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Regresso de férias, regresso à dura realidade (dos números...).
Quem analisa com assiduidade e alguma profundidade os relatórios e contas da FCP-Futebol SAD, conhece bem os diversos componentes e respectiva importância no conjunto dos proveitos totais da sociedade. A generalidade dos adeptos tem conhecimento das diferentes fontes de rendimento (bilheteira, direitos televisivos, mais-valias na alienação de passes de jogadores, etc.), no entanto, penso que não têm uma noção exacta do peso relativo de cada rubrica.
Por exemplo, quanto representa em termos absolutos (valores) e em termos relativos (percentagem) a receita de bilheteira? Ou as receitas da UEFA? E por aí fora.
O objectivo do presente artigo é fazer esquematicamente essa apresentação, e sobretudo analisar/comentar a repartição dos proveitos da sociedade.
Para isso, e uma vez que as contas finais do exercício de 2013 só serão conhecidas no final do próximo mês de Outubro, vou socorrer-me dos elementos constantes do Orçamento de Exploração para o exercício de 2013 (findo em 30 de Junho passado), apresentado pelo conselho de administração e aprovado em Assembleia Geral de accionistas da SAD.
São estes os elementos (valores em Euros):
Feita a apresentação da estrutura de proveitos, importa agora o comentário.
Salta logo à primeira vista o enorme desequilíbrio desta estrutura.
Com efeito, uma só rubrica – resultados das transacções de passes de jogadores - representa mais de metade (mais exactamente 52,3%) do total de proveitos!
Quer dizer, a totalidade das outras rubricas, que constituem os chamados proveitos operacionais e que totalizam 53.777.352, apenas contribuem com 47,7% dos proveitos.
Como é evidente, toda a gente conhece o modelo de negócio do FCP: comprar bem, extrair o melhor rendimento desportivo e no fim do processo vender com significativas mais-valias financeiras. Sempre foi assim (últimos 25 anos), portanto, pergunta-se, onde está a surpresa?
Do meu ponto de vista, o problema reside na excessiva dependência deste tipo de rendimento.
De facto, se analisarmos esta estrutura ao longo dos anos verificamos que esta componente das contas tem um peso importante. Contudo, uma coisa é a sua representatividade ser de 10, 20 ou 30%, outra bem diferente é quando esses valores chegam aos 50%!
Então, qual o efeito prático disto?
Duma maneira simples e aproximada, quando se depende em 10% destas mais-valias, se elas falharem o prejuízo do ano é de 10 milhões de euros, mas se se depende em 50%, em caso de insucesso esse prejuízo é de 50 milhões de euros.
Isto é, um risco elevadíssimo. Por alguma razão, o povo na sua eterna sabedoria ensina que não se devem pôr os ovos todos no mesmo cesto.
Aliás, ainda no último ano (exercício de 2012) as contas encerraram com um prejuízo de quase 36 milhões de euros, após cinco anos consecutivos de resultados ligeiramente positivos, e porquê?
Pois, porque em grande medida as previsões de valores de vendas de passes falharam.
Por alguma razão, ainda recentemente (2 de Maio) em entrevistaao “Diário Económico”, o administrador financeiro Angelino Ferreira dizia que nos próximos tempos o FCP deverá ficar “menos dependente” das vendas de jogadores tendo em conta o contexto financeiro europeu. ”É fundamental a viragem para um modelo de negócio mais sustentável com proveitos operacionais e não decorrentes da venda de direitos económicos dos jogadores”, afirmou Angelino Ferreira.
Os números acima apresentados fundamentam bem esta afirmação. Resta saber se no seio do conselho de administração o administrador financeiro tem a força suficiente para impor as suas ideias.
Dito de outra maneira, não posso estar mais de acordo com Angelino Ferreira. Mas, não sei porquê, ao ler esta declaração, vem-me à memória o célebre Frei Tomás e o ditado popular: “Que bem prega Frei Tomás! Façam o que ele diz!, Não olhem para o que ele faz!”...
Evidentemente, quer se queira quer não, sempre existiu e sempre existirá, alguma incompatibilidade entre os interesses/ anseios da vertente desportiva (necessidade de obtenção de títulos), e os princípios da boa gestão financeira. Encontrar aqui um equilíbrio é fácil de dizer, difícil é realizá-lo...
Na mesma entrevista Angelino, Ferreira também mencionou a componente “custos”, mas como o artigo de hoje é apenas sobre “proveitos” (e mais especificamente sobre transacções de passes de jogadores) deixo essa parte para o próximo artigo, exactamente sobre a estrutura dos custos.
nota: o blog BPc agradece ao JCHS a elaboração deste artigo.
Quem analisa com assiduidade e alguma profundidade os relatórios e contas da FCP-Futebol SAD, conhece bem os diversos componentes e respectiva importância no conjunto dos proveitos totais da sociedade. A generalidade dos adeptos tem conhecimento das diferentes fontes de rendimento (bilheteira, direitos televisivos, mais-valias na alienação de passes de jogadores, etc.), no entanto, penso que não têm uma noção exacta do peso relativo de cada rubrica.
