HÁ jogadores que, por muito que se esforcem, nunca conseguem convencer os adeptos. Há outros a quem, pelo contrário, tudo parece ser tolerado. No FC Porto, acontece precisamente o mesmo. Veja-se o contraste entre Mariano Gonzalez e Raul Meireles, por exemplo. E poderia invocar Helton, mas não quero que pareça, até porque não é, uma obsessão minha contra o guarda-redes titular. A meu ver, Mariano Gonzalez não merece a permanente desconfiança de muitos adeptos, que nem esperam pelo seu primeiro erro para o assobiarem. Ora, o argentino é um jogador de combate, que corre o campo todo, que tem uma atitude despretensiosa, que tenta combinar com os colegas, que aceita as instruções do treinador e que, por isso, é dos mais polivalentes do plantel.
É essa sua polivalência que, provavelmente, mais contribui para que o jogador seja apoucado e até ridicularizado por alguns adeptos que não compreendem a forma abnegada como tenta corresponder ao que lhe é solicitado. Felizmente para ele, é por essa sua faceta, pelo seu empenho e pela sua grande disponibilidade, e pela sua boa visão táctica do jogo, que a equipa técnica do FC Porto continua a contar com ele como um semi-titular.
Mais uma vez, no jogo com o APOEL, o jogador foi injustamente apupado durante a primeira parte, em que a sua colocação em campo, substituindo o lesionado Belluschi, não favorecia as suas características. Viu-se, aliás, que logo que o treinador alterou o posicionamento das suas peças, Mariano melhorou de rendimento. A partir desse momento, tentou rematar à baliza, recuperou bolas e acertou os passes e esteve ligado ao melhor momento da equipa.
Só é pena que tenha acabado por ser expulso num lance desnecessário, em que me pareceu ter sido vítima de um excesso de zelo do árbitro, já que a sacudidela injustificada mereceria um amarelo, mas não foi uma agressão que, essa sim, justificaria o cartão vermelho. Mas, até nesse caso, e pelos comentários que ouvi aos adeptos após o jogo, é triste a forma como o jogador é subvalorizado. Fosse outro o jogador, haveria muita gente a clamar que ele fora mal expulso, e certamente não haveria quem dissesse «não fez falta» ou «ainda bem porque assim não joga em Chipre».
Pois, reconheço que gostaria que o FC Porto tivesse jogado com Belluschi, e talvez Guarín tivesse feito melhor, mas quando penso no colombiano, creio que ele podia ter entrado de início para o lugar de Raul Meireles, um dos jogadores predilectos da massa associativa e que, a meu ver, jogou pior do que Mariano e, mais uma vez, passou ao lado do jogo, evitando meter o pé, incapaz de transportar a bola e de pensar as transições.
Já sei que dirão que Meireles é um jogador com fibra, que sua a camisola, e é abnegado mas, reconhecendo tudo isso, deixo aqui a pergunta: e não será que o argentino tem todas essas qualidades? Pois, a verdade é que, até no futebol, há filhos e enteados...
Hulk e os assobios HÁ muito que reclamo contra o coro de assobios das bancadas do Dragão, quando este tem como alvo atletas da casa. Creio que este péssimo hábito não existia no antigo e velhinho Estádio das Antas onde havia exigência, e um tribunal, mas onde havia, também, mais aplausos que assobios. Ora, não fossem as nossas claques, dá ideia, por vezes, e em especial para alguns atletas, que há quase tantos assobios como aplausos. Não se trata apenas de Mariano, por razões que acima explico. Também Hulk, como aconteceu com Quaresma no passado, é frequentemente vaiado, como voltou a acontecer com o APOEL, em que ele foi o melhor em campo. Pois, será individualista, mas não é essa uma pecha de todos os artistas?
