30 abril, 2013

Capítulo 6: 1951 a 1960 – Contestação a Lisboa; a “dobradinha” (Parte XX)

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FCPorto – Dragões de Azul Forte
Retalhos da história, conquistas e vitórias memoráveis, figuras e glórias do
F. C. do Porto

Capítulo 6: 1951 a 1960 – Contestação a Lisboa; a “dobradinha” (Parte XX)

Época 1954-1955 (continuação)
Historial do hóquei em patins no FC Porto (continuação)

Excelentes hoquistas, atletas vitoriosos!
Muitos e bons hoquistas representaram ou representam o FC Porto. Entre eles destacam-se nomes como: Acúrsio Carrêlo, André Azevedo, António Alves, António Vale, Caio (Ricardo Oliveira), Carlos Chalupa, Carlos Realista, Castro, Cristiano Pereira, Diego Allende, Domingos Carvalho, Domingos Guimarães, Edo Bosch, Emanuel Garcia, Filipe Santos, Franklim Pais, Gonçalo Suíssas, J. Leite, João de Brito, Jorge Silva, Licínio, Paulo Alves, Pedro Alves, Pedro Gil, Pedro Moreira, Reinaldo Garcia, Reinaldo Ventura, Ricardo Barreiros, Ricardo Figueira, Ricardo Geitoeira, Tiago Losna, Tó Neves, Vítor Bruno, Vítor Hugo, Vítor Hugo Moreira Pinto.
No desempenho das funções de treinador, há que distinguir nomes como António Livramento, Cristiano Pereira, Franklim Pais, José Fernandes, Tó Neves, Vítor Hugo e Vladimiro Brandão.
Todos estes jogadores e treinadores, bem como muitos outros, serviram e vestiram com denodo e paixão a camisola do FC Porto. Daremos realce a alguns dos mencionados, através de singelas biografias que mais não pretendem do que lembrar a carreira e as qualidades desportivas de brilhantes atletas e o exemplo que são para os vindouros.

Mas há duas figuras de eleição, incontornáveis, quando se fala do hóquei em patins portista: Ilídio Pinto e Pinto da Costa. O primeiro como dirigente de reconhecido e indubitável mérito que lançou as bases e impulsionou a modalidade para o êxito; o segundo… bem, é o nosso Presidente, que potenciou o hóquei como potenciou o Clube: com empenho, competência, brilho. Sempre unidos, Pinto da Costa e Ilídio Pinto transfiguraram o Clube e o Hóquei em Patins azul-e-brancos.

ACÚRSIO Freire Alves Carrelo (n. Lourenço Marques, Moçambique, 16 Mar.1931 – m. 9 Jan.2010) foi Internacional português de Futebol e Hóquei em Patins. Chegou ao FC Porto, vindo de Moçambique, na temporada 1955-56 para defender a baliza do clube como futebolista. Mas também jogava hóquei (jogador de campo) com o mesmo brilho e o mesmo apego que no futebol. Nesta modalidade foi 2 vezes campeão nacional pelo FC Porto: na sua primeira época no clube (55-56), com o treinador Dorival Yustrich, e em 1958-59 na famosa equipa de Béla Guttmann. Ganhou também 2 Taças de Portugal. As fantásticas exibições ao serviço do Porto, valeram-lhe 8 chamadas à Selecção tendo-se estreado por Portugal a 21 de Maio de 1959.
● Acúrsio foi o primeiro hoquista portista a envergar a camisola da Selecção Nacional. Participou em várias competições com a equipa portuguesa, como o Torneio de Montreux (onde à sua conta apontou 6 golos) e o Europeu de Barcelona (2 golos), ambos em 1957. No total, 12 internacionalizações e 8 golos.
● Pelo FC Porto fez parte da equipa que conquistou para o clube o primeiro título nacional do hóquei em patins: o Campeonato Metropolitano da 2.ª Divisão. Dessa equipa faziam parte igualmente, entre outros, Campos, Rúben Lopez (também jogava basquetebol), Luís Sousa Mota, Morais (futebolista reservista) e Abílio Moreira. As exigências do profissionalismo no futebol, obrigaram a que, quer Acúrsio, quer Morais, abandonassem a prática do hóquei patinado.
Deixou de vestir a camisola de guarda-redes do FC Porto no fim da época 1960-61. O eclético Acúrcio marcou uma era no FC Porto e no desporto português.

