Chegou e pegou de estaca. Chama-se Éder Militão e é do FC Porto. Com apenas 20 anos, já fez com que um comentador da nossa praça dissesse “Militão a cavar a falta, com toda a sua experiência”, rindo-se depois e explicando que o jogador era jovem, mas parecia um veterano. Parece brincadeira, mas não é: o brasileiro é de facto um central experiente, manhoso, com muitos jogos nas pernas.
Militão é, para mim, o melhor reforço do FC Porto dos últimos 7 anos, ao nível de jogadores como Hulk, James ou Falcao. Representa o regresso do clube ao modelo de contratações que o fez dominador depois dos anos 90: contratar promessas sul-americanas a despontar e vendê-los em ponto de rebuçado, por muitos milhões, aos gigantes da velha Europa.
O modelo, não isento de riscos – vide casos de Reyes e Quintero – permite dotar a equipa de jogadores claramente diferenciados do ponto de vista de qualidade individual e garantir vendas profícuas. O problema está no risco associado a este tipo de contratações, cada vez mais dispendiosas, o que implica uma alavancagem maior e uma margem de lucro necessariamente inferior.
Com Militão pode dizer-se que o FC Porto acertou em cheio. A sua experiência, posicionamento, capacidade no jogo aéreo, velocidade para ir buscar bolas nas costas e agressividade nos duelos individuais quase já fizeram esquecer Iván Marcano, o outrora patrão da defesa que continua a aquecer os bancos de suplentes italianos.
É verdade que Militão teve o caminho facilitado para o sucesso: por um lado, Diogo Leite, bastante jovem, tem ainda um longo caminho a percorrer para se afirmar como titular de uma equipa principal como o FC Porto, visto que a diferença de andamento dos escalões jovens portugueses para o primeiro ano de sénior é verdadeiramente abissal; por outro, a lesão de Mbemba impediu o congolês de confirmar as credenciais com que chegou de Inglaterra. Assim, o brasileiro aproveitou a luz verde que o destino lhe concedeu e agarrou a oportunidade de forma aparentemente fácil e sem complexos, apenas ao alcance dos predestinados.
Militão não é apenas um bom central ou um grande central, entendamo-nos. Militão é “o” central brasileiro que o Brasil espera há vários anos, depois dos relativos fracassos que foram David Luiz, Thiago Silva e Marquinhos e da distracção histórica que foi deixar Pepe adquirir a nacionalidade portuguesa. Militão é um diamante não apenas pelo que joga, mas porque efectivamente pode ser o melhor central brasileiro dos últimos anos, com o necessário reflexo na sua cotação de mercado. Acredito mesmo que Militão pode ser o central da canarinha para a próxima década. E todos sabemos a força da chancela escrete no mercado europeu. Numa outra perspectiva, o seu companheiro de zaga, Felipe, apenas teve que apanhar a carruagem e pode muito bem alcançar um lugar no 11 brasileiro à boleia do seu compatriota.
O FC Porto só tem a ganhar com a vinda de Militão. Pode assegurar 1 ou 2 anos de uma defesa com um patrão inequívoco, pode permitir um grande encaixe financeiro, pode voltar a trazer para o FC Porto o epíteto de celeiro de centrais da Europa ou fábrica de centrais do Velho Continente. Não podemos prever quanto tempo Militão vai ficar no FC Porto, mas podemos estar certos de que, enquanto aqui estiver, teremos um patrão à moda antiga. Aproveitemos Militão, pois então!
Saravá!
Rodrigo de Almada Martins
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