20 abril, 2010

capas da imprensa

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4 comentários:

  1. Um por todos...

    É quase obscena a quantidade de vezes que se fala na necessidade de motivar jogadores de futebol que ganham dezenas de milhares de euros todos os meses para jogarem à bola. Afinal, uma boa parte de nós até paga para desfrutar de uma futebolada com os amigos, e a imensa maioria dos portugueses encontra motivação suficiente para trabalhar todos os dias na simples necessidade de pagar contas ou na menos simples ameaça de desemprego. Mas os jogadores de futebol são especiais. Precisam de se sentir motivados. Ora, depois de quatro anos consecutivos a ganhar os jogadores do FC Porto dão por eles fora da corrida pelo título a três jornadas do final do campeonato, o que poderia representar um desafio em termos de motivação para o que resta de temporada. Um desafio ultrapassado em larga medida por Falcao; o avançado colombiano não desiste da luta pelo título de melhor artilheiro do campeonato e não deixa os companheiros desistirem de o ajudar a consegui-lo. E o resultado disso é um FC Porto motivado para jogar bem e marcar golos.

    Jorge Maia n' O Jogo.

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  2. Do Taguspark ao Annapurna

    1 Nós, portistas, pertencemos a um grande clube: carregando o título de tetra-campeões, habituados que estamos a ganhar como ninguém mais nas últimas décadas e, arredados deste título, despedidos da Champions, humilhados na final da Taça da Liga e até já afastados da próxima edição da Champions (a não ser por via de um milagre), ainda conseguimos meter 20.000 num dia de semana no Dragão para assistir à meia-final da Taça, que já estava práticamente resolvida, e quase 30.000 quatro dias depois, para um jogo do campeonato, disputado 24 horas depois de se saber que o Braga havia ganho e, com isso, tinham morrido as ilusões de ainda poder lutar por um lugar na próxima edição da principal competição europeia. Porquê? Porque queremos ver o Falcao como melhor marcador da Liga, porque tínhamos saudades de ver o Hulk jogar e… porque gostamos de futebol e já só temos mais quatro ocasiões para ver a nossa equipa, antes que o pano desça sobre esta época triste.
    Porque, quanto ao resto, já ninguém alimenta dúvidas: vamos ganhar a Taça, pese ao respeito que deve merecer o notável Desportivo de Chaves, que trouxe Trás-os-Montes ao Jamor. E acrescentaremos isso à Supertaça e a uma mais do que razoável presença nos oitavos-finais da Champions — que teria sido bem mais grata se não tem acabado com o massacre de Londres. Mas, o que nada nos pode consolar é deste tão pouco habitual terceiro lugar no campeonato — onde a equipa que nos vai ficar imediatamente à frente é formada, numa terça parte, por jogadores dispensados ou emprestados por nós. Arrancámos tarde na recuperação (assim que o Hulk foi liberto das garras do CD) e nem Benfica nem Braga cederam. E, agora, «les jeux sont faits»: o Benfica será campeão e o Braga irá tentar a improvável qualificação para a fase final da Champions. A nós, resta-nos a Liga Europa e a lição a extrair dos erros cometidos esta época.

    2 Num artigo que me pareceu bem informado, o Diário de Notícias escreveu que a direcção do FC Porto «já decidiu quem são as estrelas transferíveis no final da época: Bruno Alves e Raul Meireles». Todos os outros, acrescenta o jornal, apenas serão transferíveis pela cláusula de rescisão. Com uma excepção notável: Hulk, cuja cláusula de rescisão é para inglês ver. Se a informação está certa, quer isto dizer que, tirando o Varela, que está lesionado, e o Álvaro Pereira e o Falcao (as únicas boas aquisições do último defeso), a SAD azul e branca está pronta a vender os outros jogadores que têm valor no mercado que interessa: Bruno Alves, Raul Meireles e Hulk.

    Mas, como Pinto da Costa disse há dias que vai «engordar» e não «emagrecer» o plantel, isto aponta (se a notícia do DN está certa), para que o emagrecimento se faça onde não convém e a engorda onde não é recomendável. Ou seja, e como habitualmente: sairão dois ou três dos que interessam e ficarão todos os que não interessam- nem a nós, nem, obviamente, aos grandes clubes que pagam o preço pelo qual vale a pena vender. Depois, e se também se seguir a regra habitual, entrarão mais uma dúzia — dos quais dois serão bons ou aproveitáveis e o resto paisagem. E assim se engordará o plantel e a inimaginável folha salarial do clube, responsável pelos défices acumulados e pela necessidade, todos os anos repetida, de vender os bons jogadores para poder pagar aos maus. Oxalá, desta vez me engane, porque este filme já o vimos demasiadas vezes. E o que eu sei é que o Lisandro e o Cissokho estão nas meias-finais da Champions e o Lucho está à beira de ser campeão de França pelo Marselha, após dezoito anos de jejum…

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  3. 3 Creio que não haverá mais do que três portugueses que acreditam, ou fingem acreditar, que Luís Figo é um notável inocente no negócio da Taguspark e da campanha eleitoral do PS, de que ele foi a peça central de toda a engrenagem. São eles José Sócrates, João Bonzinho e a magistrada do Ministério Público que acaba de deduzir acusação criminal contra todos os envolvidos, excepto Luís Figo.

