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A mística do FC Porto, costuma dizer-se, é algo que não se vê. Antes se sente. Não sei se concordo. Por vezes, parece-me, ela é bem visível a olho nu, dependendo da atenção com que olhamos o dia a dia do clube. Muitas vezes essa mística manifesta-se até em acontecimentos cósmicos, surreais, inalcançáveis aos restantes clubes mortais.
A semana que passou foi frutífera nesse aspecto.
Deco, o Mágico, retirou-se dos relvados. O corpo do artista não aguentava mais, segundo o próprio. O luso-brasileiro não mente. O suor e a magia que deixou nos relvados com a camisola do FC Porto fizeram certamente mossa nos seus músculos e nos seus ossos. Deco, numa atitude louvável, assumindo a idade e admitindo que o corpo já não acompanhava o que a cabeça decidia, decidiu não “enganar” mais o Fluminense, poupando o clube crioca ao pagamento do seu salário. Se até os Mágicos envelhecem, o que será de nós?, terão pensado muitos portistas. Gelsenkirschen, por muito que custe, foi há quase uma década. Foi lá que vi ao vivo o derradeiro golpe do génio com a nossa camisola, estava eu bem atrás do Baía: Deco a ultrapassar em esforço um defesa monegasco, a libertar na direita para Alenitchev, a fingir que se encaminha para a pequena área, mas no momento certo a posicionar-se na entrada da mesma para receber o passe de morte do russo, na zona fatal onde as balizas ficam à mercê de um qualquer. Mas Deco não era um qualquer. Recebe a bola, ajeita-a com carinho para a direita (e eu vejo todos estes pormenores, o tempo pára, o estádio silencia-se), todos pensam que vai rematar para esse lado, como todos os outros. Mas os génios não fazem o óbvio ou o comum e com toda a classe, com a sua deliciosamente falsa lentidão, remata para a esquerda, por entre os defesas do Mónaco, deixando o guarda-redes Roma completamente batido. Estava feito o golo da sua vida.
Deco vestiu camisolas importantes ao longo da sua carreira. Selecção Nacional, Barcelona, Chelsea. Na hora da despedida lembrou-se apenas da última e da do FC Porto, falando mesmo num jogo de despedida no Dragão, que o Fluminense prontamente se dispôs a aceitar. O Presidente Pinto da Costa não tem por hábito proporcionar esse tipo de despedidas. Baía não a teve. Jorge Costa idem. Mas será que para o Mágico abrirá uma excepção? Ele que nos deu tantos momentos de arte, ele que foi o último jogador adversário a marcar um golo no antigo Estádio da Luz, ele que venceu tudo o que havia para vencer de Dragão ao peito, ele que passou por momentos difíceis nas Antas, que recuperou a tempo de fazer uma carreira birlhante, ele que marcou tantos golos e tantos deu a marcar, ele que recebia vénias com a maior humildade, ele que sozinho ganhou tantos jogos...
Depois da despedida, para onde foi Deco? Exactamente para o Mónaco, jantar com João Moutinho, James e Ricardo Carvalho. Curiosamente, só contracenou nas Antas e no Dragão com o central português. Então porquê este súbito congresso de craques ex-dragões? Será que uma vez dragão, dragão para toda a vida?
Ricardo Sousa, filho de Sousa, colocou recentemente no seu Facebook uma fotografia dos seus tempos de Porto. A legenda era qualquer coisa do género: foram 7 anos, mas podiam ter sido 3 dias. Uma vez Porto, Porto para sempre. Mistério, não é?
Hulk falhou o regresso ao Dragão frente ao Paços de Ferreira, por lesão. Contudo, aproveitando-se desse facto, solicitou aos responsáveis russos prosseguir a recuperação física no Olival, aos cuidados do Dr. Puga. No Instagram publicou fotos de jantares com Danilo, Alex, Kelvin, entre outros. Resumindo: o Incrível tem saudades do Dragão. Mas lá está, o acontecimento cósmico surgiu. O sorteio da Champions League fez-lhe a vontade e Hulk voltará ao Porto para defrontar a sua equipa do coração. O FC Porto voltará, noutro capricho cósmico, uma vez mais, ao Prater de Viena, onde viveu uma das suas noites mais gloriosas.
