23 abril, 2018

O REGRESSO DO ROLO COMPRESSOR.


FC PORTO-VITÓRIA SETÚBAL, 5-1

Final do campeonato ao rubro quando faltam três jornadas para terminar a prova. Os meus parabéns aos principais promotores da presente edição que mantêm a competição bem acesa até ao fim. Sem eles, o campeão estaria encontrado, de forma indiscutível. Por isso, o meu primeiro destaque vai para a casa paroquial mandatada por quem domina isto tudo.

Assim sendo e uma vez que o FC Porto, contra a vontade de quase todos, continua a liderar a prova, há que estar com sete olhos até ao último minuto da competição e dar o tudo-por-tudo como pudemos verificar esta noite no Dragão.

O rolo compressor passou pelo relvado do Dragão e esmagou uma equipa que vinha motivadíssima para fazer estragos, não estivesse um prémio gigantesco à espera em terras do Sado. O semblante carregado dos verdes no fim do jogo era visível e quem quiser saber porquê não terá dificuldade nenhuma em conseguir perceber a extensão da realidade.


É assim que o FC Porto tem que encarar os restantes três jogos finais, caso pretenda reconquistar o título que lhe foge há cinco épocas. Seja no Dragão, nos Barreiros ou em Guimarães, a equipa não pode entrar com as cautelas com que entrou em certos campos e deixar correr o tempo à espera que as oportunidades surjam à medida que o relógio avança.

O que inclinam os relvados quando os Dragões não colocam toda a “carne no assador”, é que torna isto mais difícil do que o que seria expectável. Cientes disto, os jogadores entraram esta noite em campo determinados em acabar rapidamente com qualquer discussão que o jogo pudesse ter. E em praticamente 15 minutos o jogo ficou completamente decidido.

Uma entrada avassaladora do Dragão destruiu a equipa do Sado em poucos minutos. Aos 6 minutos, Telles cruzou para a área, Soares cabeceou para defesa do guarda-redes contrário e Marega recargou, abrindo o marcador. O mais difícil estava alcançado. Sete minutos depois, na cobrança de um pontapé de canto, o mesmo Telles colocou a bola na cabeça de Felipe. Este obrigou o mesmo guarda-redes a defesa apertada e, na recarga e em pontapé de bicicleta, Marcano fez o 2-0. Três minutos volvidos, Marega, lançado em profundidade, ganhou a linha do fundo, cruzou atrasado para Brahimi e este colocou a bola nas redes vitorianas.


Completamente atarantado e ainda a recompor-se do facto de ter sido passado a ferro, os homens do Sado esboçaram uma reacção. Aos 24 minutos, aproveitando a momentânea superioridade numérica em campo devido a lesão de Herrera, os sadinos reduziram o marcador para 3-1 por João Amaral (o melhor jogador desta equipa que ficou de fora há 15 dias sem qualquer explicação).

Mas o rolo compressor estava ligado. Os Dragões mantiveram o jogo em alta rotação e aos 36 minutos, Ricardo foi desmarcado na direita, correu até à linha do fundo, cruzou atrasado e Corona, vindo de trás, “fuzilou” a baliza contrária. Imparável! O jogo estava definitivamente arrumado. Os portistas puderam, a partir daí, gerir o jogo como quiseram, pensando nas próximas batalhas que se avizinham.

O jogo do FC Porto é de facto um autêntico rolo compressor quando os azuis-e-brancos decidem jogar tudo o que sabem e podem. Mas não podemos dissociar o importante papel que um só jogador tem na forma como Dragão aborda os jogos: Moussa Marega. A velocidade e pujança do avançado maliano dão a necessária dinâmica à equipa que retira qualquer possibilidade ao adversário de reagir. Mas há ainda muitos entendidos que vêem Marega como “o tosco”. Ou melhor, já não o vêem dessa forma, mas para não reconhecerem a sua importância, mantêm, de forma estúpida, a sua versão errada.

