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Homenagem ao nosso eterno “MESTRE”, a José Maria Pedroto, que a 21 deste mês de Outubro faria 87 anos.
A chegada de Pedroto em 1952
José Maria Pedroto iniciou-se nos infantis do FC Porto. Depois passou pelo Leixões já em idade de júnior. O serviço militar levou-o ao Lusitano de Vila Real de Santo António onde começou a despertar o interesse dos “grandes” do futebol português. No Lusitano, que tinha uma equipa de qualidade, Pedroto destacava-se. Foi ele que com um “tiro” de 30 metros bateu Azevedo, do Sporting, num jogo em que perdendo (0-2) os leões entregaram o título ao Benfica (época 1949-50).
Em 1950 transfere-se para o Belenenses a troco de 25 contos de luvas e mais 25 para o Lusitano. O FC Porto ofereceu-lhe muito mais, mas não quis voltar com a palavra atrás.
Pedroto cedo se afirmou como um dos melhores médios do futebol em Portugal. Em 1951 estreou-se pela selecção nacional, em Paris. Entretanto o FC Porto estava a construir uma grande equipa que viria finalmente a quebrar um jejum de muitos anos. Em finais de 1952 o clube da Invicta insistiu para que se transferisse para as Antas. Como se sentia bem no Belenenses e estava bem pago pelo seu emprego na Hidroeléctrica do Zêzere, Pedroto disse aos emissários portistas que só mudaria se lhe dessem a astronómica verba de 150 contos. Surpreendentemente, os dirigentes do FC Porto ofereceram… 500 contos! Toda a gente ficou embasbacada incluindo José Maria Pedroto… E assim se concretizou a transferência recorde do futebol português: para o Belenenses, 335 contos; para Pedroto 165, mais do que os 150 que ele exigira.
José Maria Pedroto haveria de dar um contributo inestimável ao crescimento do Clube. Homem de valor e coragem, tornou-se um símbolo (eterno!) do FC Porto.
José Maria Pedroto com a camisola do FC Porto. Da esquerda para a direita: José Maria (avançado), Pedroto (médio), Monteiro da Costa (avançado), António Teixeira (avançado) e Fernando Barros (médio) |
Pedroto à frente e ao meio, numa equipa de 1953/1954 |
Uma equipa do FC Porto da época 1954/1955. Pedroto é, na segunda fila, o quarto a contar da esquerda |
Pedroto – José Maria Carvalho Pedroto (n. Almacave, Lamego, 21 Out.1928 – m. Porto 8 Jan.1985) dos jogadores mais completos que na década de 50 (séc.XX) representaram o FC Porto. E um dos maiores símbolos da história do Clube, como grande jogador primeiro e, depois, como grande treinador.
Estudar próximo do Campo da Constituição permitiu-lhe espiolhar até ao ínfimo pormenor os passes de Pinga, passes do seu deleite.
Começou nos infantis do FC Porto. Com 18 anos de idade jogou nos juniores do Leixões. Depressa mostrou o seu talento e cedo se afirmou como um dos melhores médios do futebol português. Esteve, além do Leixões, no Lusitano de Vila Real de Santo António e no Belenenses. Em Belém, nasceu um astro. Responsáveis portitas metem pés a caminho e Pedroto dá entrada nas Antas sobraçando o maior contrato já alguma vez acordado em Portugal: 500 contos! Foi o regresso ao seu FC Porto.
Jogador muito rápido e de grandes passes para os companheiros, exibiu a sua classe com as camisolas do FC Porto e da Selecção Nacional (17 internacionalizações). Despertou o interesse de clubes italianos, mas optou por ficar no país. Foi campeão com Yustrich (1955-56) e com Guttman (1958-59). Ganhou duas Taças de Portugal (1955/56 e 1957/58).
O plantel de 1955/1956, estando Pedroto à frente (segundo a contar da esquerda) |
Pedroto no Lar do Jogador do FC Porto e com Afonso Pinto de Magalhães (dirigente e futuro presidente do FC Porto) após a conquista do título de 1955-56 |
A despedida de Pedroto como jogador |
Pedroto, um ídolo, uma glória eterna do FC Porto!
