Foi um fim-de-semana sensaborão, este que nos trouxe o regresso da Selecção das quinas. Não me interpretem mal. O meu sentido patriótico e de apego às cores lusas continua intacto. Mas fim-de-semana sem a competição máxima nacional, com o Porto envolvido, não tem o mesmo sabor. Com a turma de Carlos Queiroz a braços com dificuldades inesperadas no apuramento desejado para o Mundial africano, os azuis e brancos encararam esta paragem como uma pausa retemperadora, permitindo a recuperação de alguns atletas lesionados.
Na turma das quinas, destacou-se a boa prestação de Raul Meireles, imprescindível para o seleccionador, e mais uma exibição imperial de Bruno Alves, continuando a fazer salivar de vontade os colossos financeiros europeus. Actualmente, o central portista é detentor de uma plêiade de qualidades que o alcandoram a uma elite, onde poucos permanecem. Atleticamente possante, com uma sobrenatural capacidade de salto, permitindo-lhe dominar amplamente o espaço aéreo, o central portista tem vindo a consolidar outras vertentes onde era, manifestamente, deficitário. Mais calmo, controla o jogo de forma omnipresente, quase evitando o recurso fatídico à falta. E, pormenor de somenos importância, aperfeiçoou as aptidões técnicas, evitando que a bola se tornasse num corpo estranho. Ao invés, é cada vez mais evidente a empatia com o couro, como demonstra aquele centro cirúrgico, que permitiu ao “lusitano” Liedson sentenciar a partida com os húngaros.
Propositadamente mantido longe da ribalta mediática nacional [como iria a corja bajuladora elogiar, quando procura denodadamente transformar Bruno Alves numa espécie de “Neandertal” caceteiro?], mas com um enorme cartel, fora de portas, Bruno Alves continua a ser peça imprescindível no esquema táctico portista. Esperemos que por muitos e bons anos.
O final de um ciclo exigente de jogos manteve os portistas na senda das vitórias. O percalço em Braga, aparentemente, não passou disso mesmo. De uma mera partida do Destino. Na mais elitista prova de clubes, a nível europeu, os pupilos de Jesualdo rectificaram o desaire da ronda inicial, vencendo o Atlético de Madrid, numa partida, já aqui dissecada, eminentemente táctica, com poucos momentos de bom futebol, transformada numa espécie de jogo de xadrez calculista, com ambos os contendores a pouco arriscarem. A vitória, sofrida, teve o momento alto na obtenção do golo inaugural. Uma obra-prima, desenhada com o génio de Falcao, num revivalista golo de calcanhar que nos fez a todos relembrar o mágico momento de 1987: aquele exacto instante, gravado de forma indelével na memoria colectiva, quando um argelino calou a arrogância germânica num golpe similar. Madjer e Falcao. Dois estrangeiros, de características técnicas distintas, mas dispostos a reivindicarem o seu espaço na secular história do clube. Um já lá mora, como exemplo maior de um atleta de eleição. O outro, chegado este ano, procura a cada jogo [com]provar as imensas qualidades de que vinha referenciado.
Ao contrário da época passada, onde os jogos longe da Invicta eram vencidos, de forma categórica, este ano os azuis e brancos têm experimentado dificuldades inesperadas, como comprovam o empate em Paços e a derrota no Minho. Por isso, a viagem até Olhão representou bem mais do que 3 pontos. Foi o ponto de viragem, na temporada, representando a retoma do equilíbrio que se pretende numa equipa [ainda] em construção. Distante da explosividade atacante da temporada do tetra, Jesualdo tem vindo a tecer, como bom artesão, as linhas que permitirão a construção da roupagem para o Penta. A equipa, longe de carpir mágoas pela orfandade de Lisandro e Lucho, tem manifestado no intenso trabalho a solução ideal para encontrar a resolução da química para o que se pretende de um plantel azul e branco: coesão, disciplina táctica, competitividade elevada e, claro, vitórias. Com Falcao agora eleito uinafigura máxima na adoração dos fiéis adeptos, Belluschi tem crescido, longe de adulações prejudiciais. Paulatinamente, o argentino começa a mostrar os refinados dotes de tecnicista, seja na abundante participação no ataque, através de refinados passes para golo, ou na difícil tarefa de gestão das transições, administrando convenientemente os ritmos de jogo. Com uma defesa impenetrável, um meio-campo que conta com a habitual regularidade de Fernando e com Meireles a aproximar-se dos índices físicos e psicológicos que lhe permitirão a interpretação do seu papel de general, voz de comando das tropas, o tempo promete trazer alegrias incontidas aos adeptos portistas. Estamos na luta e, mais importante, prestes a tornar-nos numa espécie de pior pesadelo da turba encarnada.
