FC PORTO-BELENENSES, 2-0
Depois de uma noite europeia de grande desgaste físico e emocional e com menos de 72 horas para recuperar, o FC Porto recebeu e venceu o Belenenses por 2-0. Mas o triunfo foi tudo menos fácil. Os Dragões tiveram que suar muito para conseguir os três pontos.
Por um lado, teve que enfrentar dois Belenenses. Um na primeira parte, com sectores muito recuados e com os seus jogadores a perderem demasiado tempo com reposições de bola em jogo e simulação de lesões. E outro Belenenses, na segunda parte, que quis jogar e criou alguns problemas ao FC Porto. Pudera, a perder já não havia que queimar tempo para apertar os cordões das botas do seu guarda-redes.
Por outro lado, o FC Porto teve que jogar sem três jogadores que são opções regulares na equipa: Soares, Otávio e, mais recentemente, Marega. Para além disso, Corona, condicionado, iniciou o jogo no banco e Danilo, castigado pelo quinto amarelo, ficou na bancada. Perante um plantel curto e com as referidas lesões e castigos, ao Dragão restava jogar com o que tinha e dar tudo o que podia.
A juntar a isto, os Dragões tiveram que saber gerir o desgaste do jogo com o Leipzig, um jogo que exigiu muito dos seus jogadores e que deixou as suas marcas. Ora, frente a um Belenenses que se apresentava fresco no Dragão, muito bem organizado por Domingos e longe daquele Belenenses que parece uma auto-estrada quando joga no reduto de uma das equipas da segunda circular onde é sempre uma festa, o FC Porto sabia perfeitamente que iria ter tarefa complicada. Previsível!
A equipa portista apresentou a habitual defesa, mas depois houve mudanças para a frente. Reyes jogou no lugar de Danilo e esteve em bom plano. Herrera teve ao seu lado A. André e na frente, Aboubakar e Brahimi foram acompanhados pelo apagado e pouco dinâmico Hernâni.
Apesar disso, o FC Porto entrou bem no jogo, rápido sobre a bola com o intuito de chegar cedo ao golo e depois gerir o jogo como bem entendesse. Seria o ideal perante o cenário acima descrito.
Os Dragões dispuseram das primeiras ocasiões para marcar. Primeiro, Hernâni, com um remate enrolado e em desequilíbrio, obrigou o Guarda-redes do Belenenses a defesa de recurso e depois Brahimi rematou para as bancadas quando estava enquadrado com a baliza.
Após isso, o FC Porto foi perdendo aquela intensidade a que nos habituou. Mas isso é normal. Com tantos jogos disputados e com poucos dias de recuperação entre eles, o desgaste tinha que se fazer sentir. E a postura do Belenenses em campo, capaz de mexer com os nervos de quem quer marcar, ajudava ao cenário de dificuldade em colocar a bola na baliza.
Até que perto do intervalo, Alex Telles tem uma jogada perto da grande área e remata fortíssimo com o pé direito. Muriel defende para canto com uma defesa aparatosa. Do canto, cobrado por Alex Telles, nasce o golo de Herrera que, de pé esquerdo, coloca a bola na baliza de Belém, aproveitando uma saída mal calculada do Guarda-redes dos cordões desapertados.
Ao intervalo, o jogo ditava a vantagem mínima para a equipa de Sérgio Conceição. A etapa complementar trouxe um FC Porto diferente. No início, novamente mais pressionante mas depois o Belenenses cresceu e o FC Porto teve grandes dificuldades em responder ao jogo da equipa de Domingos.
Apesar do ascendente da equipa belenense, em termos práticos não deu em nada. Ameaças, tentativas de chegar à baliza, mas oportunidades efectivas nem vê-las. Obrigou o FC Porto, sim, a arregaçar as mangas, a lutar com a língua de fora e com o cansaço acumulado mas nada mais do que isso.
Sérgio Conceição sentiu necessidade de refrescar a equipa com Sérgio Oliveira e Galeno para os lugares de A. André e Brahimi e também de lhe dar mais qualidade com a entrada de Corona para o lugar de Hernâni.
O FC Porto voltou a criar oportunidades e perigo junto da baliza contrária, nomeadamente por Sérgio Oliveira que, em dois remates na mesma ocasião, permitiu a defesa de Muriel. Uma jogada muito bem ensaiada entre Corona, Aboubakar e Sérgio Oliveira que só pecou na finalização.
E foi já no minuto 89, quando o Belenenses arriscou o tudo por tudo (já não havia cordões para apertar e lesões para simular), que o FC Porto acabou com o jogo. Num corte à entrada da grande área, a bola foi recuperada por Galeno, Herrera (que potência, que força da natureza!) levou a bola, colocou em Aboubakar e este, já na área, sentou um defesa contrário e à saída do rapaz das botas desapertadas, picou-lhe a bola com toda a classe.
O jogo acabaria quatro minutos depois com a sensação do dever cumprido. O FC Porto enfrentou o jogo mais complicado da Liga NOS até ao momento, perante as circunstâncias já narradas e obteve em casa o resultado mais curto na prova.
