num há pior... rssss... eheheheh ;-)
30 junho, 2006
O Farfalha de Cavez... e o coiso
29 junho, 2006
Festas Populares... O nosso manjerico de São João…
Pois, a esta hora devem estar os meus meninos a pensar “mas este gajo passou-se? quero lá saber do São João... rsssss”. Mas, tudo na vida tem uma explicação…
Porque eu não quero que os meus fRiEnDs, andem com o “manjerico” em baixo, trago-vos aqui este belo exemplar de manjerico que está bem fresquinho...
Por isso… brinquem com ele, mas não o estraguem que deu muito trabalho a pô-lo assim fofinho, bonitinho e farfalhudo ;-) eheheheheh
Como já dizia a quadra de São João...
Essa não conhecia,
Também anda sempre molhado
Quer seja noite ou dia.
Politicamente… incorrecto
Depois deste “mea culpa”, e se me permitem, gostaria de voltar a repetir o post colocado já no passado dia 03.06.2006 e que acho eu, estará bem actual para o momento.
Gostaria que todos os meus fRiEnDs o lessem com a devida atenção e reflectissemos todos sobre a mensagem que tento passar… parecer SUPERIOR não basta, há que o demonstrar!
“Este blog foi criado para falarmos sobre o nosso Grande Mágico FC PoRtO e para nos rirmos das demais instituições desportivas deste país, em especial, de um determinado clube de um dado bairro lampiôm, carago!!
Como tal, são bem-vindos todos os que quiserem partilhar deste espaço e comentar os posts (mesmo que sejam de um determinado clube de um dado bairro lampiôm).
Todavia, não é admissível que os pOrTiStAs aceitem baixar o nível e comentar gratuitamente aquilo que, em especial, alguns partidários de um determinado clube de um dado bairro lampiôm, escrevem como resposta aos nossos posts ou aos comentários dos pOrTiStAs...
Como tal, para evitar a maçada de termos que responder na mesma moeda aos comentários aqui inseridos pelos GruNhOs, agradecíamos que fizessem um esforço por não responder aos fans de um determinado clube de um dado bairro lampiôm, cuja escrita reproduz exactamente aquilo que eles são.
Apesar disso, é bom ter em conta que nem todos os adeptos de um determinado clube de um dado bairro lampiôm escrevem como inergúmenos acéfalos, porque manda a religião e a tolerância laica que acreditemos que existem, entre os infelizes adeptos de um determinado clube de um dado bairro lampiôm, algumas (bastantes…) pessoas decentes!!
Portanto, caros pOrTistAs, deixem lá os GruNhOs vomitar e arrotar a mácriação.”
Vivemos num Mundo de Loucos...
«António Costa, um militar da GNR reformado, já apontado pela PJ como “serial killer”, é suspeito de ter assassinado, “pelo menos”, três raparigas suas vizinhas em Santa Comba Dão…O “serial killer, como passou inclusivamente a ser conhecido pelas autoridades, era membro da Junta de Freguesia de Santa Comba Dão e fazia também parte dos corpos dirigentes do Clube Desportivo Santacombadense e da Casa do Benfica daquela cidade. Com 53 anos, casado e pai de dois filhos, um emigrado no Luxemburgo e outro militar da GNR em Lisboa, terá confessado a autoria destes três homicídios, mas admite-se que possam ser “quatro ou mais”, disse ontem o subdirector nacional da PJ, Almeida Rodrigues…»
fonte: Asbeiras online
28 junho, 2006
Rascunho para o novo plantel 2006/07 do Campeão…
Se pensarmos no “lucro” obtido com a saída de vários jogadores e técnico logo no imediato a termos conquistado a Liga do Campeões na época 2003/2004, eu só me apetece perguntar onde foi parar toda essa montanha de euros… onde? porque o passivo nem se mexeu!
Se pensarmos que durante a época de 2004/05, a todos os níveis completamente desastrosa, tamanhos foram os erros de casting, a começar pelo treinador que durou apenas 3 semanas e nem a época iniciou, que se prolongou por 3 treinadores durante toda a época… a montanha de “brasileiros” que por cá desembarcaram… foi mau demais para ser verdade :-(… valha-nos ao menos que conquistamos para este país miserável de invejosos e frustrados que nunca nos reconhecem o mérito e o facto de “sermos melhores”, o segundo troféu de Campeão do Mundo em Tokyo, mas que ao contrário de outros idiotas, arrogantes e mal educados que ficam em 1º lugar dos últimos, em apenas 23 dias perdem por duas vezes com a Grécia da mesma forma, não merecemos ser recebidos pelo nosso Presidente para uma simples palavrinha de gratidão e apoio, nada, zero total… é o país que temos, que havemos de fazer?... Como eu sempre digo, um país que não nos merece futebolisticamente!
Parafraseando algo que José Mourinho disse ainda há dias numa entrevista: “… o Chelsea é pior clube do Mundo para se treinar, porque podemos ganhar tudo mas nunca somos bons (...) não somos reconhecidos (...) ninguém credibiliza o trabalho que fazemos". Troque-se “Chelsea” por “FC Porto”, e estamos neste Portugal de invejosos e frustrados.
Mas mudemos de assunto… vamos ao que interessa, porque já chega de falar de tristezas, e concerteza, não é esse o nosso lema de vida clubisticamente falando:
SAÍDAS
Já confirmadas, apenas César Peixoto e Diego receberam bilhete de ida, sem volta.
Ainda com bilhete de volta para o regresso, e também já confirmadas, temos Ivanildo e Hélder Barbosa que abandonam o plantel, mas apenas por empréstimo para assim permitir uma melhor rodagem ao futebol de alta competição, e que aposto que bem fará aos “miúdos”, tenham eles essa sorte.
Também como empréstimo, adivinho a saída para rodar do guarda redes Bruno Vale e do puto extremo-direito Vieirinha que não deverá passar para além do período de estágio de pré-época… eu, por mim, apostava no puto porque lhe auguro muito e bom futuro, mas se a ideia for andar só a fazer número nos treinos, acho muito bem a rodagem fora da casa-mãe.
Como estando em lista de dispensas, algumas confirmadas, outras não, temos McCarthy, Hugo Almeida e Bruno Moraes… 3 avançados, o que por sinal quererá dizer que neste espaço de terreno, caso se venham a confirmar essas saídas, teremos novidades.
Com potencial mercado, temos o Excursionista Ricardo Costa que por mim… era de o mandar muito bem empacotado e com um bonito laço cor de pérola, porque não lhe perdoo a desfaçatez e a cara de pau de ter dito logo após conhecer a convocatória para a Colónia de Férias na Alemanha, que no FC Porto só ficava na próxima época se fosse a titular, mas que lá bem longe, só para lá estar naquela colónia, não se importava até de ser apanha-bolas… sem comentários!
E depois, mais aquela frase lapidar “Não fiquei surpreendido, porque tenho consciência do que fiz”. Ó Ricardo eu também sei o que fizeste e até te digo mais, deves andar com o coiso a doer por veres tantos jogos do teu (meu) clube sentado no banco de suplentes e no sofá de tua casa mas tudo bem... a verdade é que se outros jogadores nas tuas condições, e outros até piores, foram convocados porque razão não devias ser também? Parabéns, estejas a ter uma boa estadia e espero que não te tenhas esquecido de levar o creme solar.
PERMANÊNCIAS
Na guarda da nossa baliza, temos os 2 melhores guarda-redes a actuar em Portugal, Vítor Baia e Helton, e mais um bom (?) aprendiz que será suficiente para os treinos, Paulo Ribeiro.
Na defesa, Bosingwa, Pepe, Bruno Alves, Pedro Emanuel, Ricardo Costa (?) e Marek Cech estarão de pedra e cal
No meio campo, João Paulo (que também pode jogar em qualquer posição da defesa), Paulo Assunção, Ibson, Raul Meireles, Lucho, Anderson e Jorginho serão os escolhidos... e parece-me não haver espaço para mais nenhum cromo.
A partir daqui, começam as dúvidas, ou seja, Pinto da Costa já disse que o Adriaanse escolheu Adriano e Sokota para a posição de ponta de lança. Quer isto dizer que Bruno Moraes, McCarthy e Hugo Almeida serão “vendáveis” ou se quiserem “dispensáveis”.
Se a isto juntarmos uma outra declaração de Adriaanse a justificar a necessidade de contratação de um homem que faça muitos golos, poderá haver ainda margem para alguma boa surpresa nesta área. Lisandro é um jogador multi-funções que pode jogar em qualquer posição do ataque.
Nas alas: Quaresma, Alan (quem é este cromo?… rssss), Diogo Valente e Vieirinha, mas sabe-se que os estes 2 últimos irão integrar o estágio sem qualquer garantia de permanência no plantel… a ver vamos.
ENTRADAS
Baliza - sem qualquer movimentação.
Defesa - Para as laterais, eu apostava em Miguelito para a esquerda e em Luís Filipe para a direita, para assim termos 2 alternativas credíveis para cada uma dessas posições. Para o centro da defesa, e por uma questão de gratidão, não por necessidade, apostava no regresso do nosso capitão Jorge Costa, porque ele é um símbolo do nosso clube (como ele e ao mesmo nível, só Vítor Baia), não merece acabar a carreira desta forma… alguém que levantou a Taça UEFA e a Liga dos Campeões merece muito mais que uma aventura falhada como última paragem. Espero voltar a vê-lo jogar e a pisar o relvado do Dragão. Como eu sonho com isso!!
