[porto, 3 – e.amadora, 0]

Era tempo de sonhos. A mágica noite de Old Trafford, apenas atraiçoada por um Destino que foi cruel, permitia total liberdade aos anseios, aos sonhos de conquista de uma Europa. No “teatro dos sonhos” inglês, a soberba britânica foi calada pela raça indómita de quem nunca se verga. Relembrando noites históricas, a portentosa exibição colectiva frente aos “boys” de Ferguson acalentava os ânimos, crentes numa passagem às meias. Por cá, a recepção ao Estrela, adversário inócuo, não trouxe surpresas de maior. Resultado robusto, com o capitão Bruno Alves a abrir o caminho da goleada, fechada com um bis de Farías, verdadeiro predador junto da pequena área. O Porto desbravava mais um pouco do caminho até à coroação, em novo jogo de sentido único. O factor mais relevante aconteceu…fora das quatro linhas. Os briosos profissionais do Estrela, causticados por sucessivos meses de salários em atraso, tinham treinado afincadamente, antes da deslocação à Invicta. Até aqui, nada de estranho. Mas se compararmos com a semana antecedente quando, antes da recepção ao clube da águia, resolveram fazer greve, a suspeita fica no ar. Sete meses sem receberem salários. Sete. E apenas fazem greve antes da recepção à “locomotiva de transparência do futebol nacional”? Que forte cheiro a esturro…

25ª jornada
[académica, o – porto, 3]

Sem Lucho, lesionado (estávamos longe de saber que não mais o veríamos jogar, de Dragão ao peito), e digerindo ainda a derrota amarga frente ao Manchester, com um único pontapé feliz de um cromo com um ego do tamanho do universo a fazer a diferença, o Porto preparava a recta final da temporada. A questão que bailava em muitas mentes era até que ponto a equipa se ressentiria da eliminação europeia, com a dose cruel de injustiça a aguilhoar ainda mais o espírito. A resposta, possível, foi dada em Coimbra, frente a uma Académica que tinha como timoneiro uma antiga glória azul e branca. O triunfo, enganador e com números algo pesados, mostrou que os pupilos de Jesualdo, mesmo denotando alguns irritantes sintomas de depressão, não esqueceram de todo os seus deveres profissionais. Sabendo que só a vitória interessava, depois de o Sporting ter vencido, na véspera, em Guimarães, foi o delfim de Bruno Alves a abrir o caminho do triunfo. Rolando, imagem da discrição fora de campo, sereno e esbanjando classe dentro das quatro linhas, marcou um golo de suprema importância, retirando a pressão de cima da equipa. Depois, Lisandro e Mariano trataram de sossegar os corações mais inquietos, protegendo a vitória desejada.

finaliza na próxima semana...

11 comentários:

  1. Destes 5 jogos, destaco 4 momentos:

    1) A vitória em Matosinhos, conseguida de forma categórica e a tirar todas as dúvidas a quem duvidava da nossa superioridade em relação aos rivais da 2ª circular.

    2) O jogo em Guimarães, que nos lançou definitivamente na rota do tetra. Nessa noite, dormi descansado, porque senti que íamos ser campeões!

    3) O golo de livre do Bruno Alves ao Estrela. Foi o único jogo que falhei na época passada no Dragão. Vi o jogo na TV e gritei nesse golo como um desalmado! Depois do erro em Manchester, senti que aquele momento estava a repor a justiça à brilhante época do Bruno Alves.

    4) O jogo em Coimbra, a seguir à eliminação da Champions, tinha uma importância acrescida, sobretudo no aspecto anímico. Apesar da péssima 1ª parte, a equipa venceu, sendo que só isso importava naquele momento.

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  2. Eu tb julgo q Coimbra foi fundamental para o tetra, ganhamos lá um jogo mt difícil e o Sporting enterrou lá as suas últimas aspirações... COIMBRA TEM MAIS ENCANTO VESTIDA DE AZUL E BRANCO!

