http://bibo-porto-carago.blogspot.com/
Balanços, não há nada que eu goste menos de fazer. É maçador reviver o passado, confrontarmo-nos de novo com assuntos que já arrumamos. Algumas vezes o passado alegra-nos, outras entristece-nos, mas a verdade verdadeira é que já não o conseguimos mudar e isso, quando somos exigentes com nós próprios, deixa-nos sempre um, por pequeno que seja, gostinho amargo na boca. E, no entanto, não se podem deixar de alinhar os números, os factos, aquilo que correu bem e aquilo que correu mal.
São precisos para tudo os sacanas dos balanços, mas a sua principal utilidade é construir memória. E a memória é a mais importante coisa da nossa vida. Sem ela não somos rigorosamente nada. Nós somos aquilo que recordamos.
Toda esta conversa para falar do ano futebolístico que passou. Bom, não só. As saudades de escrever neste espaço que tanto estimo, que partilho com os meus irmãos portistas já era muita, e entre a alegria de voltar a falar-vos e a necessária contenção para não vos enfiar um texto de quatrocentas páginas sobre a minha irritação com a primeira parte da época de 2012, decidi refrear-me com umas bocas iniciais sobre balanços e memória para que eu próprio tenha noção de que 3 meses de andorinhas não fazem cento e tal verões de dragões.
Claro está: não vou tentar que puxem do cigarrinho comemorativo e enfiar-vos uma estucha de factos sobre o que foi 2011. Está tudo dito: foi fantástico, maravilhoso, lindo, 5 a 0, taças, campeonatos e tal e coisa. Correu tudo bem. Ficamos todos contentes, orgulhosos, talvez o melhor ano de sempre da história do Porto. Já foi.
Bola ao centro.
“It is one thing to fear that a good system may not be able to maintain itself; it is quite another to lose faith in that system altogether”. A frase é dum historiador inglês recentemente falecido, Tony Judt. Ele escreve esta frase acerca da mudança de sistemas políticos e económicos, mas serve bem para o FC Porto de hoje. Pois, se calhar estou mais interessado em fazer o balanço destes últimos meses... Os meus caros amigos devem agora estar a pensar: “o animal do careca bem podia falar futebolês e deixar-se de se armar aos cucos”. Ok: em equipa que ganha não se mexe. Há uma explicação para não o ter feito: não é a mesma coisa.
O que o Judt queria dizer é que um sistema que já provou, que deu resultados, que se mostrou coerente merece sempre mais uma oportunidade antes de ser deitado fora. Pode ser que não se consiga manter, mas antes de ser mudado tem que se provar que já não é bom. As revoluções fazem-se quando já nada mais parece funcionar, não quando ainda funcionam em pleno. Até lá vai-se reformando.
Só quem não viu jogar o Porto é que não percebeu que se quis mudar tudo e mais alguma coisa. Como se o autor dessas mudanças tivesse medo da herança do passado, como se quisesse mostrar que também sabia esquemas tácticos diferentes, como se receasse que alguém dissesse que estava tudo igual. Isto tem nome: insegurança.
Pode ser que a equipa deste ano se transforme numa máquina de jogar à bola - nada me daria mais alegria – mas a merda da revolução já nos custou uma ida à segunda fase da Liga dos Campeões, e não foi contra o Real ou o Barcelona que jogamos, e uma Taça de Portugal de forma humilhante. Talvez tivesse acontecido se o sistema se tivesse mantido. Talvez. Mas só aí é que se devia ter feito a tal revolução, nunca antes.
Venha de lá esse campeonato, mas convém lembrar estes meses. Mudar por mudar sempre deu disparate. É um velho conservador que vos diz. Abraço.
São precisos para tudo os sacanas dos balanços, mas a sua principal utilidade é construir memória. E a memória é a mais importante coisa da nossa vida. Sem ela não somos rigorosamente nada. Nós somos aquilo que recordamos.
Toda esta conversa para falar do ano futebolístico que passou. Bom, não só. As saudades de escrever neste espaço que tanto estimo, que partilho com os meus irmãos portistas já era muita, e entre a alegria de voltar a falar-vos e a necessária contenção para não vos enfiar um texto de quatrocentas páginas sobre a minha irritação com a primeira parte da época de 2012, decidi refrear-me com umas bocas iniciais sobre balanços e memória para que eu próprio tenha noção de que 3 meses de andorinhas não fazem cento e tal verões de dragões.