CRISTIANO Joaquim Marques Trindade Pereira (n. Paranhos, Porto, 3 Mai.1951), começou nas escolas de hóquei em patins do FC Porto e aos 13 anos já jogava. Um ano depois – 1965 – integrou a equipa júnior permanecendo aí duas temporadas. Sobressaindo dos demais jogadores do escalão, com 16 anos foi promovido à equipa principal sénior.
● Entre os mais velhos cedo patenteou as suas excepcionais qualidades para a prática da modalidade, de tal modo que progressivamente ia jogando na equipa, até que se tornou titular indiscutível embora ainda fosse júnior.
● Goleador de reconhecidos méritos, foi durante algum tempo o único hoquista portista na Selecção Nacional que representou com enorme sucesso. No escalão júnior vestiu a camisola das quinas por 17 vezes e marcou 28 golos; pela selecção A foi internacional em 151 jogos e fez 189 golos. É, com 13 anos, um dos jogadores com mais tempo ao serviço da “equipa de todos nós”. Campeão Europeu e Mundial por 5 e 2 vezes respectivamente, e vencedor de torneios internacionais, era tido além-fronteiras como um dos melhores jogadores no activo e um dos melhores de sempre. Em reconhecimento do seu valor teve o privilégio de ser seleccionado para uma equipa do “Resto do Mundo” pela qual marcou um golo à Espanha. Em 1978, na Argentina, sagrou-se melhor marcador do Campeonato do Mundo, tendo dois anos depois, no Chile, sido considerado o melhor jogador da competição onde apontou 22 golos.
● A Cristiano se deve uma quota-parte de responsabilidade no desenvolvimento e projecção do hóquei em patins no FC Porto. As suas exibições na Selecção catapultavam o orgulho das gentes portistas e estimulavam o ânimo para mais altos voos da equipa de azul-e-branco vestida. Em 1973 forte impulso foi dado com a inauguração do Pavilhão Gimnodesportivo das Antas (mais tarde Pavilhão Américo de Sá) com o qual se passava a dispor de um recinto para a realização dos jogos.
● Entretanto, em 1976, o virtuoso hoquista jogou durante 6 meses em Itália. Em 1980-81 voltou ao estrangeiro e a Espanha onde representou o Liceu da Corunha. Depois, numa decisão muito controversa – a que não estaria alheia a vontade de querer ser campeão nacional, desiderato menos possível de conseguir, por diversos motivos, na capital do Norte – transferiu-se para o Benfica. Sob a batuta do inigualável Ilídio Pinto, o FC Porto encetava, por essa altura, reestruturação capaz de elevar a equipa a um patamar acima nas competições de âmbito nacional e internacional. Um conjunto de valorosos e promissores jogadores prometia fazer furor e cumpriu a breve trecho: Campeões Nacionais em 1982/1983, tendo repetido o êxito na época imediata.
● De regresso ao FC Porto, Cristiano teve a oportunidade de alinhar e jogar numa equipa em que pontificavam ele próprio, Vítor Hugo e Vítor Bruno. Foi Campeão e venceu todas as competições de camisola azul-e-branca vestida!
● Após a época 1984-85 (em que o FC Porto ganhou o conjunto das provas nacionais), Cristiano Pereira decidiu abandonar a carreira de hoquista e enveredar pela de treinador. E começou bem… porque conduziu a sua equipa – a do FC Porto – à conquista da Taça dos Campeões Europeus, numa épica jornada em Novara, Itália. Além de ter vencido todas as competições caseiras! Esteve em períodos distintos no clube das Antas, mas sempre com muito êxito. A carreira de treinador não a confinou ao seu clube de coração: foi seleccionador nacional (Campeão do Mundo), seleccionador da turma italiana e orientou o OC Barcelos para o qual conquistou, também, uma Taça dos Campeões Europeus, a de 1991.
● O talento de Cristiano Pereira manifestou-se, com brilhantismo, no jogador e no treinador que foi. A sua classe de hoquista e de técnico vale-lhe um lugar indelével na história da modalidade. Pelo FC Porto conquistou tudo! A atribuição dos troféus “Pinga” (1971) e “Dragão de Ouro” (1985) são o testemunho da gratidão de um Clube e dos seus adeptos. Cristiano, uma glória do FC Porto!