--- Para saber da grande carreira de treinador de Pedroto, veja a respectiva biografia mais à frente. ---
Carreira de jogador no FC Porto (Seniores) 1952-53 a 1959-60.
Palmarés como jogador:
2 Campeonatos Nacionais (FC Porto)
2 Taças de Portugal (FC Porto)
A lição do treinador…
Sobre um jogo da sua carreira, nos juniores do Leixões, Pedroto contou um curioso episódio:
"No final de um jogo disputado no Bessa, a certa altura pedi a bola ao nosso guarda-redes, "driblei" quantos adversários me apareceram pela frente, incluindo o guarda-redes contrário e, sozinho, parei a bola em cima do risco da baliza. Ufano, compus os calções, alisei o cabelo e, cheio de sobranceria, toquei o "esférico" com o calcanhar para dentro da baliza. No fim do desafio os colegas levaram-me em ombros para as cabinas. Mas o treinador Armando Martins pregou-me um sermão que até me fez chorar. Nunca mais esqueci essa lição de que um futebolista deve jogar para a sua equipa e não para a galeria". E esta lição não terá também servido a Pedroto como mote para a sua carreira de treinador?
O "Cavaleiro Andante"
Foi um jornal infantil que começou a ser publicado a 5 de Janeiro de 1952 e que veio para as bancas em substituição de outra popular publicação da altura, o "Diabrete". Adolfo Simões Müller foi o fundador e o director desta saudosa publicação da área da literatura infanto-juvenil portuguesa do século XX.
Era de periodicidade semanal e surgiu com um preço de capa de 1$80 (um escudo e oitenta centavos). Naquele tempo, rivalizava com outra publicação juvenil, o "Mundo de Aventuras". Adolfo Simões Müller, Artur Varatojo, Ester de Lemos e Carlos Pinhão, entre outros, foram alguns dos conceituados autores de texto que ajudaram o "Cavaleiro Andante" a tornar-se uma referência entre os miúdos e os graúdos daquele tempo.
Nesta edição, é dado destaque, no destacável "Desportos", ao médio-centro do FC Porto, José Maria Pedroto, que se mudou para as Antas precisamente no ano em que o "Cavaleiro Andante" surgiu nas bancas (1952).
"O eixo do FC Porto": foi desta forma que o jornal se referiu a Pedroto, um dos maiores símbolos do clube.
O "Cavaleiro Andante" deixaria de ser publicado a 25 de Agosto de 1962 com a "impressionante" marca de 556 números editados semanalmente.
[O “Cavaleiro Andante” – Fonte: blogue “Paixão pelo Porto”]
Num treino da Selecção com os colegas do FC Porto. Da esquerda para a direita: Monteiro da Costa, Carlos Duarte, Virgílio, Pinho, Hernâni e José Pedroto |
Pedroto (épocas 1966/67, 1967/68 e 1968/69) – Pressentido o clube abatido e em torpor, ou submisso a complexos de inferioridade, pois lá diz o povo "toda a gente é corcunda quando se abaixa", José Maria Pedroto, antigo jogador do clube, agora investido nas funções de treinador, pretende sacudir a hibernação. Quebrar a tal hegemonia de Lisboa. E, com isso, resgatar o clube das dificuldades de tesouraria. Mas, no futebol, não se consegue a felicidade só com a vontade… Pedroto saiu e o no FC Porto... foi tempo perdido!
• Na temporada de 1976-77, Pedroto regressa ao FC Porto pela mão do então director do Departamento de Futebol, Pinto da Costa. E é o começo de um período dourado, como mais adiante se verá. Mas… de novo, borrasca nas Antas e Pedroto é afastado pelo "Verão quente" de 1980…
• Na época de 1982-83 e já com Jorge Nuno Pinto da Costa na presidência do FC Porto, Pedroto volta ao clube e, com o Presidente, criou as bases para a série de grandes êxitos que se seguiram e que culminaram com a vitória na Taça dos Campeões Europeus!
