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R&C CONSOLIDADO 2014/15 (31/3/2015) DA FCP, FUTEBOL,SAD
Por muito estranho que possa parecer, é possível encontrar algumas semelhanças entre os R&C e o basquetebol. A ideia ocorreu-me agora com a divulgação no passado dia 30/05/2015, após o fecho da sessão de bolsa, dos resultados relativos à data de 31/03/2015, isto é, ao fim do 3º trimestre do exercício de 2014/15. Tal como no basquetebol existem 4 períodos de 10 minutos, nos R&C existem 4 períodos de 3 meses, sendo que cada período acumula aos anteriores, como todos sabemos. Por isso, quando ao fim do dia da passada sexta-feira vi em toda a comunicação social online a notícia de “SAD do FCP lucra 553 mil”, incluindo o próprio site do clube (ver AQUI) fiquei todo contente porque sabendo que vínhamos de um prejuízo de 8,3 M€ no 1º semestre (lucro de 13,5 M€ no 1º trimestre e prejuízo de 21,8 M€ no 2º trimestre), o que no basquetebol corresponde ao intervalo (fim do 2º período), pensava eu que tínhamos invertido de prejuízo para lucro, o que não seria de admirar tendo em vista a venda do passe do Danilo por 31,5 M€ e o prémio da passagem aos quartos da CL (3,9 M€) ocorridos no 3º trimestre.
Erro meu!
Erro meu, porque no dia seguinte quando vou analisar com detalhe o R&C, chego à conclusão que aquele lucro de 553 m€ é apenas referente ao 3º trimestre (1/1/2015 a 31/3/2015), e não ao período a que respeita o R&C, como seria de esperar, que vai de 1/7/2014 a 31/3/2015, isto é, 3 trimestres. Erro meu, porque o que este R&C revela é um prejuízo acumulado de 7,8 M€, ou seja, os 8,3 M€ de prejuízo transitado dos dois primeiros trimestres abatido dos 0,5 M€ de lucro no 3º trimestre. Erro meu? Eu só pergunto, se vos dissessem o resultado de um jogo de basquetebol no fim do 3º período, o que esperavam vocês? O resultado do 3º período ou o resultado ao fim do 3º período?
Fica aqui todo este arrazoado apenas e só para esclarecer algum incauto, como eu, e para dar conta do excelente trabalho do departamento de comunicação do FCP que consegue transformar um prejuízo de 7,8 M€ (ao fim do 3º trimestre) num lucro de 0,5 M€ (no 3º trimestre). Assim sejam eles tão bons onde mais é preciso, que é a área do futebol!
Outra semelhança que me ocorre é o MVP. Most Valuable Player no basquetebol, e Mais-Valias Potenciadas nas contas.
Os nossos MVP foram Mangala e Defour no 1º trimestre, cujos passes renderam 30.503.590 € e 6.000.000 €, a que corresponderam mais-valias de 22.806.942 € e 2.683.593 €, e Danilo no 3º trimestre (venda por 31.500.000 € e mais-valia de 23.101.403 €). Ou seja, nesta altura, vamos com 68 M€ de vendas de passes e 49 M€ de mais-valias, o que projectando uma eventual venda do passe de Jackson Martinez no último trimestre, será suficiente para cumprir o Orçamento e apresentar contas equilibradas no fim do exercício. Por isso, quando me perguntam se o actual modelo de negócio da SAD é sustentável, eu respondo sempre da mesma maneira: quem acreditar que é possível todos os anos efectuar vendas de passes de jogadores na ordem dos 100 M€, a que correspondam mais-valias de cerca de 60 M€, eu digo que sim; quem não acreditar...
