31 dezembro, 2010

2001-2010: uma década à Porto

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2011 está à porta. Um novo ano, uma nova década, uma daquelas alturas em que é comum olharmos para trás em jeito de balanço. Convido-vos a uma viagem pelo nosso passado recente. Dez anos passam a voar.

Antes de avançar, e já que é de memória que trata este post, recordo todos aqueles que perdemos ao longo destes últimos dez anos, e dos quais menciono apenas o nome do Dr. Pôncio Monteiro, para não arriscar esquecer-me de alguém. O nosso tributo e gratidão pelos feitos, grandes ou pequenos, com que ajudaram o nosso clube a ser aquilo que é hoje.

Agora sim, vamos olhar para trás. Peço-vos que se deixem transportar para a passagem de ano de 2000 para 2001, há precisamente 10 anos. Para facilitar, segue uma breve contextualização. O magnífico Pentacampeonato, que plantou na mente de muitos jovens adeptos, eu própria incluída, a sensação de que o Porto era imbatível no futebol, já era história. Afinal parece que não éramos imbatíveis, e termos deixado o campeonato escapar para Alvalade foi o balde de água fria que nos acordou para essa realidade. O nosso treinador era Fernando Santos, surpreendentemente mantido no cargo pelo Presidente para além dos dois anos da praxe. Depois do sonho que havia sido 99, com o penta no futebol a somar-se às vitórias nos campeonatos de basket e hóquei e à histórica reconquista do título nacional de andebol após 31 anos, o ano 2000 foi um pesadelo a que só o hóquei escapou. Era esse o nosso estado de espírito no final do século passado.

2001

Entrámos em 2001 em primeiro, mas com curta diferença pontual e um futebol muito, muito frágil, com o qual era óbvio que não iríamos longe. O novo ano, a nova década e o novo século entravam com um sabor amargo. Passados alguns meses sagrou-se campeão o Boavista, o que só demonstra o nível a que se disputou a competição, que mesmo assim perdemos. Uma geração que cresceu em festa encarava agora uma segunda temporada consecutiva sem vencer. Apesar do clube do regime contar à época já quase uma década de jejum, o simples facto de passarmos dois anos longe dos títulos – na Liga, pois vencemos duas Taças e uma Supertaça nesses dois anos – era suficiente para que o “futebol português” regozijasse. Já nos escreviam o epitáfio. O domínio do Porto parecia ter acabado, e milhões de portugueses respiravam de alívio. Com o início da época chegou Otávio Machado, e o panorama não melhorou.

Além de não nos termos sagrado campeões em qualquer das nossas modalidades, 2001 fica ainda marcado por uma importante perda simbólica: a demolição, em Janeiro desse ano, do Pavilhão Américo de Sá e das piscinas do complexo das Antas. Fânzeres, Matosinhos e Santo Tirso (e a Póvoa de Varzim) passaram a ser as casas emprestadas das nossas equipas de hóquei, basquetebol e andebol, respectivamente, enquanto os golfinhos assentaram arraiais na vizinha piscina de Campanhã. Também o Bingo foi obrigado a procurar novo espaço, passando para o último andar do Siloauto, no centro da cidade.

2002

Passámos o réveillon de 2001 para 2002 em terceiro lugar e a praticar um futebol sofrível. Adivinhava-se uma terceira época sem títulos e a ideia de que o domínio interno do FC Porto fazia parte do passado ganhava cada vez mais terreno, até mesmo entre alguns dos nossos adeptos. Mas já lá dizia a Alanis Morissette que a vida tem uma maneira engraçada de nos ajudar quando achamos que tudo deu errado e as coisas explodem na nossa cara. No nosso caso, é só substituir “vida” por “Presidente Pinto da Costa” e temos uma descrição fiel de diversos momentos da nossa história recente. O Presidente não é infalível (se fosse, não estaríamos nesta situação em Janeiro de 2002), mas dificilmente qualquer outro ser humano, em qualquer área de actividade, se aproximará mais do conceito de infalibilidade do que esse senhor que temos a honra de ter ao nosso leme. É da sua mão que a 23 de Janeiro recebemos aquela que hoje sabemos ter sido a melhor prenda que poderíamos ter recebido naquela altura: José Mourinho. "Na próxima época seremos campeões", disse-nos de imediato. E era tudo o que queríamos ouvir. Mourinho não resgatou a época 2001/02, que terminámos precisamente com o mesmo atraso pontual que tínhamos quando chegou (mas em terceiro lugar, em vez do quinto de Janeiro), mas a nossa cabeça já estava em 2002/03.

Extra-desportivamente, deu-se em 2002 a polémica do Plano de Pormenor das Antas. Rui Rio, recentemente eleito presidente da Câmara naquilo que um dos seus assessores rotulou de “uma vitória contra Pinto da Costa” (que, só para que fique escrito, não era candidato), tentou boicotar a construção do novo estádio do FC Porto, chegando as obras a serem suspensas durante 33 dias entre Março e Abril desse ano.

Mas enquanto no nosso próprio concelho éramos tratados desta forma, a sul do Douro desenvolvia-se uma parceria saudável e mutuamente benéfica entre o FC Porto e a autarquia vizinha, a que se chamou Fundação PortoGaia. Fruto dessa parceria, em Agosto de 2002 inaugurou-se o fabuloso Centro de Treinos e Formação Desportiva PortoGaia. Prática comum nos clubes e campeonatos mais relevantes da Europa, a deslocação dos treinos para uma zona distante e semi-rural permitiu aos nossos atletas de várias camadas etárias passar a dispor de condições de topo mundial, mas sacrificou o contacto directo com os adeptos, a possibilidade das crianças rodearem os seus ídolos em busca do cobiçado autógrafo – e isso é um “detalhe” que não finjo ignorar. Lembro-me bem do que sentia nas longas manhãs que passei nas Antas de bloco e máquina fotográfica em punho, e acho que o clube perde em não permitir aos miúdos de hoje mais do que um autógrafo rabiscado através da janela do carro, com o segurança a mandar avançar “que o carro de trás quer sair”. Um bocadinho de boa vontade e o CTFD poderia ser um local bem mais acolhedor para os adeptos, que não precisariam arriscar ser atropelados para conseguirem uma foto e uma assinatura num pedaço de papel.

2002 foi também o ano em que, em Fânzeres, conquistámos o primeiro de uma série de títulos ainda hoje em curso, enquanto uma grande equipa de andebol (que o Lucho provavelmente recordará de cor e com uma “lágrima teimosa” a escorrer pela face ;)) carimbou a primeira etapa de um inesquecível tricampeonato.

