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Estranha coincidência: no mesmo exacto momento em que a equipa jogava e perdia em Coimbra, a administração da SAD comunicava à CMVM, no limite do prazo, o relatório & contas consolidadas do 1º trimestre de 2013/14 (1 de Julho a 30 de Setembro). Em ambos os casos, com resultados desastrosos. Por um lado, resultado inesperado no caso da equipa de futebol (digo eu, porque outros estariam menos optimistas face ao já visto no passado recente), por outro lado, resultado negativo (prejuízo de 12,4 M€), não inesperado o prejuízo, mas num montante superior ao esperado (na minha opinião, que acompanho com minúcia a actividade económico-financeira da SAD desde a sua constituição em 1997).
O enorme barulho e agitação que se seguiu à derrota com a Académica, fez esquecer a performance financeira, no entanto, convém lembrar que tal como na estória do ovo e da galinha, também no futebol os títulos e as finanças são indissociáveis: as boas finanças geram os títulos, ou serão os títulos que geram as boas finanças?
Colocando de lado a parte desportiva, que já foi, é e será analisada por quem melhor percebe do assunto, concentremo-nos então nos resultados financeiros. Como atrás disse, esperado o prejuízo, inesperado o seu valor. Porquê?
De acordo com o exposto no meu último artigo, as finanças da SAD (contas individuais ou consolidadas) estão fortemente (e perigosamente) condicionadas pela realização de mais-valias na transacção de “passes” de jogadores. Para equilibrar as contas, a administração da SAD prevê para este exercício de 2013/14, a realização de mais-valias no montante de 41 M€, ou seja cerca de 10 M€ por trimestre. Pois bem, como neste 1º trimestre dessas mais-valias apenas se concretizaram 2 M€ (mais exactamente, 1.991.667 € na venda por 3 M€ de Atsu ao Chelsea) seria expectável um prejuízo de aproximadamente 8 M€ (10-2). Saiu um prejuízo de 12,4 M€ ou seja, 50% acima do previsto. Algo correu mal.
Detalhando, e alertando para a grande sazonalidade de diversos custos e proveitos, os resultados operacionais (excluindo “passes” de jogadores) até tiveram uma significativa melhoria de 2.575 M€ (passando de um prejuízo de 7.596 M€ para um prejuízo de 5.021 M€),relativamente ao período homólogo do ano anterior, graças ao aumento dos proveitos operacionais em 3.218 M€ (subiram de 14.290 M€ para 17.508 M€) devido sobretudo ao aumento das receitas televisivas e dos jogos de pré-época.
O que correu pior, foi a parte dos custos operacionais (excluindo “passes” de jogadores) que cresceram 2,9% (aumentaram de 21.886 M€ para 22.528 M€), não obstante se ter verificado uma diminuição dos custos com o pessoal (baixaram de 11.796 M€ para 10.967 M€), motivada pela saída de jogadores com uma folha salarial muito grande.
Como sempre, a afectar muito negativamente as contas, estão os custos e perdas financeiras (no essencial juros pagos), que aumentaram novamente. Passaram de 2.929 M€ para 3.180 M€, um milhão de euros por mês para juros é obra!
Como resultado de tudo isto, novamente o capital próprio negativo (falência técnica). Menos mal o passivo que estabilizou.
A má notícia é que os resultados semestrais (período de 1 de Julho a 31 de Dezembro de 2013) vão ser muito piores: como neste intervalo não vão ocorrer mais-valias adicionais, o resultado semestral vai seguramente ultrapassar os 20 M€ de prejuízo.
A boa notícia (“wishful thinking”) é que no 2º semestre (período de 1 de Janeiro a 30 de Junho de 2014) as vendas nas janelas de transferências de Janeiro e Junho vão ser muito relevantes, deverão no mínimo atingir os 80 M€ de modo a obter mais-valias na ordem dos 45 M€ e, assim, poder equilibrar as contas no fim do exercício.
Para terminar, e como vem a propósito, deve-se esclarecer que esta enorme discrepância entre valor das vendas e mais-valias contabilísticas respectivas, resulta do facto de ao valor declarado das vendas se ter de deduzir (quando existam):
nota: o blog BPc agradece ao JCHS a elaboração deste artigo.
