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Arrumadas as contas de 2013, e bem arrumadas com lucro muito significativo (para além dos títulos, que são sempre o mais importante), há que perspectivar o que pode acontecer em 2014, e para isso, nada melhor do que analisar o Orçamento de Exploração que anualmente o conselho de administração da FCP - Futebol, SAD, elabora e apresenta para aprovação na Assembleia Geral de Accionistas (a ocorrer no próximo dia 21 de Novembro). Como sabemos, um orçamento não passa disso mesmo, isto é, um documento de intenções que pode a vir a revelar-se mais ou menos acertado, no entanto, é sempre um documento muito importante por ser revelador das políticas e metas da administração da sociedade.
Mas, antes disso, e porque em matéria de contas grassa uma generalizada confusão (incluindo a própria comunicação social), onde o disparate campeia, importa primeiro saber de que contas se está a falar. Ora, no universo Futebol Clube do Porto existem actualmente quatro tipos de “relatórios e contas”, todos diferentes entre si, em função dos diferentes perímetros de englobamento, a saber:
- Futebol Clube do Porto, contas individuais;
- Futebol Clube do Porto, contas consolidadas; (*)
- Futebol Clube do Porto - Futebol, SAD, contas individuais;
- Futebol Clube do Porto -Futebol, SAD, contas consolidadas;
Perante estes números, cada um poderá tirar as suas conclusões. Pela minha, parte suscitam-me os seguintes comentários:
1) A estimativa de descida acentuada nas mais-valias na venda de passes é não só natural, face ao elevado valor de vendas em 2012/13 (HulK, Álvaro Pereira, João Moutinho e James Rodriguez), como desejável no sentido em que diminui a excessiva dependência do orçamento desta rubrica, o que fica bem traduzido no facto de que embora diminuindo esta rubrica 45,8%, o total de proveitos operacionais só reduz 27,3%. Em todo o caso, certo é que a administração prevê vender 2/3 dos mais valiosos jogadores para poder facturar 70 a 80 milhões de euros e assim alcançar cerca de 40 milhões de mais-valias.
2) Positiva a previsão de diminuição de gastos com o pessoal em 3,8M€, a que não será estranha a venda de alguns dos passes dos jogadores (os atrás citados) que mais pesavam na folha salarial.
3) As amortizações de passes (isto é, o somatório dos preços de aquisição de cada atleta a dividir pelo nr. de anos do respectivo contrato) estão relativamente estáveis, nem é expectável que venham no futuro a diminuir, uma vez que para isso acontecer, seria necessário que os preços de aquisição dos atletas baixasse, o que sendo desejável, já deixaria de o ser se tal fosse obtido à custa de uma menor qualidade dessas aquisições.
4) Muito negativa é a contínua escalada das despesas financeiras. Aqui não há milagres: subindo as taxas de juro e não descendo significativamente o passivo financeiro, os juros pagos, claro, sobem.
5) O objectivo de redução de custos, desejo publicamente manifestado pelo administrador financeiro Angelino Ferreira, tem tradução expressa neste orçamento, prevendo-se uma redução de 16,1% no total de custos operacionais, o que será excelente (se for efectivamente alcançada...).
6) Mesmo assim, com esta redução nos gastos, o resultado operacional tem uma grande descida de 30 para 10 milhões de euros, fruto da referida diminuição nas mais-valias nas vendas de passes de jogadores.
7) Como corolário de tudo isto, o reflexo no resultado líquido final que se prevê baixe de 20 milhões em 2013 para apenas 629 mil euros em 2014.
8) Obviamente, um orçamento está sujeito a várias contingências, por exemplo a não passagem da fase de grupos da liga dos campeões pode colocar o resultado com saldo negativo, mas, por outro lado, vendas de passes superiores ao esperado podem mais do que compensar essa falha. Em qualquer caso, atendendo a que a soma dos resultados líquidos de 2012 e 2013 é bastante negativa (cerca de 15M€ de prejuízo), e considerando que estando já em vigor o Fair-Play Financeiro da UEFA (que obriga a um equilíbrio entre custos e proveitos, o chamado critério do “break-even”), a administração da SAD está bastante pressionada a apresentar neste exercício de 2014 resultados positivos (mesmo que marginais, como os orçamentados).
É este, pois, o panorama que de modo sintético se apresenta para o corrente exercício fiscal de 2013/2014 que encerra a 30/6.
P. S. – À data em que escrevo o presente artigo (14-Nov), ainda não são conhecidas as contas referentes ao 1º trimestre (Julho a Setembro), cujo prazo limite de comunicação à CMVM é 30-Nov, contudo, não será de estranhar que venham a ser significativamente negativas uma vez que estando dependentes da realização de 41M€ de mais-valias nas transacções de passes de jogadores (em termos anuais), neste primeiro trimestre, ainda não surgiram vendas de relevo (creio que, apenas, Atsu). Mais um motivo de pressão sobre a administração da SAD no mês de Junho de 2014 para a realização de mais-valias (caso não aconteça já na janela de transferências de Janeiro...).