2003

Já a treinar no Olival, a equipa entrou com o pé direito na época seguinte, e à passagem para 2003 já levava 9 pontos de avanço sobre o segundo classificado e tinha ultrapassado com distinção as três primeiras eliminatórias da Taça UEFA. Os fantasmas começavam a esfumar-se e a certa altura começámos a aperceber-nos de que poderíamos mesmo sonhar com algo mais: um título europeu. Porque não? A jogar assim, tudo é possível! “Deixem-nos sonhar” foi o tifo do Colectivo que deu o mote, e os meses de Abril e Maio de 2003 foram tão mágicos que qualquer tentativa de descrevê-los ficaria sempre aquém daquilo que vivemos – nas Antas, em Roma (onde não estive), no aeroporto Sá Carneiro a receber os heróis, no inferno andaluz onde tocámos o paraíso, pelas ruas do Porto numa noite louca de alegria. E depois, já em Junho, no estádio de Oeiras.

Mas nem só de futebol se fez a festa nesse ano, em que fomos bicampeões de hóquei e andebol, embora nesta última modalidade o título ficasse indelevelmente marcado, a par do nosso brilhantismo, pela vergonhosa actuação da FPA, que nos vedou o acesso à Liga dos Campeões.

Na silly season de 2003 alguém escreveu num muro perto do Centro de Treinos do Olival: “Vendem o Deco vendem-nos os sonhos”. Simples na essência e talvez simplista na abordagem – o Deco era o Deco, mas sem o Deco continuávamos com uma grande equipa –, esta frase era, ainda assim, uma excelente síntese do espírito que reinava entre a massa adepta nessa pré-época. Depois da grande época que foi 2002/03, não faltavam oportunidades de amealhar algum dinheiro com a colocação dos nossos melhores jogadores no estrangeiro. Mas isso seria vender o sonho – porque havia um sonho. O sonho de ver o Jorge Costa a erguer a taça mais importante do mundo. De alguma forma, ao arrancarmos para 2003/04, já todos sabíamos que essa poderia ser uma época muito especial.

Pinto da Costa não vendeu o Deco nem vendeu os nossos sonhos, que continuaram intactos à entrada da época seguinte. Uma aura inexplicável envolvia o clube nessa altura. Com a Supertaça Europeia perdida num jogo tremendamente injusto pelo qual “alguém teve que pagar”, mas já com a Supertaça nacional no bolso, avançámos para uma época verdadeiramente inesquecível, não sem antes inaugurarmos a obra sublime a que o Nosso Grande Presidente decidiu chamar Estádio do Dragão. A nossa nova casa.

2004

Golo do Costinha em Manchester. Bicampeonato. Gelsenkirchen. Tóquio. Campeões em basket, tricampeões em andebol e hóquei. É preciso dizer mais?

Infelizmente, sim. 2004 só não foi um ano perfeito por uma razão. Que nada teve a ver com o Jamor nem com o Mónaco, pequenas fagulhas de tristeza perante a alegria esmagadora que foi o resto da época 2003/04. 2004 só não foi perfeito porque não conseguimos assegurar 2005. A escolha de treinador(es) foi miserável, e, pior do que vender alguns dos nossos melhores jogadores, foi não vender outros. Costinha, Maniche, Derlei, atletas que haviam conquistado o nosso respeito e a nossa admiração, transformados em meninos birrentos a quem foi negado um novo brinquedo. 2004 teria terminado em baixa, não fosse a conquista da última Taça Intercontinental da História, mais um momento gravado a ouro nos nossos livros pela pena de um senhor que bem merece esse destaque: Pedro Emanuel.

De assinalar ainda a despedida do Estádio das Antas e respectiva demolição, a poucos meses do seu 52º aniversário.

2004 foi também o ano em que o Apito Dourado viu a luz do dia. E menciono-o por uma única razão: para fazer nova vénia ao Nosso Grande Presidente. Resistir a tudo o que ele resistiu e sair ainda mais forte não é para qualquer um.

2005

Entrámos em 2005 em primeiro, mas a tremer. Foi um ano de roubalheira histórica, de dirigentes com altos cargos em dois clubes da mesma divisão, de jogos transferidos, de árbitros com chuteiras emprestadas. Um ano de perseguição sem precedentes. Quem não se lembra da convocatória de Pinto da Costa ao tribunal no dia e hora do decisivo Porto x Chelsea? Um ano de provações a todos os níveis, que todos recordamos como desastroso, mas no qual passámos a fase de grupos da Champions e perdemos o campeonato apenas na última jornada. Mas o clube do regime voltava a ser campeão (o “como” pouco importa a essa gente) e reapareceram os profetas da desgraça: “O Porto sem Mourinho não é nada. Desta vez o domínio acabou mesmo.”

Mas não. Qualquer pessoa minimamente atenta sabe que não é um treinador que faz o Porto, nem um punhado de jogadores. O que faz o Porto é a nossa fibra, e essa continua cá. Veio um holandês com ar de mau que nunca tinha ganho nada na vida e... aqui ganhou! A máquina estava de volta. Mas a passagem de Adriaanse pelo Porto não será recordada apenas pelo regresso aos títulos; bem pelo contrário. O futebol jogado era fraco, os 3-2 em casa contra o Artmedia depois de 2-0 e o último lugar no grupo da CL foram vergonhosos e a segunda emigração forçada – desta vez definitiva – de Jorge Costa, em Dezembro de 2005, é um dos momentos da história do clube que mais me custa recordar.

2006

2006 trouxe-nos o já mencionado campeonato do Adriaanse, e com dobradinha. Pouco depois disso, o holandês maluco foi-se embora – e ainda nos viria a pagar por isso – e chegou um senhor chamado Jesualdo Ferreira, mas não sem antes darmos ao Rui Barros a oportunidade de inaugurar o seu palmarés como treinador principal, com a conquista da Supertaça. Entretanto, a saga do hóquei prosseguia: éramos pentacampeões.

2007

2007 foi ano de consolidação: fomos bicampeões e continuámos o desenvolvimento de uma grande equipa. E o hóquei continuava a cavalgada: hexa.

Em Abril, Pinto da Costa comemorou 25 anos à frente dos destinos do nosso clube e nesse mesmo dia lançou a primeira pedra do Pavilhão Dragão Caixa. Um buraco entre acessos à auto-estrada, nada mais do que isso, era o que víamos ao olhar para o local “escolhido”. Se tivesse um chapéu na cabeça, tirava-o agora mesmo ao Arquitecto Manuel Salgado, só de pensar no que era em 2007 o espaço onde nasceu esta nossa nova e magnífica casa.

2008

Em 2008 veio o tri e a tentativa de no-lo roubarem na secretaria. O lacaio dos enc@rnados na Liga inventou castigos baseados exclusivamente numa obra de literatura pimba e ainda pediu desculpas públicas por não ter conseguido atirar connosco para a segunda divisão. Na sequência disso, o clube do regime foi à UEFA pedinchar um lugar na Liga dos Campeões que não conquistou nem merecia, e levou goleada dos nossos advogados.