Claro está: não vou tentar que puxem do cigarrinho comemorativo e enfiar-vos uma estucha de factos sobre o que foi 2011. Está tudo dito: foi fantástico, maravilhoso, lindo, 5 a 0, taças, campeonatos e tal e coisa. Correu tudo bem. Ficamos todos contentes, orgulhosos, talvez o melhor ano de sempre da história do Porto. Já foi.
Bola ao centro.
“It is one thing to fear that a good system may not be able to maintain itself; it is quite another to lose faith in that system altogether”. A frase é dum historiador inglês recentemente falecido, Tony Judt. Ele escreve esta frase acerca da mudança de sistemas políticos e económicos, mas serve bem para o FC Porto de hoje. Pois, se calhar estou mais interessado em fazer o balanço destes últimos meses... Os meus caros amigos devem agora estar a pensar: “o animal do careca bem podia falar futebolês e deixar-se de se armar aos cucos”. Ok: em equipa que ganha não se mexe. Há uma explicação para não o ter feito: não é a mesma coisa.
O que o Judt queria dizer é que um sistema que já provou, que deu resultados, que se mostrou coerente merece sempre mais uma oportunidade antes de ser deitado fora. Pode ser que não se consiga manter, mas antes de ser mudado tem que se provar que já não é bom. As revoluções fazem-se quando já nada mais parece funcionar, não quando ainda funcionam em pleno. Até lá vai-se reformando.
Só quem não viu jogar o Porto é que não percebeu que se quis mudar tudo e mais alguma coisa. Como se o autor dessas mudanças tivesse medo da herança do passado, como se quisesse mostrar que também sabia esquemas tácticos diferentes, como se receasse que alguém dissesse que estava tudo igual. Isto tem nome: insegurança.
Pode ser que a equipa deste ano se transforme numa máquina de jogar à bola - nada me daria mais alegria – mas a merda da revolução já nos custou uma ida à segunda fase da Liga dos Campeões, e não foi contra o Real ou o Barcelona que jogamos, e uma Taça de Portugal de forma humilhante. Talvez tivesse acontecido se o sistema se tivesse mantido. Talvez. Mas só aí é que se devia ter feito a tal revolução, nunca antes.
Venha de lá esse campeonato, mas convém lembrar estes meses. Mudar por mudar sempre deu disparate. É um velho conservador que vos diz. Abraço.
Amigo PML: como também sou conservador (no que vale a pena), preservo estas palavras – “pode ser que a equipa deste ano se transforme numa máquina de jogar à bola - nada me daria mais alegria…”
ResponderEliminarEntão vamos lá conservar a esperança, conservar o crer nos que querem vencer, conservar o ânimo, conservar (sempre, sempre, sempre…) este PORTISMO que nos une a todos (que nunca nos separe!).
Espero que possa mandar umas “bitaitadas” aos mouros dessa capital do império.
Abraço AZUL FORTE.
Pedro, não acho que tenha havido uma revolução, começamos a jogar da mesma forma, com o mesmo modelo e sistema. Se se pode falar em alteração e não em revolução, é quando os resultados e as exibições começaram a ser melhores, após Coimbra, com a passagem do Hulk para o meio e Moutinho quase ao lado de Fernando.
ResponderEliminarUm abraço e bom ano
Pode ser q o homem tenha percebido q não precisa de inventar nada para colocar o Porto no rumo do sucesso... É só não estragar! :)
ResponderEliminarconcordo. só aponto uma falha, talvez pela ânsia de manter o nível até mais longe: a rotação começou cedo demais e talvez tenha havido uma percepção errada de facilidade no grupo da Champions. tivemos azar na altura decisiva e o risco anterior foi exagerado. enfim, aprendamos com os erros!