Um ponto sempre muito sensível das contas, no meu ponto de vista, é o passivo financeiro (empréstimos bancários e obrigacionistas). Comparando a situação em 30/06/2014 e em 31/03/2015, vemos que este passivo financeiro subiu de 139.142 M€ para 149.173 M€. Subiu? A aritmética assim o indica, no entanto, as contas e a sua comparabilidade exige muito cuidado para não cairmos em erro. De facto, as contas em 30/06/14 não integravam a Euroantas (Estádio do Dragão) que só em 22 de Outubro de 2014, por força do aumento de capital passou a consolidar na SAD, e como a Euroantas, trazendo o estádio como activo, também trouxe passivo, no caso, passivo financeiro relativo ao project finance de 15.270 M€, se expurgássemos este valor das contas da SAD, então o passivo financeiro tinha diminuído cerca de 5 M€. O que significa que esta importante componente das contas, até ao momento, está relativamente bem controlada. O que não quer dizer que o peso dos custos e perdas financeiros associados (juros pagos) não sejam excessivos, são e não é pouco. Nestes primeiros nove meses do exercício de 2014/15, esses custos já vão em 13.623 M€ (9.680 M€ no período homólogo do ano anterior)
O grande problema é o fundo de maneio, isto é, a tesouraria, por outras palavras, a falta de liquidez. Mas este já é um problema crónico, já há muitos anos que a SAD se vem a debater com ele, e infelizmente não tem solução à vista. Bem pode o administrador financeiro dizer que diminuiu a exposição à banca nacional, que tem conseguido financiamento no estrangeiro (tudo bem que a diversificação é positiva), mas o cutelo da liquidez está sempre em cima dele. É uma situação muito perigosa porque a qualquer momento pode descambar ainda mais. Temos exemplos de muitas empresas rentáveis que por falta de apoio bancário tiveram que fechar. De certeza que na SAD se está muito atento a este aspecto.
Para terminar de forma mais ligeira, uma curiosidade a que nas SAD´s nunca se dá importância: os incobráveis, sim, no FCP também há crédito mal parado! São os chamados “clientes de cobrança duvidosa” cujo valor em 31/03/2015 ascendia a 4.659.548 €. Como em 30/06/2014 esse valor era de 3.189.596€, isso significa que nos últimos nove meses esta rubrica aumentou quase um milhão e meio de euros. Ainda é dinheiro. Bem que eu gostava de saber quem são estes caloteiros, mas o R&C não descrimina (nem tem que descriminar).
nota: o blog BPc agradece ao JCHS a elaboração deste artigo.
Por muito estranho que possa parecer, é possível encontrar algumas semelhanças entre os R&C e o basquetebol. A ideia ocorreu-me agora com a divulgação no passado dia 30/05/2015, após o fecho da sessão de bolsa, dos resultados relativos à data de 31/03/2015, isto é, ao fim do 3º trimestre do exercício de 2014/15. Tal como no basquetebol existem 4 períodos de 10 minutos, nos R&C existem 4 períodos de 3 meses, sendo que cada período acumula aos anteriores, como todos sabemos. Por isso, quando ao fim do dia da passada sexta-feira vi em toda a comunicação social online a notícia de “SAD do FCP lucra 553 mil”, incluindo o próprio site do clube (ver AQUI) fiquei todo contente porque sabendo que vínhamos de um prejuízo de 8,3 M€ no 1º semestre (lucro de 13,5 M€ no 1º trimestre e prejuízo de 21,8 M€ no 2º trimestre), o que no basquetebol corresponde ao intervalo (fim do 2º período), pensava eu que tínhamos invertido de prejuízo para lucro, o que não seria de admirar tendo em vista a venda do passe do Danilo por 31,5 M€ e o prémio da passagem aos quartos da CL (3,9 M€) ocorridos no 3º trimestre.
Erro meu!
Erro meu, porque no dia seguinte quando vou analisar com detalhe o R&C, chego à conclusão que aquele lucro de 553 m€ é apenas referente ao 3º trimestre (1/1/2015 a 31/3/2015), e não ao período a que respeita o R&C, como seria de esperar, que vai de 1/7/2014 a 31/3/2015, isto é, 3 trimestres. Erro meu, porque o que este R&C revela é um prejuízo acumulado de 7,8 M€, ou seja, os 8,3 M€ de prejuízo transitado dos dois primeiros trimestres abatido dos 0,5 M€ de lucro no 3º trimestre. Erro meu? Eu só pergunto, se vos dissessem o resultado de um jogo de basquetebol no fim do 3º período, o que esperavam vocês? O resultado do 3º período ou o resultado ao fim do 3º período?
Fica aqui todo este arrazoado apenas e só para esclarecer algum incauto, como eu, e para dar conta do excelente trabalho do departamento de comunicação do FCP que consegue transformar um prejuízo de 7,8 M€ (ao fim do 3º trimestre) num lucro de 0,5 M€ (no 3º trimestre). Assim sejam eles tão bons onde mais é preciso, que é a área do futebol!
Outra semelhança que me ocorre é o MVP. Most Valuable Player no basquetebol, e Mais-Valias Potenciadas nas contas.