Na etapa complementar, os Dragões geriram o jogo e o esforço. A época já vai longa e há que saber controlar e gerir os jogos, mesmo que Marega saia amuado e irritado por ter sido substituído. Sérgio Conceição retirou Ricardo, Marega e Soares e colocou nos seus lugares Maxi, Óliver e Paciência. Medida inteligente e de boa gestão face ao difícil compromisso do próximo Domingo.


Apesar disso, os Dragões ainda fecharam o marcador aos 72 minutos na cobrança de um livre directo. Depois de duas assistências para o golo no primeiro tempo, Telles bateu um livre directo à baliza sadina e ampliou o marcador para 5-1.

O jogo terminou com mais uma grande manifestação de apoio da massa associativa e na certeza de que todos estarão unidos até ao fim por um objectivo: o título de campeão nacional.

Os Dragões jogam nos Barreiros, no próximo Domingo, uma cartada decisiva na presente liga. Em caso de vitória, os Dragões abrem completamente as portas a uma realidade que não vêem há 5 épocas. Num estádio bastante difícil, os azuis-e-brancos sabem que não vencem ali há seis anos, obtendo desde essa altura duas derrotas e três empates. Para além disso, há que contar com todos os incentivos-extra que terá a equipa da casa, bem como os padres nomeados para dirigir o encontro.

A chave do jogo é entrar com tudo como esta noite frente ao V. Setúbal porque todos sabemos que na Madeira podemos desbravar, finalmente, o caminho para a glória. Por outro lado, os outros sentem que esta será a derradeira oportunidade de impedir que o FC Porto alcance o que já poderia estar matematicamente atingido há algum tempo.




DECLARAÇÕES

Sérgio Conceição: "Estamos como o aço"

Sobre a qualidade do plantel
“O Marega é obviamente um jogador importante, tem feito uma época extraordinária, mas seria tirar o mérito a todos os que jogam. Temos um plantel em que os menos utilizados têm tanta importância como aqueles que jogam mais. Alguns dão mais nas vistas mas quero realçar todo o grupo e o trabalho que fazem diariamente. Falo dos 27 jogadores.”

Entrada forte no jogo
“Competia-nos ir à procura do resultado. Sabíamos das dificuldades que o Vitória de Setúbal podia causar, nomeadamente pelo que aconteceu no ano passado. Estávamos alerta e preparados para uma entrada forte, para decidir o jogo da forma mais rápida possível. Depressa mas não à pressa. Os golos foram surgindo com naturalidade face a essa entrada forte no jogo. Mas sou um perfecionista, há sempre coisas a melhorar. Temos consciência da equipa que somos e de forma natural construímos o resultado de 5-1. O importante foi a forma como entramos em campo, conscientes do que tínhamos de fazer para ganhar."


Equipa em forma
“Marega está como o aço. Fui gerindo porque o Marega esteve parado algum tempo. Fez um jogo com uma exigência muito grande na Luz e hoje esteve muito bem no tempo em que esteve em campo. Fiz essa gestão, como fiz com o Ricardo. A fadiga é natural na fase final do campeonato. Mas o Marega está bem, como está toda a equipa. Estamos como o aço. Aboubakar? Levei 19 mais dois guarda-redes para estágio porque sabia de uma debilidade do Aboubakar. Está com febre e não podemos utilizá-lo dessa forma.”

Sobre o jogo na Madeira
“É um jogo difícil, como toda a gente sabe, mas teremos tempo para falar disso. Todos os jogos são importantes. O campeonato está cheio de jogos difíceis, porque as equipas estão numa fase decisiva da época. O Vitória luta pela permanência, o Marítimo joga pela Europa, assumimos essa responsabilidade de ir à Madeira e ganhar.”

Mais importante vencer que golear
“É importante a equipa fazer golos, a equipa vencer de forma convincente, mas não me importava nada de ganhar todos os jogos por 1-0. Chegaríamos ao fim com 34 golos marcados, 0 sofridos, e seríamos campeões. É importante fazer muitos golos mas mais importante que isso é ganhar.”

A vitória dos adeptos
"Os adeptos foram mais uma vez fabulosos. Estão muito ligados, isso sente-se e os jogadores também sentem. Este ano é verdadeiramente uma vitória dos adeptos."​



RESUMO DO JOGO

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