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Porque estamos no tempo das férias, sol e praia, logo época pouco aconselhável para pensar em assuntos tão áridos como passivos, activos, custos salariais, mais ou menos-valias, dívida financeira e juros, e porque decorreu entre 10 e 28 de Julho pp na Suécia a fase final do campeonato da Europa de futebol feminino de selecções seniores, lembrei-me de fazer uma versão mais ligeira das “contas à moda do Porto”, discorrendo sobre o futebol feminino no FCP.
Quanto ao campeonato da Europa, acentuando a sua hegemonia (ganhou em 1995, 1997, 2001,2005 e 2009), venceu a Alemanha derrotando na final a Noruega por 1-0 (a guarda-redes alemã Nadine Angerer defendeu duas grandes penalidades!), tornando-se hexa-campeã e justificando a velha máxima do inglês Gary Lineker que tendo sido pensada para a selecção masculina, pode agora também ser aplicada à selecção feminina, o futebol são onze contra onze e no fim ganha a Alemanha.
No que respeita ao futebol feminino no FCP, chamou-me à atenção esta notícia no site oficial, com o Open Day a realizar-se em 01 de Julho passado.
De facto, fez-me sempre muita confusão que um clube que tem no seu nome Futebol, e não Basquetebol, Andebol, Hóquei ou qualquer outro desporto, nunca tenha proporcionado a prática do futebol às raparigas/mulheres. Note-se que nada tenho contra essas outras modalidades, como é evidente, bem pelo contrário sou favorável ao máximo ecletismo possível, o que me surpreende e desagrada é o ostracismo a que é votado o futebol feminino.
Bem sei que o FCP nasceu numa época em que falar de desporto, nomeadamente o futebol, tinha implícito o conceito de masculino. Bem sei também que essa mentalidade perdurou um longo tempo, digamos até ao fim da 2ª Grande Guerra Mundial. Mas, desde essa altura o papel da mulher no desporto não parou de aumentar, e hoje em dia pode-se afirmar que a igualdade de género é uma realidade.
Tanto assim é que seja nos Jogos Olímpicos, seja na UEFA (que é o que interessa ao caso porque se trata de futebol) cada modalidade é praticada no masculino e no feminino. Em Portugal, nesta área, como em muitas outras, infelizmente estamos na cauda da Europa.
Repare-se que a FIFA na atribuição anual de prémios não esquece as mulheres, e, por exemplo, este ano ao lado de Lionel Messi lá estava Abby Wambach, americana e jogadora do ano, e ao lado de Vicente del Bosque estava Pia Sundhage a treinadora do ano (sueca bicampeã olímpica em 2008 e 2012 ao comando da selecção feminina dos EUA). E, como se sabe, em 2014, a final da Liga dos Campeões feminina será no estádio do Restelo em Lisboa (visto que a final masculina está marcada para o nosso salão de festas). Quanto ao FCP, em que já houve tempo onde o lugar das mulheres era dentro do carro a tricotar enquanto os maridos “sofriam” nas Antas, verifica-se uma crescente e já muito significativa presença do elemento feminino no Dragão.
Por isso espero e desejo que a notícia acima referida seja o começo duma verdadeira implantação do futebol feminino no FCP e não um mero expediente para facturar mais umas mensalidades às raparigas. Se não veja-se o contra-senso: os rapazes do Dragon Force fazem a sua aprendizagem podendo depois evoluir para os Sub-15, Sub-17, etc.; já as raparigas se quiserem continuar a praticar o seu desporto favorito terão de mudar de clube !!! Faz isto algum sentido?
Claro que se pode e deve questionar por que razão não há futebol sénior feminino no FCP.
Por razões económicas não é certamente. De facto, contrariamente por exemplo ao futsal onde o nível salarial dos atletas das equipas de topo já é considerável, as futebolistas, a nível nacional, são verdadeiramente amadoras com custos insignificantes. Claro que a nível de topo internacional o caso muda de figura, as jogadoras são muito bem pagas, profissionais, e a concorrência é forte.
Por razões de logística também me parece que não haveria grande problema, uma vez que quer no Vitalis Park, quer no centro de treinos do Olival, ou no estádio de Pedroso, parece haver campos suficientes.