Os nossos MVP foram Mangala e Defour no 1º trimestre, cujos passes renderam 30.503.590 € e 6.000.000 €, a que corresponderam mais-valias de 22.806.942 € e 2.683.593 €, e Danilo no 3º trimestre (venda por 31.500.000 € e mais-valia de 23.101.403 €). Ou seja, nesta altura, vamos com 68 M€ de vendas de passes e 49 M€ de mais-valias, o que projectando uma eventual venda do passe de Jackson Martinez no último trimestre, será suficiente para cumprir o Orçamento e apresentar contas equilibradas no fim do exercício. Por isso, quando me perguntam se o actual modelo de negócio da SAD é sustentável, eu respondo sempre da mesma maneira: quem acreditar que é possível todos os anos efectuar vendas de passes de jogadores na ordem dos 100 M€, a que correspondam mais-valias de cerca de 60 M€, eu digo que sim; quem não acreditar...
Um ponto sempre muito sensível das contas, no meu ponto de vista, é o passivo financeiro (empréstimos bancários e obrigacionistas). Comparando a situação em 30/06/2014 e em 31/03/2015, vemos que este passivo financeiro subiu de 139.142 M€ para 149.173 M€. Subiu? A aritmética assim o indica, no entanto, as contas e a sua comparabilidade exige muito cuidado para não cairmos em erro. De facto, as contas em 30/06/14 não integravam a Euroantas (Estádio do Dragão) que só em 22 de Outubro de 2014, por força do aumento de capital passou a consolidar na SAD, e como a Euroantas, trazendo o estádio como activo, também trouxe passivo, no caso, passivo financeiro relativo ao project finance de 15.270 M€, se expurgássemos este valor das contas da SAD, então o passivo financeiro tinha diminuído cerca de 5 M€. O que significa que esta importante componente das contas, até ao momento, está relativamente bem controlada. O que não quer dizer que o peso dos custos e perdas financeiros associados (juros pagos) não sejam excessivos, são e não é pouco. Nestes primeiros nove meses do exercício de 2014/15, esses custos já vão em 13.623 M€ (9.680 M€ no período homólogo do ano anterior)
O grande problema é o fundo de maneio, isto é, a tesouraria, por outras palavras, a falta de liquidez. Mas este já é um problema crónico, já há muitos anos que a SAD se vem a debater com ele, e infelizmente não tem solução à vista. Bem pode o administrador financeiro dizer que diminuiu a exposição à banca nacional, que tem conseguido financiamento no estrangeiro (tudo bem que a diversificação é positiva), mas o cutelo da liquidez está sempre em cima dele. É uma situação muito perigosa porque a qualquer momento pode descambar ainda mais. Temos exemplos de muitas empresas rentáveis que por falta de apoio bancário tiveram que fechar. De certeza que na SAD se está muito atento a este aspecto.
Para terminar de forma mais ligeira, uma curiosidade a que nas SAD´s nunca se dá importância: os incobráveis, sim, no FCP também há crédito mal parado! São os chamados “clientes de cobrança duvidosa” cujo valor em 31/03/2015 ascendia a 4.659.548 €. Como em 30/06/2014 esse valor era de 3.189.596€, isso significa que nos últimos nove meses esta rubrica aumentou quase um milhão e meio de euros. Ainda é dinheiro. Bem que eu gostava de saber quem são estes caloteiros, mas o R&C não descrimina (nem tem que descriminar).
nota: o blog BPc agradece ao JCHS a elaboração deste artigo.
Uma pergunta , de quem não percebe nada destas contas : Temos razões para estar preocupados?
ResponderEliminarObrigado, acrescento outra pergunta: como estao os da segunda circular e como nos comparamos a eles? Isto e importante, porque não entendo como depois de uma champions miseravel o clube do regime apresenta lucro...
ResponderEliminarJoao, Carcavelos
Sim, Zé Carlos, apesar de estarmos muito melhor que Galináceos e Lagartos há razões para preocupações a nível estrutural.
ResponderEliminarÉ preciso atingir o equilíbrio financeiro corrente.
Outro assunto grave que se reflecte a nível desportivo e financeiro são as brincadeiras dos jogadores nas selecções: Quaresma, Varela, Ruben Neves, Sérgio Oliveira, Ricardo Pereira, Gonçalo Paciência, Rafa, Tomás Podstawski, Francisco Ramos, Ivo Rodrigues, André Silva, Diogo Verdasca, Ruben Macedo, Reyes, Herrera e se calhar mais um ou outro estão ao serviço das selecções quando deviam estar de férias para recomeçar a próxima época mais cedo.