Por todo o lado, nas redes sociais, é possível ver que os atletas que passam pelo FC Porto se transformam em adeptos incondicionais. A trupe colombiana é das mais entusiastas no que toca a desejar boa sorte antes dos grandes clássicos. Sapunaru regressou à Invicta para assistir no estádio àquele cósmico minuto 92. À pergunta do jornalista “porque veio?”, o romeno, com ar atónito, respondeu simplesmente “pelo Porto”.
No passado dia 28 de Agosto, cumpriram-se 19 anos sobre a morte do nosso eterno Rui Filipe, esse filho do Dragão, recordado com carinho por todos os portistas, cujo busto se encontra ao lado de Pavão perto dos balneários do FC Porto. A carreira de Rui Filipe fica ligada a três momentos marcantes: o seu grande golo a abrir a gloriosa noite de Bremen, o primeiro golo do penta frente ao Sporting de Braga e quando senta Michel Preud’homme e faz um tento magnífico no Estádio da Luz. Seria o último jogo e o último golo da sua vida. Nessa partida, é expulso e cumpre jogo de castigo na jornada seguinte, em Aveiro, frente ao Beira-Mar. Mas Rui Filipe já nem viu esse jogo, vitimado pelo terrível acidente dessa madrugada perto da sua Vale de Cambra. São quase vinte anos, mas o Rui Filipe continua nos nossos corações.
O que é então essa mística? Não sei. Não se explica. Sente-se!
Rodrigo de Almada Martins
A semana que passou foi frutífera nesse aspecto.
Deco, o Mágico, retirou-se dos relvados. O corpo do artista não aguentava mais, segundo o próprio. O luso-brasileiro não mente. O suor e a magia que deixou nos relvados com a camisola do FC Porto fizeram certamente mossa nos seus músculos e nos seus ossos. Deco, numa atitude louvável, assumindo a idade e admitindo que o corpo já não acompanhava o que a cabeça decidia, decidiu não “enganar” mais o Fluminense, poupando o clube crioca ao pagamento do seu salário. Se até os Mágicos envelhecem, o que será de nós?, terão pensado muitos portistas. Gelsenkirschen, por muito que custe, foi há quase uma década. Foi lá que vi ao vivo o derradeiro golpe do génio com a nossa camisola, estava eu bem atrás do Baía: Deco a ultrapassar em esforço um defesa monegasco, a libertar na direita para Alenitchev, a fingir que se encaminha para a pequena área, mas no momento certo a posicionar-se na entrada da mesma para receber o passe de morte do russo, na zona fatal onde as balizas ficam à mercê de um qualquer. Mas Deco não era um qualquer. Recebe a bola, ajeita-a com carinho para a direita (e eu vejo todos estes pormenores, o tempo pára, o estádio silencia-se), todos pensam que vai rematar para esse lado, como todos os outros. Mas os génios não fazem o óbvio ou o comum e com toda a classe, com a sua deliciosamente falsa lentidão, remata para a esquerda, por entre os defesas do Mónaco, deixando o guarda-redes Roma completamente batido. Estava feito o golo da sua vida.
Deco vestiu camisolas importantes ao longo da sua carreira. Selecção Nacional, Barcelona, Chelsea. Na hora da despedida lembrou-se apenas da última e da do FC Porto, falando mesmo num jogo de despedida no Dragão, que o Fluminense prontamente se dispôs a aceitar. O Presidente Pinto da Costa não tem por hábito proporcionar esse tipo de despedidas. Baía não a teve. Jorge Costa idem. Mas será que para o Mágico abrirá uma excepção? Ele que nos deu tantos momentos de arte, ele que foi o último jogador adversário a marcar um golo no antigo Estádio da Luz, ele que venceu tudo o que havia para vencer de Dragão ao peito, ele que passou por momentos difíceis nas Antas, que recuperou a tempo de fazer uma carreira birlhante, ele que marcou tantos golos e tantos deu a marcar, ele que recebia vénias com a maior humildade, ele que sozinho ganhou tantos jogos...
Depois da despedida, para onde foi Deco? Exactamente para o Mónaco, jantar com João Moutinho, James e Ricardo Carvalho. Curiosamente, só contracenou nas Antas e no Dragão com o central português. Então porquê este súbito congresso de craques ex-dragões? Será que uma vez dragão, dragão para toda a vida?
