11 fevereiro, 2018

PASSEIO EM TRÁS-OS-MONTES.


CHAVES-FC PORTO, 0-4

Assim se constrói uma vitória, clara, inequívoca e sem qualquer margem para dúvidas. O Dragão foi a Chaves, venceu e convenceu com uma exibição e resultado condizentes. Os azuis-e-brancos entraram no jogo com determinação em querer resolver cedo a partida. Desta forma, pôde gerir o jogo e os seus activos, tendo em vista os próximos jogos importantes a começar já na Quarta-feira frente ao Liverpool.

Sérgio Conceição fez duas alterações com alguma surpresa num onze que teve duas variações durante o jogo. Os portistas alternaram entre o 4x4x2 e o 4x2x3x1 em diferentes momentos da partida. Maxi Pereira jogou no lado direito da defesa e Otávio rendeu Brahimi. Surpresa porquê? Porque Maxi não joga há alguns jogos e Ricardo Pereira está num grande momento de forma. Mas com o decorrer do jogo veio-se a perceber a aposta de Sérgio Conceição.


O corredor direito foi escolhido especialmente para o FC Porto atacar e Maxi Pereira, apresentando-se com poucos jogos nas pernas, pôde canalizar pelo lado direito, juntamente com Marega, o jogo dos portistas, poupando, de certa forma, Alex Telles do lado esquerdo que tem muitos jogos em cima e para o qual, neste momento, o FC Porto não tem uma alternativa para a sua vaga. Deste modo, Alex Telles foi poupado no seu corredor, limitando-se a defender e a apoiar o seu corredor, tendo Corona como seu parceiro para dinamizar o ataque. Quanto a Otávio, esperava-se a sua titularidade, visto que entrou bem no jogo com o Sporting e Brahimi precisava de descansar.

O jogo foi um belo espectáculo de futebol desde os minutos iniciais. O Chaves e o FC Porto tentaram o domínio da partida e viu-se um jogo repartido, com muita luta e agressividade no meio-campo. Aos dois minutos, os Dragões criavam a primeira grande oportunidade com Herrera a disparar um míssil à baliza flaviense, com uma defesa aparatosa para canto do guarda-redes da equipa da casa.

O Desp. Chaves tentava responder mas sem efeitos práticos. E foi sem surpresa que aos 15 minutos, Otávio recuperou a bola no seu meio-campo, endossou a Sérgio Oliveira que isolou Soares. Este entrou na área e, de pé esquerdo, rematou ao ângulo inferior da baliza contrária. Estava feito o mais difícil.


O Chaves tentava responder mas como sempre a boa organização defensiva portista não dava quaisquer hipóteses da equipa flaviense atingir a baliza de José Sá. No entanto aos 22 minutos, Matheus, extremo flaviense, escapou-se pela direita, flectiu para o meio e rematou fortíssimo para a defesa da tarde de José Sá. Uma defesa ao nível dos grandes guarda-redes da Europa.

O FC Porto voltou a responder à investida da equipa transmontana. Seis minutos depois, Maxi cruzou na direita para o coração da área e Soares, à meia-volta, sem deixar a bola cair, atirou fortíssimo para o fundo da baliza contrária. 2-0 antes da meia hora de jogo, facilitava e muito a vida ao FC Porto.

Depois disso, o Chaves ressentiu-se um pouco mas antes do intervalo, a equipa flaviense criou um lance de muito perigo com a defesa do FC Porto a ver-se aos papéis na sua área para afastar o perigo. Marega também desperdiçou o 3-0 em cima da baliza, após excelente combinação entre Otávio e Soares.


Na etapa complementar, os azuis-e-brancos sabiam que não podiam “adormecer” à sombra do resultado, sob pena de complicar o jogo e a vantagem. Entraram fortemente empenhados, com grande determinação e concentração máxima. Sérgio Oliveira, que já se tinha destacado na parte inicial, continuou a espalhar o perfume do seu futebol, dominando o meio-campo com Herrera.

