10 outubro, 2017

O COZINHEIRO, OS LADRÕES, SUAS CONCUBINAS E O AMANTE DELES.


Como se estivéssemos algures numa pacata vila alentejana, num daqueles dias em que o sol fustiga a terra, onde a frescura de uma recatada sombra ou o som monocórdico de uma ventoinha une necessidade e desejo, assim também parece ser a actividade nas hostes portistas nos tempos recentes.

Calma. Pacata. Letárgica. Como se tivéssemos sido vencidos por um delicioso e abundante repasto.

Não é para menos. Depois das dúvidas iniciais sobre as capacidades do Maitre de Cuisine, bem como o nariz torcido ao observarmos o aspecto gasto, e por vezes decadente, do mobiliário do estabelecimento, a degustação dos petiscos e pratos simples que nos tem sido dada a saborear, de qualidade gourmet a toda a prova, tem-nos surpreendido e enchido semanalmente a alma e os sentidos.

Ao ponto quase utópico, quando comparado com uma meia dúzia de meses atrás, da discussão sobre questões internas se resumir a divergências inocentes e pueris sobre quais as melhores formas de empratamento, constantemente obsoletas perante a sagacidade do Chef.

Como o próprio referia recentemente, a manterem-se todos estes condimentos, ingredientes e o espírito bon vivant de todos aqueles que se têm engalanado semana sim, semana sim, com os seus melhores trajes azuis e brancos, para saborear este manjar que nos tem sido oferecido, o merecido escudo ao peito decerto não nos escapará no Verão do próximo ano.

Nunca será demais salientar que, se eventualmente aqui ou acolá, surgir uma pilosidade no prato, as vozes que tão recatadas têm estado no momento do êxito, se mantenham na frescura da sombra onde quer que se encontrem.

Descendo de categoria, numa conhecida taberna medieval encarnada no reino virtual, é surpreendente observar o enérgico chafurdar na lama da sua primata clientela. Para quem o menu tetra lhes enche a boca perante terceiros, com a patética sofreguidão que lhes temos visto, a indigestão com as recentes ementas tem levado a ferozes lutas entre as manadas e rebanhos existentes, com uma proeminente concubina vermelha à mistura. Quando os alicerces do castelo são feitos de frágeis cartas, a queda será sempre eminente. Oxalá que neste momento, tenhamos fechado bem escondidinhos na biblioteca, os ensinamentos do Dalai Lama e da Madre Teresa, e coloquemos à cabeceira da cama o "Arte da Guerra" do Sun Tzu. O pior erro que poderíamos cometer, seria ter piedade destes espécimes.

Na classe das curiosidades, não queria deixar de referir um dos pratos que está a ter mais saída neste antro é o Rui Chouriço. Porque será?

Para finalizar, uma palavra para a entidade que gere todos estes estabelecimentos. Mais uma vez, foi-nos dado a conhecer um cardápio onde as palavras ódio e arbitragem surgem com elevado destaque. Ao pajem amestrado que preside a esta instituição, sugeria que o próximo menu, fosse baseado nos sabores exóticos TRANSPARÊNCIA e JUSTIÇA

Creio que estaria bem mais de acordo com o que se tem visto na restante cozinha mediterrânica.

Cumprimentos Portistas

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