http://bibo-porto-carago.blogspot.com/
Actualmente, é unânime a opinião de que os reforços de Benfica e Sporting são como os programas da TVI: mesmo antes de os vermos já desconfiamos que não vão ser grande coisa. Numa altura em que até os Estados Unidos já desistiram de encontrar armas nucleares no Iraque, os clubes do subúrbio lisboeta continuam a acreditar que podem disputar o título da próxima época. Essa ilusão é alimentada pelos jornalistas que insistem em classificá-los de nossos "rivais". Quando oiço falar na TV de "rivais do FC Porto" acho sempre que estão a falar de clubes como o Barcelona ou o Manchester United - clubes que, embora muito inferiores ao Nosso, ainda nos vão dando alguma luta na cena internacional. Dizer que Benfica e Sporting são rivais do FC Porto é o equivalente a considerar o Tiririca um temível adversário de Obama. É simplesmente ridículo!
Quando, por estes dias, abro um jornal desportivo e vejo os plantéis dos nossos "rivais", sinto-me como aquelas pessoas que se juntam em magotes para ver os acidentes nas auto-estradas. Os adeptos daqueles dois clubes-que-disputam-entre-si-o-2º-lugar são, na verdade, seres com fortes tendências masoquistas. Aliás, basta olhar para os plantéis de Benfica e Sporting para se perceber que aquilo é gente que adora assistir a desastres.
A fazer fé na imprensa desportiva, neste momento, 90% dos jogadores de futebol do mundo ou foram contratados pelo clube da águia ou já treinam na Academia. Felizmente, a maioria das contratações desses clubes são como as manchetes do Correio da Manha: mais tarde ou mais cedo acabam por ser desmentidas. Por estes dias, até as informações dos classificados na secção das mensagens eróticas são mais fidedignas do que as manchetes da A Bola e do Record - obviamente falo por experiência própria.
É já uma tradição. Em Junho, há as festas populares. Em Julho, há o triste espectáculo do defeso. Todos os anos, por esta altura, as direcções de Benfica e Sporting conseguem meter mais água em contratações do que um passageiro do Titanic em pleno naufrágio.
Neste momento, por toda a Europa, jornalistas desportivos perdem noites de sono a analisar os plantéis dos 3 ou 4 candidatos ao título dos seus países. Em Portugal, tudo é diferente. Os analistas portugueses têm a vida muito facilitada. Por cá, a um comentador desportivo basta estudar o plantel do FC Porto para conhecer todas as virtudes do futuro campeão. Em Portugal, a expressão "candidatos ao título" não passa de uma perífrase de "FC Porto".
Felizmente, tudo isto nos passa ao lado. Ao contrário dos outros clubes, o Porto não desperta sentimentos menores. Só de paixão para cima. Um portista não se contenta em vencer tudo. Sabemos que podemos ser ainda melhores do que aquilo. Nós não estamos interessados em contratar jogadores talentosos. Queremos apenas jogadores "à Porto". Nós, os portistas a sério, exigimos aos jogadores que sejam mais do que aquilo que são. Um portista a sério exige que o Falcao seja o Falcao e que, além disso, tenha o instinto do Gomes e o charme do Domingos; exige que o Rolando seja o Rolando e que tenha ainda a raça do João Pinto e a coragem do Jorge Costa; e exige também que o Fucile vá para casa e não saia de lá.
Ainda a óptima notícia.
Como já escrevi na última crónica, foi com incontida satisfação que tomei conhecimento que Villas-Boas ia para Londres treinar um clube de bairro. Como todos os portistas sabem, aquilo que tínhamos o ano passado ainda não era o Porto. O Porto não é aquilo. O Porto é muito mais do que isso. Lembro que, o ano passado, os portistas saiam do Estádio do Dragão todos contentes por ganhar 5-0 ao Benfica. Desculpem lá, mas isso não é o Porto. O verdadeiro portista não se pode contentar com tão pouco. Um verdadeiro portista é aquele que, depois de ganhar 5-0 ao Benfica, sai do estádio a chorar e a vociferar "Não se joga nada!". O nosso contentamento com as vitórias por menos de 8-0 significava que os portistas estavam resignados.