Aos 57 minutos, Marega, apagado no jogo, combinou com Otávio na área flaviense e aumentou o resultado para 3-0, num remate enrolado que só parou no fundo das malhas.

Com um resultado dilatado e seguro, Sérgio Conceição geriu os seus activos da forma que mais lhe convinha, tendo em vista o jogo da Liga dos Campeões. Saíram Marega, Otávio e Corona para as entradas de Waris, Oliver e Ricardo Pereira.

O FC Porto, apesar das alterações, ameaçou impingir uma derrota das antigas em Trás-os-Montes. Primeiro, Soares ficou perto de mais um golo, ao disparar fortíssimo ao poste da baliza e depois Waris rematou estrondosamente à barra. O Chaves bem tentava responder mas os portistas dominavam por completo a partida e até ao fim só permitiram um remate com relativo perigo de Pedro Tiba por cima da baliza de José Sá.


Mas antes da festa terminar, aos 91 minutos, Sérgio Oliveira deixou a sua marca com um golo monumental. Herrera trabalhou perto da grande área e, com um toque, isolou o médio português. Este, dentro da área, dominou de peito e sem deixar cair desferiu um remate fortíssimo sem hipóteses para António Filipe.

Goleada consumada que pecou por escassa, atendendo ao número de oportunidades criadas mas que seria um castigo demasiado pesado para uma equipa que tentou jogar futebol e que também criou duas oportunidades merecedoras de golo.

Os Dragões apontam agora baterias para a grande montra do futebol europeu onde se constituem como os únicos representantes portugueses na prova milionária. No entanto, são completamente “esquecidos” e discriminados por muita gente cá no burgo. Inclusive em discursos de pessoas com grandes responsabilidades no país como ontem foi possível ver e ouvir na televisão pública. Televisão essa que é paga com os nossos impostos e que também se atreve a fazer um spot publicitário do nosso jogo de Quarta-feira de uma forma descabida, provocatória e ordinária.

É o país do “quero, posso e mando”, subjugado ao centralismo e dominado e controlado pelo nacional-benfiquismo.




DECLARAÇÕES

Sérgio Conceição: “Fizemos um jogo muito acima da média”

Equilibrados do início ao fim
“O Chaves não é muito de transições, mas entrou com o intuito de aproveitar algum espaço deixado por nós. Estivemos sempre equilibrados, tirando uma ou outra situação. No ataque, para chegarmos à baliza com perigo, precisávamos de mais gente no corredor central, daí serem mais importantes os três médios do que propriamente os dois avançados. Essa foi a chave da nossa vitória. Preparámos o jogo da melhor forma e os golos são uma sequência do bom trabalho feito por toda a equipa.”

Todos a caminhar na mesma direção
“Fizemos um jogo muito acima da média e estou contente com o desempenho de todos os jogadores. Maxi e Otávio, por exemplo, não vinham jogando muito nos últimos tempos, mas deram uma excelente resposta e mostraram que todos estão envolvidos e comprometidos. Isso deixa-me satisfeito enquanto treinador. Temos de continuar a caminhar rumo ao nosso objetivo, que é o Campeonato.”


Gestão? Qual gestão?
“Não fiz gestão. Utilizei o melhor onze e coloquei os jogadores que me davam mais garantias a todos os níveis. Tenho sempre opções e para o jogo de hoje, por exemplo, pensei que eram importantes as entradas do Maxi e do Otávio. Damos prioridade ao Campeonato e esse é o nosso grande objetivo.”

Soares e a equipa
“O Soares teve um início de época muito bom, mas lesionou-se e o Marega deu uma resposta muito positiva, como todos sabem e reconhecem. Quando o Soares estava a recuperar a sua forma, voltou a lesionar-se. Ele é um rapaz fantástico dentro do balneário e querido por todos. Mesmo que não fizesse os golos, a trabalhar desta forma é o Soares que eu quero, a jogar no limite. De qualquer forma, não gosto de individualizar. Foi um jogo acima da média e muito consistente da minha equipa.”



RESUMO DO JOGO

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