Por razões de visibilidade, talvez. Mas aqui, na minha opinião, o FCP devia tomar a iniciativa e não ser um seguidista. Veja-se o que se passou no futsal, também não tinha grande visibilidade até à entrada dos dois clubes da 2ª circular, agora o próprio canal público, às vezes em “prime time”, se dedica a esta modalidade. Até o futebol de praia merece honras televisivas (é o caso do “mundialito” que passou na rtp-1 no fim de semana de 27 e 28 de Julho). Por outro lado, esta questão da visibilidade está muito relacionada com os resultados, por exemplo nunca ninguém ligou muito ao judo, remo ou canoagem, mas a partir do momento em que se conseguiram resultados relevantes, quer as modalidades quer os atletas passaram a ser muito reconhecidos. É a velha estória da “pescadinha de rabo na boca”: não há resultados, logo não há investimento; não há investimento, logo não há resultados. Há, pois, que quebrar este círculo vicioso.
Há quem pense que os grandes clubes do futebol não se dedicam ao futebol feminino. Não é bem assim, por exemplo existem equipas femininas de clubes como o Arsenal, Lyon, Wolfburg e Frankfurt, e cito estes apenas porque são clubes que já venceram a Liga dos Campeões feminina (PSG e Bayern de Munique têm igualmente boas equipas). Além de que, quando o que está em jogo são princípios e não títulos, é tão digno jogar contra o Clube Atlético Ouriense (actual campeão nacional) como contra o Barcelona.
Portanto, sendo estas não mais do que reflexões pessoais, não sei se muito ou pouco generalizáveis aos restantes portistas, por todas as razões e mais uma (gostar de ver um FCP vanguardista e não seguidista), espero que o Dragon Force seja o embrião duma futura equipa feminina do FCP, porque não tenho dúvidas de que serão milhares as raparigas/mulheres que muito gostariam de representar o seu clube.
PS1- Assisti à final Alemanha-Noruega no Eurosport e devo dizer que me interessou mais que certos jogos da liga Zon/Sagres.
PS2- Só neste canal televisivo, o comentador referiu que tiveram três milhões de espectadores de audiência na meia-final Noruega-Dinamarca. No estádio em Solna, na final, estiveram 41.301 espectadores. Por aqui se pode avaliar a importância crescente do futebol feminino.
nota: o blog BPc agradece ao JCHS a elaboração deste artigo.
Quanto ao campeonato da Europa, acentuando a sua hegemonia (ganhou em 1995, 1997, 2001,2005 e 2009), venceu a Alemanha derrotando na final a Noruega por 1-0 (a guarda-redes alemã Nadine Angerer defendeu duas grandes penalidades!), tornando-se hexa-campeã e justificando a velha máxima do inglês Gary Lineker que tendo sido pensada para a selecção masculina, pode agora também ser aplicada à selecção feminina, o futebol são onze contra onze e no fim ganha a Alemanha.
No que respeita ao futebol feminino no FCP, chamou-me à atenção esta notícia no site oficial, com o Open Day a realizar-se em 01 de Julho passado.
De facto, fez-me sempre muita confusão que um clube que tem no seu nome Futebol, e não Basquetebol, Andebol, Hóquei ou qualquer outro desporto, nunca tenha proporcionado a prática do futebol às raparigas/mulheres. Note-se que nada tenho contra essas outras modalidades, como é evidente, bem pelo contrário sou favorável ao máximo ecletismo possível, o que me surpreende e desagrada é o ostracismo a que é votado o futebol feminino.
Bem sei que o FCP nasceu numa época em que falar de desporto, nomeadamente o futebol, tinha implícito o conceito de masculino. Bem sei também que essa mentalidade perdurou um longo tempo, digamos até ao fim da 2ª Grande Guerra Mundial. Mas, desde essa altura o papel da mulher no desporto não parou de aumentar, e hoje em dia pode-se afirmar que a igualdade de género é uma realidade.
Tanto assim é que seja nos Jogos Olímpicos, seja na UEFA (que é o que interessa ao caso porque se trata de futebol) cada modalidade é praticada no masculino e no feminino. Em Portugal, nesta área, como em muitas outras, infelizmente estamos na cauda da Europa.