FRANKLIM José Ribeiro PAIS (n. Porto, 7 Dez.1961), hoquista guarda-redes, iniciou-se no Infante de Sagres mas foi já na Juventude de Viana que se estreou a jogar na 1.ª Divisão, época de 1981-82. Em 1985-86 ingressou no FC Porto onde, quer como jogador, quer como treinador, iria ter rotundo sucesso.
● Bem se pode dizer que o início da carreira de Franklim Pais no clube azul-e-branco, coincide com o arranque definitivo para uma era de vitórias e conquistas arrebatadoras que projectaram o FC Porto no hóquei em patins nacional e mundial. Até então, o Clube tinha “somente” vencido 3 Campeonatos, 2 Taças de Portugal, 2 Supertaças e 2 Taças das Taças da Europa. O guarda-redes entrou a ganhar tudo o que havia para ganhar: Campeonato, Taça, Supertaça, Taça dos Campeões e Supertaça Europeia!
● Franklim foi inicialmente suplente de Domingos. Nessa qualidade e utilizado, viu a equipa conquistar a Taça dos Campeões Europeus (1985-86) na célebre e inesquecível jornada dupla ante o Novara. Já como titular venceu o 2.º troféu, em 1989-90, frente aos espanhóis do Noia. Eis, como jogador, todos os seus títulos: 5 Campeonatos Nacionais, 5 Taças de Portugal, 9 Supertaças Nacionais, 2 Taças dos Campeões, 2 Taças CERS e 1 Supertaça Europeia.
● Internacional, representou a Selecção Nacional em 124 ocasiões (12 pelos Juniores e 112 pelos Seniores) e foi Campeão Europeu e Mundial.
● Considerado o melhor guarda-redes de sempre do FC Porto, renunciou às balizas para trabalhar como treinador adjunto sem abandonar o Clube. A época 1997/98 foi iniciada com Vítor Hugo ao leme. Porém, após um desaire em Paço D’Arcos, Ilídio Pinto entregou a equipa ao técnico-adjunto, Franklim Pais, que acabou por não vencer o campeonato mas conquistou a Taça de Portugal.
● Na época de 2001-2002 coadjuvava o argentino Mário Aguero. Com o FC Porto a 12 pontos do rival Benfica, de novo Ilídio Pinto convidou o ex-guarda-redes para técnico principal. Medida que se iria revelar de importância capital! Nem o conceituado dirigente imaginaria o sucesso que havia de resultar da sua decisão!
● Porque Franklim Pais foi o timoneiro sempre presente em todas as “etapas” do decacampeonato! Em 2001-02 ascendeu à condição de treinador principal e começou a vencer. E a vencer terminou em 2010-2011! Dez anos à frente de uma equipa não é comum no hóquei e desporto portugueses. E dez anos a conquistar consecutivamente o título nacional, ainda mais extraordinário é! Competência, rigor, disciplina e audácia, a fórmula para o sucesso; incentivo e diálogo permanente com os atletas, o segredo de muitas vitórias.
● O palmarés, já de si valioso como jogador, tornou-se precioso como treinador: mais 10 Campeonatos Nacionais, 5 Taças de Portugal, 5 Supertaças Nacionais. E podem juntar-se-lhe ainda 2 títulos nacionais conquistados como adjunto de António Livramento e de Cristiano Pereira.
Ao seu brilhante currículo de treinador, faltou apenas juntar uma vitória em competições europeias. Bem a merecia Franklim! Esteve perto de conseguir o troféu da Liga Europeia em 3 finais: 2003-04 e 2004-05 (frente ao Barcelona) e 2005-06 (numa “Final Four” em que jogaram todos contra todos, o FC Porto ficou em 2.º lugar e o Follónica em 1.º). De destacar ainda que em 2010-11 perdeu nas meias-finais frente ao Liceo Corunha, nos penaltis, após o FC Porto eliminar o fortíssimo Barcelona. Em 2001-02, no confronto em dois jogos com o Voltregrá, também foi finalista vencido da Taça CERS.
● Em resumo, Franklim conquistou quase meia centena de títulos ao serviço do FC Porto. Foram nada mais nada menos que 46 títulos! Um palmarés invejável, ao alcance de muito poucos. Como jogador e como treinador, venceu. Como jogador e como treinador auferiu, muito justamente, 2 Dragões D’Ouro. Quem pode gabar-se dessa honra? Franklim Pais, uma glória do FC Porto!
Palmarés no FC Porto como jogador
5 Campeonatos Nacionais
5 Taças de Portugal
9 Supertaças Nacionais
2 Taças dos Campeões
2 Taças CERS
1 Supertaça Europeia
Palmarés no FC Porto como treinador
10 Campeonatos Nacionais
5 Taças de Portugal
5 Supertaças Nacionais

