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“Temos uma história para contar” e embora não seja totalmente verdade que andamos “a vencer desde 1893” temos vivido décadas magníficas, com conquista atrás de conquista não só no futebol como em muitas outras modalidades, num ritmo inusitado para a maior parte dos Clubes do Mundo.
Todas estas glórias conquistadas, aliadas a alguma falta de memória e mesmo de cultura desportiva, levam a que parte do universo azul e branco reaja de forma quase desesperada à derrota, mesmo quando ela ainda não esteja sequer concretizada. Pior, reagimos mal ao próprio sofrimento e a decisões “à unha”, demasiado habituados que estamos a ver campeonatos a serem conquistados com avanços na casa das dezenas de pontos. As críticas destrutivas são constantes e inclusivamente tornou-se frequente ouvirmos “se ganharmos este campeonato não fomos nós que o ganhamos mas sim eles que o perderam” quase em jeito de menosprezo por uma eventual vitória final.
Temos ainda outra característica que se tem vindo a acentuar: a ideia que uma derrota no campeonato pressupõe um temido fim de ciclo, quase um regresso às trevas pré Pedroto e Pinto da Costa, muito à imagem do que benfiquistas, sportinguistas e até boavisteiros apregoam quando ganham um campeonato, numa tentativa de wishful thinking que lhe tem saído furada ao longo dos anos.
Porque temos um outro lado da história, sem calcanhares mágicos mas com momentos marcantes e também importantes, convido-vos a visitar 6 épocas diferentes:
• 1985/86 – Numa época atribulada e marcada por muitas lesões, chegamos à penúltima jornada a depender de terceiros. O Sporting ia à luz semanas depois de levar um contundente 5-0 para a Taça de Portugal no mesmo estádio e parecia pouco provável esperar um milagre. Mas ele aconteceu e em conjunto com a nossa vitória em Setúbal passamos para a frente, selando na jornada seguinte o Bi Campeonato.
• 1990/91 – A quatro jornadas do fim e 1 ponto atrás do rival habitual, recebíamos nas Antas o jogo do título. Num encontro polémico, a derrota por 2-0 foi a machadada final numa época em que também tínhamos deixado fugir o sonho europeu numa derrota pelo mesmo resultado em casa com o Bayern. Esses reveses, aliados a alguma instabilidade interna que teve correspondência nos 20,14% atingidos pelo candidato Martins Soares nas eleições contra Pinto da Costa, deram esperanças de renascimento do domínio do sul, sendo que no entanto o FC Porto seria bicampeão nos anos seguintes.
• 1992/93 – Um empate na luz colocou-nos em antecipada festa pela conquista do Bi Campeonato, mas o empate com o Boavista em casa pôs o FC Porto a depender de escorregadela alheia. A 3 jornadas do fim os nossos rivais caíram em Aveiro, local onde 2 jogos depois selamos nova conquista.
• 2000/01 – Um final de campeonato com 9 vitórias consecutivas, incluindo um expressivo 4-0 aos nossos vizinhos na última jornada, não impediu o inédito título do Boavista. Estávamos no meio do “longo” jejum de 3 anos pós Penta, às portas de um atribulado 2001/02, num cenário que não permitia sequer sonhar com o que se passaria pouco depois – o início da melhor década de sempre da história do FC Porto.
• 2006/07 – A uma primeira parte de época brilhante, sucedeu-se uma 2ª volta titubeante. Na Mata Real, a menos de um quarto de hora do final do penúltimo jogo, apareceu o salvador Adriano a segurar um Bi Campeonato que parecia fugir a cada semana que passava. Apesar do sofrimento com o Desp. Aves no último jogo, a conquista suada foi uma realidade, num percurso que valeu o segundo Tetra Campeonato.
• 2009/10 – No final de uma época complicadíssima, com muitas polémicas à mistura, o nosso rival tinha um championship point no Dragão, com o FC Porto já remetido a um pouco habitual 3º posto. Mesmo sem Falcao e com apenas 10 homens em campo, conseguimos a vitória e o adiar da consagração para outras paragens. O final do nosso ciclo foi uma vez mais anunciado como inevitável, no entanto todos sabemos o que aconteceu nas 2 épocas seguintes: um 2010/11 de sonho e um 2011/12 com mais um campeonato conquistado, apesar de muitos terem atirado a toalha ao chão em antecipação.
Com este exercício simples pretendo apenas contrariar algumas ideias feitas e as perspectivas de cenários dantescos que pululam no nosso seio nos dias que correm. Não estamos ainda condenados a perder este campeonato, já que uma reviravolta tardia estaria longe de ser inédita, e mesmo perdendo não significa só por si que o fim da linha chegou! É pois ainda tempo de lutar e acreditar, temos 5 finais para conquistar de modo a deixar bem claro que se eles se conseguirem aguentar será com um vice-campeão invicto e que os triturou na penúltima jornada!
Estamos ainda na luta em várias modalidades e escalões, com especial saliência para os 3 importantes tabuleiros onde se jogam 3 títulos nacionais contra o mesmo rival. Se somos Portistas de alma e coração a nossa atenção só tem de estar virada para isto, no final teremos tempo de sobra para discutirmos outros assuntos.
Ainda há um caminho a percorrer, ainda temos batalhas a ganhar. Vamos FC Porto!
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