Meio-campo - não vejo sinceramente qualquer necessidade de mexidas.
Alas - Contando com a continuidade daquele aborto do Alan (?), eu apostava em 2 novas aquisições e porque não, dois sonhos meus antigos, Duda (Málaga, Espanha) para a esquerda e Wilhelmsson (Anderlecht, Bélgica) para a direita, este sim, quanto a mim, um magnifico jogador. Este meu pressuposto estará condicionado à continuidade ou não dos extremos Diogo Valente e Vieirinha após o estágio de pré-época.
Avançados – Definitivamente, apostava em Saganowski (Vitória Guimarães) que é um avançado à moda antiga muito forte e poderoso no choque, e depois um avançado menos fixo, onde a minha aposta passava pelo jovem Huntelaar (Ajax, Holanda) que ainda esteve em Portugal há uns dias atrás a acompanhar a selecção da Holanda no Campeonato da Europa de Sub-21… e que maravilhas eu vi o puto fazer. Quanto ao Hesselink (PSV, Holanda), sinceramente, não conheço, por isso, não posso ajuizar. Mas se é uma suposta aposta do treinador, fico com algumas desconfianças, mas pronto, dou-lhe de novo o benefício da dúvida.
Resumindo, este é o meu rascunho do plantel do FC Porto para a próxima época que se avizinha. E vocês, o que acham? Quais as vossas apostas?
Miguel Sousa Tavares - Nortada
Com mais de meio Mundial já decorrido e quando já só faltam dez da maratona de 64 jogos, já se pode proceder a um primeiro balanço do Alemanha-2006, agora que se entrou na fase verdadeiramente decisiva.
1 - No que respeita a Portugal, cumprida a primeira meta obrigatória dos oitavos-de-final, deu-se um primeiro passo mais além, com a sofrida e justa vitória contra a Holanda, após um daqueles jogos de arrasar nervos que ficam para a memória. Foi uma vitória do talento e da capacidade de resistência sobre a força, demonstrando que, tal como aqui escrevi no dia do jogo, Portugal tinha melhor equipa e, sobretudo, jogadores capazes de desequilibrar, frente a uma Holanda com um futebol totalmente previsível e repetitivo, absolutamente falho de inspiração e surpresa. Começando no primeiro minuto do jogo, os holandeses fartaram-se de tentar rematar à baliza portuguesa sem que jamais dessem mostras de serem capazes de congeminar uma jogada como a que deu o golo a Portugal. Felizmente, por mais voltas tácticas e estratégicas que se dê ao jogo, o talento individual ainda continua a ser o principal factor de diferença! E, para mais, excepção feita a Van Persie, o outro único talento holandês, Van Nistelrooy, passou o jogo inteiro sentado no banco, trocado por um total ineficaz chamado Kuyt, devido a uma birra de Van Basten.
2 - Como comentou o presidente da FIFA, o Portugal-Holanda foi também um jogo, não direi estragado, mas dramatizado inutilmente pelo árbitro russo. Mas o que Blatter não disse é que decisões tão drásticas e absurdas como o segundo cartão e consequente expulsão de Deco, por reter a bola uns segundos na marcação de um livre contra Portugal, resultam directamente das instruções da FIFA. O mesmo se veria no dia seguinte, no Itália-Austrália, onde o rigor do árbitro conduziu ainda à expulsão prematura e sem justificação de Gattuso (depois, e para que o serviço ficasse completo, compensada com o penalty decisivo oferecido à Itália nos últimos segundos). O excesso de rigor com que Ivanov começou a puxar dos cartões, logo no primeiro minuto do Portugal-Holanda, teve como inevitável consequência o descontrolo do jogo, marcado por vinte cartões amarelos e quatro vermelhos, conseguindo-se exactamente o efeito oposto ao pretendido com tanto zelo disciplinar: criar um clima de quase confronto geral dentro do campo. A imagem emblemática de Deco e Van Bronckhorst, companheiros no Barcelona e ambos expulsos no domingo, sentados nos degraus do túnel para as cabinas, comentando em amena conversa os desvarios do árbitro, é ilustrativa da falta de senso deste fundamentalismo disciplinar.
Há oito e oitenta. Uma coisa é reprimir o antijogo faltoso, como o que afastou do jogo Cristiano Ronaldo, outra é meter tudo no mesmo saco, desde inofensivas mãos na bola a meio-campo até verdadeiras entradas violentas por trás. O excesso de rigor adoptado doutrinariamente como imagem de marca das arbitragens deste Mundial, não apenas estraga certos jogos, desequilibrando artificialmente as forças em presença, como ameaça privar o campeonato de alguns dos seus melhores jogadores.
3 - Do ponto de vista futebolístico, não tem sido um grande Mundial: até à data, teve aí uns três ou quatro jogos verdadeiramente bons, o que é demasiado pouco num total de 54! Os treinadores da contenção e dos resultados acima de tudo estão a impor a sua lei, bem ilustrada no exemplo da selecção da Suiça, eliminada nos oitavos-de-final, depois de disputar quatro jogos em que não sofreu um único golo, uma situação verdadeiramente absurda. E bem ilustrada na frase de Carlos Alberto Parreira: «espectáculo é ganhar!». Com o devido respeito, não estou de acordo. Não entendo que vantagens pode haver para o futebol em ver um Brasil a jogar a passo, uma Argentina que deixa no banco Te vez, Aimar e esse prodígio que é Lionel Messi, e joga contra o México um jogo em que o objectivo único era não perder, num espectáculo tão soporífero que eu acabei mesmo por adormecer e perder o golo decisivo de Maximiano Rodriguez. A França tem sido a chatice profunda que se vê; a Itália — com uma passadeira estendida pelo sorteio até às meias-finais — está cada vez mais igual a si própria, isto é, jogando um futebol tão cínico que chega a ser irritante. A Inglaterra alterna dois tipos de jogo: ou sem ideia alguma ou com uma ideia fixa, que é atirar bolas por alto para os dois metros de Crouch: espero bem que aprenda com Portugal a mesma lição que a Holanda de Van Basten. E até a Espanha que, tal como a Argentina, começou o campeonato em grande estilo, já tratou de abrandar o ritmo, não fossem os seus fãs ficarem mal habituados. Com tantas cautelas, tanta disciplina táctica e tanta administração científica dos resultados, não admira que os oitavos-de-final sejam sempre equilibrados, que os golos sejam poucos e que, no final, a Alemanha ainda venha a fazer a festa em casa.
4 - Com os grandes do mundo a nivelarem as suas ambições e riscos pelo nível dos pequenos, é difícil perceber se foram estes que cresceram ou se foram aqueles que se autolimitaram. Parece não haver dúvidas que as melhores surpresas vieram do Extremo Oriente, com o Japão de Zico, a Coreia do Sul criada por Guus Hiddink para o Mundial de 2002, e a Austrália inventada pelo mesmo Guus Hiddink para este Mundial e que ontem caiu injustamente, e graças a um penalty fantasma, às mãos da Itália. Pela África, o Gana tem sido á excepção à desilusão geral, constituindo não uma surpresa, mas uma confirmação (há dez anos, tinha a melhor equipa de Sub-20 que eu jamais vi jogar)... e... e, ainda falta ver o que faz contra o Brasil. Pelas Américas, e para além dos dois crónicos gigantes, o Equador foi a surpresa e o México foi até onde seria razoável esperar. Ambas as selecções, porém, muito longe de fazer esquecerem outras selecções latino-americanas de outros tempos e agora ausentes, como o Uruguai, o Chile, o Peru ou a Colômbia.
Finalmente, e ainda antes de saber os resultados dos dois últimos jogos dos oitavos-de-final, que terão lugar hoje, pode-se constatar que todos os principais favoritos estão ainda em prova: Brasil, Argentina, Alemanha, Itália, Inglaterra, França, Espanha. Portugal e a Ucrânia são, para já, os únicos intrometidos. O outro facto a merecer meditação é que há seis selecções europeias entre as oito que disputarão os quartos-de-final. E as quatro que caíram nos oitavos-de-final caíram todas às mãos de outras selecções Europeias. Se algum dos europeus chegar à final de Berlim e a ganhar, este terá sido para a história o Mundial da Europa.
in "A BOLA", 2006.06.27
27 junho, 2006
José Manuel Ribeiro n'OJOGO
Alguém mais reparou que os novos tempos constatados por Figo há coisa de duas semanas têm grandes parecenças com os antigos ou a Imprensa estava toda demasiado entretida a saltar nos camarotes?
Alguém deu conta de que a selecção portuguesa voltou a fazer o habitual?