VÍTOR HUGO Barbosa Carvalho Silva (n. Espinho, 1963) “foi praticante desportivo desde os cinco anos, tendo começado a actividade pela ginástica e pela patinagem nas escolas de formação da Académica de Espinho”. Aos 10 anos viria a revelar uma extraordinária aptidão para o hóquei jogado sobre patins. Na agremiação espinhense sagrou-se Campeão Regional de Infantis e de Iniciados, Campeão Nacional de Juniores e Campeão Nacional da 3.ª Divisão.
● Ainda jovem e com grande margem de progressão, ingressou no FC Porto onde viria a confirmar todas as qualidades de exímio praticante. Dotado de modelar técnica e vigor físico, patinagem perfeita, velocidade e apetência pelo golo, afirmou-se jogador genial e cotado entre os melhores do Mundo.
● A despontar para o estrelato, foi um dos mais categorizados jogadores do Europeu de Juniores de 1980, em Barcelos. Em 1981 entrava pela primeira vez na selecção de seniores aquele que viria a ser, na opinião de muitos, o último malabarista do hóquei português. No Campeonato Europeu de 1987, em Oviedo, o “capitão” Vítor Hugo foi o herói do campeão Portugal. Com excelentes exibições, marcou 25 golos, quase metade do “score” da equipa. O seu instinto pelo golo deixou todos maravilhados.
Obteve 151 internacionalizações (29 pelos juniores e 122 pela equipa sénior) tendo marcado um total de 261 golos (66 e 195, respectivamente, em cada uma das categorias). Ao serviço da Selecção Nacional foi: 1 vez Campeão Europeu de Juniores, 2 vezes Campeão Europeu de Seniores, 1 vez Campeão do Mundo, 2 vezes Campeão dos Jogos Mundiais, 2 vezes melhor marcador no Campeonato Europeu de Juniores, 1 vez melhor marcador do Campeonato Europeu de Seniores (marcou golos em todos os jogos!), 1 vez melhor marcador do Campeonato do Mundo. Averbou diversos primeiros lugares em torneios tão importantes como o de Montreux, o de Paris, o de Madrid, o de Oliveras de La Riba, o das Nações e o dos Campeões.
● Vítor Hugo esteve no período de arranque e afirmação do estatuto vitorioso do hóquei em patins portista. A sua genialidade de jogador enchia pavilhões e empolgava os adeptos. O talento, a irreverência, a magia andavam à solta onde quer que Vítor jogasse e os seus patins rolassem. O seu “stick” inventava jogadas de sonho que se traduziam em golos e vitórias retumbantes para as cores do Dragão. O “mágico” encantava e… ganhava.
No FC Porto obteve como jogador 8 títulos no Campeonato Nacional, 5 Taças de Portugal e 8 Supertaças Nacionais, tendo sido por três vezes o melhor marcador da principal competição. De referir que numa das edições do Campeonato, além de ser o “rei” dos marcadores, apontou golos em todos os jogos! Com a camisola azul-e-branca conquistou ainda 2 Taças dos Campeões Europeus (1985-86 e 1989-90), 2 Taças das Taças Europeias (1981-82 e 1982-83) e 1 Supertaça Europeia (1985-86). Ninguém esquece a épica segunda-mão da final da Taça dos Campeões, com o Novara, em 1986: em casa do adversário o FC Porto perdia ao intervalo por 1-5; numa inolvidável reviravolta, a equipa da Invicta venceu por 7-5! Vítor Hugo contribuiu com 2 golos.
Atestando a categoria de um hoquista de eleição, o Novara (que Vítor havia derrotado anos antes) contratou-o para lá jogar durante a época de 1987-1988. Ali foi Campeão e venceu uma Taça de Itália, sendo considerado o melhor jogador do ano. Na época seguinte regressou ao FC Porto para prosseguir a sua carreira de sucesso.
● Vítor Hugo logrou um palmarés riquíssimo, verdadeiramente impressionante! Mas, cedo demais – tinha tanto ainda para dar dentro dos ringues – decidiu abandonar a carreira de jogador. Fê-lo no fim da época 1991-1992 e enveredou pela carreira de treinador enquanto abraçava a profissão de médico dentista. “Fiquei a dever a mim próprio mais cinco anos de carreira”, disse anos mais tarde acrescentando ter, contudo, atingido todos os seus objectivos. Como treinador juntou mais alguns títulos ao seu brilhante currículo no FC Porto: 1 Taça de Portugal, 1 Supertaça e 1 Taça CERS. Nas funções de Seleccionador Nacional, foi: Campeão do Mundo (2003), vencedor dos Jogos Mundiais (Japão), Torneio das Nações e Taça Latina, vencedor de 2 Torneios Internacionais RTP e Vice-Campeão Europeu.
● Vítor Hugo foi agraciado com 2 “Dragões de Ouro” no FC Porto. E, pelo governo português, com a “Medalha de Mérito Desportivo e a “Medalha de Honra ao Mérito”. O Comité Olímpico Português atribuiu-lhe a “Medalha Nobre Guedes”.
Portista indefectível, foi fundador da “Casa do FC Porto de Espinho” e o seu primeiro Presidente. Vítor Hugo honra-se do seu passado de jogador e treinador do Clube; orgulha-se de ser portista; o FC Porto honra-se do atleta brilhante que acolheu nas suas fileiras e do adepto fidedigno. Vítor Hugo, uma glória do FC Porto!
Palmarés no FC Porto como jogador
8 Campeonatos Nacionais
5 Taças de Portugal
8 Supertaças Nacionais
2 Taças dos Campeões Europeus
2 Taças das Taças
1 Supertaça Europeia
Palmarés no FC Porto como treinador
1 Taça de Portugal
1 Supertaça Nacional
1 Taça CERS