Em Setembro inaugurámos o Vitalis Park, que deu nova vida e novos horizontes ao nosso velhinho campo da Constituição, onde cada vez mais crianças aprendem sobre futebol, coragem e amizade por trás daquele histórico muro azul e branco.

O hóquei é hepta.

2009

Entrámos em 2009 à cabeça de um campeonato renhido. Jogou-se sujo, como sempre (a suspensão do Licha por alegada simulação de penalty foi particularmente hilariante), mas em Maio a festa voltou a ser nossa. Ou melhor, as festas, no plural, porque também a fruteira viajou para as Antas. Antes disso, em Abril, exactamente dois anos depois da primeira pedra e no 27º aniversário da presidência de Pinto da Costa, inaugurámos o Dragão Caixa numa cerimónia de pura elegância. O andebol regressou a casa a tempo de festejar um novo título, enquanto o hóquei terminou a época em Fânzeres e festejou o octacampeonato na deslocação a Viana.

Mas no futebol a segunda metade do ano de 2009 não foi tão positiva quanto a primeira. Estava a fechar-se um ciclo, e o homem que vestira a nossa camisola como uma primeira pele e dera o peito a tanta bala nos três anos anteriores começou a ser alvo de contestação interna.

2010

No final de 2009 e início de 2010 os media iam alimentando cada vez mais aquilo a que chamaram "onda vermelha" – ondas azuis há quase todos os anos, deve ser por isso que não fazem primeira página. No campeonato dos túneis valeu tudo, e só não vou recordar as suspensões de vários jogadores adversários do clube do regime (não apenas nossos, mas também do Braga), por períodos de tempo absurdos e com base em pretextos irrisórios, para não deixar ninguém enojado em véspera de ano novo. Foi neste contexto que perdemos o campeonato.

No entanto, o andebol e o hóquei voltaram a festejar (bi e enea, respectivamente) e o basket fez bonito com uma equipa algo limitada, deixando-nos entusiasmados e confiantes para a época seguinte.

Dado o resultado do campeonato 2009/10, este último Verão foi de festa para o “futebol português”. “Agora é que é”, diziam. Foi então que chegou Villas-Boas. E a festa só durou até 7 de Agosto, dia em que uma indiscutível lição de bola pintou a Supertaça de azul. Exactamente três meses depois, no Dragão, o clube do regime vergou-se perante a melhor equipa nacional sob o peso de uma monumental humilhação. No cair do pano de 2010, o obreiro deste início de época fulgurante assina um prolongamento de contrato, dando-nos mais um excelente motivo para abrir o champanhe.

Foram 1 campeonato, 4 Taças, 4 Taças da Liga e uma Supertaça em basket. 5 Campeonatos, 2 Taças, 3 Taças da Liga e 3 Supertaças em andebol. 9 campeonatos, 4 Taças e 5 Supertaças em hóquei. 6 campeonatos, 5 Taças e 6 Supertaças em futebol. 2 presenças na Taça UEFA, com uma vitória. 8 presenças na Liga dos Campeões, passando por 7 vezes a fase de grupos e vencendo a competição em 2004. A última Taça Intercontinental. Dezenas de outros títulos em outras modalidades e camadas jovens. Um novo e belíssimo estádio. Um novo e belíssimo pavilhão. Novos centros de treinos com condições fantásticas.

Hoje, quando nos preparamos para uma nova década cheia de novos e aliciantes desafios, a década em que festejaremos o nosso 120º aniversário, vale a pena olhar para trás, de sorriso aberto e peito cheio de orgulho, para os anos 2001-2010. Apesar de alguns momentos menos bons, dos obstáculos e das perseguições, não será arriscado aventar que foi a década mais bem-sucedida da história do Futebol Clube do Porto.

Um brinde ao passado, com os pés bem assentes no presente e de olhos postos no futuro! Um grande 2011 a todos!

A Leonor prossegue... insegura

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Leonor Pinhão deita-se e acorda a pensar no FC Porto. Tem a ver com a inveja doentia que alimenta há décadas, especialmente depois dos inúmeros sucessos acumulados pelos azuis e brancos. Sempre que pode (ou lhe pedem...) destila veneno que aponta ao Dragão. Chega a ser pungente para quem lê. E ridículo para quem vive desassombrado.

Esta quinta-feira, mais do mesmo, mas páginas de A Bola: «A imprensa noticiou na semana passada a morte do sócio número 3 do Futebol Clube do Porto. Tinha 95 anos; nascera em 1915. É curioso constatar como o FC Porto, que foi fundado em 1893 segundo os seus historiadores oficiais só terá tido dois sócios nos seus primeiros 22 anos de vida. E isto se o sócio número 3, que morreu no final de 2010, tivesse sido filiado no ano em que nasceu».

Cara Leonor, ao contrário de outros clubes, os estatutos do FC Porto obrigam a que, a cada cinco anos, seja feita a actualização do elenco de associados. Ou seja, os sócios que morrem ou deixam de regularizar as suas quotas perdem o seu número. E todos os filiados activos vêem o seu registo baixar. Para que perceba facilmente, quem hoje detém o cartão com o número dez mil, dentro de cinco anos pode passar para nove mil, por exemplo.

Ou seja, o sócio 3 do FC Porto, falecido recentemente, não detinha esse número no momento em que se filiou. Até um bebé de ano e meio é capaz de perceber... A senhora talvez não. Ai o veneno, Leonor... Cuidado para não morder a língua!

fonte: fcporto.pt

capas da imprensa

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30 dezembro, 2010

"O número dos que nos invejam, confirma as nossas capacidades", Oscar Wilde

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Detesto generalizações. Aquela conversa bacoca dos franceses são assim e assado, os alentejanos são coisa e tal, os brasileiros são todos assim para o patati patatá, os alfacinhas isto, os americanos aquilo, não é para mim. Mas há alturas em que mando a minha (pouca) capacidade racional dar uma volta ao bilhar grande e digo que os portugueses são um bando de invejosos.

Vem isto a propósito do Presidente Pinto da Costa que fez anteontem 73 anos.

Um tipo olha para a impressionante lista de vitórias nacionais e internacionais que o Futebol Clube do Porto alcançou sob a sua liderança e depois compara-a com qualquer outro dirigente desportivo do nosso país. Depois, pensa que clube originário duma região do tamanho e com a riqueza da donde vem o FCP conseguiu semelhante palmarés. Se quiser ser rigoroso, olha para a tabela dos clubes por essa Europa fora e compara orçamentos, investimentos, número de sócios e outros índices que tais e coloca-os ao lado dos do Porto (se for honestinho compara o futebol dos últimos trinta anos com o do tempo do futebol de chuteiras de travessas e da televisão no café e verifica que há uma diferença grandota entre centenas de grandes clubes que agora existem e dos dois ou três que havia nesse tempo).

