16 agosto, 2017

ABOUBAKAR vs LUISÃO.


Se há frase relativa ao futebol com a qual concordo perfeitamente é a mítica proferida pelo ex-presidente do Vitória de Guimarães, António Pimenta Machado: “No futebol, o que hoje é verdade, amanhã é mentira”. Quem anda neste Mundo ou simplesmente o acompanha de perto, já por diversas vezes assistiu ou viveu situações nas quais esta frase se aplica na plenitude.
Mas se a mesma é indesmentível, também não é menos verdade que existem neste Mundo um conjunto de “virgens ofendidas” que clamam por seriedade e honestidade intelectual quando a verdade se “distorce” em seu desfavor, mas que rapidamente a assumem como incontornável quando a mesma vai de encontro às suas preferências.

Vincent Aboubakar, avançado do nosso clube e com o qual temos contrato (convém não esquecer, pois até parece que o mesmo termina daqui a 15 dias), não gostou da forma como foi tratado na pré-época passada. Sobre isso não me vou pronunciar, pois não tenho dados que me permitam avaliar se o camaronês foi alvo de um tratamento incorrecto ou se tudo se ficou a dever a mera opção técnica, independentemente da concordar ou não com a mesma. O que é facto, é que o mesmo se sentiu injustiçado e rapidamente a comunicação social centralista procurou “fazer sangue”. Com a facilidade de ter emigrado para o Besiktas e de na Champions o slb ter ficado no mesmo grupo dos turcos, os imparciais jornalistas montaram a “ratoeira” ao atleta, e numa altura em que tudo lhe corria bem no clube de Istambul, questionaram o jogador se queria voltar a Portugal. Que resposta se esperaria? “Sim, quero!” ou “Sim, tenho saudades do banco!” ou “Claro, quero voltar a ser suplente!”. Como é evidente, a maior referência actual do futebol dos Camarões, respondeu que não queria regressar... óbvio! É que além do aspecto desportivo, convém recordar que na Turquia a percentagem de desconto do salário do jogador é muito inferior à aplicada em Portugal, pelo que a remuneração auferida é substancialmente superior.
Finalizada a época, qualquer jogador que tenha contrato com um clube tem que regressar à origem, e foi obviamente isso que aconteceu.
Nova época, novo treinador, novo diretor para o futebol, nova estratégia, nova política desportiva, novas dinâmicas e relações. O camaronês passa a sentir-se mais importante no grupo, mais valorizado, mais reconhecido e com maior preponderância no 11 titular. Resultado natural? Aquilo que há um ano era verdade (a vontade de não voltar a jogar no Porto), passa a mentira! Mas passa a mentira porque todo o contexto mudou! Passa a mentira porque o seu meio envolvente e contexto dentro do plantel mudou radicalmente. Aboubakar mudou de opinião não porque lhe tenham aumentado o salário ou por outra qualquer razão esotérica, mas tão só porque toda a realidade mudou.

O problema é que as tais virgens ofendidas que se vergam perante o clube do regime e que estão disponíveis a tudo para terem um minuto de atenção do 1.º ministro do estado lampião, quiseram e querem fazer disto um caso e um caso aparentemente virgem de um jogador que inverte discurso. Mais, ao invés de valorizarem o trabalho que aparentemente foi feito pelo treinador e estrutura junto do jogador, persistem é em lhe querer encontrar futuro num outro clube por estar a iniciar o último ano do actual contrato, como se também esta situação fosse virgem no futebol ou até mesmo em Portugal.

Curioso que não é preciso recuar muitos anos para nos recordarmos da novela de todos os verões do clube da luz: a saída de Luisão! Todos os anos era desta, Luisão dizia que o seu ciclo tinha chegado ao fim, apareciam dezenas de grandes clubes europeus interessados no seu contributo, o brasileiro chegava tarde para treinar porque estava a analisar as soluções, mas depois o final era sempre o mesmo: aumento salarial e continuidade na luz, como ainda hoje acontece. Não, nessa altura o que era verdade hoje não era mentira manhã. Não... Luisão amava e ama o benfica, adorava e adora lisboa, e tudo não passavam de situações normais de mercado. São uns ridículos que de tão descarados que são tornam-se a chacota para quem tem dois dedos de testa.

Meus caros, não nos deixemos intoxicar por esta gente que insiste e persiste em nos menorizar e dividir. O FC Porto somos nós contra tudo e contra todos.

Um abraço, até domingo no sítio do costume!

PS – Finalmente, finalmente! Nas próximas duas semanas estarei de férias. Regresso a 6 de Setembro.

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