JCHS
Mas, antes disso, e porque em matéria de contas grassa uma generalizada confusão (incluindo a própria comunicação social), onde o disparate campeia, importa primeiro saber de que contas se está a falar. Ora, no universo Futebol Clube do Porto existem actualmente quatro tipos de “relatórios e contas”, todos diferentes entre si, em função dos diferentes perímetros de englobamento, a saber:
- Futebol Clube do Porto, contas individuais;
- Futebol Clube do Porto, contas consolidadas; (*)
- Futebol Clube do Porto - Futebol, SAD, contas individuais;
- Futebol Clube do Porto -Futebol, SAD, contas consolidadas;
- (*) Ao contrário do que os papagaios do clube do regime há anos vêm debitando, que apenas eles apresentam contas consolidadas (na lógica leninista de que uma mentira mil vezes repetida se torna verdade), na verdade, o ÚNICO clube entre os 3 grandes que apresenta contas INTEGRALMENTE consolidadas é o FC Porto. De facto, e deixo aqui este esclarecimento, porque foram pouquíssimos os portistas que estiveram na última Assembleia Geral do Clube, e por isso, poucos saberão que pela primeira vez, o FC Porto (Clube, não confundir com FCP-SAD) preparou as suas demonstrações financeiras consolidadas (no caso, reportadas a 30/06/2013), aliás, no cumprimento da legislação comercial em vigor em Portugal (artigos 6º e 7º do Decreto-Lei nº 158/2009, de 13 de Julho), situação que, para já, não tem paralelo nos dois clubes de Lisboa. E reforço este ponto para que se saiba que, quer os viscondes falidos (veja-se o perdão bancário encapotado, via VMOC´s - valores mobiliários obrigatoriamente convertíveis), quer o clube do regime (também tecnicamente falido - capitais próprios negativos), nas suas contas PARCIALMENTE consolidadas, não englobam as contas dos respectivos clubes, o que para além de violar o citado decreto-lei, dá um enorme jeito para esconder dos seus associados a real situação económico-financeira desses clubes (por isso, por exemplo, no caso do clube campeão da propaganda, ninguém se entende quanto à verdadeira dimensão do passivo: uns, os apoiantes da linha oficial, referem o mais baixo, 440M€ - valor do consolidado da SAD; outros, os anti-vieiristas, somam o passivo do clube e chegam aos 560M€ …).
Perante estes números, cada um poderá tirar as suas conclusões. Pela minha, parte suscitam-me os seguintes comentários:
1) A estimativa de descida acentuada nas mais-valias na venda de passes é não só natural, face ao elevado valor de vendas em 2012/13 (HulK, Álvaro Pereira, João Moutinho e James Rodriguez), como desejável no sentido em que diminui a excessiva dependência do orçamento desta rubrica, o que fica bem traduzido no facto de que embora diminuindo esta rubrica 45,8%, o total de proveitos operacionais só reduz 27,3%. Em todo o caso, certo é que a administração prevê vender 2/3 dos mais valiosos jogadores para poder facturar 70 a 80 milhões de euros e assim alcançar cerca de 40 milhões de mais-valias.
2) Positiva a previsão de diminuição de gastos com o pessoal em 3,8M€, a que não será estranha a venda de alguns dos passes dos jogadores (os atrás citados) que mais pesavam na folha salarial.
3) As amortizações de passes (isto é, o somatório dos preços de aquisição de cada atleta a dividir pelo nr. de anos do respectivo contrato) estão relativamente estáveis, nem é expectável que venham no futuro a diminuir, uma vez que para isso acontecer, seria necessário que os preços de aquisição dos atletas baixasse, o que sendo desejável, já deixaria de o ser se tal fosse obtido à custa de uma menor qualidade dessas aquisições.
4) Muito negativa é a contínua escalada das despesas financeiras. Aqui não há milagres: subindo as taxas de juro e não descendo significativamente o passivo financeiro, os juros pagos, claro, sobem.
5) O objectivo de redução de custos, desejo publicamente manifestado pelo administrador financeiro Angelino Ferreira, tem tradução expressa neste orçamento, prevendo-se uma redução de 16,1% no total de custos operacionais, o que será excelente (se for efectivamente alcançada...).
6) Mesmo assim, com esta redução nos gastos, o resultado operacional tem uma grande descida de 30 para 10 milhões de euros, fruto da referida diminuição nas mais-valias nas vendas de passes de jogadores.
7) Como corolário de tudo isto, o reflexo no resultado líquido final que se prevê baixe de 20 milhões em 2013 para apenas 629 mil euros em 2014.
8) Obviamente, um orçamento está sujeito a várias contingências, por exemplo a não passagem da fase de grupos da liga dos campeões pode colocar o resultado com saldo negativo, mas, por outro lado, vendas de passes superiores ao esperado podem mais do que compensar essa falha. Em qualquer caso, atendendo a que a soma dos resultados líquidos de 2012 e 2013 é bastante negativa (cerca de 15M€ de prejuízo), e considerando que estando já em vigor o Fair-Play Financeiro da UEFA (que obriga a um equilíbrio entre custos e proveitos, o chamado critério do “break-even”), a administração da SAD está bastante pressionada a apresentar neste exercício de 2014 resultados positivos (mesmo que marginais, como os orçamentados).
É este, pois, o panorama que de modo sintético se apresenta para o corrente exercício fiscal de 2013/2014 que encerra a 30/6.
P. S. – À data em que escrevo o presente artigo (14-Nov), ainda não são conhecidas as contas referentes ao 1º trimestre (Julho a Setembro), cujo prazo limite de comunicação à CMVM é 30-Nov, contudo, não será de estranhar que venham a ser significativamente negativas uma vez que estando dependentes da realização de 41M€ de mais-valias nas transacções de passes de jogadores (em termos anuais), neste primeiro trimestre, ainda não surgiram vendas de relevo (creio que, apenas, Atsu). Mais um motivo de pressão sobre a administração da SAD no mês de Junho de 2014 para a realização de mais-valias (caso não aconteça já na janela de transferências de Janeiro...).
JCHS
Não me acredito nessa redução de custos. Infelizmente.
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