Mas, se tiver mesmo com uma paciência de Job pode até ir ainda vai mais longe. Esfrega o queixo, lembra-se das empresas portuguesas de todas as actividades possíveis e imaginárias, e pergunta-se: que empresa portuguesa foi considerada nos últimos 25 anos a melhor da Europa no seu ramo de negócio?

Se o cidadão estiver na posse completa (nem é preciso tanto) das suas faculdades mentais dá um murro na atmosfera, se não tiver uma superfície mais dura para esmurrar, e diz: “porra, mas este gajo (desculpe lá, Presidente) merece uma estátua no Terreiro do Paço”.

Nesta altura lá se terá de dar o dito pelo não dito. É que há a possibilidade dos portugueses não serem invejosos e serem, afinal, completamente burros.

Parabéns, Bruno Rocha! [29Dez]

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rETRATO fiel do (nosso) «MESTRE» para outro (nosso) «MESTRE» da táctica!!!

aMIGO, Muitos Parabéns!!!

São os votos de todos os colaboradores deste espaço de tertúlia.

ps - mea, mea, mea culpa, o atraso de 1 dia na publicação do teu aniversário (29Dez)... as minhas desculpas!!!



Dragão ou Morcão?? Léo Lima.

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Léo Lima

Data de nascimento: 14-01-1982 (28 anos)
Posição: Médio.
Clube anterior ao FC Porto: Marítimo.
Clube posterior ao FC Porto: Santos.
Clube actual: Al-Nasr.

Épocas no FC Porto: 1 (2004/05)
Campeonatos ganhos no FC Porto: 0

Pontos de exclamação: O GRANDE ponto de exclamação foi mesmo o Porto ter comprado este "jovem jedi", e começo a achar que do Marítimo nem bom vento, nem bom... jogador!

Reticências: Acho que as palavras de Co Adriaanse naquele fatídico estágio dizem tudo, "Léo Liiiiiimaaaaa!!!", berrou Co Adriaanse, deu dois ferozes apitos, interrompeu a peladinha e "passou-se" "Léo Liiiimaaaa! É a segunda vez que fazes isso. Só pensas em marcar golos. Também podes jogar com os teus colegas. Assim, estás sempre a perder a bola". Pouco tempo depois, "Estás sempre aí parado a fazer o quê? Quem estás a marcar?", perguntou o holandês, aos berros, sem se coibir de uma última reprimenda, apontando para o interior dos calções "Estás sempre aí com as mãos...". Elucidativo não?!

Alguns jogadores importantes com quem jogou: Vítor Baía, Jorge Costa, Raúl Meireles, Quaresma, Benni McCarthy.

Para mim o momento "topo" de Léo Lima:


Jorginho é um jogador que promove a divisão, se por um lado não é um Dragão, talvez pela falta de qualidade técnica, pela lentidão, e pelo facto de nunca se ter imposto como um jogador carismático, por outro lado também não é Morcão, talvez pelo facto de se ter revelado um jogador decisivo em alguns momentos importantes da nossa caminhada para o título, e não só! Assim devem ter pensado os 65 votantes que optaram por "Nem Dragão, nem Morcão, há um senão.", nos quais eu me incluo. Também houveram 33 blogueiros a não lhe reconhecer qualquer utilidade/qualidade no clube, escolhendo a opção "Morcão". Uma minoria (não silenciosa) de 28 portistas, vislumbram qualidade ao antigo jogador, ou então reconhecem-lhe a importância do seu golo para a vitória no campeonato, seja lá o que for, votaram "Dragão". E já sabem, Bibó Porto escolheu, está escolhido!


Na próxima semana
teremos no "cepo" um jogador de quem se dizia ser uma peça fulcral, e quase insubstituível, naquele meio-campo. É... viu-se! Saiu a mal e com medo de levar um tiro na rótula, uma mas melhores desculpas que ouvi nos últimos tempos. Ah ah ah! Quem é... quem é?

Saudações e bons votos,
Dragon Soul


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29 dezembro, 2010

Troféu por encomenda

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Agora que as rabanadas estão quase no fim e as meias e pantufas foram já todas desembrulhadas fica uma história.
Uma história como outra qualquer apenas com uma pequena, ou grande, diferença.
É que esta começa onde outras acabam.
Divirtam-se.

Um dirigente, muito rico, de um clube contratou um presidente para lhe ganhar um campeonato.
- "Eu pago-lhe tudo.", afirmou o dirigente rico.
- "Pago-lhe as deslocações, os almoços e até o trabalho."
O presidente sorriu. E não era um sorriso triste.
- "Mas com o que lhe pago quero um campeonato ao meu jeito, como se fosse eu a ganhá-lo!"
O presidente sorriu novamente.
E o sorriso continuou a não ser triste.
- "Primeiro quero muitas grandes penalidades.", ordenou o dirigente rico.
- "Quero muitas expulsões nas equipas adversárias."
Os senhores do apito obedeceram.
- "Agora deixe-me pensar... Quero que impeça um par de jogadores do rival directo de jogarem por um largo período de tempo."
- "Mas isso vai dar muito nas vistas.", lembrou o presidente.
- "Desenrasque-se homem! Desenrasque-se!"
E assim foi feito.
O dirigente rico pagou ao presidente e foi à sua vida.
O presidente também.

Muitos, muitos anos depois foram encontrar o troféu numa arrecadação do dirigente rico.
Estava escondido num canto, sem brilho e envergonhado.
Tão abandonado e repleto de pó que parecia até mais antigo do que verdadeiramente era.
Chamaram então o presidente, já muito velho, e mostraram-lhe o troféu.
Ele, observando o troféu que tinha encomendado em jovem, esboçou apenas um sorriso.
Mas desta já era um sorriso amarelo.
Um sorriso verdadeiramente triste, o do presidente.
Um sorriso talvez de vergonha...

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28 dezembro, 2010

Os nossos heróis estão de volta...

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Estive no dragão caixa na última quarta feira e assisti ao regresso às vitórias por parte da nossa equipa de hóquei em patins. A equipa ainda está a recompor-se mas já foram evidentes alguns sinais de reabilitação do balneário rumo à fase decisiva da temporada. Por isso dei por mim a pensar no final do jogo, acho que os nossos heróis estão de volta, devagarinho mas estão... Afinal, estamos apenas a 2 pontos da equipa a quem todos levam ao colo e, melhor que tudo, apenas dependemos dos nossos jogos... Mesmo que eles (os vermelhos) acabem com o hóquei no final desta época nós não podemos abandonar o rumo traçado desde 2001/2002... Vencer, vencer, vencer... Desejo um 2011 fantástico para todos os Portistas, cheio de vitórias, títulos e troféus em todas as modalidades e muita, mesmo muita magia azul e branca, um grande abraço para todos vós, a minha gente... Todos de pé, de bandeiras no ar, todos de pé de azul a gritar...



