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Ao escolher o título desta crónica veio-me também à memória aquela mítica série da RTP chamada “Os Andrades”, que mostrava a todos os portugueses que o bom pai de família, ao contrário do que se diz por aí, era portista. Essa série, assim como o famoso Esteves interpretado por Herman José, por quem Pedroto sentia uma grande estima, foram verdadeiros instrumentos de propaganda e de afirmação do Porto e do Norte no País, a certa altura bastante ou demasiadamente esquecido pelas gentes da Capital.
Mas o título refere-se a outra coisa. Diz respeito a duas gerações de portistas, de homens do Norte, que vestem de azul e branco e destroem os rins dos adversários que encontram. Falo, obviamente, de Domingos Paciência e Gonçalo Paciência.
Para quem como eu nasceu em meados dos anos 80, decerto se habituou a ter dois ídolos, conforme fosse à baliza ou fosse à frente nos recreios da escola. E “ir à frente”, quando se é novo, é jogar-se a ponta-de-lança. Quando se era pequeno e portista, na baliza éramos o Vítor Baía e na frente éramos o Domingos. Simples e prático.
Encarnando o Baía, fazíamos defesas impossíveis. Vestindo a pele do Domingos, era fintas atrás de fintas, pedaladas sobre a bola, velozes como o vento, golos de arrancar aplausos nos intervalos das aulas. Éramos todos um 9 de eleição.
Pensar em Domingos é pensar num Porto de pronúncia Invicta. Um Porto com Baía, João Pinto, Secretário, Couto, Jorge Costa, Rui Jorge, Paulinho Santos, Rui Filipe, Rui Barros, Folha, Jorge Couto. Relembrar Domingos é imaginar a melhor dupla de avançados do FC Porto, é ver Domingos e Kostadinov isolados na frente, a tabelar em velocidade, sempre em contra-ataque, destruindo defesas à sua passagem. É fantasiar dribles estonteantes, golos de bandeira, históricos. É imaginar um avançado a marcar um golo fenomenal, nas Antas, aos 90 minutos, ao Feyennord. É sentir a tristeza de ver sair o nosso Domingos para Tenerife e assistir, cheio de felicidade, ao seu regresso.
Mas, acima de tudo, recordar Domingos é ter na cabeça e no coração os festejos dos seus golos e aquela forma sorridente, humilde e ingénua de se dirigir a um dos cantos e fazer um compasso com o braço ate o levantar em direcção ao céu de dedo esticado. Quem, quando era rapaz, não festejou um golo dessa forma no recreio da sua escola?
É por isso que ver Gonçalo festejar assim o seu golo diz tanto aos portistas. Aquele não era o festejo do Domingos. Aquele era o festejo de todos nós que, como diz a música dos Skank, sonhamos um dia ser jogadores de futebol.
O Gonçalo tem uma carreira toda à sua frente. Fez o mais fácil, como disse Lopetegui. O mais difícil vai ser daqui para a frente. Mas, tal como o seu pai, tem tudo para deixar o nome na história do clube. Como ele disse e bem, está cá há 14 anos. Além disso, junta a habilidade e espontaneidade que herdou do progenitor a uma estampa física pouco comum num avançado português. Mostra que sabe receber a bola de costas, que sabe rodar, ganhar faltas, entrar na raça e rematar pronto. É um 9 puro que apenas aguarda a transferência de Jackson para brilhar mais alto. Mesmo sabendo que tem que lutar duro com Aboubakar.
Numa época em que os avançados já não sabem festejar golos como deve ser, arrepiei-me ao ver aquele gesto do Gonçalo. Recuei anos. Voltei à minha infância. E, melhor do que tudo, vi no semblante do Gonçalo o mesmo ar de menino feliz, portista, que o Domingos tinha quando facturava com a nossa camisola. No fundo, o mesmo ar que nós tínhamos quando fazíamos balançar as redes da baliza da escola.
