O FOTO-MÍSTICA é um espaço de registo e divulgação da história do FUTEBOL CLUBE DO PORTO. O objectivo é recordar os seus momentos, os seus valores, os seus princípios, a sua cultura, a sua marca, a sua dimensão, as suas gentes. Numa palavra: a sua MÍSTICA. Todos são convidados a participar nesta viagem. Se pretenderem ver divulgada uma fotografia em especial, podem enviar e-mail para rodalma@hotmail.com.
Sergey Yuran não marcou muitos golos com a camisola do FC Porto, mas o seu papel no título de 94/95 foi importantíssimo, muito devido à impressionante capacidade física que, aliada à sua garra, lhe permitia pressionar e desgastar as defesas adversárias como poucos.
A sua transferência para as Antas, consumada a 3 de Setembro de 1994, é mais uma das muitas jogadas de mestre do Presidente Pinto da Costa junto dos rivais de Lisboa, apenas suplantada pelos episódios Futre, Deco e João Moutinho. E, para cúmulo, Yuran veio envolvido num pacote 2 em 1: com ele chegou também o centro-campista Kulkov (mais atrás na fotografia), detentor de fina técnica e de sentido táctico apuradíssimo.
Artur Jorge havia chegado a Carnide para treinar os vermelhos e decide que os russófonos não teriam lugar na equipa. Bobby Robson e o seu adjunto José Mourinho – que os conheciam do Hospital São José em Lisboa, por serem visitas assíduas de Cherbakov, que ficara paraplégico após um terrível acidente na Avenida da Liberdade – após tomarem conhecimento de que os dois futebolistas eram jogadores livres, não deixaram escapar a oportunidade e o empresário Paulo Barbosa intermediou o negócio.
A transferência dos dois soviéticos (Yuran é ucraniano e Kulkov é russo) na imagem foi alvo de forte polémica. Quando confrontado com a fama de Yuran e Kulkov gostarem demasiado de vodka e de se fazerem acompanhar de esculturais russas à bôite Maxime, o Presidente teve pronta resposta: "Não contratámos dois santos nem eu sou o abade das Antas". Também Sir Bobby Robson alinhava pelo mesmo diapasão e dizia que "Vamos dar-lhes uma nova oportunidade na vida", sabendo que ser vermelho é estar perdido na vida.
Rumaram pois à cidade Invicta para se sagrarem campeões nacionais, sendo ainda hoje os dois únicos estrangeiros campeões nacionais em épocas consecutivas por clubes diferentes. No final da temporada, os dois seguiriam para o Milwall, após breve e bem sucedida passagem pelo Spartak de Moscovo. Yuran não mais regressou a Portugal devido a um processo em tribunal após um acidente a altas horas da madrugada na Avenida da Boavista. Da colisão de 24 de Novembro de 1994 resultou a morte de Ângelo Oliveira, sendo que Yuran acabou por ser condenado a 1 ano de prisão efectiva por homícido por negligência (pena que não cumpriu, ao abrigo da Lei da Amnistia) e ao pagamento de 3 mil contos à família da vítima - a sentença, branda, não agradou aos familiares da vítima. Kulkov ainda regressou ao campeonato nacional para jogar no Alverca em 1999/2000.
O disparo de Yuran, aos 66 minutos, simboliza a conversão de um infiel. Kulkov acompanha o lance de perto, também em busca de purificação espiritual. Na fotografia podemos ver que Yuran parece gritar no momento do disparo, tal é a fé que deposita naquele remate. Paulo Madeira bem se esforça para efectuar o corte, mas a sua facies denuncia que corre para uma missão impossível. A bola já passou o crivo defensivo e vai perfurar as redes de Preud’homme. Um tiro de pé esquerdo, à queima-roupa, indefensável. Abel Xavier, aqui ainda católico e de cabelo preto, apenas esboça uma reacção. Depois do golo, Yuran corre para o banco de suplentes para abraçar o jovem Bicho, que não se inibe de lhe dar uns bons cachaços.
Isaías havia de empatar a contenda já na segunda parte, mas o golo de Yuran é inesquecível, por representar a redenção de um pecador. O ucraniano seria expulso aos 74 minutos, juntando-se nos balneários a Paulinho Santos, que havia recebido ordem de expusão ainda durante a primeira parte.
No final do jogo, as opiniões contrastavam. Enquanto que Filipovic afirmava que o clube da 2ª circular havia jogado contra uma das melhores equipas do mundo a controlar o seu espaço defensivo, Inácio referia que o Sr. Bento Marques, juiz da partida, tinha ajudado o clube da casa a conseguir o empate, não marcando faltas a favor dos azuis e brancos.
Quando perguntaram a Yuran qual era a melhor recordação dessa temporada, a resposta é pronta:
FONTES UTILIZADAS, A QUEM AGRADECEMOS:
Época: 1994/1995.Foi um dos grandes momentos que os portistas viveram nas bancadas do antigo estádio da luz. E logo protagonizado por quem.
Local: Estádio da luz.
Data: 02.10.1994.
Resultado: sl benfica 1x1 FC Porto.
Aparecem na fotografia: Yuran, Kulkov e jogadores do sl benfica.
Sergey Yuran não marcou muitos golos com a camisola do FC Porto, mas o seu papel no título de 94/95 foi importantíssimo, muito devido à impressionante capacidade física que, aliada à sua garra, lhe permitia pressionar e desgastar as defesas adversárias como poucos.
