26 dezembro, 2013

Ao menos voltem motivados…

http://bibo-porto-carago.blogspot.pt/

Nos últimos dias foi noticiada a habitual “debandada” da grande maioria dos jogadores estrangeiros do FC Porto de modo a festejarem o Natal nos seus países de origem, conforme tem sido habitual nos últimos anos. Talvez o facto de não se tratar de uma novidade tenha feito com que a situação não fosse comentada por ai além, mas confesso que toda esta “normalidade” me tem causado algumas dúvidas.

Sendo esta uma data importante do ponto de vista civilizacional e atendendo a que o Natal é uma festa que ultrapassa cada vez mais a própria origem religiosa da celebração, significando para muitos a data de reunião familiar por excelência, acho perfeitamente natural que todos pretendam celebrá-la junto dos seus familiares mais próximos.

No entanto nem sempre a vontade anda de braço dado com a possibilidade. Para dar um exemplo que acredito ser comum a muitos que me estão a ler, tenho no meu núcleo familiar casos de pessoas que por responsabilidades profissionais assumidas noutras paragens não foram capazes de se deslocarem a Portugal nestes dias. Algo perfeitamente normal, factos da vida cada vez mais comuns num país de emigrantes, situações que temos de aceitar mesmo que nos custem.

Voltando a focar no FC Porto, confesso a minha estranheza com a ligeireza com que foi abordada a viagem intercontinental de boa parte do nosso plantel, tendo em conta que as competições nacionais não pararam. Viagens entre fusos horários e estações do ano diferentes, paragem dos treinos associada aos normais abusos alimentares da época, tudo aponta para um desgaste enorme para aqueles que abandonaram a Invicta, numa altura em que todos olhamos esperançados para a confirmação dos sinais de retoma que começamos a evidenciar nas últimas partidas.

Se por um lado o jogo com o Sporting corresponde a uma competição menor, não é menos verdade que é importante do ponto de vista psicológico apresentarmo-nos bem em Alvalade no Domingo. Para o universo Portista é um jogo aguardado com expectativa para podermos “tomar o pulso” a este FC Porto aparentemente a renascer e lançar em bases sólidas a importante visita à Luz, essa sim importantíssima para o nosso principal objectivo.

Mas com tanta agitação e com tantos atletas a acumularem milhas aéreas que podemos esperar do jogo? Sinceramente é daquelas questões que não consigo responder… E depois de ler o Lucho a dizer (directamente de Buenos Aires?) que temos objectivos fortes para domingo porque a “derrota na última taça da liga afectou-nos muito” ainda menos percebo. Então o jogo é para levar a sério e foi tudo de férias, que contrassenso é esse?

Percebo que impedir estas mini férias seria uma decisão difícil de tomar e que podia trazer alguns ruídos dentro do grupo que acabassem por se tornar mais complicados de gerir do que a “mera” questão física. Mas para ser franco, na minha modesta opinião e longe de ter dados que sustentem uma análise imune a falhas, acho esta situação uma ilustração perfeita do que tem sido o FC Porto 2013/14 – um conjunto de profissionais que “pica o ponto” sem grande entusiasmo, cujos grandes objectivos desportivos para a época prendem-se com o Mundial e a quem (quase) tudo é permitido.

Todos sabemos que o futebol actual é diferente e que não podemos exigir que jovens sul-americanos se entreguem ao clube e aos seus propósitos com a devoção de muitos outros que serviram esta Causa ao longo dos anos, devendo os adeptos encará-los e avaliá-los “apenas” enquanto meros profissionais que são. Precisamente por isso, não consigo deixar de realçar a estranheza que me causa o facto de ser possível que no futebol altamente profissionalizado de hoje os nossos dirigentes e treinador tenham permitido mais uma situação em que parece que os jogadores e os seus interesses pessoais se sobrepõe aos objectivos do Clube.

São “pessoas normais” e querem estar com as famílias? Claro que sim, legitimamente. Mas que eu saiba muitos outros também o querem e não o podem fazer por força das responsabilidades profissionais e nem se tratam de casos em que auferem largos milhares de euros por mês. Daí que não entenda como se opta por permitir estas situações ao invés de manter um programa de trabalho regular, mais ainda quando se tratam de profissionais que têm disponibilidade financeira para assegurar que as suas famílias os possam visitar nesta quadra.

Se estivéssemos isolados na 1ª posição do Campeonato e tivéssemos conseguido o apuramento para os Oitavos da Champions até podia perceber esta paragem enquanto prémio. Aliás, até acho que seria uma boa medida de gestão de grupo estabelecer este tipo de incentivos. Como nenhuma das situações é verdadeira, não consigo afastar um certo desconforto com esta decisão benemérita dos responsáveis do FC Porto.

Resta-nos desejar que pelo menos regressem gratos e mais motivados!

Um resto de boa semana e continuação de boas festas!