ANDEBOL

O Campeonato está parado e só volta em Fevereiro. Entre as pausas para a selecção Nacional disputar-se-á a Supertaça Arena Portimão de 19 a 22 de Janeiro. A estreia do FC Porto é no dia 19 (quarta feira) pelas 20 horas frente ao Sporting. Na época transacta o FC Porto venceu esta competição derrotando na final o Belenenses, após prolongamento.



BASQUETEBOL

O FC Porto volta ao activo já este domingo, dia 2 de janeiro (17h), recebendo no dragão caixa o Illiabum (penúltima ronda da 1ª volta da fase regular do campeonato) a quem já venceu por números concludentes para a taça de Portugal. Espera-se naturalmente que seja um tranquilo regresso às vitórias depois do desaire inesperado de Coimbra.



HÓQUEI EM PATINS

FC Porto volta às vitórias e continua a depender apenas de si próprio...
( 1º Benfica-33 pts e 12 jgs; 2º FC PORTO-31 pts e 12 jgs; 3º Oliveirense-29 pts e 12 jgs...)
  • FC Porto 5-2 Gulpilhares
Depois de duas derrotas consecutivas, assisti no dragão caixa a um dérbi regional com o FC Porto a bater com tranquilidade um Gulpilhares sempre muito combativo. Ao intervalo, 2-0 com golos de Pedro Gil e Emanuel Garcia perante uma reduzida assistência que, no entanto, não deixou passar o facto do falecimento do nosso ex-dirigente Pôncio Monteiro que foi por isso recordado com algumas faixas erguidas pelo "pessoal do costume" no dragão caixa...



Na 2ª parte, Suissas abriu logo as festividades com um 3º golo cheio de classe para Pedro Gil num belo trabalho individual bisar no jogo e fazer o 4-1 já depois do auto-golo de Ventura. Antes do 2º golo dos Gaienses, sucedeu ainda o 5º golo Portista apontado por Reinaldo Ventura, sendo este uma autêntica obra de arte. Dever cumprido!

Venha agora o próximo jogo (dia 8 de janeiro pelas 18 horas no pavilhão sempre complicado da Física de Torres Vedras) para alcançarmos (de novo) o 1º posto o mais rapidamente possível...



DRAGÃO DE OURO DA SEMANA

PEDRO GIL (HÓQUEI EM PATINS)

Só o hóquei jogou no período em análise (de 21 a 27 de dezembro) e por isso nomeio Pedro Gil por ter bisado no jogo frente ao Gulpilhares apesar do melhor golo da noite ter sido apontado por Reinaldo Ventura (que no entanto apontou também um auto-golo). Pedro Gil ainda não está no seu melhor, mas lá chegará em breve. Marcou o 1º e o 4º golos do Porto no jogo da última quarta feira (o melhor marcador da partida) e por isso foi o escolhido desta semana.



Saudações Portistas,
Lucho.

o futuro do Dragão: André Rei

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Moutinho.. Nuno Marçal...Tiago Rocha...Reinado Ventura. Todos nós portistas já ouvimos falar destes nomes inúmeras vezes. No entanto nem só dos jogadores das equipas séniores se resume o universo azul e branco. Todos os fins de semana, centenas de jovens representam as cores do nosso clube por esses campos e pavilhões do nosso país. São estes pequenos/grandes jogadores que pretendo dar a conhecer nestas mini-entrevistas que irei apresentar regularmente, pois estes jovens serão " o futuro do Dragão". Espero que gostem...



    ENTREVISTA EXCLUSIVA

    Nome: André Filipe Candeias Teixeira Rei
    Data Nascimento: 10 de Janeiro de 1993 (17 anos)
    Modalidade: Andebol ( Juniores / Juvenis )
    Posição: Ponta Direita
    Clubes representados: FC Gaia e FC Porto



    PP - Com que idade começaste a jogar Andebol? E iniciaste-te onde?

    AR - Eu comecei a jogar andebol quando tinha 8 anos ( 3º ano de escolaridade) no Futebol Clube de Gaia, onde joguei 8 anos.

    PP - E porquê o Andebol?

    AR - Na altura, um amigo meu jogava também no F.C.Gaia, e, como era o único do nosso grupo de amigos que praticava este deporto, convidou-me para experimentar e fazer um treino. Eu ainda não tinha percebido bem o andebol, mas comecei logo a gostar e a mostrar cada vez mais entusiasmo.

    PP - Como surgiu a hipótese de jogares no FC Porto?

    AR - No verão de 2009, o meu colega de equipa do FC Porto José Nuno, pressionava-me (no bom sentido) para ir aos treinos de captações do FC Porto. Até que um dia de manhã houve um treino de captações e eu fui. O treino correu-me muito bem e a meio do treino, falei com o Professor e director do andebol José Magalhães e aí o professor perguntou-me se eu tinha interesse em ir jogar para o Futebol Clube do Porto. Claro que eu respondi que sim e que sempre foi um sonho para mim.

    PP - O que representa para ti ter a possibilidade de jogar no FC Porto?

    AR - Como disse anteriormente, jogar no FC Porto, foi sempre um sonho para mim e um dos objectivos a alcançar. Mas, o facto de jogar neste clube, significa ter mais "portas abertas" para o futuro. O FC Porto é uma escola de andebol muito promissora, e qualquer um dos atletas deste clube, vai muito bem preparado, tanto como jogador, tanto como pessoa, para o futuro.

    PP - Que tal é ser treinado pelo Ricardo Moreira, Carlos Martingo...?

    AR - Ter pessoas a treinar-nos que já foram jogadores é muito bom. Têm outra experiência e, sabem bem como lidar connosco. No Caso do Ricardo Moreira, para mim, é espectacular tê-lo como treinador, uma vez que eu jogo na mesma posição que ele. Todos os treinos aprendo coisas novas. No caso do Treinador Carlos Martingo, é um treinador com muita experiência, visto que já jogou andebol durante muitos anos e teve uma carreira espectacular como jogador.
    A vantagem deste facto é que ele sabe sempre como reagir nas diferentes situações de jogo e trespassa-nos isso a nós, jogadores.
    Pode-se dizer que tenho muito sorte em ter estas duas pessoas como treinadores.

    PP - Gostavas de ser treinado um dia por Obradovic?

    AR - Por vezes, temos treinos com o treinador Obradovic, mas era muito bom para mim tê-lo como treinador durante o ano todo, porque, se os jogadores séniores foram campeões com Obradovic como treinador, por algum motivo foi.

    PP - Diz-me um jogo que te tenha marcado. Que tenha ficado na tua memória?