    José Sócrates, perguntado (há dois meses atrás) se os contornos do negócio que então já eram conhecidos não apontavam para um caso de utilização de dinheiros públicos para o financiamento da campanha do PS, declarou, ofendido, que «isso é uma infâmia! O Figo é um dos heróis da minha geração e o seu apoio foi totalmente desinteressado». Ele, pois, jurou acreditar que Figo (que, todavia, se declarara há tempos simpatizante da direita), afinal e em Outubro passado, teve um súbito rebate de consciência socialista. Para o qual, obviamente, em nada contribuiram os 750.000 ou 2 milhões de euros (na versão do Ministério Público) que a Taguspark lhe pagou. Que foi isso e só isso, esse rebate de consciência cívica, que o moveu a dar uma oportuna entrevista ao Diário Económico, com um rasgado elogio à governação de Sócrates (entrevista essa enviada previamente para aprovação do destinatário do elogio ou do seu staff de campanha) e a comparecer a um muito mediatizado pequeno-almoço com o PM, mesmo no final da campanha eleitoral.

    Tudo não teria passado, como explicou João Bonzinho, de um banal contrato de publicidade ou venda de imagem, coisa que ele faz habitualmente. Embora, neste caso, excepcionalmente bem pago, a troco de um simples filme de publicidade, filmado numa tarde e jamais utilizado, e do compromisso de, uma vez por ano e durante três anos, comparecer em eventos públicos da Taguspark. Tudo pago por uma empresa com 100% de capitais públicos e a uma off-shore de que Figo é titular — sem impostos nem outros inconvenientes.

    Também a delegada do MP, não querendo incomodar o cidadão Luís Figo — a quem, segundo João Bonzinho a Pátria tanto deve — conseguiu construir uma tão elaborada tese jurídico-penal que mesmo quem tem formação juridica vê-se às aranhas para tentar entender. Em resumo, ela descobriu um crime de corrupção em que os corruptores passaram a corrompidos, o corrompido passou a testemunha e assim ficou o crime de corrupção… sem corruptores. Uma originalidade, assaz imaginativa. E fundada, segundo ela, na crença que teve de que Luís Figo ignorava que a Taguspark fosse uma empresa pública: ignorava ele, o seu agente, o seu advogado, etc, etc. Todos, segundo o MP, acreditaram piamente que uma empresa que se dispunha a pagar 750.000 a 2 milhões de euros em troca dum pequeno almoço com Sócrates, e de um par de horas de filmagem no mesmo dia, podia ser, vejam lá, uma empresa privada, sem nenhuma relação com a política e agindo apenas, e tal como o próprio Figo, por um desvelado amor à Pátria e à governação de José Sócrates!

    Eu penso que, de facto, não havia por onde incriminar Luís Figo. E não havia, porque ele, não sendo funcionário público nem sujeito a tutela pública, nunca poderia ser o «corrompido» de um crime de corrupção. Simplesmente, vendeu a imagem e, desta vez, não foi à Galp ou ao BPN, mas ao próprio governo em funções. Mas isso não é crime, nem havia crime algum de corrupção. Haveria, sim, talvez um crime de prevaricação ou semelhante ou de financiamento ilegal de campanha eleitoral, incriminando quem utilizou dinheiros públicos indevidamente. Porém e por razões que cada um presumirá como entender, quis-se ir para a hipótese mais gravosa — o crime de corrupção. E isso obrigou a uma ginástica jurídica que desembocou nesta fantástica fábula dos maus rapazes que, para prestarem um serviço ao «chefe», se aproveitaram da ignorância e da inocência de um cidadão patriota, convencido de que estava apenas a ganhar a justa paga pelo seu penoso trabalho e a exprimir as suas livres e judiciosas opiniões sobre os destinos da Pátria. Por favor, não venham tentar fazer de nós todos parvos!

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  4. 4 Eu olho para o Eduardo, titular da baliza do Braga e da Selecção, e vejo o Ricardo II: a mesma agilidade nas defesas frontais, a mesma inépcia perigosa no jogo aéreo. E, tal como o Ricardo, raro é o jogo que lhe vejo em que ele não tem uma saída em falso ou comprometedora numa jogada pelo ar — mas, tal como o seu antecessor na baliza de Portugal, a sorte está quase sempre com ele. Esta semana não esteve e ofereceu assim um golo ao Leixões.

    O mesmo digo do Helton, e esta semana, por opção e depois por lesão, o Beto substituíu-o na baliza do FC Porto, no jogo da Taça e no jogo do campeonato. E foi uma tranquilidade de há muito não vista: zero golos sofridos e alguns evitados e, acima de tudo, o espaço áreo dominado pelo guarda-redes, como deve de ser. Não tenho uma dúvida de que o Beto é muito melhor que o Helton. Mas, acima de tudo, por mais voltas que dêem, continuo convencido de que um guarda-redes que não domina o espaço aéreo que é seu, é um perigo à solta — por melhor que seja entre os postes.

    5 Se ter jeito para um desporto e representar o seu país nesse desporto é ser patriota, então, para mim, patriota é o João Garcia, que acaba de entrar na lista dos dez únicos seres humanos que conquistaram as 14 montanhas que existem com mais de 8.000 metros de altura e sem recurso a oxigénio artificial. Sexta-feira, ele plantou a bandeira de Portugal no alto do Annapurna, depois de dezassete anos de esforços e sacrifícios para o conseguir. Com risco de vida, com marcas no corpo desde o Everest e sem receber um tostão do país para isso.

    Miguel Sousa Tavares n' A Bola.

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