O ano passado, espetávamos 5 ao clube da águia e ficávamos satisfeitos. Não esperávamos mais da equipa. Os portistas estavam conformados. Era premente fazer alguma coisa. A situação não podia continuar assim. Tenho esperança que este ano vai ser diferente. Espero que, esta época, a equipa jogue ao ponto de nos indignarmos quando as vitórias forem por menos de 12 -0. Aí sim, teremos o Porto a jogar "à Porto". Villas-Boas fez muito mal aos adeptos portistas, na medida em que nos habitou a contentar com pouco. 5-0 ao Benfica é muito pouco.
Vítor Pereira vai ter um trabalho árduo pela frente. Urge tirar das mentes portistas os maus vícios que Villas-Boas deixou. Ganhar a Liga Europa? Sim, senhor. É giro. É único. É importante. Muitos clubes trocavam todo o seu palmarés e ainda hipotecavam metade do património por aquele caneco? Não tenho a mínima dúvida! Mas - e esse é o ponto - nós somos portistas. A gente quer é a Champions. Menos que isso é engraçado, mas sabe a pouco. Os portistas gostam de desafios mais espinhosos. Isto é, também gostamos dos aperitivos, mas é o bife do lombo que nos mata a fome.
Aposto, desde já, que Vítor Pereira vai ter tanto sucesso que os portistas até olharão com desdém para a última época.
Já sei que muitas vezes me acusam de ser fanático do Porto. Isso, como todos sabem, é falso. Eu não sou fanático. Eu sou um verdadeiro portista. Passo a explicar. Os fanáticos do Porto acham que o FC Porto é o melhor clube do mundo. Os verdadeiros portistas não acham. Os verdadeiros portistas têm a certeza que o FC Porto é o melhor clube do mundo. Para os verdadeiros portistas, a superioridade do Porto não é uma questão de achar. No fundo, os fanáticos são uns mariquinhas. Convém não confundir as coisas. Aliás, neste momento que vos escrevo, encontro-me todo nu só com uma tapa-orelhas da Hello Kitty - e não é nas orelhas.
Jorge Gabriel, dos presuntos ao 4 X 3 X 1 X 2
Há umas semanas, com risco para a minha própria saúde, abri o jornal Record. Qual foi o meu espanto quando descobri que Jorge Gabriel, o apresentador da Praça da Alegria e ex-apresentador do Preço Certo, é um dos cronistas residentes daquele jornal. Notável! Sempre me interessaram as opiniões desportivas de animadores de programas da manhã. Jorge Gabriel, para além de perceber imenso de presuntos e divórcios, pelos vistos é também um aturado especialista em tácticas futebolísticas. É contudo bastante intrigante ver um treinador que conseguiu despromover um clube da 2ªB criticar as opções de outros técnicos. A autoridade moral deste senhor é deveras encantadora.
Não questiono, porém, as suas habilitações para opinar sobre o Sporting. Todas aquelas conversas com o Dr. Pinto da Costa sobre mortos podem ser muito úteis para se perceber o actual estado do clube do Visconde.
Fico, pois, à espera de uma crónica de Manuel Luís Goucha n' A Bola e outra do treinador do Mamarrazes época 1986/1987 n' O Jogo.
Quando, por estes dias, abro um jornal desportivo e vejo os plantéis dos nossos "rivais", sinto-me como aquelas pessoas que se juntam em magotes para ver os acidentes nas auto-estradas. Os adeptos daqueles dois clubes-que-disputam-entre-si-o-2º-lugar são, na verdade, seres com fortes tendências masoquistas. Aliás, basta olhar para os plantéis de Benfica e Sporting para se perceber que aquilo é gente que adora assistir a desastres.
