Lembro-me vagamente, nos primórdios da minha idade adulta, do Pikachu e seus amigos fazerem as delícias da criançada. Quase duas décadas depois, nunca me passaria pela cabeça, que o simpático personagem pudesse seduzir jovens adultos, seus pais, e até alguns avós dos mesmos, a andarem rua abaixo, rua acima, de nariz enfiados no telemóvel, à cata de bonequinhos escondidos num qualquer local.
O fervor pelo jogo pareceu competir com o anómalo calor que se sentiu este verão, ao ponto de se verificarem romarias noturnas a cemitérios (?) na senda de troféus supostamente raros.
Sem querer tirar o lugar à Maya, não precisarei de ser cartomante ou adivinho, para saber que daqui a meio ano, este jogo será uma moda tão ultrapassada quanto o penteado à Beatles, ou calças à boca de sino.
Mas nisto de modas, os Portistas também têm uma palavra a dizer. Com uma criatividade peculiar, criaram o jogo "DEITA ABAIXO!". Na versão de estreia, o alvo foi o treinador. Vitoriosos, criaram a sequela, em que no último nível se encontra o presidente. Para os magos do jogo, será criada uma versão Deluxe, onde o jogador poderá escolher criticar e alterar o estádio, cores ou emblema do clube.
Haverá razões que levem os adeptos a jogarem estes jogos de risco?
Algumas...
No caso de Lopetegui, a empatia com os adeptos nunca foi a melhor, ao que combinado com um estilo de jogo em posse, mal amado desde os tempos de Vítor Pereira, conduziu a um inevitável divórcio.
No caso do Presidente, e mais concretamente a SAD para o futebol, podemos "desconfiar" que não estão a proteger devidamente o clube nas relações e transações com agentes, empresários, fundos e afins. Podemos apontar alguns erros de casting incompreensíveis em aquisições de jogadores, como também inépcia na composição de planteis devidamente equilibrados, sem esquecer o ostracismo crónico aos nossos melhores valores da formação. Mas o que verdadeiramente choca o adepto portista, é o afastamento da nossa gênese e carácter vincadamente regionalista, preferindo-se em anos mais recentes, uma comunicação e posicionamento demasiado "politicamente correto", em detrimento da abordagem incisiva que pautou o nosso crescimento.
Todos estes factores, ao que se junta o ruidoso burburinho das lutas pelo poder interno, com uma vítima/réu de peso na passada semana, indiciam um claro fim de ciclo - o da era Pinto da Costa.
Contudo, se muitas das críticas que se lêm, ouvem, passam de boca em boca, são válidas e justificadas, a forma - pressão insustentável - e a repetição ad-nauseum dos mesmos erros que nos condenaram ao deserto desportivo no passado muito recente. Basta lembrar-nos da absurda pressão, culminada na saída do atual selecionador Espanhol, que nos atirou para uma das piores épocas que há memória em muitas gerações de portistas, apenas ombreada nos últimos 30 anos, pelo reinado de Octávio Machado.
A pressão insustentável acaba por levar a pontos de rutura. Veja-se o que se passa no plano político em muitos pontos do globo. Após mudanças de poder, mais ou menos forçadas, por regra advêm períodos de instabilidade e conflito. Mesmo no nosso "romântico" e "pacífico" 25 de Abril, muitos parecem esquecer-se que no ano seguinte, Portugal esteve à beira de uma guerra civil.
Reduzindo a dimensão a uma empresa ou clube de futebol, como preferirem, as consequências de um forçar da balança do poder, será análoga: instabilidade, conflito, depreciação de ativos, perda de oportunidades.
Sou da opinião que a atual direção atingiu o Princípio de Peter. A prova, é que temos vindo a ser constantemente ultrapassados pelos nossos rivais, não só dentro das 4 linhas, mas também no relacionamento com os diversos agentes desportivos, negócios e comunicação.
Por mais inacreditável que pareça, um sonso e um bronco, têm dado cartas face a um decano do dirigismo desportivo mundial. Serão Luís Filipe Vieira ou Bruno de Carvalho melhores do que Pinto da Costa? Não me acredito de todo. Contudo, o que dita a diferença entre estes dois nomes e o do nosso Presidente, é o facto de uns deterem o poder e controlo absoluto dentro das respetivas estruturas, ao passo que Pinto da Costa, por vontade própria diga-se, aparenta sentir-se bem no papel de Presidente Honorário. Reconhecido por todos, sempre com antena aberta para um bitaite em noites vitoriosas, mas com um poder cada vez mais limitado.
