TONDELA-FC PORTO, 0-0
Começo a crónica pelo título. Houve mesmo jogo em Tondela, neste fim de tarde? Desconheço por completo pois não me apercebi de tal. O que terei visto foi uma espécie de jogo entre solteiros e casados. E por isso, pouco ou nada haverá para relatar do que se passou dentro do relvado.
Mais uma época, mais do mesmo! Mudam-se os actores, mantém-se a saga! Quarta época a ver o mesmo filme. Vamos continuar a assistir a esta miséria, impávidos, serenos, sem esboçar qualquer reacção, deixando correr o marfim?
A época 2016-17 ainda vai no adro mas os sinais de que isto não vai terminar em bom porto são já tão evidentes que, qualquer pessoa séria por mais emocional que seja, não consegue negar o óbvio. O FC Porto que venceu durante mais de 30 anos esfumou-se há bastante tempo e não voltará.
Foi um Porto único, soberbo, que alcançou muito mais do que seria imaginável. Chegou ao topo do mundo. Foram vitórias atrás de vitórias, títulos atrás de títulos, conquistas alcançadas só possíveis em grandes clubes da Europa.
Mas nós conseguimos. Graças a dois grandes nomes: José Maria Pedroto e Jorge Nuno Pinto da Costa. Esse FC Porto nasceu em 1976 alicerçado numa cultura de vitória e na luta contra o centralismo instalado na capital do império. Essa cultura perdurou durante mais de longos 30 anos. Mas tal como em tudo na vida, há um fim. E é isso que muita gente não quer ver e não vê. Mas há outros a quem dá um jeito desgraçado não querer ver.
O primeiro grande obreiro do GRANDE FC PORTO partiu prematuramente, poucos anos depois do nascimento do FC Porto que todos conhecemos. O segundo grande obreiro construiu o grande clube com as bases que ambos lançaram e os resultados foram o que todos pudemos ver. Muitos anos, muitas vitórias, muitos títulos, muitas conquistas, muitos sonhos alcançados e muitos outros vencidos mas jamais ousar pensar neles.
Mas tudo tem um ciclo. Um ciclo começa e termina. É a lei da vida. E quanto maior for esse ciclo, mais difícil se torna admitir para quem está nele, dizer que chegou a hora de sair. E é aqui que reside o grande problema do FC Porto.
O FC Porto que nasceu em 1976 morreu. Ponto.
O clube não pode viver à sombra do passado. O clube não pode viver de museus. O clube não pode viver sem discurso. O Presidente do FC Porto não pode agarrar-se à cadeira, servindo-se do estatuto de 40 anos no dirigismo do futebol do clube para se manter no trono. Todos somos falíveis, todos temos o nosso tempo. E quando esse tempo termina, é o momento de sermos os primeiros a reconhecer e a admitir que a hora chegou.
Isto não é uma manifestação de ingratidão ou de falta de respeito para com o Presidente Pinto da Costa. Pelo contrário. Isto é sim uma manifestação de quem está a ver o clube a caminhar a passos largos para a ruína, para o descalabro e para o regresso aos tempos em que nada se vencia e tudo se encarava como normal.
O Presidente Pinto da Costa, por muito que custe a muita gente, não tem as mesmas faculdades, a mesma resistência, a voz que se fazia ouvir em todo o lado e a mesma capacidade de liderança de outros tempos. Lamento ter de dizer isto mas é o que eu penso e o que muita gente pensa. Tenho memória e mesmo que não tivesse memória, há registos onde se pode verificar, claramente, as diferenças entre o GRANDE PINTO DA COSTA e o actual Presidente do FC Porto. São abismais.
O estado de saúde do Presidente não é o mesmo desde que em 2011-12, no regresso do Chipre, jogámos com o Apoel para o Champions League. E desde essa altura que a voz que se fazia sentir e que nos empurrava para as vitórias e para os títulos desapareceu. Muita gente confunde isto com o Apito Dourado. É certo que o Apito Dourado, em certos momentos, fragilizou o próprio Presidente, fazendo com que se resguardasse. Mas nunca o impediu de se manifestar e de dar a cara pelo clube quando foi preciso.