    AR - Quando leio esta pergunta, vêm me logo dois jogos ao pensamento. Um deles é o jogo Porto-Benfica de juvenis na fase intermédia o ano passado, o qual precisávamos de ganhar com uma diferença de 5 golos, para passar à fase final, e assim o fizemos. Foi um jogo bastante emocionante e onde se verificou um trabalho de equipa excelente. O outro jogo é o jogo de séniores Porto- Dinamo Minsk, para o apuramento da liga dos campeões no qual o Porto empatou mas precisava de ter ganho por um. Foi um jogo espectacular e, apesar do resultado, aqueles jogadores mostraram como se joga "à FC Porto".

    PP - Quais são os teus jogadores favoritos? Português e estrangeiro?

    AR - O meu jogador português favorito é o Ricardo Moreira e estrangeiro é o Luc Abalo. São dois jogadores que jogam na mesma posição que eu, e a meu ver, os melhores.

    PP - Quem foi para ti o melhor jogador de sempre do andebol do FC Porto e de Portugal?

    AR - Para mim, foi o Eduardo Filipe Coelho que, em tempos, teve o remate mais forte da Europa.

    PP - Já te imaginaste a jogar no Dragão Caixa?

    AR - Por vezes temos treinos no Dragão Caixa, mas Jogar lá nunca joguei, mas penso que é um sonho jogar num pavilhão daqueles. E, quando, e se jogar, significa que estou a ter um bom desempenho neste clube e que um dos meus objectivos está cumprido.

    PP - Objectivos para esta época?

    AR - Esta época gostava de ser campeão nacional pelos juvenis e pelos juniores, até porque possibilidades para tal acontecer não nos faltam. Para esta ou para qualquer outra época que venha, gostava de voltar à selecção nacional, com a ajuda dos meus treinadores, até porque penso ter capacidades para isso.

    PP - Além do andebol e dos estudos que gostas de fazer? Passatempos?

    AR - Para além do andebol, eu estudo inglês numa escola de línguas e ainda toco dois instrumentos musicais, um dos quais piano, que já estudo há mais de dez anos. O outro instrumento que toco é flauta de bisel. A maior parte do meu tempo livre (que é pouco), estudo piano e flauta e passo o resto do tempo com amigos e namorada.

    PP - Planos para o futuro? Gostavas de seguir a carreira de andebolista ou isso não está nos teus planos?

    AR - Eu quero seguir o curso de desporto, mas, se possível, conciliar com o andebol. O andebol é um desporto que eu vou jogar até quando puder porque é uma das minhas maiores paixões. Gostava também de conciliar com o piano.

    PP - Qual a tua opinião sobre o acompanhamento que fazemos aqui neste espaço às outras modalidades e às equipas de formação?

    AR - Sinceramente, nao conheço muito bem o vosso blog, uma vez que é pouco o tempo que passo no computador e na Internet, mas penso que é sempre bom acompanhar os escalões de formação porque, mais tarde, alguns desses jogadores de formação podem vir a fazer parte das equipas séniores de todas as modalidades abordadas. De qualquer modo estarei sempre ao vosso dispor para o que acharem necessário.


Um abraço e até para a semana
PedroPorto

Parabéns, Presidente Jorge Nuno!

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Parabéns a você
nesta data querida
muitas felicidades
muitos anos de vida

Hoje é dia de festa
cantam as nossas almas
para o Jorge Nuno Pinto da Costa
uma salva de palmas

E é assim que começo mais um artigo, cantando os parabéns (merecidos!) ao Grande Homem do futebol, Jorge Nuno Pinto da Costa.

São 73 anos de vida... 28 deles à frente dos destinos do Maior Clube do Mundo; o Futebol Clube do Porto.

Parece que Dezembro é um mês de grandes feitos: nasceu Jorge Nuno Pinto da Costa, mas foi também em igual mês do ano de 1981 que foi convencido pelos Amigos a candidatar-se à presidência do Futebol Clube do Porto.

Invejado por uns, idolatrado por outros, Pinto da Costa, é sem dúvida um dos maiores Presidentes de futebol de todo o mundo.

Nos seus 28 anos de mandato, Pinto da Costa consta com um palmarés... imbatível:

Futebol
2 Taças dos Clubes Campeões Europeus/Liga dos Campeões (1987 e 2004)
1 Supertaça Europeia (1987)
1 Taça UEFA (2003)
2 Taças Intercontinentais (1987 e 2004)
17 Campeonatos Nacionais (cinco deles consecutivos, de 1994 a 1999, constituindo um marco inédito no futebol português)
11 Taças de Portugal
15 Supertaças Cândido de Oliveira

Andebol
6 Campeonatos Nacionais
1 Taças de Portugal
1 Taças da Liga
4 Supertaças

Basquetebol
5 Campeonatos Nacionais
10 Taças de Portugal
4 Taças da Liga
4 Supertaças

Hóquei em Patins
2 Taças dos Campeões Europeus (1986 e 1990)
1 Taça das Taças (1982 e 1983)
2 Taças CERS (1994 e 1996)
1 Taça Continental (1987)
19 Campeonatos Nacionais
12 Taças de Portugal
15 Supertaças António Livramento

Outros
4 títulos no boxe
2 títulos no halterofilismo
11 títulos na natação
2 títulos no voleibol
dezenas de títulos nas camadas jovens das diversas modalidades

Não hajam dúvidas... são 28 anos da sua vida fartos de feitos históricos.

Esperemos que continue muito mais tempo à frente dos destinos do FC Porto e que continue a ser como sempre foi até hoje. Por fim, o meu desejo que os invejosos e os prevaricadores que o tentam prejudicar, o façam ainda crescer mais como pessoa e como líder.

Presidente, Parabéns por mais um ano de vida!

capas da imprensa

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27 dezembro, 2010

Sem espinhas!

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É verdade que a época do FC Porto tem sido muito boa. Porém, o seu início não foi um “mar de rosas” e elogios como assistimos actualmente.

A época iniciou-se envolta numa imensa incerteza quanto ao desempenho do FC Porto. Falhado o penta-campeonato na época anterior logo se gerou, de forma bem amplificada, a ideia de que a hegemonia do clube tinha finalmente atingido o seu fim. Por alturas de Agosto, falava-se em “novo ciclo vitorioso do recente campeão nacional!”, “novo ciclo de hegemonia no futebol português” e uma “nova era totalmente transparente do futebol português”.

A pré-época do FC Porto foi algo irregular, denotando evolução, mas ao mesmo tempo carecendo de adaptação aos novos métodos de AVB. Também relativamente a isto se gerou um enorme alarido. “Jovem”, “inexperiente” ou “escolha de alto risco” eram os cartões de visita com que a generalidade da comunicação social e também a maioria dos adeptos (incluindo muitos portistas!) presenteavam o novo treinador do FC Porto, que havia feito uma boa recuperação em Coimbra ao leme da Académica, e em que logo se percebeu haver algo de diferente no jovem treinador (pelo menos, Pinto da Costa percebeu!).