Por exemplo, quanto representa em termos absolutos (valores) e em termos relativos (percentagem) a receita de bilheteira? Ou as receitas da UEFA? E por aí fora.
O objectivo do presente artigo é fazer esquematicamente essa apresentação, e sobretudo analisar/comentar a repartição dos proveitos da sociedade.
Para isso, e uma vez que as contas finais do exercício de 2013 só serão conhecidas no final do próximo mês de Outubro, vou socorrer-me dos elementos constantes do Orçamento de Exploração para o exercício de 2013 (findo em 30 de Junho passado), apresentado pelo conselho de administração e aprovado em Assembleia Geral de accionistas da SAD.
São estes os elementos (valores em Euros):
Feita a apresentação da estrutura de proveitos, importa agora o comentário.
Salta logo à primeira vista o enorme desequilíbrio desta estrutura.
Com efeito, uma só rubrica – resultados das transacções de passes de jogadores - representa mais de metade (mais exactamente 52,3%) do total de proveitos!
Quer dizer, a totalidade das outras rubricas, que constituem os chamados proveitos operacionais e que totalizam 53.777.352, apenas contribuem com 47,7% dos proveitos.
Como é evidente, toda a gente conhece o modelo de negócio do FCP: comprar bem, extrair o melhor rendimento desportivo e no fim do processo vender com significativas mais-valias financeiras. Sempre foi assim (últimos 25 anos), portanto, pergunta-se, onde está a surpresa?
Do meu ponto de vista, o problema reside na excessiva dependência deste tipo de rendimento.
De facto, se analisarmos esta estrutura ao longo dos anos verificamos que esta componente das contas tem um peso importante. Contudo, uma coisa é a sua representatividade ser de 10, 20 ou 30%, outra bem diferente é quando esses valores chegam aos 50%!
Então, qual o efeito prático disto?
Duma maneira simples e aproximada, quando se depende em 10% destas mais-valias, se elas falharem o prejuízo do ano é de 10 milhões de euros, mas se se depende em 50%, em caso de insucesso esse prejuízo é de 50 milhões de euros.
Isto é, um risco elevadíssimo. Por alguma razão, o povo na sua eterna sabedoria ensina que não se devem pôr os ovos todos no mesmo cesto.
Aliás, ainda no último ano (exercício de 2012) as contas encerraram com um prejuízo de quase 36 milhões de euros, após cinco anos consecutivos de resultados ligeiramente positivos, e porquê?
Pois, porque em grande medida as previsões de valores de vendas de passes falharam.
Por alguma razão, ainda recentemente (2 de Maio) em entrevistaao “Diário Económico”, o administrador financeiro Angelino Ferreira dizia que nos próximos tempos o FCP deverá ficar “menos dependente” das vendas de jogadores tendo em conta o contexto financeiro europeu. ”É fundamental a viragem para um modelo de negócio mais sustentável com proveitos operacionais e não decorrentes da venda de direitos económicos dos jogadores”, afirmou Angelino Ferreira.
Os números acima apresentados fundamentam bem esta afirmação. Resta saber se no seio do conselho de administração o administrador financeiro tem a força suficiente para impor as suas ideias.
Dito de outra maneira, não posso estar mais de acordo com Angelino Ferreira. Mas, não sei porquê, ao ler esta declaração, vem-me à memória o célebre Frei Tomás e o ditado popular: “Que bem prega Frei Tomás! Façam o que ele diz!, Não olhem para o que ele faz!”...
Evidentemente, quer se queira quer não, sempre existiu e sempre existirá, alguma incompatibilidade entre os interesses/ anseios da vertente desportiva (necessidade de obtenção de títulos), e os princípios da boa gestão financeira. Encontrar aqui um equilíbrio é fácil de dizer, difícil é realizá-lo...
Na mesma entrevista Angelino, Ferreira também mencionou a componente “custos”, mas como o artigo de hoje é apenas sobre “proveitos” (e mais especificamente sobre transacções de passes de jogadores) deixo essa parte para o próximo artigo, exactamente sobre a estrutura dos custos.
nota: o blog BPc agradece ao JCHS a elaboração deste artigo.
O capital dos Bancos e os clubes da Capital no blogue Reflexão Portista
ResponderEliminarA NÃO PERDER
Excelente Post!
ResponderEliminarAgora percebo porque que o FCP mesmo obtendo lucros astronómicos na venda de jogadores, ainda não se situou num patamar mais elevado em níveis financeiros e para o que vende continua a não suportar jogadores mais caros por vezes e salários muito elevados.
Por outro lado, alguém me sabe dizer de onde é que vem tanto dinheiro dos Mouros? Os gajos não vendem, não ganham nada, investiram uma quantia estúpida la na TV e continuam sempre a investir exorbitâncias... Saudações Portistas!