Mas desde o regresso do Chipre que tudo mudou. O Presidente passou a pasta de todo o futebol e delegou-a na sua Administração. O descalabro começou aí, pese embora os 2 títulos, entretanto, vencidos na recta final de duas épocas quando andámos muito tempo em 2º lugar a uma distância de 4 e 5 pontos. A situação foi um pouco disfarçada e o barco aguentou-se.
Daí para cá, o FC Porto passou a ser uma equipa banal e em que qualquer adversário perdeu o respeito. Ausência de títulos, contentores de jogadores de duvidosa qualidade a entrar e a sair em catadupa, jogadores da cantera com qualidade emprestados sem regresso à vista e um cemitério de treinadores instalado. Faz-me lembrar o Benfica dos anos 90 e inícios deste século das gestões de Damásio até Vilarinho.
Com o GRANDE PINTO DA COSTA, jamais o FC Porto passaria pelo que tem passado, sobretudo nos últimos 3 anos. Jamais tantos treinadores se queimariam como nesta fase. Jamais tantos jogadores entrariam e sairiam. Jamais a gestão liderada por Pinto da Costa permitiria isto. Por isso, ninguém acredita que esta gestão seja feita pelo Presidente do FC Porto.
E mesmo recentemente, com a tentativa do Presidente em querer aparecer mais vezes e a chamar a si a gestão do futebol, o certo é que isso não se verifica. A vontade pode lá estar mas a capacidade desapareceu. É triste dizer mas a evidência é clara.
Porquê agora isto? Porquê agora, nesta fase da época, escrever aqui o que toda a gente fala nos cafés, no estádio, nas ruas, nas redes sociais ou em tertúlias? Porque é necessário acordar, abrir os olhos, alertar para a péssima imagem que o FC Porto tem dado e continua a dar. Porque hoje não foi apenas mais um desaire. Hoje foi a continuidade das últimas três épocas, com sinais claros visíveis na última Quarta-feira.
É tão mau que muitos adeptos achem normal e admissível perder pontos em casa com o Copenhaga; É tão mau ver muitos adeptos entender o Copenhaga como uma equipa competente e de grande qualidade na Champions League; É tão mau muitos adeptos dizer ser normal, a partir de agora, vencermos algo apenas de vez em quando.
É tão mau ver-se que o jogador com mais anos na equipa ser Herrera e ter apenas três anos de casa; É tão mau que, nestes três anos, não vemos um jogador à Porto como vimos durante 30 anos; É tão mau ver a postura dos jogadores em campo, nomeadamente, nos últimos dois jogos; É tão mau não termos uma voz forte de liderança no balneário.
É tão mau ver o silêncio sepulcral da estrutura do FC Porto ao longo dos últimos anos; É tão mau ver falta de atitude e falta de reacções quando somos prejudicados (e elas acontecem quase semanalmente); É tão mau ver reacções do clube, quase exclusivamente, pelo Dragões Diário; É tão mau deixarmo-nos comer e aceitarmos isso tanto no campo como fora dele; É tão mau vermos o Presidente falar e tentar reagir, de uma forma extemporânea, apenas na hora das vitórias. É tão mau ver o Presidente não aparecer nos maus momentos, coisa impensável noutros tempos.
Senhor Presidente Pinto da Costa, admiro-o por tudo o que fez pelo clube. Eu e todos os portistas estamos gratos pelo que fez pelo clube, cientes de que jamais haverá um presidente como o senhor. A gratidão e o reconhecimento serão eternos, mas chegou a hora de sair, o seu ciclo terminou. Muito obrigado, Senhor Presidente.
O clube precisa de mudar de rumo, URGENTEMENTE!
Em Tondela, continuámos a viver momentos de sofrimento, de angústia dos três anos passados. Com o Copenhaga começou, com o Tondela continuou. Onde vai para isto?