E nós também? Estou a olhar agora - quer dizer, agora ontem às 19h27 - para o Abel Xavier na Sport-TV e a reparar que o cabelo lhe embranqueceu, mas embranqueceu por causa do efeito Clorane, não foi a mortificação por aquele penálti que provocou o estoiro da boiada nas meias-finais do Euro'2000. Ninguém chegou a dizer-lhe "rapaz, tem juízo, admite que puseste a mãozita à frente da bola e que empurraste os colegas, à falsa fé, para cima dos árbitros por seres incapaz de assumir que meteste água". Quando escrevo ninguém, quero dizer mais do que meia dezena de pessoas. A esfrega ficou para a vez seguinte, porque a gente, mesmo a gente que não tinha dúvidas a respeito do penálti, sentiu pena daquele pessoal que tinha jogado com tanta pinta. Mas a vez seguinte, bem na vez seguinte era complicado, porque em 2002 havia prioridades e o rescaldo da falta estúpida de João Pinto, seguida de um candidato a soco no árbitro Angel Sanchez, calhou no dia em que o seleccionador já tinha consulta marcada. Até por imposição hierárquica, havia que o atender primeiro. Ainda assim, lembro-me dos debates em que se discutiu o perfil do sucessor de Oliveira e era unânime: alguém que travasse a progressão desta má imagem.
Nesse parêntesis, o recorde de cartões em campeonatos do Mundo, mais a cabeçada de Figo que ontem andou nos jornais de todo o planeta, são mesmo o que o doutor receitou. Por isso, prossiga a histeria. Continuemos a berrar contra o árbitro e a ilibar os jogadores, ainda que tenham metido novamente a mão a uma bola desnecessária, quase infantil (Costinha), limpado o nariz de um adversário com a testa impunemente (Figo) e vingado com os pitons - para vermelho directo - uma falta de fair-play dos holandeses (Deco). Pode ser que as pessoas acreditem que a culpa foi toda de Ivanov. Até à próxima, pelo menos.
Lá fora
"É verdade que, no segundo tempo, o jogo quase vira uma batalha campal e a cabeçada que Figo deu num holandês não tem justificativa em nenhuma hipótese, no máximo explicação (...) Devia saber o que estava fazendo, macaco velho que é nos campos europeus"
João Ubaldo Ribeiro, escritor brasileiro, no jornal "O Globo"
in "O JOGO", 2006.06.27
25 junho, 2006
Laranja descascada... que assim continue!!
Perdoem-me a franqueza, mas apesar de cá bem no fundo sofrer em silêncio por estar a renegar o apoio ao meu país, por muito que me esforce, não consigo separar o “trigo do jóio”… cada vez que vejo aquele leproso de escarro de gente aos pulos, até me dá vontade de o ferrar todo… que raio esta m****, quem o mandou vir para cá?!
Inflectindo a estratégia, começo a interiorizar uma situação oposta ao meu sentimento inicial, ou seja, se de inicio queria que este Mundial acabasse rápido, bem rápido para esse grupo excursionista, só de pensar que quanto mais aquele leproso de escarro de gente ganha, mais probabilidades tenho de ele por cá não ficar, até fico em “pulgas”… provavelmente irão “chover propostas” e quem sabe, aparecerá algum "Abramovich" que o leve e assim eu deixe de contribuir para lhe pagar os 150.000 € mensais dos bolsos de todos nós e nessa altura, adeus provocações ao meu FC PoRtO, adeus Portugal, adeus discursos populistas, adeus bandeiras nas janelas, adeus pinturas nas ruas e adeus selecção de amigos.
Por isso, lá vou tentar levar a minha “cruz ao calvário” e aguentar o barco, sofrendo por dentro por não estar a conseguir mostrar e demonstrar o apoio ao meu país, mas na expectativa de o ver longe daqui muito em breve… muito em breve?!
Se preciso for, que continuem as conquistas até à final, porque do mesmo modo que interiormente mais me aproximo do meu país, mais me afasto desse escarro de gente… entenderam? um dia eu explico...
Obrigado a todos… sem excepção
Estamos quase a atingir o bonito número de 1.000 visitantes o que dá uma média diária de 33 visitas… não é bom nem mau, é excelente e verdade aqui seja dita, tudo que seja superior a 0, é muito bom, porque este objectivo não é um fim, mas sim um principio...
Lembram-se que quando atingidos os 500 visitantes, com apenas 17 dias de vida, a média diária eram 30 visitas?... Pois é, “grão a grão, enche a galinha o papo”. Devagarinho e bem é o que realmente importa.
Não posso deixar de prestar aqui a minha homenagem e gratidão a todos os meus verdadeiros Amigos/as que por aqui passam e ajudam ao crescimento sustentado deste blog em bons e fortes alicerces de amizade e respeito… por isso, aqui fica um forte e especial abraço de amizade para os verdadeiros fRiEnDs Bicho, Miauuu, Caxana, Armário, Afmt e Bitinha (vocês sabem bem que quando precisarem, eu estarei lá!!)... e obviamente as “babes” cá do blog também merecem uma palavra de carinho pelo seu toque de classe, em especial para a Professora (que vai ser nomeada provedora da língua portuguesa neste blog, tamanhos são os erros nos “comments” eheheh) e para a Dragona d’OiRo que nos ajuda superiormente com a sua capacidade de ataque e limpeza cá da casa a “determinados visitantes com comportamentos desviantes”.
Mais uma vez… o meu muito obrigado a todos e continuem a visitar este espaço!!
PS - Bicho… Word, correcção automática, copiar/colar no comment e já está… entendido?... eheheh
Recadinho - Obrigadinho a todos pelos vossos emails com artigos para aqui publicar… é que a caixa de email fica-me sempre entupida num instante… eheheh
José Manuel Ribeiro n'OJOGO
Guus Hiddink não venceu dez jogos consecutivos em fases finais do campeonato do Mundo. Mas ganhou cinco e empatou dois sem Ronaldinhos, Rivaldos, Ronaldos, Kakás, Robertos Carlos, Decos, Figos, Cristianos Ronaldos, Maniches ou Ricardos Carvalhos. Na vez deles, dispôs de atletas coreanos e australianos em circunstâncias muito favoráveis: alguns sabiam jogar à bola quando lá chegou. Também não foi campeão do Mundo. Mas jogou duas meias-finais seguidas, primeiro dirigindo a Holanda e depois a Coreia do Sul. Escusam de ranger dentes por causa dos lapsos de arbitragem no Mundial'2002. Não interessa. Transformar a Coreia numa equipa que os árbitros conseguem ajudar é uma proeza e, para além disso, sei de alguns seleccionadores campeões do Mundo que encontraram igual simpatia entre os homens do apito na redentora caminhada de dez jogos consecutivos sempre a vencer.
Na aventura australiana, Hiddink foi menos profissional. Durante a qualificação, ninguém o viu na piscina do condomínio privado todas as tardes reflectindo na melhor combinação de jogadores ou estudando as protuberâncias dos adversários na sauna. Ao invés, treinou a equipa por correspondência e matou o tempo levando o PSV Eindhoven a outro título holandês, o sexto da sua lavra. À federação australiana não concedeu sequer uns minutos extra de anúncios televisivos para ajudar a pagar os selos. Em contrapartida, fez-lhes o pequeno favor de qualificar a selecção para o segundo Mundial da história, multiplicou por quatro os pontos feitos no anterior e está nos oitavos, os terceiros do seu currículo pessoal.
Porém, se me perguntarem o que mais me impressiona em Hiddink, descarto isto tudo e recupero dos arquivos uma conferência de Imprensa em que participei no relvado do estádio de Incheon, em 2002. Durante quarenta minutos, Hiddink deu respostas em holandês, inglês, alemão, francês, espanhol, italiano e até tentou um português abrasileirado de qualidade não muito inferior à de um certo seleccionador tão bom, tão bom que não precisou de saber mais do que metade de um só vocabulário para chegar onde chegou. Hiddink não terá tantos recursos, mas a um fulano como ele perdoa-se tudo. Outros nem ganhando quarenta jogos seguidos no campeonato do Mundo.
in "O JOGO", 2006.06.13
24 junho, 2006
Os oitavos...
Dia 25/06/2006
Dia 26/06/2006
Dia 27/06/2006
Pois é… chegamos ao fim da 1ª fase e a triagem está feita dos finalistas, quanto a mim, com três grandes surpresas pela positiva, ou seja: Equador, Austrália e muito principalmente o Gana (que magnifico conjunto de jogadores ali estão).
Pela negativa, destaco a eliminação prematura da:
- República Checa, na qual eu apostava bastante;
- Polónia que foi um deserto de ideias;
- Costa do Marfim que teve o azar de ter caído no grupo da morte;
- Croácia que foi uma desilusão total;
- Angola porque desta vez o Perna de Pau Esmantorras não marcou (que pena…);
- Irão que se esqueceu do seu poder bélico para me dar felicidade; e o
- Grupo Excursionista por ainda lá andar… demora muito isso? rsssss
Para os quartos, as minhas apostas recaiem na Alemanha, (na minha) Argentina, Inglaterra, (ma minha agora tb) Holanda, Itália, Ucrânia, Gana e Espanha.
No próximo fds, estarei a torcer por 2 cores… AZUL CELESTE e LARANJA… as cores do novo equipamento oficial do meu FC PoRtO… eheheheheh
23 junho, 2006
A voz dos ridículos...
O Orelhas está completamente apanhado pelo vírus mais conhecido por “síndroma do emigrante luxemburguês” do Veigarista… alguém me sabe decifrar mais uma daquelas tiradas enigmáticas “… estar sozinhos e bem acompanhados”?... como é que isso é possivel?... Desculpem lá, expliquem-me como se eu fosse “louro”, é que deste bronco, eu nem com dicionário chego lá.
