A semana passada trouxe-nos uma má notícia: a morte de Esquerdinha. A maioria dos portistas, provavelmente, apenas viu Esquerdinha num campo de futebol, a partir das duras cadeiras das bancadas ou do conforto do sofá. Acontece que quando se segue um clube de futebol, afeiçoamo-nos de tal forma aos jogadores e àqueles que suam a nossa camisola, que sentimos estas perdas como se fosse alguém da Família. E no fundo é disso mesmo que se trata: Esquerdinha era alguém que pertencia – e pertencerá sempre – à grande família portista.
Daí que todos recordassem Esquerdinha com carinho e saudade, ele que também fez parte da Penta-epopeia. Era um defesa-esquerdo que marcava bem o seu opositor, mas que não se coibia de ir ao ataque assistir os companheiros. E que assistências! A dada altura, Esquerdinha + Jardel = GOLO!
O brasileiro era um jogador inconfundível e carismático, de feições amazónicas e um corte de cabelo que não deixava ninguém indiferente. Na retina, ficam grandes exibições de dragão ao peito, nomeadamente uma na qual enfiou no bolso mais pequeno o então melhor jogador do mundo: Luís Figo.
Chegou ao FC Porto vindo do Vitória da Bahia para colmatar a lacuna da lateral-esquerda, quando Fernando Mendes já acusava o peso da idade. Depois disso, enfrentou a concorrência de Rubens Júnior, atleta mais dado à noite do que propriamente a actividades diurnas. Quando foi transferido para o Saragoça, o FC Porto foi buscar Mário Silva ao Boavista para o substituir.
Esquerdinha deu continuidade e incentivou a tradição portista de recrutar laterais-esquerdos em terras de Vera-Cruz, senão vejamos: Branco, Esquerdinha, Alex Sandro e Alex Telles. Desde cedo, encantou a massa associativa azul-e-branca, que sempre apreciou jogadores combativos e atleticamente possantes. Daí à titularidade absoluta e incontestada foi um pequeno passo, com grandes golos de bola parada pelo meio. Em três épocas realizou 87 jogos e fez o gosto ao pé por 9 ocasiões. Conquistou um Campeonato, duas Taças de Portugal e uma Supertaça.
O FC Porto fica mais pobre e o Penta vê partir mais um dos seus intérpretes, depois de Rui Filipe, Victór Nóvoa e Miklós Féher.
No Céu teremos mais um portista a torcer por nós. Obrigado, Esquerdinha!
Rodrigo de Almada Martins
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