O enorme barulho e agitação que se seguiu à derrota com a Académica, fez esquecer a performance financeira, no entanto, convém lembrar que tal como na estória do ovo e da galinha, também no futebol os títulos e as finanças são indissociáveis: as boas finanças geram os títulos, ou serão os títulos que geram as boas finanças?
Colocando de lado a parte desportiva, que já foi, é e será analisada por quem melhor percebe do assunto, concentremo-nos então nos resultados financeiros. Como atrás disse, esperado o prejuízo, inesperado o seu valor. Porquê?
De acordo com o exposto no meu último artigo, as finanças da SAD (contas individuais ou consolidadas) estão fortemente (e perigosamente) condicionadas pela realização de mais-valias na transacção de “passes” de jogadores. Para equilibrar as contas, a administração da SAD prevê para este exercício de 2013/14, a realização de mais-valias no montante de 41 M€, ou seja cerca de 10 M€ por trimestre. Pois bem, como neste 1º trimestre dessas mais-valias apenas se concretizaram 2 M€ (mais exactamente, 1.991.667 € na venda por 3 M€ de Atsu ao Chelsea) seria expectável um prejuízo de aproximadamente 8 M€ (10-2). Saiu um prejuízo de 12,4 M€ ou seja, 50% acima do previsto. Algo correu mal.
Detalhando, e alertando para a grande sazonalidade de diversos custos e proveitos, os resultados operacionais (excluindo “passes” de jogadores) até tiveram uma significativa melhoria de 2.575 M€ (passando de um prejuízo de 7.596 M€ para um prejuízo de 5.021 M€),relativamente ao período homólogo do ano anterior, graças ao aumento dos proveitos operacionais em 3.218 M€ (subiram de 14.290 M€ para 17.508 M€) devido sobretudo ao aumento das receitas televisivas e dos jogos de pré-época.
O que correu pior, foi a parte dos custos operacionais (excluindo “passes” de jogadores) que cresceram 2,9% (aumentaram de 21.886 M€ para 22.528 M€), não obstante se ter verificado uma diminuição dos custos com o pessoal (baixaram de 11.796 M€ para 10.967 M€), motivada pela saída de jogadores com uma folha salarial muito grande.
Como sempre, a afectar muito negativamente as contas, estão os custos e perdas financeiras (no essencial juros pagos), que aumentaram novamente. Passaram de 2.929 M€ para 3.180 M€, um milhão de euros por mês para juros é obra!
Como resultado de tudo isto, novamente o capital próprio negativo (falência técnica). Menos mal o passivo que estabilizou.
A má notícia é que os resultados semestrais (período de 1 de Julho a 31 de Dezembro de 2013) vão ser muito piores: como neste intervalo não vão ocorrer mais-valias adicionais, o resultado semestral vai seguramente ultrapassar os 20 M€ de prejuízo.
A boa notícia (“wishful thinking”) é que no 2º semestre (período de 1 de Janeiro a 30 de Junho de 2014) as vendas nas janelas de transferências de Janeiro e Junho vão ser muito relevantes, deverão no mínimo atingir os 80 M€ de modo a obter mais-valias na ordem dos 45 M€ e, assim, poder equilibrar as contas no fim do exercício.
Para terminar, e como vem a propósito, deve-se esclarecer que esta enorme discrepância entre valor das vendas e mais-valias contabilísticas respectivas, resulta do facto de ao valor declarado das vendas se ter de deduzir (quando existam):
- 1) custos com serviços de intermediação;
- 2) das proporções no valor de venda do passe detidas por outras entidades;
- 3) do valor líquido contabilístico do passe à data da venda;
- 4) da anulação de prémios de fidelidade;
- 5) do efeito de actualização financeira das contas a receber a médio prazo originadas pela venda;
- 6) de responsabilidades com o mecanismo de solidariedade (a).
- (a) Este mecanismo corresponde a uma compensação devida, aquando da transferência de um jogador para outro clube, antes do término do respectivo contrato, aos clubes anteriores, nos quais esse jogador esteve inscrito desde o seu 12º e até ao 23º aniversário, e corresponde a 5% do valor da transferência, a distribuir proporcionalmente entre esses clubes, 0,25% do 12º ao 15º aniversário e 0,5% do 16º ao 23º aniversário.
nota: o blog BPc agradece ao JCHS a elaboração deste artigo.
alguém consegue explicar os milhoes do corporate hospitality?
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