Acho mesmo que esta está ao nível dos “violinos de Chopin” do ex-Primeiro.
Já agora, quando abrirem as inscrições para o próximo ano lectivo, mandem um mail lá para o “cesto do pão” do Orelhas e do Veigarista, porque eles estão feitos um para o outro… a precisar urgentemente de uma reciclagem linguística… rsssssss
Contra factos, não há argumentos...
Esta ferramenta apresenta gráficos com a frequência em que um termo particular é procurado em várias regiões do mundo, e em vários idiomas. O eixo horizontal do gráfico representa tempo (a partir de algum tempo em 2004), e o vertical é com que frequência é procurado um termo, globalmente.
Também permite ao usuário comparar o volume de procuras entre duas ou mais condições. Notícias relevantes e relacionadas com os termos procurados são mostradas ao lado e relacionadas com o gráfico, apresentando possíveis motivos para um aumento ou diminuição do volume de buscas.
E tudo isto para quê?... passo a explicar já a seguir.
O que acontece quando comparamos os 3 maiores clubes portugueses, de diversas formas de pesquisa e com termos diferentes, mas idênticos a todos eles caso a caso, de forma a não desvirtuar a realidade?
Como podem comprovar abaixo nas 3 imagens, os resultados são lapidares e elucidativos.
Só não vê quem não quer... mas contra isso, nada posso fazer !!
Se compararamos Porto, Benfica e Sporting, reparamos que apenas em finais de 2004 ocorre um ligeiro pico superior para o benfas... fora isso, a vantagem da palavra "Porto" é brutal !!!
Então se passamos para fc porto, sl benfica e sporting cp, então, nem vale a pena falar, porque a escala fala por si... só gostava de saber onde param os outros. Fugiram ou ecliparam-se como o fumo?
Quando comparamos apenas as siglas fcp, slb e scp, a aproximação entre ambos é nitidamente visivel, com ligeiras vantagens de parte a parte em determinados momentos do ano respectivo, havendo sim um disparar num unico momento do Benfas em finais do ano de 2004; fora isso, tudo muito igual !!!
Portanto, os nrs aqui não mentem... pelo que só me resta dizer para fechar...
“Infiéis, rendam-se à nossa superioridade ou calem-se para sempre!!”
22 junho, 2006
Já chegamos ao ESPAÇO !!!
Admito… que grande emoção. Já não era sem tempo, não acham?
A profecia do nosso ex-Primeiro cumpriu-se: “O céu é o limite”.
Havia bandeirinhas, bandeironas e bandeirolas por tudo quanto era lado… por quanto era carro… por quanto era casa… por quando era janela, mas… no ESPAÇO ?!?
Para que não venham depois dizer que eu não gosto do nosso Grupo Excursionista, que quero que eles percam, que não gosto do Mandamil e do Escarrolari, etc, etc… resolvi ser inovador e eu próprio, coloquei uma bandeira do nosso Grupo Excursionista no ESPAÇO. Fui eu e mais ninguém !!
Nós, por vezes até falamos mal aqui deste nosso país terceiro mundista, mas não acredito que vocês ao depararem-se com uma imagem destas, não fiquem cheios de orgulho de serem uns perfeitos "Tuginhas".
Malta, vamos lá todos apoiar a partir de hoje… o Van der Meyde, o Hesselink… ups que lá me enganei de novo... o nosso Grupo Excursionista !!!
21 junho, 2006
Urgente... preciso despachar 3 bilhetes
O jogo é em Gelsenkirchen, no Arena AufSchalke04, local de muitas boas recordações para nós, pois foi o estádio onde o meu (nosso) mágico FC Porto se sagrou vencedor da final da Liga dos Campeões, realizada em Maio de 2004.
Os lugares dos bilhetes são os números 1, 3 e 5 da fila 11 no bloco 12. Para melhor terem ideia dos locais, anexo foto tirada no local há 2 anos atrás.
Se existir interesse de algum de vós, é favor contactarem-me urgentemente.
Felizmente, não vou poder estar presente, porque a mim, daquele local, apenas me interessa ter uma única recordação de um momento sublime e supremo para toda uma vida…
20 junho, 2006
É o vale tudo... haja vergonha meus senhores!!
Foi a primeira vez que beberam e comeram à borla sem ser depois de um jogo do Benfas. Levaram, como habitualmente, um cachecol encarnado, só que desta vez era da selecção.
Este grupo já é conhecido como a "Tertúlia do Calabote", em homenagem ao seu ídolo de juventude.
in "RTP"
Miguel Sousa Tavares - Nortada
Devo ter sido um dos raros portugueses que não viram o Portugal-Irão: não vi em directo, não vi em diferido, não vi resumos, não vi sequer os golos. Não vi nada: acompanhei a marcha do resultado por SMS e foi tudo. Pela primeira, e espero que última vez na minha vida, falhei por completo um jogo de Portugal no Mundial - como, aliás, falhei todos os jogos do Mundial entre sexta e segunda, excepto 20 minutos do Brasil-Austrália, vistos numa televisão de aeroporto. Mas é assim a vida: umas vezes podemos escolher, outras não há escolha possível e só resta conformarmo-nos.
Onde estive forçadamente arredado do Mundial, é, todavia, uma das pátrias do futebol: a Itália. Mais precisamente, Turim, onde o recente escândalo de viciação de resultados que abala o cálcio ameaça remeter o clube emblemático da cidade e da Fiat, a Juventus, campeão em título, para a segunda divisão. Desde há muitos anos que tenho para mim que a Itália é o país mais civilizado do mundo, naquilo que eu entendo por civilização. E, apesar da paixão com que os italianos vivem o futebol, não foi, por isso, com grande estranheza que eu vivi três dias em Itália sem dar pelo Mundial e sem escutar nenhuma conversa sobre futebol, nem sequer uns lamentos pelo tropeção da Squadra Azurra frente aos americanos. Bandeiras nacionais nas janelas raríssimas, nos ' carros nenhuma, e tema do fim-de-semana e de todas as conversas, não o Mundial, mas a prisão de Vittorio Emanuel de Sabóia, pretendente ao trono de Itália e descendente directo do Rei do mesmo nome que unificou o país, miseravelmente acusado de associação de malfeitores para promoção da prostituição. Sic transit gloria regia...
No avião que domingo me trouxe de volta procurei, como um náufrago, relatos da prestação da Selecção frente ao Irão. No Diário de Notícias, o título, que dava o mote a quase todos os textos da nossa imprensa: "Na senda dos Magriços". Um coro de elogios sem freio atravessava toda a nossa imprensa, com a excepção, também no Diário de Notícias, de alguém que, escrevendo num blogue sob o pseudónimo de Maradona, dizia cobras e lagartos da nossa prestação, dizendo que pouco tinha melhorado em relação ao jogo com Angola. Na imprensa internacional, e com excepção do L´Équipe, os encómios também não eram muitos e podiam ser resumidos na frase do La Nácion, de Buenos Aires: "Não assustam ninguém".
Desembarquei baralhado nas conclusões, mas movido por um incontrolável desejo patriótico de caracóis com imperial, que me fez rumar de imediato a uma tasca em Alcântara, onde dois sujeitos, fardados com aquilo a que um leitor do Público chamou "traje do patriota futebolístico", discutiam se Portugal iria ser campeão do mundo ou se perderia para o Brasil, e isto depois de considerarem devidamente o peso da ameaça representada também pelas possibilidades de Angola (certamente, trata-se de leitores atentos dos bilhetes-postais do Professor Marcelo, na última página deste jornal). Encolhido no meu canto, debruçado sobre o meu pires de caracóis e a minha imperial, só rezava a todos os santinhos para que ninguém me perguntasse o que tinha eu achado da notável exibição contra o Irão e das nossas infalíveis probabilidades de sermos campeões do mundo, para que eu não tivesse de responder, para grande consternação da assembleia, que não tinha visto o jogo e que, enfim, em todo o caso achava que 1-0 a Angola e 2-0 ao Irão não era bem comparável à saga de 66: 3-1 à grande Hungria de então, 3-0 à Bulgária, e 3-1 ao Brasil de Pele, até chegarmos aos oitavos-de-final.
Acabrunhado com a sensação de ter perdido, sem remissão possível, um dos grandes momentos do futebol português, se não mesmo da história de Portugal, baralhado com a nenhuma importância que a imprensa lida à pressa tinha dado ao facto de um tal José Silva (o mais português de todos os nomes), investigador em Edimburgo, ter publicado um artigo na mais prestigiada revista cientifica do mundo, a Nature, onde revela a descoberta que está à beira de conseguir - o rejuvenescimento das células velhas da pele, isto é, a hipótese louca da eterna juventude - fui sentar-me em ânsia de zapping diante do televisor, na esperança tardia de poder enfim ver o Portugal-Irão.