Deliciem-se com este vídeo. Jogadas de encantar, golos fantásticos de Vítor Hugo, 12 minutos de sonho:
VIDEO AQUI

TÓ NEVES – António José Pedroso Silva Neves (n. Rio Tinto, Gondomar, 28 Mar.1966) iniciou-se no hóquei em patins no ringue do Sport Clube de Rio Tinto, clube da terra natal. Tinha 8 anos e decorria o ano da “Revolução dos Cravos”. ● Depressa se transferiu para o FC Porto que inicialmente não quis representar porque, dizia, era um “clube de meninos bonitos”. Franzino e rebelde, não teve vida fácil nos primórdios da sua carreira de hoquista. Contudo as suas qualidades vieram progressivamente ao de cima, fruto do empenho que a certa altura se resolveu ter.
Afirmando-se na equipa do FC Porto foi aos 16 anos, sem surpresa, convocado pela primeira vez para uma Selecção Nacional, a de Juvenis, que venceu o respectivo Europeu em Zandaam, na Holanda.
● Avançado de enormes recursos, tornou-se um jogador de eleição, sempre com a camisola do FC Porto. E um dos pilares da “geração de ouro” da década de 90 no hóquei português. Em 1985 conquista o Europeu de Juniores (Palma de Maiorca) com a equipa das quinas e é Campeão Nacional com a do FC Porto. Em 1986, na segunda época como sénior, arrebata com a camisola azul-e-branca todas as competições nacionais (incluindo o Campeonato) e a Taça dos Campeões Europeus, a primeira do clube do Norte.
● Em 1988 foi tricampeão nacional e no ano seguinte estreou-se pela Selecção - A no mundial de San Juan e nos Jogos Mundiais. Em 1989-90 conquista o segundo título europeu ao serviço do FC Porto. Em 1991, no apogeu da sua carreira desportiva, converte-se em Campeão do Mundo pela primeira vez, no pavilhão Rosa Mota no Porto, e tri-campeão nacional pela segunda vez.
● No início da época 1992-93, após a desilusão que foi a campanha nos Jogos Olímpicos de Barcelona e com o clube das Antas a atravessar uma fase de profunda remodelação (saíram entre outros o capitão Alves, o argentino Allende e Vítor Hugo), Tó Neves decidiu mudar, com 26 anos, para o rival Benfica onde permaneceu por uma época. Foi um passo mal dado, acabou por confessar o jogador que, mostrando-se tremendamente arrependido, afirmou: “Se pudesse voltar atrás nunca teria ido para o Benfica. Não fui bem recebido. Havia inveja pelo meu ordenado e havia muitas estrelas no balneário. Não havia cumplicidade nem amizade. Um dia pedi boleia para casa a um colega e ele recusou-ma porque disse que ia pela via rápida…”
● A época seguinte é de regresso ao FC Porto onde veio auferir metade do salário “vermelho”. O jejum de títulos de campeão em que a equipa estava mergulhada, não lhe trouxe a felicidade de outrora. Valeram-lhe