O torneio de Paris antecedeu o primeiro jogo oficial da época (Supertaça) que se constituía como um importante teste contra a unanimemente vista como “equipa portuguesa mais temível do momento”. O saldo desse torneio foi mau… Duas derrotas, alguns sinais negativos e descrença no seio da família portista. Perante um adversário que praticamente tinha goleado todas as equipas que encontrou na pré-época, as dúvidas eram mais que muitas. Seria o FC Porto capaz de se erguer e ser novamente a equipa arrebatadora a que nos tinha habituado? Também aqui, as dúvidas eram muitas…

Não tenho grandes dúvidas de que o jogo da Supertaça catapultou a equipa para uma ideia verdadeiramente decisiva para o resto da época: o FC Porto tem melhor equipa que todos os outros! O jogo de Aveiro foi uma demonstração cabal da força portista, um grito de raiva e de afirmação por parte de um grupo visto com muita desconfiança pela generalidade da opinião pública. Nos momentos de maior desconfiança e descrédito, o FC Porto invariavelmente renasce, e ainda mais forte do que antes. Também em 2002, depois de 3 anos de seca, o FC Porto renasceu e arrancou para uma caminhada verdadeiramente incrível em Portugal e na Europa!

Decorridos 26 jogos oficiais, dificilmente o saldo poderia ser mais positivo. O FC Porto vence, vence, vence, vence… Umas vezes de forma espectacular, como na Supertaça, nos 5-0 do Dragão, na reviravolta frente ao Braga, no épico triunfo em Viena ou na demonstração de classe com o Besiktas em pleno inferno turco… Outras vezes de forma mais “cinzenta”, mas realisticamente com os mesmos efeitos práticos, nomeadamente com o Portimonense, Moreirense ou Setúbal, este último o jogo mais fraco de toda a época…

Como resultado de tudo isto, multiplicam-se os elogios a AVB até da imprensa estrangeira, as constatações (dos mesmos que desconfiavam no início da época!) de que afinal o FC Porto “não estava morto e tem uma grande equipa”, o “mar de rosas que parece pairar sobre o Dragão”, mas por vezes tudo isto não é mais do que pura distracção para o FC Porto se desviar do seu caminho… Não nos iludamos com tantos elogios… ainda só ganhamos a Supertaça!

Pelo meio, e como é costume há 30 anos, as habituais “gritarias infindáveis” contra os árbitros. É sempre assim quando o FC Porto está na frente. O último jogo em Paços de Ferreira é mesmo um belíssimo exemplo da prática corrente no que respeita à análise de arbitragens em Portugal: o árbitro não marca um penaltie claríssimo sobre o Hulk aos 78m, não é grave, nem vale a pena comentar muito… aos 90m, o árbitro equivoca-se e marca um penaltie a favor do FC Porto, é uma vergonha e o “sistema” está de volta… Não interessa que o árbitro tenha errado para os dois lados no mesmo jogo, interessa é difundir a ideia de que o FC Porto foi beneficiado e mais uma vez o árbitros levaram ao colo o FC Porto! Esta esquizofrenia que percorre a maior parte das análises de arbitragem em Portugal, é mesmo uma situação difícil de entender…Direi mesmo que é uma situação grave que só a psicologia é capaz de tratar!

Por tudo isto, fica fácil de perceber que o percurso do FC Porto ainda não teve qualquer “espinha”, a liderança na Liga é confortável, as Taças de Portugal e da Liga podem ser boas oportunidades para avaliar as alternativas aos mais utilizados e na Liga Europa temos um “osso duro de roer”… Tal como no início da época, eu continuo a acreditar no sucesso desta equipa!


PS: A todos os leitores e colaboradores deste espaço, quero desejar um fantástico ano de 2011, com muita saúde, felicidades profissionais e pessoais! Um abraço!

capas da imprensa

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26 dezembro, 2010

Capítulo 3: 1921 a 1930 – Primeiro clube a conquistar títulos de âmbito nacional (Parte VI)

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FCPorto – Dragões de Azul Forte
Retalhos da história, conquistas e vitórias memoráveis, figuras e glórias do
F. C. do Porto


Capítulo 3: 1921 a 1930 – Primeiro clube a conquistar títulos de âmbito nacional (Parte VI)

Campeões Regionais apurados para o Campeonato de Portugal:

Sport Clube Vianense (VIANA DO CASTELO)
Sporting Clube de Braga (BRAGA)
Futebol Clube do Porto (PORTO)
Associação Académica de Coimbra (COIMBRA)
Sporting Club de Tomar (LIGA TOMARENSE)
União F.C. Portalegrense (PORTALEGRE)
Vitória Futebol Clube (LISBOA) *
Sporting Club Olhanense (ALGARVE)Club Sport Marítimo (FUNCHAL)

* O Vitória Futebol Clube (Vitória de Setúbal) estava inscrito na Associação de Futebol de Lisboa.

1.ª Eliminatória

FC PORTO – ACADÉMICA, 3-2
18-5-1924, Porto (Campo da Constituição)
Árbitro: Cândido de Oliveira (Lisboa)
Marcadores: 1-0 Hall, 1-1 Guedes, 1-2 Mota (pb), 2-2 Simplício, 3-2 Simplício
FC Porto – Treinador: Akos Teszler (húngaro)
Peixoto; José Mota e Tavares Bastos; Coelho da Costa, Velez Carneiro e Floriano Pereira; João Nunes, Augusto Ferreira “Simplício”, Norman Hall cap., Augusto Freire e Alexandre Cal.
Académica –
João Ferreira; Júlio da Costa e Francisco Prudêncio; Joaquim Miguel, Teófilo Esquível e António Galante; Tendeiro, Guedes Pinto, Augusto Paes, Juvenal e Gil Vicente.

Meia-Final

VIANENSE – FC PORTO, 1-3
25-5-1924, Viana do Castelo (Campo de Monserrate)
Árbitro: Cândido de Oliveira (Lisboa)
Marcadores: 1-0 Barbosa, 1-1 Freire, 1-2 Freire, 1-3 Hall.
Vianense – Treinador: António Penafiel
Ramiro Pinto Correia; Jorge Costa e Manuel da Rocha Vasconcelos; Alfredo de Oliveira, Constantino da Encarnação e Leandro Trindade; Carvalho Montez, José Hugo, Gama Lobo, José Barbosa e António Costa. FC Porto – Treinador: Akos Teszler (húngaro)
Peixoto; Álvaro Coelho e Tavares Bastos; Coelho da Costa, Velez Carneiro e Floreano Pereira; Alexandre Cal, Augusto Freire, Norman Hall cap., Augusto Ferreira “Simplício” e João Nunes.

Final

O FC Porto voltou à final do Campeonato de Portugal, comandado pelo técnico Akos Teszler. Com o então Presidente da República, Teixeira Gomes, na tribuna, o FC Porto perdeu para o Olhanense o título de 1923/1924. Raul Figueiredo era a estrela da companhia algarvia. Foi esse excelente jogador, o «Tamanqueiro», quem deixou adiado o sonho de Tezsler e seus pares em repetir a façanha dos portistas em 1922.