Mas, não, esperança vã. Em vez disso, tive, sim, ocasião de ver duas coisas absurdas, despropositadas, acima de tudo inconvenientes. Uma foi proporcionada pela RTP-Memória: a revisão de um Portugal-Letónia de 1995, jogo de qualificação para o Europeu de 96, jogado no antigo Estádio das Antas. A Selecção era treinada por António Oliveira e formada por sete (!) jogadores do FC Porto (Baía, Paulinho Santos, Fernando Couto, Jorge Costa, Secretário, Folha e Domingos) e mais quatro já então estrangeirados de luxo: Figo, Rui Costa, Paulo Sousa e Futre. Aos 20 minutos de jogo e antes de termos adormecido, venci amos já por 3-0, e sabem o que me pareceu verdadeiramente inconveniente e sei que não devia confessar de maneira alguma? Jogavam muito melhor do que agora! Incomodado, mudei de canal e subitamente dei com o seleccionador a falar: era o canal Giga Shoping e passava a integral do anúncio ao relógio oficial da Selecção e da Federação, protagonizado por Luiz Felipe Scolari. Passaram duas vezes seguidas o anúncio, o que me deu para não ficar com dúvidas sobre a mensagem clara: quem é bom patriota, está com a Selecção de Scolari e usa o relógio oficial, na módica quantia de 125 euros, podendo ser pagos em seis suaves prestações. E assim me fui deitar, exausto de Pátria.
Segunda-feira, li a já mais calma imprensa desportiva. Nem tanto ao mar nem tanto à terra. Nem Berlim nem Alcácer-Quibir. Algumas coisas tidas como óbvias: foi melhor contra o Irão do que contra Angola - o que não era difícil de acontecer; voltou o melhor meio-campo, o tal que Mourinho construiu no FC Porto campeão europeu e que Scolari só descobriu depois de todos os outros e depois de ter perdido o jogo inaugural do Europeu de 2004 - Costinha, Deco e Maniche; e que, se a meta mínima dos oitavos-finais já está adquirida, falta ainda um teste de verdade, que se espera possa ser já contra o México. Tudo visto (e não visto) e tudo ponderado, acho que o mais urgente, o mais importante e o mais indispensável está conseguido. Sinceramente, não acho relevante que os dois primeiros jogos não tenham sido de encher o olho: é muito mais relevante que se tenha melhorado do primeiro para o segundo, porque se isso não tem sucedido é que seria preocupante. Agora, conseguida a qualificação, chegamos à fase das decisões e já contra o México. Chegamos na mais cómoda das situações, mas, apesar de tudo, a exigir uma decisão de Scolari: jogamos para o primeiro lugar ou para o segundo, apostamos na Holanda ou na Argentina, poupamos os jogadores amarelados e os mais cansados ou não poupamos ninguém? Seja qual for a decisão e o resultado do jogo com o México, porém, trata-se apenas de um jogo de transição. O importante virá a seguir: aí é que está a linha traçada na areia, para além ou para aquém da qual se fará a história desta nossa participação no Mundial da Alemanha.
PS- Ao contrário do que Luiz Felipe Scolari presumiu na sua ignorância, eu sou um apaixonado de longa data do Brasil e leitor atento da sua imprensa e dos seus escritores. E uma das coisas que eu gosto no Brasil é que lá os intelectuais, como depreciativamente lhes chama Scolari, ocupam-se regularmente de futebol, tal qual os que nunca leram um livro. Na semana passada, dois intelectuais brasileiros, que, por acaso, são os dois escritores vivos mais prestigiados do Brasil, Luís Fernando Veríssimo e João Ubaldo Ribeiro, escreveram sobre a prestação inaugural da Selecção brasileira no Mundial e arrasaram-na. Até à data, não consta que Carlos Alberto Parreira os tenha tratado de "bosta".
in "A BOLA", 2006.06.20
19 junho, 2006
Afinal... a montanha pariu um rato
E o que é que posso dizer desde já… bem, «a montanha pariu mesmo um rato», porque na verdade, quer o principal, quer o alternativo, em muito são diferentes ao que foi sendo publicado na imprensa desportiva nos últimos dias.
Assim de repente, e porque ainda não tive a oportunidade de os ver “in loco”, a minha opinião mudou literalmente, em parte, pela positiva, ou seja:
- o equipamento principal superou totalmente as minhas expectativas inicias que, admito, estavam baixas, demasiado baixas… o pormenor das mangas serem brancas e não azuis, a quase inexistente cor laranja na gola e na parte exterior das mangas… definitivamente, é um equipamento principal que está ao nível dos pergaminhos de tão bravos e lutadores Dragões;
- já quanto ao alternativo, afinal o laranja não é assim tão «berrante” como era suposto nas primeiras imagens que circularam, bem como a linha azul na diagonal, ao estilo “River Plate”, ser bastante mais discreta e de tamanho reduzido… não obstante, apesar de não me satisfazer totalmente, tásse bem…
Agora, só falta chegar a hora de tão bravos e lutadores Dragões saltarem para dentro do rectângulo verde, e desatarem a conquistar… conquistar… e conquistar vitória e troféus, porque a eternidade é o nosso limite !!
18 junho, 2006
Já está... mais uma «dobradinha»
É como eu digo… até «sobre rodas», cansa de tanto ver vencer… dasse!!
17 junho, 2006
Taça de Portugal... a caminho de mais uma final
É duro, muito duro mesmo ser adepto do FC Porto neste país…
é que cansa festejar tanto!!
Por acaso, não existe para aí um campeonato do “berlinde” para ver se eles levam alguma coisita lá para a Katedral?... é que foi futebol, foi futsal, foi hóquei, foi andebol, foi basquete, foi voleibol… ufaaaaaa, até cansa!!
Novelitas de Verão
Agora vem, agora vai, agora não sei quê, agora não sei que mais...
Arre que já não há pachora para tanta novela mexicana.
Nas entradas, então é um fartote de rir... Papadopoulos foi-se, D'Alessandro já era, Katsouranis deve ir pelo mesmo caminho, a seguir começa a novela Miguelito, etc, etc... e lá os vamos vendo de derrota em derrota!
Nas saídas, então isso é mais fácil... é o mesmo de todos os santos anos... o Simulão tá quase... o emigrante de Ermesinde "Petit" também é já a seguir... e até estou admirado que ainda não se tenha ouvido falar este ano nos milhares de colossos interessados no Perna Longa do Luisão?!
Estes tipos são mesmo a paródia do povão.... num há maneira de enxergarem!!
16 junho, 2006
E biba o Nuorte, carago!!
Os melhores momentos de 2005 na "Liga dos Últimos" da RTP Norte
A berdadeira voz do Nuorte... o nosso orgulho, carago!!
15 junho, 2006
Netvendas... num há pior... eheheheh
14 junho, 2006
Os novos modelitos...
Contudo, e numa primeira análise, sinceramente, ainda não me cairam no “goto”, não mesmo!
Aqueles laranjas na gola e mangas do equipamento principal, não sei não… :-p
Quanto ao alternativo, naquele estilo “River Plate”, assim de repente... :-(
Mas vamos esperar para ver “ao vivo” e depois reformularei ou não a minha opinião.
E vocês? O que acham?
Vitor Baia no Expresso ... Uma fantástica entrevista
Nome: Vítor Manuel Martins Baía
Idade: 36 anos. Nasceu em São Pedro da Afurada (Vila Nova de Gaia) a 15/10/69
Família: Divorciado. Tem dois filhos, Diogo de 13 anos, e Beatriz de 9 anos
Habilitações académicas: Frequência do 11º ano
Clubes: Académica de Leça (até 1983); FC Porto (1983-1996; 1999 até ao momento); FC Barcelona (1996-1999)
Primeiros títulos: 1 Campeonato Distrital Iniciados; 2 Taças Nacionais Juvenis; 1 Campeonato Nacional Juniores
Títulos seniores: 9 Campeonatos de Portugal; 5 Taças de Portugal; 7 Supertaças de Portugal; 1 Campeonato de Espanha; 2 Taças do Rei; 1 Supertaça de Espanha; 1 Taça das Taças; 1 Taça UEFA; 1 Liga dos Campeões; 1 Taça Intercontinental
Internacionalizações: Selecção A: 76; Sub-21: 8; Juniores: 4; Juvenis: 11
É presidente do Conselho Fiscal do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol
É autor da autobiografia "Vítor Baía 99" e co-autor do livro infantil "Contos Redondos"
A sua fundação - Vítor Baía 99 - foi criada há dois anos para apoiar crianças e adolescentes desprotegidos
O guarda-redes do FC Porto fala da Selecção, de Scolari, do seu clube e do mundo do futebol. Confissões do jogador com o maior palmares do mundo, que começou benfiquista e deve a carreira à irmã.
O Mundial de Futebol abriu ontem as portas e Portugal tem amanhã o seu pontapé de saída frente a Angola. Tal como aconteceu no Euro-2004, o Vítor Baía volta a ser o grande ausente da Selecção Nacional. Qual a razão por que o seleccionador nacional, Luiz Felipe Scolari, não gosta de si?
Isso eu também gostava de saber. Esta situação vai perpetuar-se: daqui a 10, 20, 30 ou 40 anos toda a gente se vai lembrar do caso. E um enigma. É uma situação para a qual ninguém consegue encontrar explicação. Só há uma pessoa que tem a explicação para isso e essa pessoa nunca teve a coragem de admitir ou de falar publicamente o porquê. Enquanto assim for, isto vai ser falado como uma das maiores injustiças do futebol nacional.