Ora nem mais Paulo, fds com futebol, mas sem FCP, não tá memo com nada... nada de nada, fosgasse.
ResponderEliminarO que vale, é que agora, tão à porta 4 joguinhos de rajada em pleno Dragão... vai ser Dragão non-stop nas próximas 2 semanas e mai'nada!!!
Ainda que (mais uma vez) lentamente, tamos lá em cima no topo... e prontos para iniciar ritmos de velocidade supersónica para o já habitual ritual, mas nunca cansativo... do «soma e segue», e mai'nada!!
Por falar em selecções:
ResponderEliminarhttp://www.ojogo.pt/25-237/artigo826927.asp
Vamos ter capas do Rascord com o Maradona a dizer que o Bolatti é muito importante para a Argentina?!
Não sei se conseguiremos segurar o Bruno Ãlves assim tantos anos como desejas (desejamos). Seria bom.
ResponderEliminarPentabraço.
Um bom artigo do P.Pereira com o qual estou de acordo, embora no que respeita ao Bruno, ache que lhe falta o saber sair a jogar que encontramos por exemplo, no R.Carvalho.
ResponderEliminarQuanto à capacidade para o segurar ou não: às vezes é melhor saírem no tempo certo que depois se transformaram num problema- isto serve para o Bruno, mas também para todos os outros.
Um abraço
Paulo:
ResponderEliminar«Estamos na luta e, mais importante, prestes a tornar-nos numa espécie de pior pesadelo da turba encarnada»
É este o destaque faço à tua crónica, pois a forma como a encerras é deliciosa e representa tudo o q sinto nesta altura. Também estou confiante. Vamos ao penta!
B Alves esteve bem na selecção, e apesar dos marroquinos tentarem encobrir, é sem dúvida um central de elite. Quanto à sua saída estou com o Vila Pouca... no momento certo, nem antes, nem depois!
ResponderEliminarEspero que esta paragem nos seja benéfica, pois há que aproveitar o calendário que os nenucos vão ter, com saídas ao Braga e isporti.
Vou ser um bocado do contra,mas se não são estes fins de semana de calmia dou em doida,melhor,ainda me dá uma taquicardia ou coisa que o valha.Não que o Porto me obrigue a estar constantemente ligada às máquinas,mas parece que cada vez mais tenho dificuldade em controlar a ansiedade.
ResponderEliminarMas venha lá o futebol...do Porto!
Depois de esta paragem, o tempo agora é de vermos novamente o FCP, ate nova paragem no campeonato. Boa revista, Paulo, feita aquilo que foi os ultimos jogos do campeao. E pegando um pouco pelo incio da cronica, que refere a Selecção, faço a ponte para Vitor Baía, que hoje está de Parabens! Hoje vemos um baliza da seleçao despidade de um grande GR e sem um nome sonante no panorama nacional que a possa ocupar. Fica claro que Baía foi e será sempre o Grande GR da Selecção Nacional.
ResponderEliminarPara mim, o melhor jogador que alguma vez vi passar no FCP, o melhor GR do mundo, da europa, de portugal.
Quanto ao jogo da Taça, é bota a moer para cima deles, golos, golos e mais golos..sem tirar o pé do acelerador. Vai estar lotaçao esgotada. Venha o espectáculo a sério, já temos saudades dele.
Abraço