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  3. Desta vez, a lembrança do arranque definitivo rumo ao TETRA e mai'nada!!!

    apenas, 3 notinhas memoriais:

    a) alta rotação em Matosinhos, numa deslocação que trazia em si, algum receio pelo oponente e resultados completamente meritórios que foi obtendo ao longo do campeonato, onde só um SUPER-PORTO conseguiria partir a loiça... e não é que conseguiu mesmo?

    b) na visita ao Minho, ninho dos GAYvota nessa área geográfica, a sodomização perfeita ao aliado estratégico e interesseiro dos palermas da 2ª circular... consequência?! como dizia, uma sodomização perfeita ao parceiro dos GAYvoras, em jeito de felicitações com direito a papel celofane e laço a condizer, pelo 1º e único casamento homossexual realizado até hoje em Portugal... os dos Minho com os do clube de ciclistas com nome de freguesia... Aguentem otários!!!

    c) vitória meritória, mas sofrida a bom sofrer, na cidade dos estudantes, ainda que com uns primeiros 45m sofriveis, no pós eliminação da Champions League aos pés dos de Manchester... quero crer, que com esta vitória, deu-se o arranque definitivo rumo ao TETRA!

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  4. Guimarães, Coimbra e Madeira, onde conseguimos vitórias claras, em circunstâncias difíceis, foram os momentos mais importantes, de uma caminhada, que foi muito melhor fora que em casa.

    Um abraço

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  5. Qual é a sua verdadeira intenção, ó Ricardo de Sousa? A de ver o Porto a ganhar ou o Senhor Pinto da Costa a perder?

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  6. Ora então cá vai...

    Vitória gorda em Matosinhos, sem espinhas! Bom jogo colectivo.

    Mais 3 pontos contra a Naval, em casa, e o Tetra cada vez ficava mais perto.

    Na 23ª jornada, um bom duelo, "invasão a espanha" :)) Vitória categórica, Hulk a sair muito maltratado (nada de expulsões, tudo a rolar normalmente!!!...) e uma bela frase dos adeptos azuis e brancos nos instantes finais do jogo!

    No fim-de-semana da Páscoa (grande coicidência amigo Sevilha 03, este foi também o único jogo da temporada no Dragão - contando até com amigáveis de pré-época-, que eu falhei!!! Exactamante por estar de férias) mais uma vitória e menos três pontos para o desejado título. Já depois do brilhante empate em casa do Campeão Europeu, gostei muito do golo do Bruno Alves de livre directo, como que a "redimir-se" e a levantar os braços para os adeptos. Grande Bruno!

    Coimbra... foi uma lição, mais um "3-0" a deixar-nos a poucos jogos dos festejos..

    Abraço

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  7. Azulibranco,

    Não tenho intenções.
    E também não sei qual é a sua intenção ao perguntar isso!

    Labaredas ataca de novo:
    http://carregaporto.blogspot.com/

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  8. Estilhaço,

    Parece-me é que o Senica está já a ensaiar o 5 inicial para o Benfas da próxima época.
    Haviam alturas que estavam na quadra 4 jogadores do Benfas (para não dizer 5).
    E demurou uma eternidade a lançar o Reinaldo!

    Abraço

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  9. Ricardo Sousa. Todos temos o direito de exprimir opiniões, mesmo que elas por vezes não sigam o espírito dos comentários mais típicos da assembleia presente, mas não concordo que para saber o que realmente quer dizer, me mande para o seu blogue. Já lá fiz algumas visitas e sinceramente, confesso, sinto-me bem melhor por aqui.

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  10. Ricardo de Sousa só faz publicidade -.-'
    Penso que Coimbra e Matosinhos foram os jogos mais cruciais ..

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  11. Viva !

    Texto magnífico !

    Para mim, dos jogos referidos, o que maior apreensão me criou foi o jogo contra a Académica ( pelas razões acima indicadas ) e também porque para mim a Académica sempre foi uma espécie de besta do azar para o Porto ( Talvez por aquele penalti falhado do Nóbrega há já muitos anos ).

    Depois, com a vitória, ficou tudo ok !

    E Viva o Porto !

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