Ricardo Sousa, filho de Sousa, colocou recentemente no seu Facebook uma fotografia dos seus tempos de Porto. A legenda era qualquer coisa do género: foram 7 anos, mas podiam ter sido 3 dias. Uma vez Porto, Porto para sempre. Mistério, não é?
Hulk falhou o regresso ao Dragão frente ao Paços de Ferreira, por lesão. Contudo, aproveitando-se desse facto, solicitou aos responsáveis russos prosseguir a recuperação física no Olival, aos cuidados do Dr. Puga. No Instagram publicou fotos de jantares com Danilo, Alex, Kelvin, entre outros. Resumindo: o Incrível tem saudades do Dragão. Mas lá está, o acontecimento cósmico surgiu. O sorteio da Champions League fez-lhe a vontade e Hulk voltará ao Porto para defrontar a sua equipa do coração. O FC Porto voltará, noutro capricho cósmico, uma vez mais, ao Prater de Viena, onde viveu uma das suas noites mais gloriosas.
Por todo o lado, nas redes sociais, é possível ver que os atletas que passam pelo FC Porto se transformam em adeptos incondicionais. A trupe colombiana é das mais entusiastas no que toca a desejar boa sorte antes dos grandes clássicos. Sapunaru regressou à Invicta para assistir no estádio àquele cósmico minuto 92. À pergunta do jornalista “porque veio?”, o romeno, com ar atónito, respondeu simplesmente “pelo Porto”.
No passado dia 28 de Agosto, cumpriram-se 19 anos sobre a morte do nosso eterno Rui Filipe, esse filho do Dragão, recordado com carinho por todos os portistas, cujo busto se encontra ao lado de Pavão perto dos balneários do FC Porto. A carreira de Rui Filipe fica ligada a três momentos marcantes: o seu grande golo a abrir a gloriosa noite de Bremen, o primeiro golo do penta frente ao Sporting de Braga e quando senta Michel Preud’homme e faz um tento magnífico no Estádio da Luz. Seria o último jogo e o último golo da sua vida. Nessa partida, é expulso e cumpre jogo de castigo na jornada seguinte, em Aveiro, frente ao Beira-Mar. Mas Rui Filipe já nem viu esse jogo, vitimado pelo terrível acidente dessa madrugada perto da sua Vale de Cambra. São quase vinte anos, mas o Rui Filipe continua nos nossos corações.
O que é então essa mística? Não sei. Não se explica. Sente-se!
Rodrigo de Almada Martins
Belíssimo post.
ResponderEliminarÉ mais uma demonstração da família que é o FC Porto.
Podem achar parvo o que vou dizer a seguir. Mas o segredo do FC Porto é ser o clube regional que alguns utilizam como crítica.
Nós somos uma família unida, que se reúne e só pensa em contribuir para a ajudar a ser feliz.
Nós somos aquela família grande numa casa pequena sem grandes luxos, mas somos felizes porque estamos juntos, porque podemos confiar uns nos outros, porque juntos somos fortes. A nossa força está no interior (Mentalidade) e no colectivo e não no exterior (Folclore, propaganda...).
Por isso é que os que saem não esquecem e nos continuam a apoiar a nós e os nossos.
Por isso é que Somos Porto.
Boas,
ResponderEliminarTal como não se explica a mística, sente-se, o ser portista é igual, sente-se e não se sabe explicar tal estado de espírito. É tão bom perceber que tantos e tantos jogadores passam pelo clube, fazem uma carreira fantástica e deixam marca. depois partem e deixam saudades, mas também eles sentem saudades e não se esquecem do FC Porto e dos seus adeptos. será isto o ser Porto? não sei, mas gosto de pensar que sim. gosto de pensar que o FC Porto marca a "ferro e a fogo" todos os que por cá passam. Isto só prova que ao contrário daquilo que pensam e dizem os nossos principais adversários, o FC Porto é um clube especial. e eles no fundo, bem lá no fundo, gostariam que o seu clube também fosse assim, mas não é, porque FC Porto há só um.
Cumprimentos
Ana Andrade
www.portistaacemporcento.blogspot.com
www.artigosonlineanaandrade.blogspot.com
Excelente! 5**! À PORTO!!!
ResponderEliminarAbraço AZUL FORTE.
Excelente post.Muito bem.Parabéns ao que já nos habituou.A homenagem ao Deco é brilhante.Continue a escrever que nós gostamos de o ler.
5estrelas.