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Falar de Deco nos últimos dias pode parecer banal. Mas convém voltar a Deco uma e outra vez, sempre. Por aquilo que representa para o FC Porto, para o portismo, para as suas gentes.
Dizer Deco é dizer Porto. É explicar parte dos últimos 30 anos do nosso clube, é falar de Sevilha e Gelsenkirschen, é falar de títulos, de vitórias, de magia. Não é por acaso que do Mágico Deco se passou, aos poucos, para o Mágico Porto.
Crer em Deco é crer no FC Porto, acreditar que é possível fazer muito com pouco, acreditar no sucesso apesar dos contratempos e das dificuldades. Ter crença em tudo ganhar, apesar da condição europeia cada vez mais periférica.
Deco não é apenas um grande jogador. Ele representa também o modelo de negócio do FC Porto sob a égide de Jorge Nuno Pinto da Costa: investir em jovens de elevado potencial, colocá-los a render ao serviço do colectivo e catapultá-los para outros voos.
O desvio de Deco ao rival lisboeta traduz também a vitória da competência sobre a incompetência, da estratégia sobre a soberba, do trabalho sobre o falatório. É delicioso, aliás, verificar a sua trajectória. Chegar a Lisboa, ser logo reencaminhado para Alverca e depois, aos pouquinhos, começar a sua aproximação ao Reino do Dragão, com uma bonita passagem pela Paranhos do já extinto Salgueiros.
A história de Deco traz também pormenores dignos de registo. As lesões que tiveram que ser curadas (lembro-me de o ver exibir-se no Dragão quase manco de uma perna…), a contratação de Caju para o ajudar na integração, uma clara aposta do clube no jogador, um constante apoio na sua formação, um investimento num diamante claramente por lapidar. No fundo, o FC Porto e os seus dirigentes sabiam que estava ali aquilo que os norte-americanos designam por key player, match winner ou game changer, alguém capaz de mudar o rumo da história, de arrastar consigo uma equipa para títulos e façanhas maiores.
Deco não terá sido um Maradona. Não terá sido um Ronaldinho ou um Cristiano Ronaldo. Mas foi alguém que deixou a sua marca indelével no FC Porto. Por ter passado três anos sem ganhar um campeonato e, após esse deserto, ter feito parte do ressurgimento do clube no plano internacional, com exibições magistrais por essa Europa fora, nomeadamente em Sevilha e Gelsenkirschen.
Deco foi aquele estrangeiro que, aculturado e ambientado à Invicta, trouxe aquela magia e mistério que costumam faltar às equipas portuguesas. É certo que não se fazem grandes equipas sem Andrés, Jaimes Magalhães, Baías ou Jorges Costas. Mas também é certo que não se ganham troféus internacionais sem Madjers e sem Decos. Deco foi o Madjer do seu tempo. E aquele golo de câmara lenta em Gelsenkirschen, que ao vivo me pareceu durar toda uma década, aquele ajeitar de bola delicado e enganador, foi o seu calcanhar à Madjer.
Além disso, não esquecer, Deco representa a transição – nada traumática, mas ainda assim com emoção – do velhinho Estádio das Antas para o moderno Dragão. Com essa passagem o clube manteve-se o mesmo, mas são dois FC Porto completamente distintos. O luso-brasileiro foi, por isso mesmo, o último grande craque a pisar (ou derramar classe…) aquele inesquecível relvado e não convém esquecer esse facto.
É difícil, hoje em dia, voltar a Deco. Nos últimos anos tivemos vários jogadores de qualidade assombrosa no Dragão. Anderson e James, por exemplo. Hulk. Quintero, agora, quiçá. Mas Deco, por tudo o que se disse acima, é inimitável. Não que tenha sido há muitos anos, mas hoje é difícil imaginar que algum craque de talento semelhante consiga ficar mais do que duas ou três épocas no Porto sem começar a desesperar por uma transferência e salário milionário.
A própria saída de Deco, triunfal, para ser uma das figuras maiores do renascimento do Barcelona na cena internacional, acabou por acontecer de forma natural, sem feridas e sem traições. Uma saída de quem já tinha feito pelo clube mais do que lhe era humano pedir. No fundo, Deco deu ao FC Porto uma dimensão sobre-humana, uma nova dimensão internacional. Devolveu na mesma moeda ou até um pouco mais aquilo que o clube lhe deu. E é exactamente por isso que Deco, o nosso Deco, adquiriu o estatuto de lenda que nem os anos nem a morte apagarão.
De 2004 a 2014 vai uma década. Só uma lenda assim conseguiria encher, às portas do Verão, um estádio com 50 mil pessoas.
Obrigado por tudo, Mágico!
