VENHAM DAÍ 2 MESES À PORTO.

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Pensei em escrever este texto dedicado em exclusivo ao Vítor Baía. No entanto, depois do jogo de Braga e de ver de enfiada duas equipas do FC Porto a defenderem de forma brilhante as nossas cores em terrenos hostis acabei por perder um pouco a vontade. Mas não deixo de lhe dedicar umas linhas...

Não posso deixar de o fazer porque aquilo que o caríssimo Vítor já não sabe ou não quer saber é que o FC Porto é muito mais importante do que ele ou do que qualquer individuo, seja ele qual for. E não merece que seja enxovalhado por quem não seria ninguém se não fosse o Clube que agora ajuda a atacar, com uma triste desfaçatez.

Infelizmente o Vítor, o meu ídolo de infância, adolescência e mesmo idade adulta, fora do campo tem mostrado tendência para dar demasiados frangos, mais ainda nestes últimos tempos. Lembrar-se de quem acreditou nele quando havia um Mlynarczyk para substituir, recordar-se de quem o perdoou quando fez birra para ir para Barcelona (ao contrário de colegas que nunca quiseram sair do Clube) e que mesmo assim logo o foi buscar quando por lesões e azelhices caiu em desgraça na Cidade Condal, quem voltou a acreditar nele com o joelho rebentado pós Euro 2000, quem lhe perdoou uma infantilidade duma entrevista ao Record a fazer queixinhas do treinador (tivesse ou não ele razão) pouco tempo depois de passar 1 ano e meio na enfermaria, quem o apoiou quando um país vermelho e verde o enxovalhavam em prol dum sargentão qualquer é algo que não lhe assiste. Pelo contrário, o ego e a necessidade de protagonismo tem-no levado a cuspir no prato onde comeu, para agradar a outros, não sabemos porque razões.

Caro Vítor, sei que não me estás a ler, mas espero que tenhas mais juízo. Não penses que é por teres o passado que tens que estás imune a tudo e podes dizer o que queres sem seres cobrado por isso. Mais ainda, a questão que levantas é bizarra. Se há coisa que este Clube tem tido é demasiada paciência, demasiada passividade perante um assalto sem precedentes no futebol português. Por isso as tuas palavras estão ao nível daquela defesa ao livre do Laurent Robert. São uma valente frangalhada que te deviam levar a repensar onde queres chegar no resto da tua vida.

Se o objectivo é rebentar com todo um percurso de grande valia, dar cabo de um mito, alguém que ainda hoje, numa qualquer Fertibéria ou numa homenagem a um companheiro, é tratado como um Deus, então estás no caminho certo. Pena é que o que ganhas com isso é uma boa mão cheia de nada, a avaliar pela figura de palhaço que fizeste nas eleições da FPF onde foste apoiante do Fernando Gomes para no final ver um teu colega que até árbitros agrediu em Mundiais ter um tacho e tu a chuchar no dedo.

Mas tudo isto é um desabafo, por mais que nos doa a alma o Vítor Baía é passado e o presente e futuro são o que mais interessam neste momento.

E quanto a isso, PORQUE NÃO ACREDITAR QUE TUDO É POSSIVEL?

O funeral foi feito na Madeira, mas 24 horas depois o morto teve uma vida extra. No fio da navalha, foram correndo as semanas e o duplo confronto Sporting e Braga seria o tão ansiado “canto de cisne” do Dragão. No entanto a realidade mostrou outra coisa, bem menos cruel. O FC Porto, esse gigante que tinha adormecido em Outubro/Novembro de 2013, parece de novo capaz de competir ao mais alto nível, mesmo pressionado por todas as forças que nos querem ver arrasados. E agora até vemos esse ambiente mais desanuviado a contagiar juniores e uma equipa de hóquei que, a fazer fé nas notícias receávamos que estivesse desfeita e fosse uma presa fácil para a super equipa do rival, a superarem-se e arrancarem resultados positivos nas barbas deles.

E agora? Porque não pensar que quem joga de uma forma tão autoritária contra Basileia, Sporting ou Braga não está pertíssimo de rebentar com as contas de um campeonato já considerado como “favas contadas” ou até acreditar que com alguma sorte nos sorteios não poderá tentar uma gracinha na Champions? Porque não pensar que todas as batalhas estão, afinal, ao nosso alcance?

É altura de cruzar os dedos e continuar a luta, com a confiança de que o FC Porto continua vivo e bem vivo e que a negra maré já começou a virar. Nada acontece por acaso e tomara que os bons sinais continuem, com a justiça a acabar por compensar aquela que tem sido de longe a melhor equipa Portuguesa da época 2014/15.

Pensar na maneira como terminamos a época passada, nos inúmeros reforços mais treinador estrangeiro que cá chegaram este ano, nas dificuldades que nos colocam semana a semana os principais adversários sempre excelentemente nomeados pelo Vítor Pereira... É de louvar o percurso que tem sido trilhado, nem sempre pacífico, nem sempre perfeito, mas que começa a dar frutos.

E agora venham as decisões. No futebol, andebol, hóquei ou berlinde todos desejamos títulos mas aquilo que exigimos é isto que pudemos observar nesta sexta-feira e sábado: atletas com coragem, raça, espirito de vitória e que lutem até ao final, até à última gota de suor. Ou seja, a atitude à Porto que sempre nos caracterizou nos anos de ouro deste Clube.

Quem tiver dúvidas do que se trata pode perguntar ao Eterno Capitão. O João Pinto, claro.

Bom domingo!