quatro Europeus consecutivos (1992, 1994, 1996 e 1998) e mais um Campeonato do Mundo (1993). Em 1995 foi convidado a abraçar a carreira de treinador, o que não aceitou. Em 1998 integrava a comitiva do FC Porto atacada nas imediações do Estádio da Luz após um encontro com o rival da capital. Dum episódio dramático, em que ficou gravemente ferido o colega Filipe Santos, Tó Neves recorda: “Foi o único momento em que tive medo na vida. Não me sinto bem lá, em Lisboa”. Finalmente, em 1998-99, volta a ser Campeão sob o comando de António Livramento que viria a falecer tragicamente após a conquista do título. Na altura do desenlace, Tó Neves disputava o Mundial de Réus onde Portugal não passou do bronze.
● Em 2002, após uma série de fracassos da Selecção Nacional que perdeu o domínio do hóquei europeu e mundial a favor da Espanha, António Neves teve de renunciar à camisola das quinas que vestiu durante 13 anos consecutivos. Somou um total de 187 internacionalizações: 7 nos Juvenis (10 golos), 8 nos Juniores (5 golos) e 172 nos Seniores (232 golos).
Entretanto no FC Porto fez parte da equipa que iniciou um período/década de ouro memorável. Na temporada 2001-02, com Mário Aguero ao comando, os azuis-e-brancos têm um início de campeonato comprometedor. Ilídio Pinto resolve então chamar Franklim Pais para substituir o argentino. Numa recuperação sensacional, os Dragões sagram-se Campeões Nacionais. Depois, à semelhança do que aconteceu na Selecção, o avançado é confrontado com a renovação em curso no FC Porto e vê-se dispensado – prematuramente, segundo ele.
Assim, no fim da época 2003-2004, com mais um tri-campeonato no currículo, parte para a Oliveirense onde pretendia demonstrar ainda ter valor para jogar.
● Na Oliveirense foi jogador e treinador-jogador. Com desempenho de mérito em ambas as funções, conquistou a Taça de Portugal 2010-2011. 15 dias antes, quis o destino que o seu último jogo a contar para o Campeonato Nacional pusesse a equipa que representava à do seu clube de coração, o FC Porto. Efectivamente esteve no encontro que, no Dragão Caixa em 4 Junho 2011, selou um feito histórico dos azuis-e-brancos: o decacampeonato!
Com 45 anos de idade e 37 como jogador, Tó Neves terminava assim uma longa carreira cumprida por inteiro em Portugal. Marcou uma geração e uma modalidade, quer pelo nível competitivo quer pela garra e longevidade. Foi um dos melhores de sempre e os adeptos do FC Porto jamais esquecerão o que ele fez pelo Clube dentro do ringue.
● Na época de 2011-2012 regressou ao Dragão para abraçar as funções de treinador. A massa associativa espera dele o mesmo empenho que demonstrou quando com os patins calçados. Tó Neves saberá corresponder aos anseios.
Carreira no FC Porto
1984-85 a 1991-92; 1993-94 a 2003-04 (Jogador)
Desde 2011-12 (Treinador)
Palmarés como jogador
11 Campeonatos Nacionais (FCP)
8 Taças de Portugal (FCP)
12 Supertaças Nacionais (FCP)
2 Taças dos Campeões (FCP)
2 Taças CERS (FCP)
1 Supertaça Europeia (FCP)
Palmarés como jogador/treinador
1 Taça de Portugal (OLIV)
Palmarés como treinador
1 Supertaça Nacional (FCP)
Palmarés como jogador na Selecção Nacional
2 Campeonatos do Mundo
4 Campeonatos da Europa
[Nota: dados de Março de 2013]