Perante um adversário que só defendeu, e defendeu mal, não fomos capazes de marcar. Criámos três oportunidades de golo (duas por André Silva e outra por Adrián Lopez), sendo que a primeira surgiu apenas aos 83 minutos, frente a um adversário que teve apenas um lance de golo oferecido pelo estreante Boly.
Com nova mudança táctica para 4x4x2 e com quatro alterações no onze, Nuno Espírito Santo andará à procura de um onze ou estará a promover a rotatividade “Lopeteguiana”?
Os jogadores em campo mostraram falta de raça, de ambição, de querer e de motivação. Vi um FC Porto amorfo, sem ideias e a mastigar o jogo, frente a um adversário de segunda categoria. Em 3 jogos com o Tondela no seu historial, o FC Porto venceu um, empatou um e perdeu outro (em casa). E na vitória que obteve, foi alcançada em terreno neutro pela margem mínima, num jogo em que no último lance do mesmo, Casillas evitou o empate, defendendo uma grande penalidade.
Isto é o FC Porto dos últimos anos. Uma equipa sem norte, derrotada e desrespeitada pelos adversários. A actual equipa do FC Porto tem um nível médio/baixo, do nível das equipas que lutam pelo acesso à Liga Europa.
5 pontos perdidos em 5 jogos.
É preocupante, muito preocupante! Mas sou eu que me vou preocupar seriamente quando quem tem responsabilidades, passeia e assobia para o lado como se estivesse tudo bem?
Sei que vão aparecer os que não querem ver e os “cegos”, com argumentos ridículos, defender que o Sporting perdeu nesta jornada, de forma convincente, em Vila do Conde. Que com isso, recuperámos um ponto e que continuaremos no mínimo a três pontos da liderança, mesmo que os outros vençam o Braga. Continuem com as ilusões e a vender sonhos que vão no bom caminho! Volto a dizer o que disse em cima. Hoje não foi apenas um desaire.
Com o mal dos outros, posso eu bem. Temos que olhar para a nossa casa. E não é isso que temos feito. A nossa casa está a arder e nós preferimos dizer que a casa dos outros está chamuscada.
Notas positivas deste jogo: nada a registar.
Próxima jogo, frente ao Boavista na Sexta-feira às 19h. Um jogo que antecede a visita a Leicester.
DECLARAÇÕES
Nuno: “A equipa não foi efetiva”
Nuno Espírito Santo admitiu sair “preocupado” do Estádio João Cardoso, onde o FC Porto empatou este domingo (0-0) com o Tondela, para a quinta jornada da Liga NOS. Apesar de considerar que a produção ofensiva foi “suficiente” para justificar a vitória, o treinador sublinhou que a equipa tem de ser mais “efetiva” e que vai “procurar soluções” para aumentar a eficácia na concretização. Já na sala de imprensa, reforçou não ter “absolutamente nada” a apontar aos seus jogadores, que “dão o máximo”.
Falta de efetividade
“Faltou-nos marcar um golo. Acho que equipa competiu, entregou-se e trabalhou, mas não foi efetiva. Isso preocupa-me. Temos de ganhar este tipo de jogos, que definem as grandes equipas, que têm de chegar, ganhar, produzir, ser efetivas e marcar.”
Procura de soluções
“Tivemos uma produção mais do que suficiente para ganhar, ocasiões claras. Isso preocupa-me, a falta de efetividade, e temos de procurar alguns critérios. Vamos encontrar soluções e trabalhar nos erros. O resultado não agrada, merecíamos mais, mas é preocupante. Temos de ganhar estes jogos.”
Necessidade de vencer
“Vínhamos com a intenção de conseguir três pontos, que eram fundamentais. Vamos levantar-nos e encontrar soluções mas não podemos sair daqui com este empate, que não merecemos. Quando se quer ser campeão e se assume esta candidatura tem de se ganhar estes jogos. A nossa ideia de jogo está clara, os jogadores cada vez mais a entendem, temos de nos levantar rapidamente porque sexta já há jogo e temos de o ganhar.”