Numa entrevista televisiva, na SIC Notícias, Scolari já disse que não o considerava o melhor guarda-redes português.
Na sua carreira teve um único grande problema disciplinar.
Tive um, com o José Mourinho, mais isso é outra questão. Nunca tive qualquer problema com nenhuma pessoa relacionada com a Selecção - nem presidentes, nem directores... Absolutamente nada! O comportamento com os meus colegas foi sempre impecável. Portanto, é uma questão do próprio seleccionador. Tenho de respeitar mas não posso aceitar. Tenho esse direito de não aceitar. Aliás, estive com o seleccionador uma vez e gostei de ter conversado com ele. Pareceu-me uma pessoa de bem, por isso é que estranho tudo isto.
Esse único contacto que teve com Scolari foi em 2003 durante uma viagem à Suíça, por ocasião de um jogo promovido pela ONU. Por que não lhe perguntou a razão de não o convocar?
Achei que não o devia fazer.
Pensou que tudo acabava por se resolver?
Qualquer um acha que a melhor via para se ir à Selecção é o rendimento em campo. Sou campeão da Taça UEFA, da Liga dos Campeões, varias vezes campeão nacional, tenho várias Taças de Portugal, fui considerado o melhor guarda-redes da Europa pela UEFA em 2004. Isto não é o suficiente para se ir a uma selecção nacional? E suficiente para ir à melhor selecção do mundo! E nem convocado sou!
Não se importava de discutir a titularidade com o Ricardo?
Não tinha problema nenhum. Aí, o seleccionador decidiria. Tal como o António Oliveira decidiu quando me viu treinar e ao Ricardo antes do Campeonato do Mundo de 2002, na Coreia. Se o seleccionador sentisse que outro colega meu tinha mais garantias, para mini perfeito. No Porto aconteceu-me exactamente o mesmo e toda a gente dizia que a minha reacção seria negativa, que eu não tinha perfil para ser o número dois, que iria criar mau ambiente, que seria um mau profissional... A prova está em que eu deixei de jogar no meu clube e as pessoas só têm a falar bem de mim.
A convocatória para este Mundial também gerou polémica com a exclusão de Quaresma, seu colega no Porto.
O Quaresma é um talento e todos sabem que ele tinha valor para lá estar. Quando o melhor jogador de um campeonato nacional não cabe na Selecção...?! Pelos vistos, não são todos filhos do mesmo Deus.
Considera-se o Romano português?
São casos diferentes.
Diferentes porquê?
Não sei se um caso com um jogador mediático não poderá ser uma estratégia para motivar os restantes e a partir daí ter os jogadores todos do lado dele. Se contra tudo e contra todos, ele não convocou o Romário e conseguiu ter a selecção brasileira toda do lado dele...
Mas houve uma vaga de fundo no Brasil...
Sim, mas ele teve a equipa toda do lado dele e acabaram por ser campeões do mundo.
Parece-lhe que isto tem unido a equipa em torno do Scolari?
Não sei. Se calhar sim. Porque a Selecção é uma Selecção unida. Porque aquilo funciona como um clube. Isso é uma política acertada do ponto de vista da união do grupo mas não nas outras componentes.
Entendeu como uma "provocação" a convocatória de Bruno vale, à data guarda-redes da equipa B do Porto, para o Euro-2004.
Pensei: "Mas que mal fiz a este homem para ele me estar a fazer isto?" Certamente com um futuro brilhante à sua espera, ele não deixava de ser o terceiro guar-da-redes do FC do Porto e nem sequer tinha sido uma única vez chamado à selecção principal. De repente aparece assim... Nem foi só comigo, acho que foi uma surpresa para todos os guarda-redes da Primeira Divisão.
Scolari voltou a insistir nele (entretanto substituído pelo Paulo Santos devido a lesão), no Quim e no Ricardo. Eles são melhores guarda-redes do que o Vítor Baía? Quem é o melhor guarda-redes de Portugal?
O que posso dizer é que, por muito respeito que me mereçam todos os guarda-redes portugueses, o meu termo de comparação nunca esteve em Portugal.
Quem é o seu termo de comparação?
O meu termo de comparação é o querer estar ao nível dos melhores do mundo. Nunca me preocupei com A, B ou C...
Estamos a falar de quem? O Preud'Homme? o Schmeichel?
Todos. É conseguir estar entre os melhores do mundo. É chegar a ser o melhor guarda-redes da Europa. Ser o melhor! E isso já consegui. A questão nacional para mim era um tema menos importante.
Considera-se então o melhor guarda-redes português?
Não me está a ouvir dizer isso, pois não? Nem nunca me vai ouvir dizer isso.
Estou-lhe a perguntar.
Respondendo à questão como estou a responder, respondo a tudo. Desde que comecei a minha carreira como sénior aos 18 anos quis sempre estar entre os melhores do mundo e demonstrei-o, não de letra, mas em campo, conquistando títulos importantes e sendo considerado pelas maiores entidades ao nível da Europa como o melhor. Não vou dizer que sou o melhor guarda-redes português porque sou logo criticado: "É pá, parece mal estares a dizer que és o melhor". Tenho de dizê-lo por portas travessas. É o país que temos.
Continua a deter o recorde da invencibilidade, não é?
1192 minutos em 2004. É obra. E custou bastante.
E desde 2004, quando conquistou o seu 27.° título, a Taça intercontinental - agora já tem 29 com o Campeonato e a Taça de Portugal deste ano -, tornou-se o futebolista com o maior número de títulos de sempre.
E ainda estou em actividade.
E, simultaneamente, passou a ser um dos oito jogadores do mundo que têm os três títulos europeus e a Taça intercontinental, e é o único português com as três taças europeias.
Da minha geração sou o único com esses quatro títulos. E há uma que ganhei mas não faço uso disso porque como estava lesionado nem sequer me sentei no banco; mas fomos todos convocados e se for ver os jogadores que ganharam a Supertaça da Europa pelo Barcelona, está lá o meu nome. Se a reivindicasse até era o único jogador no mundo com todas as taças.
O único título que lhe falta é com a camisola das Quinas. Para obter a titularidade no Porto teve de falhar o Mundial de Riade, invocando uma lesão.
O clube era obrigado a deixar-me ir a não ser que estivesse lesionado. E naquela altura não havia mais nenhum guarda-redes no FC Porto porque o Zé Beto estava castigado e o Mlynarczik lesionado.
Se o pudesse ter escolhido...
Escolhia o clube e depois o tempo veio a dar-me razão, porque tive uma oportunidade que podia ser única porque, na altura, apostar num guarda-redes com 18 anos era uma utopia. Só alguém com muita coragem e uma mentalidade completamente diferente do normal é que o faria. Artur Jorge foi essa pessoa.
Viu o jogo de Riade? Que sentiu?
Vi. Alegria. Vibrei com aquilo como se lá estivesse. Mas depois comecei a lembrar-me "Eh, eu podia estar ali também". Imagine a confusão que ia na minha cabeça.
Ficou dividido.
Fiquei, mas acabei por aceitar. Não tinha de lá estar.
Conquistar títulos é o que o faz correr?
Essa é a única forma de demonstrar o meu valor e de responder às pessoas que possam não ter uma opinião muito favorável - porque vivemos num país livre e eu não tenho de agradar a toda a gente. Não vou à procura de justificações para situações menos boas que me possam acontecer - a culpa é do vizinho, do sol, da água, da bola... nunca entro por aí - e tenho muito orgulho em ser assim, ou seja, assumo sempre as minhas responsabilida-des. É um erro tremendo irmos para a imprensa lutar contra tudo e contra todos, e falar mal de tudo e de todos. Só há um local onde podemos responder a tudo o que possa vir de menos bom: dentro do campo. E como? Ganhando títulos. Só assim conseguimos perpetuar um nome e uma carreira.
O que será uma boa classificação para Portugal neste Mundial?
Para uma Selecção o principal é a primeira fase, é uma barreira. Passada a primeira fase, qualquer equipa pode ser campeã do mundo. Depois é a eliminar e a partir daí tudo pode acontecer, porque há vários factores que pesam e nem sempre a que tem mais qualidade ganha. Desejo toda a sorte do mundo à Selecção e que cumpra os objectivos.
Vai ao Mundial a título pessoal ou como comentador de uma televisão, como aconteceu no Euro-2004?
Não. Vou estar o tempo todo de férias. Tive muitos convites para o fazer mas prefiro estar a descansar e tranquilo.
E se Portugal chegar à final vai assistir?
Não. A Alemanha não faz parte do meu itinerário de férias. Mas irei torcer por Portugal.
No Porto também tem estado no banco, sempre que Helton está operacional o treinador, Co Adriaanse, opta por ele.
Opções. Há que respeitar. É a mesma situação: respeito, mas posso não aceitar. No entanto, faço tudo para que o meu colega tenha todas as condições para poder jogar ao seu melhor nível. Não chego lá e crio mau ambiente, ou deixo de cumprimentar ou falar com o meu colega. Antes pelo contrário. As pessoas são diferentes. Eu sou assim. É a minha maneira de ser e orgulho-me disso. Ser diferente é algo que também me dá um prazer tremendo. As pessoas dizem: "Mas és diferente porque és mesmo ou é só aparência?" Sou diferente porque sou mesmo. As coisas saem-me com naturalidade. Não preciso de estar a fazer fretes, a fazer de conta que sou bom para, por trás, andar a minar tudo e todos e a fazer jogo sujo. Tem a ver com a minha educação, o meu crescimento e a minha maturidade. E o "mister" Adriaanse tem sido correcto. Tem as suas opiniões e demonstra-as duma forma frontal e educada. Respeito e posso aceitar ou não - mas isso já é um problema meu.
