27 dezembro, 2015

CONTO DE NATAL.

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Natal é tempo de amor, família, carinho, demonstrações de afeto, abraços e beijos.

Natal é, ainda, tempo de recolha, introspeção e reflexão.

As famílias reúnem-se, relembram Natais passados e as vezes que repetiram o bacalhau e as rabanadas da Tia Teresa. Como se perspetiva a chegada de novos membros à família, discute-se quem fará de Pai Natal em futuros Natais. O Natal volta a fazer sentido outra vez.

Chega à meia-noite e há sempre alguém encarregado de distribuir os presentes, alguém que adora fazer o suspense, criar aquela tensão de “para quem será?! O que será?!”. E abana o presente. E leva o embrulho às orelhas para tentar ouvir algum som.

A noite passa e para o ano há mais.

Isto nas famílias normais.

Na dele não. A família dele nunca foi, também neste contexto, normal.

A ceia de Natal passa-a com a mãe num hotel, nesses jantares pré-pagos de menus fartos e, por isso, muito pouco católicos. O dia de Natal passa-o, normalmente, na cama. Ou perto dela.

Este ano não foi diferente. Mas houve algo diferente.

Revisitou um hotel que já tinha frequentado, também num jantar de Natal, há cerca de quinze anos.
Quando se sentou na sala de jantar, lembrou-se que, há cerca de quinze anos, também ali tinha estado.

A carpete era a mesma. Os mesmos símbolos marítimos.

Lembrou-se, concretamente, que, naquela mesma sala, há cerca de quinze anos, encontrou Benni McCarthy a passar o Natal com a sua família.

Deixou que o jantar terminasse e, tímido, porque a situação era pessoalíssima e reservada, abordou Benni McCarthy para lhe pedir um autógrafo.

O sul-africano foi de tal forma amigável que ele acabou por comer a sobremesa na sua mesa.

Recebeu o autógrafo, um sorriso e um abraço e foi, de longe, a melhor prenda de Natal que poderia ter tido.

Tempo em que o Natal era especial.

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