Quando falta um timoneiro UMA das coisas que me surpreende na falta de inspiração de Raul Meireles é o contraste entre as suas prestações, por contraste com o que fazia no ano passado, e com as suas exibições na Selecção Nacional. Ninguém pode acusar o médio portista de falta de empenho, porque se percebe que vive o jogo com emoção e com dedicação mas, no jogo com os cipriotas, só não foi o pior dos jogadores porque Mariano resolveu sair mais cedo de cena, por uma infantilidade. Apesar do seu belo final de época sem Lucho, creio que a batuta do argentino faz muita falta a Raul. É por isso, se calhar, que tem jogado bem na Selecção, porque está lá Deco ao seu lado, como mestre da orquestra…
A capital do império NÃO me faz confusão que o jogo do play-off contra a Bósnia-Herzegovina seja realizado em Lisboa. Apenas me incomoda que invoquem o «necessário apoio à Selecção», porque esse também existe na parvónia, como se viu em Guimarães, e até foi na Luz, que nem sequer encheu no jogo com a Hungria, que o seleccionador nacional foi assobiado e apupado. Surpreende-me, também, que os velhos e incondicionais defensores do Estádio Nacional não se lembrem da existência desse palco para a realização deste jogo. Afinal, em que ficamos? Será que o Estádio Nacional só serve como handicap para as equipas de Lisboa, e que é por isso o palco obrigatório para a realização da final da Taça de Portugal?
Discurso perigoso SABERÁ o leitor atento quanto admiro Carlos Queiroz. Creio que muitas das críticas que lhe têm sido feitas são injustas, e espero que tenha tempo e condições para realizar um trabalho de fundo na Federação. Mas não posso concordar quando o seleccionador nacional faz referências aos jogos do play-off com a Bósnia-Herzegovina como se partíssemos para esses duelos em condição de igualdade. Pois, é verdade que o adversário tem uma equipa interessante, que deixou pelo caminho a Turquia e marca muitos golos. Mas, francamente, há momentos em que o nosso discurso não pode ser excessivamente humilde. Somos favoritos, e devemos saber viver com o peso dessa responsabilidade.
Subscrevo na íntegra o que diz Rui Moreira. Ao fim e ao cabo, nada que eu não tivesse referido no Blog embora com menos texto e eloquência. Mas as ideias são as mesmas. Há que reflectir sobre isto... Com urgência ...
Rui Moreira:
ResponderEliminarFilhos e enteados
HÁ jogadores que, por muito que se esforcem, nunca conseguem convencer os adeptos. Há outros a quem, pelo contrário, tudo parece ser tolerado. No FC Porto, acontece precisamente o mesmo. Veja-se o contraste entre Mariano Gonzalez e Raul Meireles, por exemplo. E poderia invocar Helton, mas não quero que pareça, até porque não é, uma obsessão minha contra o guarda-redes titular.
A meu ver, Mariano Gonzalez não merece a permanente desconfiança de muitos adeptos, que nem esperam pelo seu primeiro erro para o assobiarem. Ora, o argentino é um jogador de combate, que corre o campo todo, que tem uma atitude despretensiosa, que tenta combinar com os colegas, que aceita as instruções do treinador e que, por isso, é dos mais polivalentes do plantel.
É essa sua polivalência que, provavelmente, mais contribui para que o jogador seja apoucado e até ridicularizado por alguns adeptos que não compreendem a forma abnegada como tenta corresponder ao que lhe é solicitado. Felizmente para ele, é por essa sua faceta, pelo seu empenho e pela sua grande disponibilidade, e pela sua boa visão táctica do jogo, que a equipa técnica do FC Porto continua a contar com ele como um semi-titular.
Mais uma vez, no jogo com o APOEL, o jogador foi injustamente apupado durante a primeira parte, em que a sua colocação em campo, substituindo o lesionado Belluschi, não favorecia as suas características. Viu-se, aliás, que logo que o treinador alterou o posicionamento das suas peças, Mariano melhorou de rendimento. A partir desse momento, tentou rematar à baliza, recuperou bolas e acertou os passes e esteve ligado ao melhor momento da equipa.
Só é pena que tenha acabado por ser expulso num lance desnecessário, em que me pareceu ter sido vítima de um excesso de zelo do árbitro, já que a sacudidela injustificada mereceria um amarelo, mas não foi uma agressão que, essa sim, justificaria o cartão vermelho. Mas, até nesse caso, e pelos comentários que ouvi aos adeptos após o jogo, é triste a forma como o jogador é subvalorizado. Fosse outro o jogador, haveria muita gente a clamar que ele fora mal expulso, e certamente não haveria quem dissesse «não fez falta» ou «ainda bem porque assim não joga em Chipre».