PAULO Jorge Cardoso ALVES (n. Oeiras, 5 Fev.1969), defesa/médio de grande categoria, representou o Sporting (Juniores, 1986/1987 e Seniores, 1987/1990), Óquei de Barcelos (1990/1996), FC Porto (1997/2003), Follonica (2003/2004), Oliveirense (2004/2008) e Infante de Sagres onde ainda jogava em 2012.
Ostenta um excelente currículo, tendo conquistado 7 títulos de Campeão Nacional no Sporting (1), Óquei de Barcelos (2) e FC Porto (4 títulos). Nos minhotos, conquistou a Taça das Taças, a Taça CERS e a Supertaça Europeia
● Foi internacional 7 vezes pelos Juvenis (1 golo), 18 pelos Juniores (23 golos) e 149 pelos Seniores (136 golos), num total de 174 internacionalizações e 160 golos. Na Selecção Nacional integrou a designada geração de ouro, ao lado de Tó Neves, Pedro Alves e Filipe Santos, entre outros, tendo festejado 2 Mundiais e 4 Europeus. Estes seguidos, frise-se.
Carreira no FC Porto
1997-98 a 2002-03
Palmarés no FC Porto
4 Campeonatos Nacionais
2 Taças de Portugal
2 Supertaças Nacionais

PEDRO Nuno Batalha ALVES (n. Vila Franca de Xira, 17 Abr.1970) avançado de enorme qualidade, calçou os patins com apenas 4 anos, representando a União Desportiva Vilafranquense, e nunca mais os descalçou tendo feito do hóquei a sua vida.
Depois representou o Sporting (escalões de formação entre 1981-82 e 1986-87 e seniores de 1986-87 a 1988-89), o Óquei de Barcelos (1989-90 a 1996-97 e 2002-03 a 2004-05), FC Porto (1997-98 a 2001-02), Candelária (2005-06), Liceu Corunha (2006-07 e 2007-08), Juventude de Viana (2008-09 e 2009-10), Hóquei Clube de Braga (2010-11) e o Genève onde jogava em 2012.
● Chegou ao FC Porto com Paulo Alves e, no seu jeito peculiar, depressa se serviu da técnica esmerada para se evidenciar e ser um dos mais importantes jogadores da equipa. A arte de bem jogar hóquei proporcionava-lhe abrir brechas e romper as defesas contrárias. O forte remate deu-lhe golos e mais golos com a camisola azul-e-branca. No FC Porto foi 3 vezes Campeão Nacional (1998/99, 1999/00 e 2001/02), venceu 2 Taças de Portugal (1997/98 e 1998/99) e 2 Supertaças Nacionais (1997/98 e 1999/2000). Também ganhou 1 Campeonato Nacional pelo Sporting, 2 pelo OC Barcelos e, neste clube, 4 Taças de Portugal, 3 Supertaças Nacionais, 1 Taça dos Campeões Europeus, 1 Taça das Taças, 1 Taça CERS e 1 Supertaça Europeia.
● No que respeita à Selecção integrou a designada geração de ouro, ao lado de, entre outros, Tó Neves, Paulo Alves e Filipe Santos. É um dos atletas nacionais com mais internacionalizações: 16 vezes pelos Juvenis (39 golos), 34 pelos Juniores (34 golos) e 198 pelos Seniores (292 golos), num total de 248 internacionalizações e 365 golos.
Em 1995 conquistou pela primeira vez um título ao serviço da Selecção Nacional, o Campeonato Europeu de Juvenis, no que foi o início de um percurso internacional de muitos êxitos. Com efeito venceu mais 3 Campeonatos do Mundo, 4 Campeonatos da Europa, 3 Jogos Mundiais e 2 Torneios de Montreux.
Carreira no FC Porto
1997-98 a 2001-02
Palmarés no FC Porto
3 Campeonatos Nacionais
2 Taças de Portugal
2 Supertaças Nacionais
  • No próximo post.: Capítulo 6, 1951 a 1960 – Contestação a Lisboa; a “dobradinha” (Parte XXI) – Época 1954-55 (continuação); HISTORIAL DO HÓQUEI EM PATINS NO FC PORTO (continuação): Biografias de Filipe Santos, Edo Bosch, Reinaldo Ventura, Pedro Gil e Emanuel Garcia; Livramento, um grande jogador, um grande treinador; Ilídio Pinto e Pinto da Costa, obreiros dos êxitos; História do Hóquei em Patins.

1 comentário:

  1. Entre todos os que aqui destacas deixa-me reforçar 4 nomes que bem merecem todas as tuas palavras, grandes dragões e grandes nomes do hóquei, Tó Neves, Vítor Hugo, Cristiano Pereira e Franklim Pais!

    abraço

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