A biografia do treinador genial, do “mestre”!
Pedroto – José Maria Carvalho Pedroto (n. Almacave, Lamego, 21 Out.1928 – m. Porto 8 Jan.1985). Pedroto, jogador, foi um ídolo do FC Porto e terminou a sua carreira em 1959-60. Mas seria como treinador que ficaria para a história do Clube. Ainda hoje é considerado “o mestre” do nosso futebol. Esteve na base do FC Porto da era moderna.
• “Revolucionou as mentalidades de jogadores, dirigentes e adeptos, e impôs a equipa e até o Clube ao País. A sua sagacidade, o seu discurso firme e polémico contra o que considerava ser o centralismo de Lisboa foram decisivos” para projectar o FC Porto a nível nacional e mundial.
Perspicaz, astuto, atento, nada lhe escapava durante os treinos, nem nos jogos. Competência e profissionalismo a toda a prova e o reconhecimento dos jogadores (do FC Porto e doutros clubes) que o consideraram o melhor mestre, um excelente estratega e um grande líder e condutor de homens.
Pedroto, “O Zé do Boné” como carinhosamente foi apelidado por adeptos e homens do futebol! |
• Das categorias jovens do FC Porto passa para o comando da equipa principal da Académica de Coimbra, seguindo-se o Leixões SC e, mais tarde, o Varzim SC onde fez um trabalho notável, a ponto da equipa poveira ser a sensação do Campeonato 1965-66.
• A qualidade do seu trabalho e a experiência que acumulou, abriram-lhe as portas do regresso ao FC Porto em 1966 (época 66/67), concretizando o sonho de se tornar no treinador principal da equipa azul e branca. Esteve 3 épocas nas Antas, conquistou uma Taça de Portugal e encetou um trabalho de sustentabilidade preparando o futuro. No entanto, um crescente mau relacionamento com a direcção do clube provocou uma saída algo atribulada (11 de Abril de 1969).
• Foi para Setúbal e, em cinco anos, obtém os melhores resultados da história do Vitória (um segundo lugar, três terceiros e um quarto, atingindo por duas vezes os quartos-de-final da Taça UEFA). A seguir, em dois anos no Boavista, obtém um excelente 2.º lugar no Campeonato e vence 2 Taças de Portugal! Enquanto esteve no Bessa foi, cumulativamente, Seleccionador Nacional. Para o FC Porto… foram 7 anos de tempo perdido.
Taça de Portugal 1976-77 |
Campeões Nacionais 1977-78! Um feito de Pedroto após 19 anos de jejum de um clube que porfiava para vencer! |
• Na época de 1982-83 e já com Jorge Nuno Pinto da Costa na presidência do FC Porto, Pedroto volta ao clube. Na época imediata conquista a Taça de Portugal. Na de 1983-84, à 10.ª jornada do Campeonato, foi obrigado a deixar a orientação da equipa por causa de um cancro que lhe foi diagnosticado. Em Janeiro de 1984 viaja para Londres, onde viria a ser internado, e deixa o comando dos jogadores a António Morais. Em Maio, já em casa, assistiu à final da Taça dos Vencedores das Taças entre o FC Porto e a Juventus de Itália, tendo a sua equipa, apesar de derrotada, honrado o nome do FC Porto e de Portugal.
Pedroto e Pinto da Costa, uma dupla de trabalho e sucesso, os reformadores do FC Porto! |
O funeral de José Maria Pedroto, no dia 10 de Janeiro, foi uma manifestação de pesar comovente. Bandeiras com as cores azul-e-branco, pendentes de janelas e varandas ao longo do percurso, uma das formas de a população da cidade prestar a derradeira homenagem ao treinador. Trajecto de seis quilómetros a pé, dezenas de milhar acompanhando o préstito fúnebre entre as Antas e o cemitério de Agramonte onde, no mausoléu do clube, Pedroto ficou sepultado ao lado de outras glórias portistas como Pavão, João Augusto, Avelino Martins, Acácio Mesquita, João Silva, Joaquim Lopes e Pinga.