Porventura só mesmo com sangue novo poderemos alterar este (des)equilíbrio na balança, este laissez faire interminável.
No entanto, já que se deixou passar a oportunidade em Abril último, ao invés de se apostar no aumento do grau de frustração, e por vezes de raiva, nos adeptos azuis e brancos contra alvos internos, deveria-se concentrar essas energias e sinergias na elaboração de uma ou mais candidaturas fortes, equilibradas, com uma visão de crescimento sustentado para o nosso clube, para que no próximo ato eleitoral sejam capazes de nos colocarem no lugar de domínio no panorama nacional, que foi nosso nas últimas 3 décadas.
Até lá, rua acima, rua abaixo, há que juntar os adeptos em torno da equipa, pois divididos, seremos uma tenra presa para os nossos rivais lisboetas.
O fervor pelo jogo pareceu competir com o anómalo calor que se sentiu este verão, ao ponto de se verificarem romarias noturnas a cemitérios (?) na senda de troféus supostamente raros.
Sem querer tirar o lugar à Maya, não precisarei de ser cartomante ou adivinho, para saber que daqui a meio ano, este jogo será uma moda tão ultrapassada quanto o penteado à Beatles, ou calças à boca de sino.
Mas nisto de modas, os Portistas também têm uma palavra a dizer. Com uma criatividade peculiar, criaram o jogo "DEITA ABAIXO!". Na versão de estreia, o alvo foi o treinador. Vitoriosos, criaram a sequela, em que no último nível se encontra o presidente. Para os magos do jogo, será criada uma versão Deluxe, onde o jogador poderá escolher criticar e alterar o estádio, cores ou emblema do clube.
Haverá razões que levem os adeptos a jogarem estes jogos de risco?
Algumas...
No caso de Lopetegui, a empatia com os adeptos nunca foi a melhor, ao que combinado com um estilo de jogo em posse, mal amado desde os tempos de Vítor Pereira, conduziu a um inevitável divórcio.
No caso do Presidente, e mais concretamente a SAD para o futebol, podemos "desconfiar" que não estão a proteger devidamente o clube nas relações e transações com agentes, empresários, fundos e afins. Podemos apontar alguns erros de casting incompreensíveis em aquisições de jogadores, como também inépcia na composição de planteis devidamente equilibrados, sem esquecer o ostracismo crónico aos nossos melhores valores da formação. Mas o que verdadeiramente choca o adepto portista, é o afastamento da nossa gênese e carácter vincadamente regionalista, preferindo-se em anos mais recentes, uma comunicação e posicionamento demasiado "politicamente correto", em detrimento da abordagem incisiva que pautou o nosso crescimento.
Todos estes factores, ao que se junta o ruidoso burburinho das lutas pelo poder interno, com uma vítima/réu de peso na passada semana, indiciam um claro fim de ciclo - o da era Pinto da Costa.
Contudo, se muitas das críticas que se lêm, ouvem, passam de boca em boca, são válidas e justificadas, a forma - pressão insustentável - e a repetição ad-nauseum dos mesmos erros que nos condenaram ao deserto desportivo no passado muito recente. Basta lembrar-nos da absurda pressão, culminada na saída do atual selecionador Espanhol, que nos atirou para uma das piores épocas que há memória em muitas gerações de portistas, apenas ombreada nos últimos 30 anos, pelo reinado de Octávio Machado.
A pressão insustentável acaba por levar a pontos de rutura. Veja-se o que se passa no plano político em muitos pontos do globo. Após mudanças de poder, mais ou menos forçadas, por regra advêm períodos de instabilidade e conflito. Mesmo no nosso "romântico" e "pacífico" 25 de Abril, muitos parecem esquecer-se que no ano seguinte, Portugal esteve à beira de uma guerra civil.
Reduzindo a dimensão a uma empresa ou clube de futebol, como preferirem, as consequências de um forçar da balança do poder, será análoga: instabilidade, conflito, depreciação de ativos, perda de oportunidades.
Sou da opinião que a atual direção atingiu o Princípio de Peter. A prova, é que temos vindo a ser constantemente ultrapassados pelos nossos rivais, não só dentro das 4 linhas, mas também no relacionamento com os diversos agentes desportivos, negócios e comunicação.