Os Dragões vão ter agora cerca de quinze dias para recuperar jogadores e preparar com calma a próxima fornada de jogos que vai exigir muito deste plantel até meados de Dezembro. Ontem, Sérgio Conceição agradeceu e respirou de alívio com esta folga de jogos.
Intencionalmente, deixo para o fim a arbitragem. A imprensa fala em duas grandes penalidades por marcar contra o FC Porto e os árbitros jubilados estão em sintonia nesse aspecto: confirmam essas grandes penalidades cometidas por Felipe.
O que penso dos lances? Penso que sim, que Felipe foi imprudente na abordagem aos lances e cometeu falta para pontapé de penalty nas duas situações. Para proteger a bola do adversário, fez a abordagem errada e se quer continuar a tratar este tipo de lances desta forma que treine bem, sob pena de prejudicar a equipa porque não é admissível num jogador de alta competição fazer isto e ainda por cima duas vezes no espaço de 12 minutos.
Mas é preciso deixar bem vincada uma situação. Todos nós que seguimos o futebol, somos adeptos de um clube e vemos os lances das nossas equipas com óculos das nossas cores. Depois há os cegos e os intelectualmente desonestos.
Por isso, caros consócios, não sejam Nuno Saraiva. Esse sujeito deveria olhar para a sua casa e ver o que lá tem porque penaltis “cavados” esta época pela sua equipa e que deram pontos estão aí à vista de todos. Bas Dost, hã?! O quê?! Tenha vergonha!
Eu é que percebo como esse senhor quer vencer. Basta ter discurso à Pedro Guerra!
DECLARAÇÕES
Sérgio Conceição: “Os jogadores estão de parabéns”
A perigosidade do 1-0
“Passámos aos jogadores a mensagem de que este jogo era uma final. Com o resultado em 1-0 nenhuma equipa está confortável, pois o adversário pode surpreender numa bola parada ou numa transição rápida. Preparámos o jogo para estarmos equilibrados nesse momento. Entrámos bem, com boa circulação de bola e facilidade em entrar no último terço, mas creio que faltou alguma profundidade e movimentos diferentes. Tínhamos de rematar mais na primeira parte.”
Uma vitória também dos adeptos
“Creio que não há dúvidas de que a nossa vantagem ao intervalo era justa. Nos primeiros 15 ou 20 minutos da segunda parte o Belenenses surgiu mais atrevido e mais subido, mas sentimo-nos confortáveis com isso. Ainda assim, era natural que a equipa acusasse algum desgaste, pois fizemos três jogos em oito dias. Continuámos a procurar o segundo golo, que só surgiu perto do fim mas que poderia ter surgido mais cedo. É uma vitória justíssima, que também é dos adeptos. Quando a equipa não estava bem, eles foram fundamentais no apoio e na crença que tiveram. O adepto do FC Porto é exigente, mas sobretudo na determinação e vontade de ganhar. Ainda não ganhámos nada, mas os adeptos veem determinação e ambição nesta equipa. Os Campeonatos também se ganham com esta força que vem de fora das quatro linhas. Mesmo não correndo bem as coisas, eles puxam sempre por nós. No fundo, os adeptos reveem-se na equipa.”
Adversário de qualidade
“O Belenenses estava em sexto lugar à entrada para esta jornada e não é por acaso. É uma equipa bem orientada e que sabe o que faz em campo. É preciso não esquecer que não jogamos sozinhos, defrontamos adversários que têm qualidade. É uma vitória justa, na qual lançámos um menino da equipa B, algo que me deixa contente. Os jogadores estão de parabéns e agora há que descansar e recuperar toda a gente.”
Herrera
“O Herrera é um jogador de muita qualidade. O que é passado não tenho de comentar. O que eu sei, e disse-o ao nosso presidente, é que queria ficar com uma base do plantel da época passada, e o Herrera estava nessa base. Pode haver momentos menos bons dos jogadores, mas eles estão preparados para isso. O Herrera está confiante, tal como todos os outros jogadores da equipa. Trabalhamos de forma séria e tentamos incutir lhe aquilo que queremos dele dentro do campo. Ele não é capitão por acaso. Além de ser um grandíssimo jogador, é uma grandíssima pessoa.”
Reyes no lugar de Danilo
“Não entendo a surpresa. Sempre que o Reyes jogou, foi no meio-campo. Tem a ver com tudo o que foi preparado para este jogo. Tínhamos o Aboubakar, um avançado puro, que queríamos que funcionasse como referência. Atrás dele tínhamos quatro jogadores, aos quais pedíamos que dessem largura e fizessem movimentos interiores. Queríamos que houvesse disponibilidade ofensiva desses quatro jogadores. Em termos defensivos, o Reyes foi uma referência defensiva. Não se espantem porque aqui tudo é preparado ao pormenor.”
Paragem do Campeonato
“É uma paragem benéfica para nós, sem dúvida nenhuma.”
RESUMO DO JOGO
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