26 abril, 2019

ÉTICA PETIT.


Se pedirmos a um vulgar adepto de futebol para caracterizar como treinador Armando Gonçalves Teixeira, mais conhecido no mundo da bola por Petit, a resposta com ligeiras nuances, não deverá afastar-se muito do seguinte.

Aguerrido e abnegado, compensa a falta de inteligência ou primores táctico-estratégicos, pela defesa de cada metro quadrado à frente da área do guarda-redes, aproveitando sempre que possível o lançamento de bolas em profundidade para o(s) avançado(s) em momento ofensivo. Contra equipas maiores, recorre ao vasto leque de subterfúgios manhosos que acumulou ao longo da carreira, para arrastar e quebrar o ritmo da equipa adversária, tentando protelar ao máximo a defesa do pontinho, ou o jackpot da vitória, caso a fortuna tenha sorrido em marcar primeiro.

Se esta táctica jurrássica é boa, ou garante resultados? Não, não é, nem nunca foi.

Mas na prática, esta visão de jogo de Petit dá para empastar jogos contra equipas com maiores possibilidades, saldando-se os resultados em scores muito higiénicos para as suas formações, sendo que, não raras vezes, equipas grandes como FC Porto e Sporting se deixam enredar e ser surpreendidos nesta teia, como se verificou, por exemplo, no período que esteve à frente da equipa do Tondela.

Poderíamos dizer que Petit é uma cópia barata do bom e velho José Mota, com uma pequena e ENORME excepção:

José Mota, com as suas limitações, tenta conquistar pontos a TODOS os adversários. Petit, não!

Não é a rábula dos amarelos que me incomoda. Gostemos ou não, no FC Porto sempre se utilizou esse subterfúgio para poupar jogadores quando necessário. Quer slb, Sporting ou mesmo o Real Madrid, utilizam esse tipo de esquemas. Seria de uma hipocrisia máxima vir agora apontar o dedo ao treinador do Maritímo, ou de que equipa for, por gerir o seu plantel, da forma que acha mais correcta.

A culpa de Petit nos 6-0 que apanhou no jogo de domingo não é essa.

A culpa de Petit no jogo de domingo, é estar à frente de uma equipa que dista 5 míseros pontos da linha de água, e ter assumido implicitamente e publicamente que não valia a pena lutar por pontos neste jogo.

A culpa de Petit é ter feito subir ao relvado da Luz, 11 almas que prefeririam estar com as esposas, amigos ou no sofá de casa, em vez de aguentar 90 minutos de frete, porque o treinador nunca lhes incutiu a confiança de que eram capazes ganhar.

A culpa de Petit, é ser treinador de uma equipa da I Liga de Futebol Profissional em Portugal, que em 90 minutos, com um resultado avolumado até à meia dúzia, ter apenas feito 1 - sim, UM - remate no jogo inteiro, por um jogador que até foi substituído, não fosse ele rematar de novo.

A culpa de Petit, é somar em todo o seu histórico de treinador, 8 derrotas contra este mesmo adversário, com 27 golos sofridos, e 1 - sim, UM - marcado.

A culpa de Petit não é ser benfiquista. Cada um é livre de escolher o clube do coração.

A culpa de Petit é não ser capaz de executar a sua profissão com dignidade, honestidade e ética.

Se um polícia rouba, tem um processo disciplinar.
Se um médico mata, tem um processo disciplinar.
Se um professor erra, tem um processo disciplinar.
Como é possível que um treinador queira perder, e nada lhe aconteça?

Imagens de uma realidade alternativa, ou o porquê de certas equipas golearem tão facilmente:





Quem quiser aprender sobre profissionalismo, ponha os olhos num Senhor chamado Luís Castro, portista, campeão pelo FC Porto B, que nesta temporada retirou 4 pontos ao clube do coração. 4 pontos que nos dariam folga para encarar esta fase final de forma risonha. Felizmente para o bem da verdade desportiva, nem todos têm carácter, pensamento e ética petit.

Cumprimentos Portistas.

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