MARITIMO-FC PORTO, 0-2
Depois de Alvalade, os Barreiros constituem o mais duro e complicado recinto para o FC Porto nos últimos anos. É verdade que os Dragões venceram no Funchal na época passada e alcançaram o título que já lhes fugia há cinco épocas, mas também é preciso não esquecer que os azuis-e-brancos nos últimos anos não tinham conseguido a vitória no Caldeirão dos Barreiros. Esta noite, o FC Porto voltou a sair com os três pontos e com a liderança imaculada.
Sérgio Conceição apostou no 4x2x4 ou no 4x4x2, conforme preferirem, da mesma forma que tinha apostado no jogo em casa com o Feirense. Óliver continua de pedra e cal, em alta, bem como Corona, num grande momento de forma. O FC Porto apostou numa entrada forte no jogo mas apanhou um Marítimo com um sistema de 3x5x2, com linhas bastante baixas e a tapar bem os caminhos para a sua baliza. Essa foi, de resto, a prioridade do treinador maritimista.
A primeira metade do jogo foi completamente controlada pelos Dragões mas oportunidades de registo nem uma para amostra. Os azuis-e-brancos ficaram-se pelas intenções, e apesar da determinação evidenciada, os jogadores da equipa portista não foram capazes de criar desequilíbrios no último terço do terreno, superpovoado por jogadores insulares.
Contudo, completamente contra a corrente do jogo, o Marítimo criou talvez a única oportunidade de golo no primeiro tempo com Joel a entrar na área, mas Casillas correspondeu com uma defesa a preceito. Era preciso mais rapidez e mais objectividade no ataque à baliza de Amir. E foi isso que Sérgio Conceição incutiu nos seus jogadores ao intervalo.
A etapa complementar mostrou um pouco da mudança necessária para que os campeões nacionais pudessem colocar-se em vantagem. No entanto, os Dragões não conseguiram concretizar as poucas investidas à baliza maritimista. Soares, nos primeiros minutos, ousou colocar Amir à prova mas depois o jogo voltou a ser mastigado e algo emperrado, muito por culpa da teia montada pela equipa da casa.
Soares voltaria a estar em evidência à passagem dos 61 minutos quando foi agarrado na grande área contrária. O árbitro apontou de imediato para a marca dos onze metros, mas Marega, que tinha sido tão bem sucedido frente ao Feirense, permitiu a defesa do Guarda-redes maritimista. Sérgio Conceição mexeu na equipa de imediato. Otávio entrou para o lugar de Maxi e Corona recuou na ala direita.
Cinco minutos depois chegou o grande momento da noite. Óliver trabalhou bem uma bola na esquerda e combinou com Brahimi. O argelino endossou o esférico a Soares que, de calcanhar, deixou em Marega. O maliano imitou o seu companheiro de ataque e a bola sobrou para Otávio. O brasileiro cavalgou alguns metros e, em cima da área e apertado por um defesa contrário, rematou fortíssimo para a baliza. Que golo fenomenal!
A festa rebentou no caldeirão dos Barreiros, mas não se ficou por aqui. Ainda se festejava o primeiro golo quando Bebeto tentou colocar a bola na área portista, mas Óliver interceptou, isolou-se perseguido por um adversário e tocou de seguida para Otávio. O médio brasileiro cruzou para o interior da área e Marega atirou para as malhas. Em três minutos se fez a história do Dragão no Funchal.
Faltavam pouco mais de quinze minutos para o fim da partida. A vitória portista estava mais do que assegurada. Até ao final vimos ainda Danny, o cachorro de St. Petersburgo, agredir Otávio com uma cotovelada e depois Óliver a rematar a rasar o poste, falhando por muito pouco o 0-3.
Notas finais para as grandes prestações de Óliver Torres e Corona, para a segurança de Iker Casillas e para a boa entrada de Otávio que marcou a viragem no jogo.
O FC Porto passou um teste de fogo em relação à manutenção da liderança, ficando à espera de ver o que alguns dos seus adversários fazem, sabendo já que um deles ficou mais longe do topo da tabela.
Na próxima jornada, os Dragões recebem o Sp. Braga, no Estádio do Dragão que pode colocar os portistas isolados na tabela classificativa em caso de vitória, mas antes há um jogo importante para a Champions League com a recepção ao Lokomotiv de Moscovo, na próxima Terça-feira.
DECLARAÇÕES
Sérgio Conceição: "Nós é que somos importantes"
Vitória que peca por escassa
“Foi a equipa que desbloqueou este jogo. Tinha dito na antevisão que muitas vezes observamos um adversário e temos uma ideia daquilo que é a estrutura habitual, mas é normal tentarem surpreender-nos e procurarem contrariar o poderio do FC Porto. É completamente aceitável e cada um está no seu direito de montar a estratégia adequada para tentar tirar-nos pontos. Cabe-nos arranjar soluções e espaços, e foi isso que a equipa fez na segunda parte. Sabíamos que uma equipa que nunca jogou assim ia acabar por ceder. Com a nossa qualidade e mobilidade, íamos conseguir. O primeiro golo nasce de uma jogada fantástica e o segundo vem de uma transição rápida de muita qualidade. Poderíamos ter feito mais golos na segunda parte, mas na primeira fomos previsíveis. A vitória é merecida e, se houvesse mais um outro golo, não chocaria ninguém.”
Qualidade individual e coletiva
“A velocidade de execução e a intensidade fazem a diferença neste tipo de jogos. A equipa só baixou a intensidade, apesar de eu não gostar quando isso acontece, quando o Marítimo ficou reduzido a dez jogadores. Fomos uma equipa intensa e, para desmontar um bloco baixo, era preciso também velocidade. Tivemos muitas situações de cruzamento e bolas paradas em que poderíamos ter criado mais perigo, mas não o fizemos. Os nossos golos nasceram da qualidade individual e de muita qualidade coletiva.”
Este é o FC Porto de Sérgio Conceição
“Focamo-nos em nós e naquilo que temos pela frente, na nossa tarefa diária, seja em treino ou em jogo. Nós é que somos importantes, não os outros. Se fizermos o nosso caminho, o nosso trajeto, não precisamos de nos preocupar com os outros. Olhamos para os resultados dos nossos adversários, como é natural, mas nada muda a nossa ambição, determinação e vontade de vencer. O que me deixa satisfeito é ver que voltámos a ser a equipa que fomos desde que assumi este cargo no FC Porto. Ficou satisfeito com isso, pois com mais ou menos dificuldade vamos conseguir as nossas vitórias. Por vezes, os jogos teoricamente mais acessíveis complicam-se. Já perdemos em casa com o Vitória de Guimarães, por exemplo, com todo o respeito pelo Vitória de Guimarães. Este era um campo difícil, frente a uma equipa com individualidades interessantes. Conseguimos contornar as dificuldades e fazer golos. A exibição na segunda parte foi muito agradável.”
RESUMO DO JOGO
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