Dragao – foi há 13 anos
Foi em 2003 que fomos pela primeira vez ao Dragão. Fez ontem 13 anos. Um dia e uma noite felizes, daquelas que ficam para sempre. Pedro Burmester tocou nesse dia num piano suspenso sobre o relvado. Só voltaria a tocar na cidade do Porto passado uma década, em desacordo com as políticas de Rui Rio para a cultura.
Olhando para trás, é difícil classificar a mudança operada das Antas para o Dragão. Ganharam-se muitos títulos desde então, ganhou-se modernidade, o clube e a cidade transformaram-se. A massa associativa, essa, também mudou. Assistimos no Dragão a duas grandes caminhadas europeias: a primeira até Gelsenkirschen; a segunda até Dublin. Nada disso poderá ser apagado e é um verdadeiro livro de honra e de glórias.
Parece no entanto que a relação do clube com a cidade e com a “rua” se perdeu. Um estádio mais distante, mais frio e mais desaculturado. Diria que parte da mística ficou a meio caminho entre as antigas Antas e a Alameda, não chegando ainda a entrar na sua totalidade no Estádio do Dragão. Perdeu-se um pouco de sotaque nortenho com a mudança. A maioria dos adeptos são os mesmos ou pelo menos são filhos ou netos dos anteriores, mas algo parece ter mudado na cúpula dirigente que se reflectiu, inexoravelmente, no público do estádio.
Qual o meu desejo? O formato e as linhas do Dragão e a alma e o espírito das Antas.
João Pinto
Devia ser óbvio e consensual há muitos anos, mas incrivelmente não é. João Pinto passa a integrar a estrutura do futebol do FC Porto. Na prática, só há uma coisa a comentar: devia ter sido para ontem. O lugar de João Pinto é no FC Porto, seja nos corredores, seja no relvado. O João Pinto tem lugar onde e sempre que quiser, seja onde for. Ou alguém duvida que o a figura e a história de João Pinto fazem mais pela raça e alma dos nossos jogadores do que mil palestras do NES em blocos de papel? O lugar do eterno Capitão é ali no nosso banco de suplentes, servindo de exemplo e inspirando os novos atletas que chegam. Só valorizando a nossa história e os nossos ex-jogadores – e isto é algo que o nosso actual Presidente nunca soube capitalizar da melhor maneira – é que conseguimos manter a mística e fazer perceber aos novos que chegam que este lugar e esta casa são especiais.
Saúda-se esta novidade e só se lamenta o tempo que o Sr. João Pinto esteve fora. E mais: lamenta-se que, muitos outros baluartes do portismo, não estejam onde fazem falta: nos corredores e nos relvados do FC Porto.
O Dilema Existencial
O FC Porto e os seus adeptos vivem num dilema profundo. O clube é roubado jornada sim jornada sim pelos senhores do apito. Contudo, não nos podemos queixar dos árbitros, porque uma equipa do FC Porto tem que estar preparada para ganhar na raça, contra tudo e contra todos. E porque queixar-se dos árbitros é coisa de benfiqueiro e de lagarto. Por outro lado, se a Direcção e o Presidente não se insurgem contra as arbitragens, somos claramente a imagem um clube amorfo, adormecido, sem chama, sem garra nem vontade de ganhar. Em que ficamos, meus senhores?
Dilema complicado este...
A Independência
Na televisão e nos jornais portugueses, no que ao futebol diz respeito, há uma distinção óbvia entre i) os que representam o seu papel de forma digna e independente; ii) os que estão ali a soldo e pagos por alguém, para transmitir mensagens previamente definidas e alinhadas com a versão oficial dos acontecimentos.
Os primeiros são os comentadores e cronistas portistas, pessoas independentes e imparciais, capazes de elogiar o nosso clube numa semana para, logo de seguida, criticarem de forma veemente as opções do actual Presidente, da SAD, do treinador, dos jogadores, etc. Falo de Miguel Sousa Tavares, Miguel Guedes, Rodolfo Reis e até o próprio Bernardino Barros, que trabalha para o canal gerido pelo clube.
Os outros estão ali plantados para defenderem as suas agremiações e os seus chefes. Repetem mentiras até à náusea, são incapazes de admitir coisas óbvias, negam que o branco é branco e que o preto é preto. São pessoas sem coluna vertebral, rasteiros, que exalam um fedor pútrido sempre que cospem alarvidades da boca para fora.
Vem isto a propósito, claro está, do mais recente episódio dos balneários nacionais. Bem sabemos que as cabinas da capital lisboeta encerram mistérios e segredos difíceis de perceber ao cidadão comum. Basta que nos lembremos do que sucedeu num certo acesso aos balneários a Hulk e Sapunaru. Mas neste caso, com imagens de alta definição e sem qualquer pixelização, temos a verdade nua e crua perante os nossos olhos.
Como podemos esperar que esta gentalha imunda e rastejante reconheça um penalty ou uma mão na bola se são capazes de jurar mentiras a pés juntos e, qual milagre da Rainha Santa Dª. Isabel que transformou o pão em rosas, operam a transformação de uma cuspidela em vapor de cigarro electrónico?!
Bem sabemos que a Norte as pessoas não se vendem ao desbarato e têm tendência a manter a coluna vertebral mais rectilínea. No entanto, o horrendo espectáculo televisivo que nos é proporcionado durante a semana nas principais cadeias televisivas nacionais, devia merecer uma intervenção do regulador. O nojo tem limites e o surrealismo já não está tão em voga.
Rodrigo de Almada Martins
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