A multidão num grito só de todos nós!

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Ainda estou em êxtase! Meus amigos, que grande noite a do último Domingo, que grande exibição, que grande resultado e grandes também foram as cabeças com que os encornados ficaram. Que bem que sabe, ainda é difícil explicar o nosso estado de espírito. O nosso maior rival saiu de nossa casa simplesmente humilhado, por um Dragão sem piedade, que os vergou a um resultado histórico de 5-0. Um grande Dragão em campo, acompanhado pelos seus seguidores na bancada, que quase preencheram por completo o estádio do Dragão.

Mas não é por aqui que vou começar, mas sim pela recepção ao Besiktas na semana passada, jogo que carimbou definitivamente a nossa passagem à próxima fase da Liga Europa. O jogo terminou empatado 1-1, o FC Porto fez algumas poupanças para o clássico que se seguiria no Domingo, esteve em vantagem mas acabou por consentir o empate num grande remate de Nihat já na segunda parte.

Cerca de meio milhar de turcos compareceram no Dragão, o que me entusiasmou bastante como devem imaginar, pois foi uma oportunidade de ver ao vivo adeptos tão badalados pelo entusiasmo que transmitem para dentro de campo e postura que mantém na bancada. Ainda cá fora tive possibilidade de trocar algumas impressões com alguns, bem simpáticos, diga-se. Lá dentro, estiveram 34.139 espectadores, muito boa casa. Sectores do ultras do FC Porto praticamente lotados, num jogo em que o apoio foi bom. O material do costume presente, com natural destaque para as bandeiras gigantes dos Super Dragões, que dão sempre grande cor a curva sul. No sector visitante, tivemos uns turcos muito activos, com muitos cânticos no apoio ao Besiktas. A par dos ultras do Rapid, provaram que não é preciso muito material para se fazerem boas coreografias, basta imaginação e vontade para tal.

No final do jogo fiz questão de esperar que eles saíssem e consegui trocar um cachecol com a claque deles, que se juntará à já minha vasta colecção. Fui para casa e mal imaginava as razões que teria para festejar da próxima vez que saísse dali.

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Domingo, dia de clássico, recepção aos lampiões. Cheguei ao Dragão por volta das 16h e o ambiente já era de jogo grande. Estava bom tempo e os adeptos chegaram cedo às imediações do estádio. No sítio do costume, onde se juntam os nossos ultras antes dos jogos, quatro horas antes do apito inicial a movimentação já era enorme. Muita bifana, muita cerveja, tudo em clima de convívio. Vi adeptos que vinham de vários pontos do país para assistir ao jogo. Às 17h já um mar azul e branco habitava desde a alameda até à estação do metro. Enquanto esperávamos pelos carneiros, íamos centrando atenções no andebol, que disputava a essa hora também o clássico.

Os bilhetes esgotaram a meio da semana nas bilheteiras do nosso estádio. Esperava-se casa cheia. Para além da enchente portistas que já se verificava, estava montado um aparato policial digno de terceira guerra mundial. Não dávamos dez passos sem observar quatro carros do corpo de intervenção, dez spotters e áreas delimitadas pela PSP. Não costumo passear em Alto dos Moinhos quando lá vamos, mas tenho serias dúvidas se a organização é a mesma. Uma segurança apertadíssima, que impedia os próprios adeptos do FC Porto de se deslocar livremente. Mais um tempinho passado e chega o cortejo dos ilegais ao Dragão. Vieram de comboio e fazem o trajecto de Campanhã ao Dragão a pé, com um cordão policial à volta, conhecido como caixa de segurança. Sim, os ilegais têm tanto direito a caixa de segurança como nós. Aproximamo-nos o mais possível para lhes dar as boas vindas e fomos logo parados pela polícia. Vinham todos contentes, mal sabiam o que os esperava. Demorou alguns minutos até passarem os cerca de 2000 lampiões. Não me lembro de quando lá vou, entrar duas horas antes do inicio do jogo.