É uma espécie de regra um guarda-redes jogar na Liga e o outro na Taça...
Não é uma regra obrigatória, depende do treinador. Tinha a esperança de que poderia jogar a final da Taça de Portugal.
Ele disse-lhe a razão de não jogar a final da Taça?
O que o treinador fez, duas vezes, foi agradecer-me a minha postura, a minha ajuda, tudo o que tenho feito por ele, pelo clube e pelos meus colegas. Disse-me isto depois do jogo com o Penafiel, no qual nos sagrámos campeões, e depois da final da Taça de Portugal.
Tem contrato com o Porto por mais uma época. Se continuar no banco, admite seguir as pisadas do seu amigo Jorge Costa e ir para o estrangeiro?
Neste momento, o meu principal objectivo é cumprir o meu contrato. O meu pensamento não é de um jogador acomodado, longe disso, nem nunca poderá ser. Não está predefinido na minha mente que não vou jogar,mas sim que vou jogar quando regressar ao trabalho a 10 de Julho. Tenho a humildade de assumir e saber que sou o número dois. Mas na minha mente só há uma ideia: ser o número um e voltar a jogar. Ou seja, vou trabalhar e lutar para ser o número um, como se estivesse agora a começar a minha carreira. As pessoas pensam: "Mas este gajo é maluco. Então já ganhou tanto, já não precisa disto para nada e pensa como se ainda fosse um miúdo?" Mas esta é a minha forma de estar no futebol e na vida. Não estou acomodado a 29 títulos.
Deixar o Porto não é uma porta fechada...
Exactamente. Não vou estar a dizer que nunca irá acontecer isso porque não sei. Se tiver de seguir a minha vida, seguirei sem qualquer problema.
Da última vez que Pinto da Costa renovou o seu contrato e o do Jorge costa, ele disse que gostaria de continuar a contar convosco "na casa", mas provavelmente já não como jogadores.
Há sempre lugar no clube para jogadores que marcaram e fizeram tudo pelo clube.
Na equipa técnica?
Isso é uma suposição. Sentimos que as pessoas nos têm no coração porque é uma vida dedicada a uma causa, porque o FC Porto acaba por ser uma causa à qual nós só não damos aquilo que não podemos dar. Ficamos sempre completamente sugados de cada vez que temos de lutar por este clube.
Uma coisa é certa: tem azar com os treinadores holandeses porque no Barcelona teve graves problemas com Van Gaal.
Sim, mas penso que é coincidência, porque Co Adriaanse não tem nada a ver com o de Barcelona - esse faltou-me ao respeito. Aquilo foi assim: "Não gosto de ti porque não gosto de ti." E assim não havia nada a fazer. Porque ele dizia aos amigos que eu era o melhor guarda-redes que ele tinha. É maldade.
Mas tiveram alguma discussão?
Só tive uma discussão com ele - e grave - quando vi que não estava a ter uma oportunidade apesar das coisas não estarem a correr bem para o meu colega. Fui confrontá-lo com o que ele me tinha dito: que eu iria lutar de igual para igual. E ele diz-me: "O outro tem de estar muito, muito mal para tu jogares". Isto é brincar comigo, isto é maldade! Perguntei-lhe: "Você quer mesmo que eu me vá embora, não é?" Ele ficou a olhar para mim e não respondeu. Disse-lhe: "Olhe, o seu silêncio..."
Apesar de ter terminado mal a sua passagem por Barcelona começou da melhor maneira: em 1996, os seis milhões de euros da sua transferência tornaram-na na mais cara de um guarda-redes. E foi recebido apoteoticamente, até encheu a casa de electrodomésticos a troco de autógrafos.
Foi a primeira e última vez, porque aquilo foi de loucos. Tiveram de chamar a polícia e interromper o trânsito numa avenida enorme. Baixei a cabeça, meti-me no meio das pessoas e comecei a correr para a loja. Quando repararam que era eu, desataram a correr atrás de mim, mas consegui entrar na loja e salvar-me. Estive das sete da tarde à meia-noite a dar autógrafos.
Nem o Vítor tinha noção da sua popularidade...
Não. Pensava que era apenas uma figura nacional e, afinal, naquela altura já era uma figura internacional. Tinha muito a ver com o facto de já ter feito muitos jogos da Liga dos Campeões. E, a certa altura, os "media" espa-nhóis, nomeadamente os cata-lães, não sei como nem porquê, fizeram de mim um "sex symbol". Isto teve um impacto tremendo na comunidade feminina, e primeiro que eu conseguisse passar a mensagem de que era um homem casado e tranquilo... Aquilo era incrível: ia na rua e as miúdas começavam aos gritos e a chorar, atrás de mim... Pensava: "Isto não me está a acontecer". Via-me aflito para fazer as coisas que um cidadão normal faz, como ir ao cinema. Aqui em Portugal toda a gente sabia que eu era um homem de família...
Sim, mas em Portugal também é considerado o primeiro "sex symbol" do futebol nacional, o nosso Beckham...
Sim, mas lá teve uma repercussão tremenda.
Aqui não o abordam?
Abordam-me, dou autógrafos, mas é por simpatia...
Mas tem uma legião feminina de fãs.
Não sei, ouvi dizer que sim (estou a brincar). Cá não têm aquele tipo de manifestação.
São mais comedidas?
Controlam-se mais. Em Barcelona chegávamos ao aeroporto e era um caos, a polícia tinha de fazer cordões humanos até ao autocarro... Não era só comigo, era com todos os jogadores, púnhamos a cabeça de fora e as miúdas começavam a chorar e aos gritos... Era tipo uma "boys band" ou até os Beatles. Agora acontece o mesmo, se perguntar ao Deco como é quando vai a sítios públicos ele diz-lhe que é igual.
Depois do desaire de Barcelona regressa ao Porto e renasce para o futebol com José Mourinho. Considera-o o melhor treinador que teve, mas também foi com ele que viveu o seu único grave problema disciplinar. Não gostou que ele questionasse uma lesão sua, ele acusou-o de dar uma entrevista sem autorização do clube. Estas regras fazem parte dos vossos contratos?
No início de cada época é-nos entregue uma norma interna onde vêm as nossas próprias regras.
É nessa norma que aparecem as regras de relacionamento com a imprensa, um tema tão sensível no futebol?
Aparece tudo: as saídas nocturnas, a que horas temos de estar em casa... Por isso é que não se vê muitos jogadores do FC Porto, durante a época, na noite, e os que saem têm o castigo imposto pelo clube. Tem a ver com uma organização, com uma forma de viver do clube, se calhar, diferente de todos os outros.
Não lhe parece que os clubes fazem da comunicação social um bode expiatório dos problemas? São a única entidade colectiva a fazer "black-outs", a cortar relações com jornais... Nos "black-outs" o Porto é campeão.
Só temos pena dos "black-outs" pelos nossos adeptos, porque gostariam de estar mais informados e de ouvir os seus ídolos falar. De resto, não nos arrependemos porque têm a ver com as injustiças de que somos alvo.
E os "black-outs" resolvem esse tipo de problemas?
A nós tem-nos resolvido. Porque andamos tranquilos. Deitamos tudo lá para dentro, e as pessoas pensam que ficámos afectados com as críticas e a pressão negativa que exercem sobre nós, e é precisamente ao contrário.
Nunca se sentiu cortado na sua liberdade como cidadão?
Não, porque faz parte da nossa cultura e não somos obrigados a nada. Não estamos num tempo de ditadura. Os "black-outs" são propostos quer pela direcção, quer pela equipa técnica, quer pelos jogadores. Depois tanto pode ser aceite como não. E só se faz quando há unanimidade, porque se houver alguém que seja contra, já não fazemos. Vivemos em democracia.
Se assim é qual a razão por que há jogadores que furam os "black-outs"?
Ninguém fura os "black-outs" no FC Porto.
Um dos principais factores de pressão no futebol são as claques dos clubes. No Porto tem havido alguns casos complicados nos últimos tempos: as ameaças de morte a Mourinho, uma emboscada ao carro do actual treinador, jogadores que sentiram necessidade de contratar segurança privada, etc. Comportamentos violentos que são tranquilamente assumidos pelos líderes das claques, inclusive em declarações à comunicação social.
É o lado negativo, o lado que não queremos e contra o qual lutaremos, por parte de claques.As claques também têm um lado positivo: a forma como nos apoiam, indo connosco para todo o lado, e é isso que queremos delas. Depois há um outro lado que me custa explicar, porque não estou no meio deles, e que tem a ver com cada um: com o seu ideal, com aquilo que cada um quer da sua vida.
Há uma certa tolerância dos clubes para com esses aspectos negativos.