A fazer fé na imprensa desportiva, neste momento, 90% dos jogadores de futebol do mundo ou foram contratados pelo clube da águia ou já treinam na Academia. Felizmente, a maioria das contratações desses clubes são como as manchetes do Correio da Manha: mais tarde ou mais cedo acabam por ser desmentidas. Por estes dias, até as informações dos classificados na secção das mensagens eróticas são mais fidedignas do que as manchetes da A Bola e do Record - obviamente falo por experiência própria.
É já uma tradição. Em Junho, há as festas populares. Em Julho, há o triste espectáculo do defeso. Todos os anos, por esta altura, as direcções de Benfica e Sporting conseguem meter mais água em contratações do que um passageiro do Titanic em pleno naufrágio.
Neste momento, por toda a Europa, jornalistas desportivos perdem noites de sono a analisar os plantéis dos 3 ou 4 candidatos ao título dos seus países. Em Portugal, tudo é diferente. Os analistas portugueses têm a vida muito facilitada. Por cá, a um comentador desportivo basta estudar o plantel do FC Porto para conhecer todas as virtudes do futuro campeão. Em Portugal, a expressão "candidatos ao título" não passa de uma perífrase de "FC Porto".
Felizmente, tudo isto nos passa ao lado. Ao contrário dos outros clubes, o Porto não desperta sentimentos menores. Só de paixão para cima. Um portista não se contenta em vencer tudo. Sabemos que podemos ser ainda melhores do que aquilo. Nós não estamos interessados em contratar jogadores talentosos. Queremos apenas jogadores "à Porto". Nós, os portistas a sério, exigimos aos jogadores que sejam mais do que aquilo que são. Um portista a sério exige que o Falcao seja o Falcao e que, além disso, tenha o instinto do Gomes e o charme do Domingos; exige que o Rolando seja o Rolando e que tenha ainda a raça do João Pinto e a coragem do Jorge Costa; e exige também que o Fucile vá para casa e não saia de lá.
Ainda a óptima notícia.
Como já escrevi na última crónica, foi com incontida satisfação que tomei conhecimento que Villas-Boas ia para Londres treinar um clube de bairro. Como todos os portistas sabem, aquilo que tínhamos o ano passado ainda não era o Porto. O Porto não é aquilo. O Porto é muito mais do que isso. Lembro que, o ano passado, os portistas saiam do Estádio do Dragão todos contentes por ganhar 5-0 ao Benfica. Desculpem lá, mas isso não é o Porto. O verdadeiro portista não se pode contentar com tão pouco. Um verdadeiro portista é aquele que, depois de ganhar 5-0 ao Benfica, sai do estádio a chorar e a vociferar "Não se joga nada!". O nosso contentamento com as vitórias por menos de 8-0 significava que os portistas estavam resignados.
O ano passado, espetávamos 5 ao clube da águia e ficávamos satisfeitos. Não esperávamos mais da equipa. Os portistas estavam conformados. Era premente fazer alguma coisa. A situação não podia continuar assim. Tenho esperança que este ano vai ser diferente. Espero que, esta época, a equipa jogue ao ponto de nos indignarmos quando as vitórias forem por menos de 12 -0. Aí sim, teremos o Porto a jogar "à Porto". Villas-Boas fez muito mal aos adeptos portistas, na medida em que nos habitou a contentar com pouco. 5-0 ao Benfica é muito pouco.
Vítor Pereira vai ter um trabalho árduo pela frente. Urge tirar das mentes portistas os maus vícios que Villas-Boas deixou. Ganhar a Liga Europa? Sim, senhor. É giro. É único. É importante. Muitos clubes trocavam todo o seu palmarés e ainda hipotecavam metade do património por aquele caneco? Não tenho a mínima dúvida! Mas - e esse é o ponto - nós somos portistas. A gente quer é a Champions. Menos que isso é engraçado, mas sabe a pouco. Os portistas gostam de desafios mais espinhosos. Isto é, também gostamos dos aperitivos, mas é o bife do lombo que nos mata a fome.