Depois disto, o pessoal concentrou-se à volta do “P1”, a garagem onde os autocarros iriam entrar, mais cedo ou mais tarde. E aí também houve reforço policial. Puseram duas carrinhas à nossa frente, não sei se a ideia era fazer daquilo um escudo. Até fotógrafos malcriados tivemos de aturar, mesmo depois de lhes dizermos para não nos fotografar, apontavam as máquinas e fotografavam ininterruptamente na nossa direcção, como forma de provocação. Púnhamos os cachecóis à frente e eles baixavam-se para continuar a fotografar.

O clube do regime foi o primeiro a chegar. Uma assobiadela monumental, gestos, e cânticos intimidatórios. Alguns minutos depois chegou o FC Porto, estrondosamente ovacionado e encorajado.

Cerca de uma hora antes do inicio entrei para as bancadas. Já tive dificuldade em arranjar lugar na curva sul, pois já estava cheia à hora que entrei. Entravam as equipas para o aquecimento e a festa começou na bancada, já com picardias de parte a parte. O estádio do Dragão recebeu 49.817 adeptos, o que significa que falharam alguns lugares anuais. Sector dos ultras portistas a rebentar pelas costuras. Tudo junto pronto a puxar pelo Porto! No sector dos ilegais estava menos gente do que em Maio passado.

À entrada das equipas, o estádio ficou fabuloso, duas grandes coreografias elaboradas pelas nossas claques, enquanto tocava o hino. Arrepiante! Na superior norte, uma tarja que dizia “15 anos com o Colectivo a teu lado”, acompanhado com um pano com símbolo da claque, que festejou o seu aniversário em Julho passado. Tinha também várias bandeiras azuis, brancas e amarelas, que formavam as siglas da claque “C95”. Na superior sul, três panos gigantes, um com o símbolo do clube, outro com a marca “12” e no meio o plantel do FC Porto. À frente, uma tarja onde se lia “Nascidos do fogo para vencer”. O resto do estádio levantava cartolinas, umas azuis escuras, outras mais claras. A acompanhar isto tudo, vários petardos e alguma pirotecnia. Nos ultras benfiquistas, os No Name Boys e os Diabos Vermelhos abriram algumas tochas e também levantaram uma tarja que dizia “Ladrões à força”. O que eles queriam dizer era “Humilhados à força”, com certeza.

Em relação ao nosso apoio e começando pelos Super Dragões, vou ser justo, foi muito bom, mas poderia e deveria ter sido melhor. Pecaram no poder vocal, pois notei que houve mais tempos ”mortos” do que o costume neste tipo de jogos. Mesmo assim, considero positivo. Durante o jogo, foram levantadas três frases na curva sul, dedicadas aos lampiões: “Se querem segurança a norte façam reunião com o rui pereira no vosso camarote!”, “Sempre presentes e sem medo é o lema desde a fundação… só não se aplica nas Antas e no Dragão” e “Menos 10 pontos, Game Over”. Na “mouche”!

Do outro lado o Colectivo esteve bem, fez-se ouvir em alguns momentos e destaco a “tochada” por volta dos 20 minutos do encontro.

O sector visitante só se vez ouvir no aquecimento, pois o resultado não os ajudou de forma nenhuma.

Foi uma noite memorável, a cada golo o “speaker” pedia para anunciarmos o resultado dizendo “FC Porto” e “Visitante”. Ao quarto golo dei por mim a subir três ou quatro filas à procura dos meus amigos, ao som de “Ora dá cá um e a seguir dá outro, depois dá mais um, que só dois é pouco…”



Depois de Aveiro, ficou novamente provado onde andam os melhores ultras nacionais. “Não vos ouvimos, palhaços não vos ouvimos!”. No final do jogo foi a continuação da festa, com o estádio inteiro a desejar um “bom natal para todos vós”. Único, para mais tarde recordar.

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Giustizia per Gabriele

Para quem não sabe, hoje é um dia triste para o mundo ultra. Faz hoje três anos que Gabriele Sandri foi assassinado. Era um ultra da Lázio, que se deslocava a Milão para ver o seu clube jogar com o Inter, e levou um tiro fatal de um polícia numa bomba de gasolina. Uma triste história, recordada vezes sem conta por ultras de todo o mundo. Sendo eu, um apaixonado por este mundo, aqui fica uma homenagem a ti Gabo:



GABRIELE UNO DI NOI!

GABRIELE SEMPRE PRESENTE!

Um abraço Ultra.