As claques já fazem parte duma indústria, são rendibilizadas, têm rendimentos e já são geridas como empresas. Ou seja: já não é propriamente o amadorismo ou o correr por gosto, também têm as suas compensações, e por isso o tema é complexo, porque há ligações clube-claque, há coisas que escapam a toda a gente e que, no fim, se torna difícil de explicar.
Já foi alvo de alguma situação?
Não. Se calhar outros colegas meus não o podem dizer, mas eu, pessoalmente, não posso falar mal de ninguém: não posso falar mal da claque, não posso falar mal dos seus líderes, não posso falar mal dos adeptos do FC Porto, antes pelo contrário, porque para comigo têm sido extraordinários.
O futebol é fértil no campo das ligações perigosas, o que espera do processo "Apito Dourado"?
O que esperam todos: que a montanha não vá parir um rato. Muita gente já foi julgada na praça pública e, pelo que me é dado a entender, algumas delas, nomeadamente o meu presidente, sem ter sido provado. Isto é algo inaceitável: a condenação pública antes da saída da sentença final. E no futebol há um aproveitamento mediático muito grande disso como forma de atingir pessoas. Até ao momento, as pessoas foram todas ilibadas porque as suspeitas eram infundadas.
Porque o futebol é a única modalidade a estar permanentemente sob suspeita?
Porque é uma estratégia dos clubes para encobrirem o insucesso das suas equipas, as más contratações, maus treinadores...
Estratégia como?
Porque assim desviam as atenções. Se falamos da arbitragem, não vamos falar que os jogadores foram mal escolhidos ou a época mal planificada. E o Zé Povinho só se agarra a isto. O dirigente que queira desviar as atenções da má política do seu clube fala dos árbitros.
É uma estratégia na qual inclui oseu clube e o seu presidente?
É uma estratégia que está enraizada na cultura do dirigismo português, em todos os clubes de "top". E depois isso é alimentado pela imprensa. É uma cultura do país.
E qual a razão de ninguém chamar os bois pelos nomes e todos falarem do sistema...
Porque não há provas.
O que é "o sistema"?
"O sistema" é imaginário para justificar...
Octávio - o técnico que popularizou "o sistema" - passa a vida a ameaçar "é hoje que digo..."
Mas ninguém diz nada porque ninguém tem nada para dizer. E ninguém tem nada para dizerporque ninguém tem provas de nada. A única situação em que disseram que tinham provas ainda não conseguiram provar nada: a do "Apito Dourado".
Não há fumo sem fogo...
Não concordo. Basta-me já ter sido alvo de boatos e invenções para não poder concordar com essa teoria.
Ainda a pressão: o que tanto gritam os guarda-redes na baliza?
As pessoas têm uma opinião favorável a meu respeito, dizem "este menino é uma pessoa bem educada" e se eu fosse a contar...
Mas na televisão dá para uma ter uma ideia...
Ê assim: a minha vida fora do futebol não tem nada a ver com aquilo que sou ali dentro em termos de linguagem e de postura. Porque em campo acabamos por
ter leis diferentes, aquilo torna-se uma arena onde ganha o melhor e o mais forte. E eu quero ser o mais forte e vencer.
Portanto, transforma-se quando entra em campo...
Transformo-me porque quero ganhar. Mas não a todo o custo. Fazer batota e ser trapaceiro não tem nada a ver comigo. É duma forma agressiva? Sim, na maneira como comando a minha equipa.
O que leva para o campo?
Nada. Só o meu equipamento.
Tem algumas superstições?
Não. Tenho a minha fé, mas não tenho ritual.
Usa um termo habitualmente conotado com a religiosidade para descrever o seu gosto pelo lugar de guarda-redes: "chamamento". Porquê?
Era um gosto anormal naquela altura, porque todos os miúdos fugiam da baliza. Todos queriam jogar à frente... Aliás, naquela altura punha-se na baliza quem tinha menos jeito para jogar à frente. Mas eu desde logo fixei-me naquele lugar e nem queria saber de jogar mais à frente. Depois de tantos anos, ao fazer uma retrospectiva sinto que nasci com um dom especial.
"Dom" foi a palavra que a sua irmã Lurdes usou para demover o seu pai quando ele reagiu mal ao seu abandono dos estudos, no 11° ano.
Não conseguia conciliar o futebol com os estudos. Foi complicadíssimo porque a reacção do meu pai foi bastante agressiva. Ao ponto de ele ter dito que fizesse as malas e saísse de casa. As mulheres da casa impuse-ram-se e disseram-lhe, primeiro a minha irmã e depois a minha mãe, que se eu saísse elas saíam comigo. Ele acalmou-se, reflectiu e agora o meu pai é o meu maior admirador.
E tornou-se num portista ferrenho, ficando para trás o amor ao Benfica, que, aliás, lhe havia transmitido. No seu caso, foi o seu primeiro treinador, ainda na Académica de Leça, Fernando Santos, que fez de si um "dragão". No gosto pelo clube mas não só... Ou poderia ser hoje economista como a sua irmã.
Um "olheiro" do Porto foi-me ver e ao Domingos, tínhamos uns 12 anos. O Domingos esteve bem e o guarda-redes da outra equipa brilhou, mas a mim quase não me viu defender. Ele disse ao Fernando Santos para levar o Domingos e o outro rapaz ao Porto, mas ele decidiu que ia eu, sem dizer nada a ninguém.
Mas quando passou de júnior para sénior, uma tromboflebite quase acabou com o seu sonho.
Foi na fase final do Campeonato de Juniores. Acordei com o braço direito pesado e adormecido. Era uma tromboflebite e ainda estive internado quase dois meses. Mas por causa disso não fui emprestado ao Famalicão e acabei por fazer a minha estreia na baliza do Porto, porque não havia mais ninguém disponível.
Como é que chegou de rapaz filho de um guarda-fiscal e de uma doméstica a dono de um carro milionário, o seu Mercedes McLaren?
Não falo desse tipo de questões, mas vou abrir uma excepção. Custa-me a compreender que jornais tenham feito primeiras páginas sobre isso, quando, se calhar, a nível nacional, os jogadores são das pessoas que mais solidariedade fazem. Tenho uma fundação que sobrevive maioritariamente com o meu dinheiro. E vêm-me agora falar de um carro e de luxos desnecessários?! Não posso, depois de tantos sacrifícios, cometer um excesso e comprar o carro dos meus sonhos?!
O que lhe falta fazer?
Tanta coisa! Por exemplo, dar seguimento a uma obra de que muito me orgulho, que é a Fundação Vítor Baía 99.
Quantas crianças já ajudou?
Muitas. Temos dois anos de existência, e é algo de que muito me orgulho. Outros projectos logo se verá...
Vê-se um dia sentado na cadeira da presidência do clube?
Oh, não...! Acredito que o presidente do FC Porto só sairá da presidência no dia em que deixar de existir, que eu espero que seja daqui a muitos anos. Por isso, enquanto o meu clube tiver um presidente como o que tem, isso nem me pela cabeça.
Pinto da Costa diz que o vê como um irmão mais novo, adoptivo. E o Vítor vê-o como um irmão mais velho ou como um pai?
Como um amigo. Mas não misturo as coisas. Ele é o meu presidente, o meu chefe e terá sempre o meu respeito, tal como ele vê em mim aquele jogador que só não dá o que não pode.
A verdade... vem sempre ao de cima
Ruy Carlos Ostermann é o homem que escreveu a biografia de Luiz Felipe Scolari, logo após a conquista do Campeonato do Mundo pelo Brasil, em 2002. Encontrámo-lo ontem na sala de Imprensa de Berlim, antes do jogo dos canarinhos. Não parece ter 71 anos. É simpático, muito acessível e até perguntou se os portugueses tinham apreciado o seu livro. "Gosto sempre de saber se consegui passar a mensagem que eu e ele desejávamos", afirmou, com um sorriso tipicamente brasileiro, enquanto bebia um café.
Contou muitas histórias sobre a carreira de Scolari no Brasil e em Portugal. Houve uma que despertou imediatamente a curiosidade. "Eu sei que ele não é amado por todos no vosso país. Por exemplo, os adeptos do F. C. Porto começaram a gostar pouco dele a partir do momento em que recusou convocar Vítor Baía. Mas, se calhar, essa não foi uma decisão dele, mas sim da Federação Portuguesa de Futebol. Eu sei que todos os responsáveis da FPF negam isso mas um dia a verdade virá ao de cima", sublinhou.
E acrescentou "Toda a gente sabe do que estou falando. Scolari foi contratado com a missão de efectuar uma grande mudança no futebol português porque o outro Mundial tinha sido um fracasso. E foram-lhe feitas, desde logo, algumas exigências. Havia gente que não era confiável desportivamente. O Ricardo é um óptimo guarda-redes e dá também muitas garantias", recordou, com ar cúmplice, sem tocar mais no nome do guarda-redes do F. C. Porto.
Mas alguém tinha dúvidas? Eu, pelo menos, nunca as tive !!!
Ele foi RISCADO da Selecção Nacional a partir do momento em que aceitou ser testemunha de defesa do anterior técnico da Selecção, António Oliveira, no contencioso entre este e a Federação Portuguesa de Futebol sobre a legalidade do despedimento por justa causa após o Mundial de 2002.
Por isso digo e repito as vezes que foram necessárias, porque a mim, ninguém me cala…