Rodrigo de Almada Martins
Dizer Deco é dizer Porto. É explicar parte dos últimos 30 anos do nosso clube, é falar de Sevilha e Gelsenkirschen, é falar de títulos, de vitórias, de magia. Não é por acaso que do Mágico Deco se passou, aos poucos, para o Mágico Porto.
Crer em Deco é crer no FC Porto, acreditar que é possível fazer muito com pouco, acreditar no sucesso apesar dos contratempos e das dificuldades. Ter crença em tudo ganhar, apesar da condição europeia cada vez mais periférica.
Deco não é apenas um grande jogador. Ele representa também o modelo de negócio do FC Porto sob a égide de Jorge Nuno Pinto da Costa: investir em jovens de elevado potencial, colocá-los a render ao serviço do colectivo e catapultá-los para outros voos.
O desvio de Deco ao rival lisboeta traduz também a vitória da competência sobre a incompetência, da estratégia sobre a soberba, do trabalho sobre o falatório. É delicioso, aliás, verificar a sua trajectória. Chegar a Lisboa, ser logo reencaminhado para Alverca e depois, aos pouquinhos, começar a sua aproximação ao Reino do Dragão, com uma bonita passagem pela Paranhos do já extinto Salgueiros.
A história de Deco traz também pormenores dignos de registo. As lesões que tiveram que ser curadas (lembro-me de o ver exibir-se no Dragão quase manco de uma perna…), a contratação de Caju para o ajudar na integração, uma clara aposta do clube no jogador, um constante apoio na sua formação, um investimento num diamante claramente por lapidar. No fundo, o FC Porto e os seus dirigentes sabiam que estava ali aquilo que os norte-americanos designam por key player, match winner ou game changer, alguém capaz de mudar o rumo da história, de arrastar consigo uma equipa para títulos e façanhas maiores.
Deco não terá sido um Maradona. Não terá sido um Ronaldinho ou um Cristiano Ronaldo. Mas foi alguém que deixou a sua marca indelével no FC Porto. Por ter passado três anos sem ganhar um campeonato e, após esse deserto, ter feito parte do ressurgimento do clube no plano internacional, com exibições magistrais por essa Europa fora, nomeadamente em Sevilha e Gelsenkirschen.
Deco foi aquele estrangeiro que, aculturado e ambientado à Invicta, trouxe aquela magia e mistério que costumam faltar às equipas portuguesas. É certo que não se fazem grandes equipas sem Andrés, Jaimes Magalhães, Baías ou Jorges Costas. Mas também é certo que não se ganham troféus internacionais sem Madjers e sem Decos. Deco foi o Madjer do seu tempo. E aquele golo de câmara lenta em Gelsenkirschen, que ao vivo me pareceu durar toda uma década, aquele ajeitar de bola delicado e enganador, foi o seu calcanhar à Madjer.
Além disso, não esquecer, Deco representa a transição – nada traumática, mas ainda assim com emoção – do velhinho Estádio das Antas para o moderno Dragão. Com essa passagem o clube manteve-se o mesmo, mas são dois FC Porto completamente distintos. O luso-brasileiro foi, por isso mesmo, o último grande craque a pisar (ou derramar classe…) aquele inesquecível relvado e não convém esquecer esse facto.
É difícil, hoje em dia, voltar a Deco. Nos últimos anos tivemos vários jogadores de qualidade assombrosa no Dragão. Anderson e James, por exemplo. Hulk. Quintero, agora, quiçá. Mas Deco, por tudo o que se disse acima, é inimitável. Não que tenha sido há muitos anos, mas hoje é difícil imaginar que algum craque de talento semelhante consiga ficar mais do que duas ou três épocas no Porto sem começar a desesperar por uma transferência e salário milionário.
A própria saída de Deco, triunfal, para ser uma das figuras maiores do renascimento do Barcelona na cena internacional, acabou por acontecer de forma natural, sem feridas e sem traições. Uma saída de quem já tinha feito pelo clube mais do que lhe era humano pedir. No fundo, Deco deu ao FC Porto uma dimensão sobre-humana, uma nova dimensão internacional. Devolveu na mesma moeda ou até um pouco mais aquilo que o clube lhe deu. E é exactamente por isso que Deco, o nosso Deco, adquiriu o estatuto de lenda que nem os anos nem a morte apagarão.
De 2004 a 2014 vai uma década. Só uma lenda assim conseguiria encher, às portas do Verão, um estádio com 50 mil pessoas.
Obrigado por tudo, Mágico!
Rodrigo de Almada Martins
Boas,
ResponderEliminarDeco será para sempre para nós portistas, o mágico número 10, que finta com os dois pés e que é melhor que o Pelé. Deco será mágico para sempre!
Cumprimentos
Ana Andrade
www.portistaacemporcento.blogspot.com
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