PS 1: Associada à debandada logo surgem as inoportunas declarações nos aeroportos e países de origem. Enfim, era mais uma razão para ficar tudo de molho no Olival...

PS 2: O belga Defour decidiu inovar e optou por passar a quadra natalícia no Dubai, de acordo com o que li n’O Jogo. Não te apresentes em bom nível nos próximos jogos, não!

8 comentários:

  1. Concordo e também não entendo estas mini férias aos profissionais do FCP, será que merecem??? não creio ainda por cima este campeonato podia já estar completamente controlado e a champions deviamos ter passado a brincar neste grupo muito fraco, enfim há muitas coisas e esta também é uma delas que os valores Porto vão desaparecendo e cada vez estamos mais iguais aos mouros, que triste!!

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  2. Defour pode muito bem ser vendido já estou farto das queixinhas desse tipo! 10 milhões e pode ir á vida dele

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  3. off topic: Estava hoje a falar com um colega lagarto, que me contou que estão todos ouriçados porque estão a pedir a sócios com Gamebox, 25€ pelo bilhete para a taça da liga e nós só pagamos 13€.
    O gordo anda tão inchado que acha que pode fazer tudo. Mas desta vez, está a lixar-se. Era giro levar uma tarja a dizer: “Lagartos, escutem: O Sporting é nosso.”.

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  4. Portista em Lisboa26 dezembro, 2013

    Concordo inteiramente com esta análise, espero que o nosso líder PC esteja a controlar toda esta situação, a melhor resposta era no domingo arrasarmos em alvalade para o presidente do sporting engolir toda a porcaria que tem dito. Cumprimentos:

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  5. @ MM

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    Voltando a focar no FC Porto, confesso a minha estranheza com a ligeireza com que foi abordada a viagem intercontinental de boa parte do nosso plantel, tendo em conta que as competições nacionais não pararam. Viagens entre fusos horários e estações do ano diferentes, paragem dos treinos associada aos normais abusos alimentares da época, tudo aponta para um desgaste enorme para aqueles que abandonaram a Invicta, numa altura em que todos olhamos esperançados para a confirmação dos sinais de retoma que começamos a evidenciar nas últimas partidas
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    meu caro, permite discordar deste ponto da tua crónica.
    penso que o nosso clube não está assim tão mau. não somos o spórtém, car@go!
    ou seja: acho que esta pausa natalícia já estaria programada a priori (independentemente do sorteio).
    e que os «normais abusos alimentares da época» não se devem aplicar a atletas profissionais, como os do nosso clube do coração - pois que não jogamos num Campeonato Distrital (o que não significa que algumas exibições da presente época tenham sido ao nível de um jogo de solteiros contra casados).

    abr@ço
    Miguel | Tomo II

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  6. Pois eu concordo em absoluto com este post. Acho o tema bastante pertinente, pois considero que nos tempos que correm, qualquer um que aufira um salário principesco deveria ser profissional em conformidade e neste caso, avizinham-se jogos difíceis que, até pela forma como tem corrido a época, deveria haver iniciativa por parte dos jogadores em fazer um pequeno sacrifício. Festejavam o Natal, mas cá! Há quem por muito menos se sacrifique muito mais!

    Pedro Pinto

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  7. excelente texto e excelente visão da questão.

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  8. Caros portistas:

    Como antigo atleta de alta competição, e profissional na área de reabilitação desportiva, estou absolutamente incrédulo com a paragem efectuada este ano. 6 dias sem treinos é demasiado! 2 dias para recuperação da paragem e preparação dum jogo importante (é o Sporting, podia ser para a Taça das Vindimas que era igual)! 6 dias de paragem, em que 2 são passados a viajar, com todas implicações que essa viagem e o jet-lag têm sobre o organismo... Não posso concordar, e começa a fazer-me alguma confusão a leviandade com que este tema á abordado.
    - "Os jogadores são da América do Sul" - Correcto. Sabiam-no quando vieram para cá. Ser profissional é, sobretudo, ter capacidade de sacrifício... Já chega as viagens para a selecções para nos dar cabo das madames;
    - "O campeonato pára nesta altura" - Correcto! Mas não há paragem competitiva. Houve jogo no passado fim de semana, há jogo no próximo. Já para não falar da estupidez de terem antecipado o jogo do fim-de-semana para uma 6ª ás 19:00 (mais um grande argumento para encher o nosso estádio...)
    - "É bom para a motivação" - Posso até concordar. Mas a motivação competitiva conquista-se ganhando jogos... Os jogadores dos clubes inlgeses também têm famílias, e os jogadores da NBA idem, por isso este argumento acaba por cair por terra.
    Estamos a falar de profissionais que ganham milhares, que trabalham um número reduzidíssimo de horas por dia, e que aproveitam todas as oportunidades que têm para desdenhar de quem lhes põe a comida no prato...
    Por isso, 6 dias, sob todos os pontos de vista, é absolutamente ridículo.

    JP

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