Aposto, desde já, que Vítor Pereira vai ter tanto sucesso que os portistas até olharão com desdém para a última época.
Já sei que muitas vezes me acusam de ser fanático do Porto. Isso, como todos sabem, é falso. Eu não sou fanático. Eu sou um verdadeiro portista. Passo a explicar. Os fanáticos do Porto acham que o FC Porto é o melhor clube do mundo. Os verdadeiros portistas não acham. Os verdadeiros portistas têm a certeza que o FC Porto é o melhor clube do mundo. Para os verdadeiros portistas, a superioridade do Porto não é uma questão de achar. No fundo, os fanáticos são uns mariquinhas. Convém não confundir as coisas. Aliás, neste momento que vos escrevo, encontro-me todo nu só com uma tapa-orelhas da Hello Kitty - e não é nas orelhas.
Jorge Gabriel, dos presuntos ao 4 X 3 X 1 X 2
Há umas semanas, com risco para a minha própria saúde, abri o jornal Record. Qual foi o meu espanto quando descobri que Jorge Gabriel, o apresentador da Praça da Alegria e ex-apresentador do Preço Certo, é um dos cronistas residentes daquele jornal. Notável! Sempre me interessaram as opiniões desportivas de animadores de programas da manhã. Jorge Gabriel, para além de perceber imenso de presuntos e divórcios, pelos vistos é também um aturado especialista em tácticas futebolísticas. É contudo bastante intrigante ver um treinador que conseguiu despromover um clube da 2ªB criticar as opções de outros técnicos. A autoridade moral deste senhor é deveras encantadora.
Não questiono, porém, as suas habilitações para opinar sobre o Sporting. Todas aquelas conversas com o Dr. Pinto da Costa sobre mortos podem ser muito úteis para se perceber o actual estado do clube do Visconde.
Fico, pois, à espera de uma crónica de Manuel Luís Goucha n' A Bola e outra do treinador do Mamarrazes época 1986/1987 n' O Jogo.
Falar mal do Fucile é que não...
ResponderEliminarFoi uma provocação! ;)
ResponderEliminarescrever em registo cómico só está ao alcance de pessosas extretamente criativas, tu és uma dessas pessoas Escrevinhador! o texto está fabuloso e foi com um sorriso nos lábios que o li do princípio ao fim :) parabéns!
ResponderEliminarMuito obrigado, Dragon Soul, pelas tuas palavras !!
ResponderEliminarEscrevinhador, o teu post está uma delicia, com algum humor á mistura!;)
ResponderEliminarEstá parte final, é tudo o que eu sinto pelo nosso Porto!
"Já sei que muitas vezes me acusam de ser fanático do Porto. Isso, como todos sabem, é falso. Eu não sou fanático. Eu sou um verdadeiro portista. Passo a explicar. Os fanáticos do Porto acham que o FC Porto é o melhor clube do mundo. Os verdadeiros portistas não acham. Os verdadeiros portistas têm a certeza que o FC Porto é o melhor clube do mundo. Para os verdadeiros portistas, a superioridade do Porto não é uma questão de achar. No fundo, os fanáticos são uns mariquinhas. Convém não confundir as coisas."
BIBÓ PORTO
Obrigado, Mafaldinha, como sempre muito simpática !
ResponderEliminareSCREVINHADOR,
ResponderEliminarcomo sempre, 7 estrelas... muito, muito bom mesmo esta tua (já conhecida!) veia nada poética, mas a transbordar de ironia mordaz e altamente corrosiva ;)
parabéns e continua com este teu (muito) bom trabalho, que vais (estás!) no bom caminho.
Obrigadão, Paulo, fico muito satisfeito por saber que gostaste do meu post! Abraços!!
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