Por mais inacreditável que pareça, um sonso e um bronco, têm dado cartas face a um decano do dirigismo desportivo mundial. Serão Luís Filipe Vieira ou Bruno de Carvalho melhores do que Pinto da Costa? Não me acredito de todo. Contudo, o que dita a diferença entre estes dois nomes e o do nosso Presidente, é o facto de uns deterem o poder e controlo absoluto dentro das respetivas estruturas, ao passo que Pinto da Costa, por vontade própria diga-se, aparenta sentir-se bem no papel de Presidente Honorário. Reconhecido por todos, sempre com antena aberta para um bitaite em noites vitoriosas, mas com um poder cada vez mais limitado.
Porventura só mesmo com sangue novo poderemos alterar este (des)equilíbrio na balança, este laissez faire interminável.
No entanto, já que se deixou passar a oportunidade em Abril último, ao invés de se apostar no aumento do grau de frustração, e por vezes de raiva, nos adeptos azuis e brancos contra alvos internos, deveria-se concentrar essas energias e sinergias na elaboração de uma ou mais candidaturas fortes, equilibradas, com uma visão de crescimento sustentado para o nosso clube, para que no próximo ato eleitoral sejam capazes de nos colocarem no lugar de domínio no panorama nacional, que foi nosso nas últimas 3 décadas.
Até lá, rua acima, rua abaixo, há que juntar os adeptos em torno da equipa, pois divididos, seremos uma tenra presa para os nossos rivais lisboetas.
tem mas é juízo
ResponderEliminarEntão, acha que Pinto da Costa não risca nada e está ali a ver a banda passar?
ResponderEliminarValha-me Nosso Senhor Jesus Cristo!
Chegou precisamente à questão...
EliminarSe Pinto da Costa estivesse na plenitude de outros tempos, primeiro não precisávamos de newsletters para mandar recados. Ele estava sempre no primeiro lugar da fila para dizer o que tinha à menor pisadela. Segundo, não havia (aparentemente) lutas de galgos pelos corredores do Dragão, porque nem sequer havia lugar a galgos. PdC simplesmente secava e dominava tudo em seu redor. Terceiro, flops sempre existiram, mesmo do auge do Presidente. Assim de cor vêm-me os nomes de Mogrovejo, Krajl ou Kaviedes. Contudo, a quantidade de flops e jogadores medianos na última meia dúzia de anos é absurda, para valores de custo cada vez maiores. Se é certo que é Pinto da Costa que assina o cheque, tem a certeza que ele sabe o que está a assinar?
Ao contrário do Luís Filipe Vieira, que precisa do Rui Costa para lhe explicar a diferença entre guarda-redes e avançado, se há coisa que não se pode apontar o dedo a Pinto da Costa, é o seu conhecimento de futebol. Sendo assim, como justifica tantos falhanços?
Sinto-me como um tolo no meio de uma ponte sem saber muito bem para que lado hei-de seguir...Acho que Pinto da Costa atingiu uma idade muito avançada com questões de saúde que à partida lhe colocam problemas bicudos. Isso e toda a plêiade de companheiros de percurso, alguns dos quais provavelmente com naturais limitações para poderem avaliar todas as questões que se lhes apresentam, com desembaraço, normalmente dão em demoras na tomada de decisões e em decisões de última hora muito duvidosas...O Processo Apito Dourado fez muita mossa. Os dinheiros hoje não abundam e os Poderes Futebolísticos e Mediáticos estão todos ao serviço dos Clubes de Lisboa em percentagens diferenciadas, mas certamente muito superiores às que o FC do Porto dispõe. Esta é a realidade actual no Futebol Português. Pinto da Costa é a nosso figura principal mas precisa de ter alguém que se perfile como o seu continuador. E esse alguém já lá deveria estar, dentro das zonas de influência do Clube. Não acredito em Pára-quedistas, nem em Comandos. O conhecimento adquire-se com o tempo. Quem sabe se este afastamento de Antero Henrique tenha alguma coisa a ver com essa leitura...Um afastamento pensado.
ResponderEliminarQuando se afirma que o Porto perdeu o Poder que tinha no Futebol, isso só quer dizer que esse Poder está totalmente nas mãos de outros e esses outros só podem ser quem todos nós conhecemos...