Com o mal da mouraria posso eu bem. Precisamos sangue novo no Clube/SAD.
ResponderEliminarQuanto ás selecções até podem ajudar alguns jogadores : Reyes, Herrera ( parece que só joga bem lá) e mais alguns que fazia jeito despachar.
Só uma coisa dizes que o porto esta melhor mas os outros dois clubes nas contas correntes conseguem cobrir os custos com as receitas (sem contar com compras e vendas de jogadores) e o porto não, como é que isso é dizer que o porto está em melhor situação?
ResponderEliminarRafael
Rafael
ResponderEliminarVerica os balanços, todos têm o passivo corrente bem superior ao activo corrente, ou seja, estão em situação de desiquilíbrio financeiro corrente.
Zé Carlos
As selecções prejudicam desportiva e financeiramente os clubes/sads e desvalorizam os jogadores.
Li à pouco tempo que se pondera associar o nome do Estádio do Dragão a uma empresa.
ResponderEliminarSe o dinheiro de que se fala for dado na totalidade, discordo!
Se o dinheiro de que se fala for dado por época(4 milhões por época), discordo!
Será que se os administradores da SAD receberem metade do que recebem agora, se pagarem os gastos com as suas viaturas e telemóveis e ajudas de custo, se calhar sobra bastante dinheiro para evitar que se desvirtue um Símbolo do Clube.
Viva o FC Porto!
http://www.fcporto.pt/pt/noticias/Pages/Dragon-Force-campeao-nacional-sub-18.aspx
ResponderEliminarOlha olha...lá atrás...
Concordo que um dos melhores indicadores da saúde financeira dos clubes são os resultados operacionais. Se dois têm resultados positivos e um está a mais de 18M€ de distância algo não bate certo.
ResponderEliminarMas claro que isto, na prática, é muito relativo, a partir do momento em que se faz 100M€ brutos em vendas todos os anos. A única questão, a meu ver, é a capacidade que a SAD tem para dar a volta a uma má época na Champions, por exemplo. É que os 66.5M€ desta época em vendas já contavam com 28M€ via UEFA. Na próxima época isso significa chegar novamente aos quartos.
Tendo em conta que é impossível prever os sorteios a próxima época será tão ou mais exigente que esta. Até porque não vai haver Danilo, Mangala e Jackson para vender. Os 3 foram sendo valorizados durante 3/4 anos, algo que neste momento só se aplica ao Alex Sandro.
estão a dizer que os clubes da segunda circular conseguem pagar os custos operacionais com as receitas operacionais? o sporting é provável, reduziu muito o orçamento e está na mão dos bancos, está obrigado a isso. já o benfica só se for por falácias no r&c, o ano passado tiveram de vender o matic em janeiro, este ano foi o enzo e ainda pediram ao jorge mendes uns negocios de 15M com jovens da formação: André Gomes, Bernanrdo Silva e Cancelo. Além disso queriam desinvestir na época passada e esta época parece que vão mesmo desinvestir. Alguém acha que uma pessoa como LFV ia desinvestir, pensar no futuro do clube, se não estivesse com a corda ao pescoço?
ResponderEliminarHá um erro no texto: o valor encaixado (bruto) em vendas até agora foi de 67M e não 62M (parece-me q o autor esqueceu-se do Defour nessas contas, embora até o tivesse mencionado de passagem).
ResponderEliminarQuanto à situacao comparativa com slb, já estivémos melhor do q eles mas hoje em dia a coisa está ela-por-ela. Eles gastam uma meia duzia de milhoes/ano a mais do q nós em juros (fruto de uma divida consideravelmente maior), mas essa vantagem nossa é anulada no cômputo de tudo o resto (por ex gastamos muito mais em salarios, apesar de nao termos um JJ).
O pseudo reflexivo Rodrigues sabe tudo sobre todos! Oh nossa sad vao buscar este guru já...
ResponderEliminarMuito atento o José Rodrigues, de facto houve lapso na soma: são 68 M€ de vendas brutas e não os 62 M mencionados no texto.
ResponderEliminarQuanto à situação comparativa com o slb, concordo com o J Rodrigues na medida em que a n/situação já foi muito melhor, mas infelizmente no último ano degradou-se consideravelmente.
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