Pois, reconheço que gostaria que o FC Porto tivesse jogado com Belluschi, e talvez Guarín tivesse feito melhor, mas quando penso no colombiano, creio que ele podia ter entrado de início para o lugar de Raul Meireles, um dos jogadores predilectos da massa associativa e que, a meu ver, jogou pior do que Mariano e, mais uma vez, passou ao lado do jogo, evitando meter o pé, incapaz de transportar a bola e de pensar as transições.
Já sei que dirão que Meireles é um jogador com fibra, que sua a camisola, e é abnegado mas, reconhecendo tudo isso, deixo aqui a pergunta: e não será que o argentino tem todas essas qualidades? Pois, a verdade é que, até no futebol, há filhos e enteados...
(cont...)
(cont...)
ResponderEliminarHulk e os assobios
HÁ muito que reclamo contra o coro de assobios das bancadas do Dragão, quando este tem como alvo atletas da casa. Creio que este péssimo hábito não existia no antigo e velhinho Estádio das Antas onde havia exigência, e um tribunal, mas onde havia, também, mais aplausos que assobios. Ora, não fossem as nossas claques, dá ideia, por vezes, e em especial para alguns atletas, que há quase tantos assobios como aplausos. Não se trata apenas de Mariano, por razões que acima explico. Também Hulk, como aconteceu com Quaresma no passado, é frequentemente vaiado, como voltou a acontecer com o APOEL, em que ele foi o melhor em campo. Pois, será individualista, mas não é essa uma pecha de todos os artistas?
Quando falta um timoneiro
UMA das coisas que me surpreende na falta de inspiração de Raul Meireles é o contraste entre as suas prestações, por contraste com o que fazia no ano passado, e com as suas exibições na Selecção Nacional. Ninguém pode acusar o médio portista de falta de empenho, porque se percebe que vive o jogo com emoção e com dedicação mas, no jogo com os cipriotas, só não foi o pior dos jogadores porque Mariano resolveu sair mais cedo de cena, por uma infantilidade. Apesar do seu belo final de época sem Lucho, creio que a batuta do argentino faz muita falta a Raul. É por isso, se calhar, que tem jogado bem na Selecção, porque está lá Deco ao seu lado, como mestre da orquestra…
A capital do império
NÃO me faz confusão que o jogo do play-off contra a Bósnia-Herzegovina seja realizado em Lisboa. Apenas me incomoda que invoquem o «necessário apoio à Selecção», porque esse também existe na parvónia, como se viu em Guimarães, e até foi na Luz, que nem sequer encheu no jogo com a Hungria, que o seleccionador nacional foi assobiado e apupado. Surpreende-me, também, que os velhos e incondicionais defensores do Estádio Nacional não se lembrem da existência desse palco para a realização deste jogo. Afinal, em que ficamos? Será que o Estádio Nacional só serve como handicap para as equipas de Lisboa, e que é por isso o palco obrigatório para a realização da final da Taça de Portugal?
Discurso perigoso
SABERÁ o leitor atento quanto admiro Carlos Queiroz. Creio que muitas das críticas que lhe têm sido feitas são injustas, e espero que tenha tempo e condições para realizar um trabalho de fundo na Federação. Mas não posso concordar quando o seleccionador nacional faz referências aos jogos do play-off com a Bósnia-Herzegovina como se partíssemos para esses duelos em condição de igualdade. Pois, é verdade que o adversário tem uma equipa interessante, que deixou pelo caminho a Turquia e marca muitos golos. Mas, francamente, há momentos em que o nosso discurso não pode ser excessivamente humilde. Somos favoritos, e devemos saber viver com o peso dessa responsabilidade.
Rui Moreira n' A Bola.
A Bola "Águia volta a ser grande na Europa" rsrsrsrs =)
ResponderEliminarSubscrevo na íntegra o que diz Rui Moreira.
ResponderEliminarAo fim e ao cabo, nada que eu não tivesse referido no Blog embora com menos texto e eloquência.
Mas as ideias são as mesmas.
Há que reflectir sobre isto... Com urgência ...