ResponderEliminarum abraço e bom ano a todos,
Jorge
Porta19
Eu não concordo que se tenha mudado o sistema tático… o FC Porto joga há muitos, muitos anos em 4X3X3, tem sido esse o sistema utilizado durante a presente época… 4 defesas sendo 2 laterais e 2 centrais, 3 médios, 1 defensivo e 2 de transição ofensiva e 3 atacantes, 2 extremos e 1 ponta-de-lança… Tem sido assim com VP, foi com AVB, foi com Mourinho, etc, etc…
ResponderEliminarA grande questão dos maus resultados e da eliminação na Champions league não foi o modelo nem o sistema de jogo, mas a atitude dos jogadores, erros do treinador na escolha dos jogadores (demasiada rotação no meio-campo por exemplo) e se calhar a falta de um ponta-de-lança… Sejamos claros e sinceros, Falcao é tão simplesmente um dos 5 melhores pontas-de-lança do MUNDO! Substitui-lo nunca seria fácil e se calhar deveria ter-se ido buscar mais um ponta-de-lança em Agosto… E não se foi…
Não creio que VP tenha tentado operar uma revolução no que quer que seja… Falhou em varias escolhas de jogadores, falhou taticamente em vários jogos (na 2ª parte do jogo com os encornados foi o momento mais gritante em que o treinador é que perde o jogo), disse coisas que não deveria ter dito… Mas o modelo do jogo, o velho 4X3X3 esse manteve-se inalterado… Agora o que se pede a um treinador é que motive, que leia o jogo bem e que seja um bom comunicador para o exterior… E nisto como é óbvio VPO falhou e falhou muito… Tal como os jogadores também falharam em certa alturas, como a SAD não acautelou a saída de Falcao, enfim tudo argumento já muito discutidos e que não vale a pena agora voltar a remexer…
PS: Posso estar muito, muito enganado, mas dar 8 ou 9 Milhões por um avançado da América do Sul, que depois se terá de adaptar ao futebol europeu, poderá ser um erro… Porque não se muda a política de transferências da América do sul para a Europa, mesmo sendo um mercado mais caro?!?! Vou me armar em olheiro de sofá, mas não resisto em mandar uns nomes de avançados que se calhar custam um pouco mais de 9 milhões de € mas que já estariam totalmente adaptados ao futebol europeu e que são grandes avançados, craques que em Portugal marcariam muitos golos… Luuk de Jong, 21 anos (quase 1,90m de altura), avançado suíço do Twente, já leva 15 golos em 28 jogos e é um craque em ascensão… OK, deve ser caro, mas se calhar não tão caro como o Alex Sandro ou o Danilo… Outro nome, Pavlyuchenko, avançado do Totenham, um russo de 30 anos experiente mas goleador, está tapado no clube inglês, porque não tentar a sua contratação?!?!
Grande post, sim senhora , gostei muito! Somos PORTO!
ResponderEliminarabraço
PS - Domigo o FCPorto vai ter um treino aberto no Estádio do Dragão isso quer dizer que não se paga certo?
Texto algo complicado ao submeter-se ao tema:"balanço",e, depois esquecer,saltar por cima de determinados artigos(assuntos),ou não abrir as gavetas todas.Uma gaveta não aberta,a do escasso tempo para elaborar plano próprio de preparação para a pré-época,as causas são por todos conhecidas.segunda gaveta esquecida,jogadores em vias de saída mas que talvez não saiam ou talvez saiam,indefinição a rodos.Noutra gaveta ou prateleira também foi esquecido o balanço a jogadores que estiveram de férias,regressaram mais tarde devido a compromissos das respectivas Selecções,não fizeram pré-época,jogaram com outros sistemas e companheiros,e assim mais tarde todo esse balanço esquecido aliado,não a igual comparação com ano anterior,mas com o final de época,que diga-se em abono da verdade não é justo.Recordo que no inicio da época anterior fizemos um jogo espectacular seguido de outro abaixo de sofrível, lembram-se?Aveiro e Figueira da Foz.Esta época exactamente igual:Mónaco e Guimarães.Vamos comparar Taça de Portugal,época passada fizemos um jogo muito sofrível em Moreira de Cónegos,mas ganhamos,esta época fizemos um jogo sofrível em Coimbra e perdemos,foi um bota-abaixo deprimente.Há mais gavetas e prateleiras em que o tal balanço não passou por lá,mas acho que incluir estes "artigos"daria um balanço mais justo.Mas isto sou eu a pensar em voz alta,não é a razão absoluta!
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