A sua transferência para as Antas, consumada a 3 de Setembro de 1994, é mais uma das muitas jogadas de mestre do Presidente Pinto da Costa junto dos rivais de Lisboa, apenas suplantada pelos episódios Futre, Deco e João Moutinho. E, para cúmulo, Yuran veio envolvido num pacote 2 em 1: com ele chegou também o centro-campista Kulkov (mais atrás na fotografia), detentor de fina técnica e de sentido táctico apuradíssimo.
Artur Jorge havia chegado a Carnide para treinar os vermelhos e decide que os russófonos não teriam lugar na equipa. Bobby Robson e o seu adjunto José Mourinho – que os conheciam do Hospital São José em Lisboa, por serem visitas assíduas de Cherbakov, que ficara paraplégico após um terrível acidente na Avenida da Liberdade – após tomarem conhecimento de que os dois futebolistas eram jogadores livres, não deixaram escapar a oportunidade e o empresário Paulo Barbosa intermediou o negócio.
A transferência dos dois soviéticos (Yuran é ucraniano e Kulkov é russo) na imagem foi alvo de forte polémica. Quando confrontado com a fama de Yuran e Kulkov gostarem demasiado de vodka e de se fazerem acompanhar de esculturais russas à bôite Maxime, o Presidente teve pronta resposta: "Não contratámos dois santos nem eu sou o abade das Antas". Também Sir Bobby Robson alinhava pelo mesmo diapasão e dizia que "Vamos dar-lhes uma nova oportunidade na vida", sabendo que ser vermelho é estar perdido na vida.
Rumaram pois à cidade Invicta para se sagrarem campeões nacionais, sendo ainda hoje os dois únicos estrangeiros campeões nacionais em épocas consecutivas por clubes diferentes. No final da temporada, os dois seguiriam para o Milwall, após breve e bem sucedida passagem pelo Spartak de Moscovo. Yuran não mais regressou a Portugal devido a um processo em tribunal após um acidente a altas horas da madrugada na Avenida da Boavista. Da colisão de 24 de Novembro de 1994 resultou a morte de Ângelo Oliveira, sendo que Yuran acabou por ser condenado a 1 ano de prisão efectiva por homícido por negligência (pena que não cumpriu, ao abrigo da Lei da Amnistia) e ao pagamento de 3 mil contos à família da vítima - a sentença, branda, não agradou aos familiares da vítima. Kulkov ainda regressou ao campeonato nacional para jogar no Alverca em 1999/2000.
O disparo de Yuran, aos 66 minutos, simboliza a conversão de um infiel. Kulkov acompanha o lance de perto, também em busca de purificação espiritual. Na fotografia podemos ver que Yuran parece gritar no momento do disparo, tal é a fé que deposita naquele remate. Paulo Madeira bem se esforça para efectuar o corte, mas a sua facies denuncia que corre para uma missão impossível. A bola já passou o crivo defensivo e vai perfurar as redes de Preud’homme. Um tiro de pé esquerdo, à queima-roupa, indefensável. Abel Xavier, aqui ainda católico e de cabelo preto, apenas esboça uma reacção. Depois do golo, Yuran corre para o banco de suplentes para abraçar o jovem Bicho, que não se inibe de lhe dar uns bons cachaços.
Isaías havia de empatar a contenda já na segunda parte, mas o golo de Yuran é inesquecível, por representar a redenção de um pecador. O ucraniano seria expulso aos 74 minutos, juntando-se nos balneários a Paulinho Santos, que havia recebido ordem de expusão ainda durante a primeira parte.
No final do jogo, as opiniões contrastavam. Enquanto que Filipovic afirmava que o clube da 2ª circular havia jogado contra uma das melhores equipas do mundo a controlar o seu espaço defensivo, Inácio referia que o Sr. Bento Marques, juiz da partida, tinha ajudado o clube da casa a conseguir o empate, não marcando faltas a favor dos azuis e brancos.
Quando perguntaram a Yuran qual era a melhor recordação dessa temporada, a resposta é pronta:
“Ahhhh, claro que é aquele golo na luz. Marquei o 1-0 aos 65 minutos, fui expulso por dois amarelos aos 75” e o Isaías empatou aos 90”. Acabou 1-1, mas marcar aquele golo foi muito bom, libertador. A caminho do balneário, o José Mourinho, naquele estilo que ainda hoje lhe é característico, agarrou-se a mim e gritava para o ar ”és o maior”, ”estás aqui é para marcar”, ”mostraste aos gajos que és bom”, ”deste-lhes uma lição”. Eu só me ria, enquanto os jogadores do Benfica seguiam cabisbaixos, como o treinador [Artur Jorge] e até o presidente [Manuel Damásio]. O Mourinho deixou a porta do balneário aberta e continuou a falar altíssimo, para os do Benfica ouvirem.”A redenção e consequente libertação de Sergey Yuran, pelas palavras do próprio, estava assim consumada. Também Kulkov, anos mais tarde, tinha noção do significado daquele golo. Tal como na parábola da ovelha perdida, parece perceber que há mais júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por 99 justos, que não precisam de arrependimento.
“Que momento! Marcou de pé esquerdo, festejou à doido e foi expulso. Um momento à Yuran”Yuran soube resumir na perfeição o que significou o FC Porto na sua vida, dando razão a Bobby Robson quando este adivinhava uma nova oportunidade na vida:
“O FC Porto era uma família, o benfica… uma brincadeira”Yuran tem actualmente 47 anos e é treinador do FC Mika da Arménia. Kulkov conta 50 primaveras e treina os sub-21 do Spartak de Moscovo.
FONTES UTILIZADAS, A QUEM AGRADECEMOS:
- Mais Futebol
- Zero Zero
- FC Porto Notícias
- Jornal de Notícias
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