Jogadores dão o máximo
“Temos de nos afirmar, assumir que queremos ser dominadores mas marcando golos. Não posso apontar absolutamente nada aos jogadores, que tentaram, trabalham até à exaustão e dão o máximo. Cabe-me encontrar soluções para um crescimento sustentado e mantido no tempo.”
RESUMO DO JOGO
Excelente jogo, só faltou pontaria ao André Silva...
ResponderEliminarBom jogo do Herrera. As múmias continuam lá sem ele
ResponderEliminarBom post! Exibição tipo Ramaldense pontapé pra frente e fé em Deus.Temos avançados? ??? 6 milhões por Boly???? Treinador bom para os distritais. Uma vergonha o que se está a passar.
ResponderEliminarO Presidente foi legitimamente re-eleito há 5 meses para um mandato de 4 anos com 79% dos votos daqueles que puderam ou se deram ao trabalho de lá ir votar.
ResponderEliminarOs que se deram a esse trabalho foram uma pequena percentagem se comparados com o numero de lugares anuais no estádio. Já nem falo do numero de sócios.
Diziam muitos que não valia a pena ir lá porque era lista única. E era lista única porque ninguém tem coragem de se candidatar não contra Pinto da Costa mas sim contra o "sistema" que ele tem à volta dele no Porto.
Porém, se, ao contrário de 79% de votos favoráveis, ele tivesse tido 79% de votos desfavoráveis, talvez ele tivesse percebido que era altura de sair pelo próprio pé e não repetir a cena ridícula de dizer que esperou até ao ultimo dia para ver se alguem credível aparecia a candidatar-se. Se fisso tivesse acontecido e ele tivesse ainda um pingo de decencia, convocava novas eleiçoes e dizia à partida que nao se candidatava.
Mas não foi isso que aconteceu. Os sócios demitiram-se das suas responsabilidades. Agora não se queixem. Assumam que são os primeiros responsáveis pelo actual estado do clube.
Apoiado! Abraço.
ResponderEliminarNão vejo que tenha sido Pinto da Costa que coloca em campo André André, Ruben Neves, André Silva, Boli, Otávio, Adrian. Pode ser que NES seja óptimo e Pinto da Costa uma porcaria, mas não me parece.
ResponderEliminarInfelizmente tens razão...😒
ResponderEliminarExcelente análise, na qual me revejo totalmente, excepto no ponto onde se diz "mas sou eu que me vou preocupar seriamente quando quem tem responsabilidades, passeia e assobia para o lado como se estivesse tudo bem?". Precisamente por isso é que devemos estar preocupados, todos, tu, eu, grande parte dos sócios, inclusive Pinto da Costa, lá no fundo, porque é um homem inteligente, todos sabemos que depois de ums longa caminhada de sucesso, quase sempre em linha reta, chegamos a uma encruzilhada onde temos de escolher um novo caminho.. E esse é o grande problema, e de muito difícil resolução. Problema que seria/será tema para uma discussão interminável, mas que como tudo na vida acabará por se resolver. Resta saber se bem...
ResponderEliminarNo sábado, no andebol, vi TUDO o que é ser Porto!
ResponderEliminarJogadores, treinador, equipa e adeptos. Contra tudo e contra todos. Literalmente!!!
Tudo a correr bem até...a claque começar a cantar "Pinto da Costa, olé"...enquanto houver este mito e assobiarmos para o lado, não dá!
Podemos andar aqui iludidos a discutir táticas, jogadores, árbitros mas...eu, continuo à espera de um sinal DE DENTRO que me diga que tudo vai ser diferente, mas...tudo o que vejo é mais do mesmo!
No FCP de hoje SÓ me revejo no espírito do andebol. Só!
Pedro Pinto
o problema maior destes empates está nos jogadores, não há referências no balneário, não há um capitão, não há entrega suficiente, e há muita falta de qualidade.
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