Rodrigo de Almada Martins
Mas o título refere-se a outra coisa. Diz respeito a duas gerações de portistas, de homens do Norte, que vestem de azul e branco e destroem os rins dos adversários que encontram. Falo, obviamente, de Domingos Paciência e Gonçalo Paciência.
Para quem como eu nasceu em meados dos anos 80, decerto se habituou a ter dois ídolos, conforme fosse à baliza ou fosse à frente nos recreios da escola. E “ir à frente”, quando se é novo, é jogar-se a ponta-de-lança. Quando se era pequeno e portista, na baliza éramos o Vítor Baía e na frente éramos o Domingos. Simples e prático.
Encarnando o Baía, fazíamos defesas impossíveis. Vestindo a pele do Domingos, era fintas atrás de fintas, pedaladas sobre a bola, velozes como o vento, golos de arrancar aplausos nos intervalos das aulas. Éramos todos um 9 de eleição.
Pensar em Domingos é pensar num Porto de pronúncia Invicta. Um Porto com Baía, João Pinto, Secretário, Couto, Jorge Costa, Rui Jorge, Paulinho Santos, Rui Filipe, Rui Barros, Folha, Jorge Couto. Relembrar Domingos é imaginar a melhor dupla de avançados do FC Porto, é ver Domingos e Kostadinov isolados na frente, a tabelar em velocidade, sempre em contra-ataque, destruindo defesas à sua passagem. É fantasiar dribles estonteantes, golos de bandeira, históricos. É imaginar um avançado a marcar um golo fenomenal, nas Antas, aos 90 minutos, ao Feyennord. É sentir a tristeza de ver sair o nosso Domingos para Tenerife e assistir, cheio de felicidade, ao seu regresso.
Mas, acima de tudo, recordar Domingos é ter na cabeça e no coração os festejos dos seus golos e aquela forma sorridente, humilde e ingénua de se dirigir a um dos cantos e fazer um compasso com o braço ate o levantar em direcção ao céu de dedo esticado. Quem, quando era rapaz, não festejou um golo dessa forma no recreio da sua escola?
É por isso que ver Gonçalo festejar assim o seu golo diz tanto aos portistas. Aquele não era o festejo do Domingos. Aquele era o festejo de todos nós que, como diz a música dos Skank, sonhamos um dia ser jogadores de futebol.
O Gonçalo tem uma carreira toda à sua frente. Fez o mais fácil, como disse Lopetegui. O mais difícil vai ser daqui para a frente. Mas, tal como o seu pai, tem tudo para deixar o nome na história do clube. Como ele disse e bem, está cá há 14 anos. Além disso, junta a habilidade e espontaneidade que herdou do progenitor a uma estampa física pouco comum num avançado português. Mostra que sabe receber a bola de costas, que sabe rodar, ganhar faltas, entrar na raça e rematar pronto. É um 9 puro que apenas aguarda a transferência de Jackson para brilhar mais alto. Mesmo sabendo que tem que lutar duro com Aboubakar.
Numa época em que os avançados já não sabem festejar golos como deve ser, arrepiei-me ao ver aquele gesto do Gonçalo. Recuei anos. Voltei à minha infância. E, melhor do que tudo, vi no semblante do Gonçalo o mesmo ar de menino feliz, portista, que o Domingos tinha quando facturava com a nossa camisola. No fundo, o mesmo ar que nós tínhamos quando fazíamos balançar as redes da baliza da escola.
Rodrigo de Almada Martins
Grande prosa esta caro RAM! Só não apoio a 100% porque na minha infância, o idolo era o Couto! ;)
ResponderEliminarQuanto à comemoração do Gonçalo Paciência, foi fantástica porque faz-nos pensar no seu alcance actual e por outro lado fez muitos portistas felizes ao recordar épicos tempos passados!
Grande abraço!
DMST
Subscrevo a 100%.
ResponderEliminarQue linda crónica.......Subscrevo na totalidade.Bem haja RAM.
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