16 janeiro, 2015

HELTON - O REGRESSO.

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Pouco se comentou, pouco foi notícia, mas Helton regressou às balizas do FC Porto no último jogo da Taça da Liga. Dizia-se que estava acabado para o futebol de alto nível, que nunca mais vestiria a camisola azul e branca, que seria impossível recuperar de uma lesão daquelas. Porém, a verdade é que o brasileiro é um daqueles profissionais de mão cheia, que dedicam toda a atenção e dedicação ao trabalho semanal, com uma vida pessoal cuidada e discreta, como manda a cartilha de um atleta de elite de alta competição.

Só os invejosos e os odiosos não acreditaram numa recuperação total de Helton. Mas ela aí está. Julgo que vimos um Helton muito próximo da sua melhor forma: elástico, bom de bola, a estirar-se de forma felina, a comunicar com os companheiros. Retive aquela defesa para a fotografia, em que se estira todo, encaixa e agarra a bola com a maior das facilidades, rodando sobre si mesmo e levantando-se de seguida, apoiando-se no já saudável calcanhar e correndo para a frente, sendo que depois acabou por fazer uma fífia que originou um livre perigoso para o União da Madeira. Coisas que acontecem. Mas, azares à parte, o que vi nesse momento é aquilo que retenho de Helton: elasticidade felina, rapidez, flexibilidade, energia, alegria no jogo, ambição.

O problema não está neste momento em saber se Helton pode voltar a ser o nº 1 do FC Porto. A questão é outra: é perceber se o FC Porto pretende voltar a apostar em Helton em detrimento de um guarda-redes – Fabiano – que, não sendo claramente um predestinado, tem tudo para, também ele, marcar uma era de dragão ao peito.

O brasileiro Helton mantém claramente intactas todas as qualidades que fizeram dele o sucessor perfeito de Vítor Baía. E não é qualquer um, note-se, que conseguiria lidar com este papel. Baía é apenas e só o melhor guarda-redes português de todos os tempos e um dos melhores da Europa, apenas comparável a Yashin, Meier, Shilton, Banks, Zoff, Schmeichel, Buffon, Van der Saar, Casillas e poucos mais. Helton é, portanto, um guarda-redes de topo, de categoria máxima, que só pecou na sua carreira ao falhar de forma mais ou menos recorrente nos grandes jogos da Champions League. A nível interno, porém, é indiscutivelmente o melhor, sem mais discussão.

Confesso que tenho curiosidade para ver qual será o futuro de Helton. A idade não perdoa, mas fico coma nítida sensação de que aquele homem tem ainda muito para dar. Mas recordo-me de pensar o mesmo no momento da reforma de Vítor Baía e o tempo acabou por lhe dar razão: Helton já era melhor e a presença do mito ali ao lado só ia prejudicar a ascensão e explosão do brasileiro.

A análise, nesta altura, já deve ter sido feita. No final da época cá estaremos para ver. No futebol como na vida uma coisa temos por certa: a idade não perdoa. Resta saber como Helton e como o FC Porto vão lidar com isso.

Rodrigo de Almada Martins

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