01 março, 2019

PARABÉNS À TEIMOSIA.


Por diversas vezes neste blog, já critiquei abertamente aquele que considero ser um dos maiores pecados de Sérgio Conceição: A sua teimosia.

Contudo, e porque acho ser devido, e mérito do técnico, venho por uma rara vez dar o braço a torcer, e endereçar os meus parabéns ao treinador pela sua obstinação. Motivo? Óliver Torres!

De que Óliver é daqueles jogadores que trata a bola por tu, nunca ninguém teve dúvidas. Desde a sua primeira passagem pelo Dragão, até ao seu poiso definitivo. Com o seu toque curto e preciso, o jovem espanhol facilmente se adaptou à importação Lopeteguiana do tiki-taka, e ombreando em qualidade com Jackson, Quaresma, Danilo ou Alex Sandro, conquistou o apreço da nação Portista.

Depois de um regresso semi-falhado à casa mãe Colchonera, voltou em definitivo (e a preço de ouro) ao Dragão, comandado então por Nuno Espírito Santo. No entanto, a sua qualidade, como a de muitos colegas, não foi suficientemente aproveitada pelo treinador, mesmo com as atenuantes do apito que conhecemos desses tempos sombrios.

Com Conceição já aos comandos, e com o fulgor que os azuis e brancos iam demonstrando no ínicio da temporada passada, pensava-se que Óliver a qualquer momento iria "explodir" e levar a qualidade de jogo do FC Porto para outros patamares. Puro engano. Não só não aconteceu, como a sua presença no 11 foi escasseando, ao ponto de ser o suplente da já alternativa Sérgio Oliveira. Na altura, por diversas vezes foi questionada esta opção, de manter um jogador de elevada técnica e controlo da posse da bola no banco, em detrimento de mais um operário.

A resposta está a ser dada esta época.

Beneficiando de (mais) uma temporada atípica de Danilo, fustigado por lesões, Óliver foi reaparecendo nas opções iniciais, não como o artista da posse e passe curto, mas como um verdadeiro jogador "à Porto". Aquele que nunca dá uma bola como perdida. Aquele que não larga o adversário. Aquele que luta até ao árbitro apitar para o fim.

Mais do que o golo de bandeira que marcou ao Tondela, é na assistência para o 3-0 de Brahimi contra o Braga, que se vê a diferença de um jogador bom, para um sobredotado. Aos 93 minutos, aguentar uma carga, livrar-se de 2 adversários e fazer uma variação de flanco milimétrica para colocar Brahimi em posição de marcar, acredito que faria o próprio Messi aplaudir em pé.

Se a garra do pequeno espanhol nivelou-se pelos companheiros Danilo e Herrera, a qualidade de passe, inteligência e visão de jogo, suplantam tudo o que o nosso plantel tem para oferecer. Fosse Óliver Torres um pouco mais frio no momento da finalização, Deco teria um rival à altura na galeria de génios do Dragão.

Este upgrade notório que se vê no Óliver actual, é mérito puro e completo de Sérgio Conceição. Mesmo tendo levado muitas vezes, a um quase extremo para jogador e equipa, a prisão do espanhol ao banco e bancada, sempre soube que ele conseguia transcender-se e dar muito mais. Graças ao treinador, temos hoje um "monstro" no meio-campo, com a fome de recuperar bola a toda a largura do terreno, e capaz de um passe a rasgar na situação mais imprevisível, ou a uma desmarcação precisa a 40 metros de distância.

Melhor momento da época para ter um jogador destes, impossível!


Em texto de mea culpas, uma palavra de apreço para Fabiano.

Ás custas de uma noite pavorosa - para ser simpático - em Munique, passou do estatuto de patinho feio, que já o detinha, para a de quase personna non grata para os portistas. Nunca irá ser um "Senhor" das redes, como o é Casillas. Mas também não é o jogador tão mau como o que vimos perante Lewandowski & Companhia. A fenomenal defesa ao remate de Dyego Sousa, impediu um empate quase certo, num momento que poderia ser delicado para o jogo, eliminatória, e quiçá mesmo para a época do FC Porto. As grandes conquistas obtêm-se nestes pequenos pormenores. Seria injusto deixar este já injustiçado guardião fora delas.

Cumprimentos Portistas.

1 comentário:

  1. Caro Hugo,
    Partilhando completamente do que foi dito por si, deixe-me apenas acrescentar e valorizar a atitude do próprio Oliver, que nunca desistiu de lutar e de ir ao encontro do que o treinador pedia, relevando uma grande vontade de vencer, com enorme humildade e verdadeiro espírito Porto! Muitos outros teriam amuado e pedido para ir para outro qualquer clube à sombra de um óptimo ordenado.
    Parabéns Sérgio, parabéns Oliver e parabéns Porto!

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