• Fernando Vaz, que fora o último treinador de Pedroto, fez-lhe o elogio fúnebre em palavras vivas, tocantes: "Duriense de gema, amado por uns, odiado por outros, José Maria Pedroto foi a figura mais fascinante que conheci entre os homens do futebol do nosso tempo. O seu carácter era constante no mundo de gente enérgica que o envolveu desde muito jovem e que sempre o sujeitou ao esforço e à luta. Admirei-o como futebolista de dar sempre tudo por tudo pela acção contagiante do esforço que vertia na luta, sempre pronto a sacrificar os seus interesses pessoais ao interesse colectivo. Como treinador, pode considerar-se o melhor técnico de futebol da sua geração.”
• Testemunhos:
"Foi uma escola que perdeu o Mestre." (Artur Jorge)
"O grande Mestre, a ciência viva e actuante do nosso futebol..." (Toni)
"Foi o Mestre dos Mestres do futebol Português..." (Quinito)
"Um Mestre do futebol Mundial..." (João Mota)
"Um profissional de corpo inteiro..." (Pimenta Machado)
"Atingiu o máximo..." (Juca)
"Pedroto não morreu..." (Henrique Calisto).
• Pedroto, com Pinto da Costa, criou as bases para a série de grandes êxitos que se seguiram e que culminaram com a vitória na Taça dos Campeões Europeus.
Pedroto, o eterno “mestre”, uma glória do FC Porto, uma saudade!
Carreira como treinador do FC Porto: 1966 a 1969; 1976 a 1980; 1982 a 1985.
Palmarés como treinador:
2 Campeonatos Nacionais (FC Porto)
5 Taças de Portugal (3 pelo FC Porto; 2 pelo Boavista)
1 Supertaça de Portugal (FC Porto)
José Maria Pedroto ficará, indelevelmente, na história do FC Porto e do desporto nacional.
Obrigado por tudo, José Pedroto! O FC Porto, todos os adeptos portistas, jamais o esquecerão.
OBRIGADO!
Fernando Moreira (Dragão Azul Forte), 21 de Outubro de 2015.
O melhor de sempre, o mestre dos mestres!
ResponderEliminarUm abraço.
ResponderEliminarUm dos maiores da nossa história azul e branca.
Justíssima lembrança.
Do Porto com Amor (e saudade)
ResponderEliminare será da mais elementar justiça homenagear, parabenizar, o autor da lembrança da homenagem ao "Mestre".
muito obrigado!, caro Fernando, pela partilha.
ps:
para quem tiver esse interesse, aqui fica a reportagem da sporttv* sobre o "mestre" e que, volta e meia, «gloriosamente» desaparece do youtubiu...
(* dá para fazer o download gratuito da mesma)
abr@ço
Miguel | Tomo III
Se o FC Porto não para de conquistar o que quer que for é porque Pedroto ainda está bem vivo no seio Portista.
ResponderEliminarA Lendária Mestria de Pedroto que fazia infinitas revoluções por onde passava.
O seu dedo de magia.
The one and only!
Paulo, obrigado pela forma espectacular como concretizaste a organização do post de acordo com o programado. Contudo peço-te que emendes um erro meu no texto:
ResponderEliminarOnde se lê “Fernando Vaz, que fora o último treinador de Pedroto, fez-lhe o elogio fúnebre em palavras vivas, tocantes: Ouriense de gema,…”
deve estar “Duriense de gema…”
Obrigado. Abraço.
F. Moreira (Dragão Azul Forte)
o rosto dos rostos do que é hoje o (nosso) FC Porto!!
ResponderEliminarobrigado, obrigado, obrigado... RIP!
ps - fernando, fantástico texto. obg. (e correção feita)
Magnífico texto e só é pena que quem com ele formou uma dupla fantástica se tenha esquecido de um dos grandes ensinamentos do mestre: "Enquanto formps bons rapazes seremos sempre comidos".
ResponderEliminarNão podemos ser "bons rapazes". Abraço.
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