Repare-se que a FIFA na atribuição anual de prémios não esquece as mulheres, e, por exemplo, este ano ao lado de Lionel Messi lá estava Abby Wambach, americana e jogadora do ano, e ao lado de Vicente del Bosque estava Pia Sundhage a treinadora do ano (sueca bicampeã olímpica em 2008 e 2012 ao comando da selecção feminina dos EUA). E, como se sabe, em 2014, a final da Liga dos Campeões feminina será no estádio do Restelo em Lisboa (visto que a final masculina está marcada para o nosso salão de festas). Quanto ao FCP, em que já houve tempo onde o lugar das mulheres era dentro do carro a tricotar enquanto os maridos “sofriam” nas Antas, verifica-se uma crescente e já muito significativa presença do elemento feminino no Dragão.
Por isso espero e desejo que a notícia acima referida seja o começo duma verdadeira implantação do futebol feminino no FCP e não um mero expediente para facturar mais umas mensalidades às raparigas. Se não veja-se o contra-senso: os rapazes do Dragon Force fazem a sua aprendizagem podendo depois evoluir para os Sub-15, Sub-17, etc.; já as raparigas se quiserem continuar a praticar o seu desporto favorito terão de mudar de clube !!! Faz isto algum sentido?
Claro que se pode e deve questionar por que razão não há futebol sénior feminino no FCP.
Por razões económicas não é certamente. De facto, contrariamente por exemplo ao futsal onde o nível salarial dos atletas das equipas de topo já é considerável, as futebolistas, a nível nacional, são verdadeiramente amadoras com custos insignificantes. Claro que a nível de topo internacional o caso muda de figura, as jogadoras são muito bem pagas, profissionais, e a concorrência é forte.
Por razões de logística também me parece que não haveria grande problema, uma vez que quer no Vitalis Park, quer no centro de treinos do Olival, ou no estádio de Pedroso, parece haver campos suficientes.
Por razões de visibilidade, talvez. Mas aqui, na minha opinião, o FCP devia tomar a iniciativa e não ser um seguidista. Veja-se o que se passou no futsal, também não tinha grande visibilidade até à entrada dos dois clubes da 2ª circular, agora o próprio canal público, às vezes em “prime time”, se dedica a esta modalidade. Até o futebol de praia merece honras televisivas (é o caso do “mundialito” que passou na rtp-1 no fim de semana de 27 e 28 de Julho). Por outro lado, esta questão da visibilidade está muito relacionada com os resultados, por exemplo nunca ninguém ligou muito ao judo, remo ou canoagem, mas a partir do momento em que se conseguiram resultados relevantes, quer as modalidades quer os atletas passaram a ser muito reconhecidos. É a velha estória da “pescadinha de rabo na boca”: não há resultados, logo não há investimento; não há investimento, logo não há resultados. Há, pois, que quebrar este círculo vicioso.
Há quem pense que os grandes clubes do futebol não se dedicam ao futebol feminino. Não é bem assim, por exemplo existem equipas femininas de clubes como o Arsenal, Lyon, Wolfburg e Frankfurt, e cito estes apenas porque são clubes que já venceram a Liga dos Campeões feminina (PSG e Bayern de Munique têm igualmente boas equipas). Além de que, quando o que está em jogo são princípios e não títulos, é tão digno jogar contra o Clube Atlético Ouriense (actual campeão nacional) como contra o Barcelona.
Portanto, sendo estas não mais do que reflexões pessoais, não sei se muito ou pouco generalizáveis aos restantes portistas, por todas as razões e mais uma (gostar de ver um FCP vanguardista e não seguidista), espero que o Dragon Force seja o embrião duma futura equipa feminina do FCP, porque não tenho dúvidas de que serão milhares as raparigas/mulheres que muito gostariam de representar o seu clube.
PS1- Assisti à final Alemanha-Noruega no Eurosport e devo dizer que me interessou mais que certos jogos da liga Zon/Sagres.
PS2- Só neste canal televisivo, o comentador referiu que tiveram três milhões de espectadores de audiência na meia-final Noruega-Dinamarca. No estádio em Solna, na final, estiveram 41.301 espectadores. Por aqui se pode avaliar a importância crescente do futebol feminino.
nota: o blog BPc agradece ao JCHS a elaboração deste artigo.
Gostava de ver f.c.p feminino.
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