Essa seria a última final de Velez Carneiro, médio do FC Porto, assassinado em tarde negra de Maio de 1925 numa rua da baixa do Porto.

OLHANENSE – FC PORTO, 4-2
8-6-1924, Lisboa (Campo Grande)
Árbitro: Germano Vasconcelos (Braga)
Marcadores: 1-0 Delfino (3’), 1-1 Hall (15’), 1-2 Bastos (17’ gp), 2-2 Figueiredo (40’ gp), 3-2 Gralho (67’), 4-2 Belo (85’).
Olhanense – Treinador: Júlio Costa
Carlos Martins; Américo Martins e Falcate; Fausto Peres, Raul Figueiredo “Tamanqueiro” e Francisco Montenegro; Cassiano, Belo, José Gralho, Delfino Graça e Júlio Costa cap.
FC Porto – Treinador: Akos Teszler (húngaro)
Borges Avelar; Álvaro Coelho e Tavares Bastos; Coelho da Costa, Velez Carneiro e Floriano Pereira cap; Alexandre Cal, Augusto Freire, Norman Hall cap., Augusto Ferreira “Simplício” e João Nunes.

Época 1924-1925

1924 - Constituição da secção de Basquetebol

O FC Porto constitui a secção de Basquetebol, cerca de uma década após a introdução da modalidade em Portugal. António Sanches, Agostinho Manta e Daniel Barbosa foram os motores da ideia e a eles se juntaram Gabriel Baptista e A. Cabral. O segundo lugar na “Taça António Cardoso”, garantido logo na primeira época, entusiasmou o grupo que constituiu, de imediato, mais quatro equipas da modalidade. Os basquetebolistas portistas treinavam num campo, ao ar livre, incluído no complexo da Constituição.

O FC Porto foi um dos grandes impulsionadores da modalidade em Portugal, contribuindo, a par do Académico e do Fluvial, para que a capital do basquetebol português fosse o Porto. E é na Invicta que se funda a Federação Portuguesa de Basquetebol (em 1927) e que se disputa o primeiro jogo internacional da modalidade – Portugal x França, em 1931, no Estádio do Lima.

28 Ago.1924 – A chegada de um ídolo

O FC Porto precisava de um guarda-redes que sucedesse a Lino Moreira. Num golpe de sorte, surgiria a hipótese de contratação de um húngaro, a troco de um... emprego no Porto. Mihaly Siska se chamava e, não muito tempo depois, naturalizar-se-ia português. Chegou pela mão do compatriota e treinador Akos Teszler. Mas, antes sequer de chegar à cidade, os sacrossantos defensores do amadorismo sem mácula, tentaram boicotar o seu ingresso no clube, numa muito polémica Assembleia-geral realizada a 28 de Agosto de 1924. Não vingou a tese dos "puristas" e Siska ingressou no FC Porto. [In "Glória e Vida de Três Gigantes", 1995]
No dia 23 de Novembro do mesmo ano, Siska disputou o seu primeiro jogo pelo FC Porto, contra o Progresso, no Bessa. O Porto venceu por 6-1. Mihaly (Miguel) Siska haveria de ser uma das maiores glórias de sempre do FC Porto!
  • No próximo post.: Capítulo 3 (Continuação) – Tragédia e luto; Velez Carneiro; Campeonato de Portugal 1924-25.

Pinto da Costa em Grande Entrevista n'O JOGO

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"Quem está na sua cadeira de sonho dificilmente aceita trocá-la"

Pinto da Costa não ganha sempre. No dia em que recebeu O JOGO no seu gabinete no Estádio do Dragão, tinha acabado de perder Pôncio Monteiro. "Um amigo de todos os dias e de todas as horas", confessou com a mesma emoção que coloca no discurso sempre que fala do FC Porto, que ambos defenderam lado a lado. Pinto da Costa não ganha sempre, mas não se consegue habituar a perder, e é por isso que aposta em voltar a ganhar tudo esta época. O campeonato e a Taça, claro, mas também a Liga Europa, até porque acredita que, depois de Viena, o FC Porto pode voltar a ser feliz em Sevilha. Para o conseguir, conta com "uma grande equipa", mas acima de tudo com um treinador que conhece "desde sempre": "Sei quem bem quem é o André e o que ele vale." É por isso que o presidente do FC Porto tem a certeza de que Villas-Boas vai ficar no clube para além dos dois anos que tem de contrato.

Que importância teve André Villas-Boas neste arranque de temporada do FC Porto?

Teve a importância que atribuo sempre a um treinador. Um treinador é sempre uma peça-chave em qualquer equipa. A escolha do treinador é uma responsabilidade que sempre assumi precisamente por isso. Para que, no caso de correr mal, seja da minha responsabilidade. Creio que 50 por cento daquilo que conseguimos até agora é mérito do André Villas-Boas e da sua equipa técnica, que é excelente.

Havia dúvidas em relação à juventude dele. Nunca as partilhou?

Não. Nunca tive dúvidas, até porque se tivesse, não o tinha contratado. Acho que um indivíduo aos 32 anos, que era a idade que ele tinha, ou é bom ou não é.

Qual é a primeira qualidade que procura quando escolhe um treinador?

A primeira de todas é a competência, e essa associada à liderança e à coragem. O que mais me irrita num treinador é ter consciência de que devia fazer algo e não o fazer porque tem medo. Conheço o André desde os 15 anos e sei que ele fará sempre o melhor para que o FC Porto vença.

Sublinhou que Villas-Boas é uma aposta pessoal. Sentiu resistências dentro da SAD à sua escolha?

Não. Todos sabem que não há nenhuma decisão aqui que não seja tomada por consenso. Há apenas uma excepção: eu escolho o treinador. Foi sempre assim. Foi assim com o Jesualdo, com o Mourinho, com o Robson e com todos. Quero ser eu a assumir essa responsabilidade e quero que o treinador saiba que é uma escolha pessoal. Neste caso, foi uma escolha sem risco, porque conheço o André desde sempre; sei quem ele é e o que vale.

O FC Porto desempenhou algum papel no fracasso das negociações entre o Sporting e Villas-Boas?

Não. Quando o André Villas-Boas teve um acordo com o Sporting assinado no Gerês, com a presença do dr. José Eduardo Bettencourt, o FC Porto não teve nada a ver com isso. O FC Porto nessa altura estava ainda lançado para o pentacampeonato, e não pensávamos em substituir o treinador. Tomámos conhecimento de que ele tinha um contrato-promessa, achei que era uma boa solução e cheguei a dar essa opinião ao presidente do Sporting. Depois, num jogo em Coimbra, o presidente da Académica disse-me que devia optar por ele e que não existia compromisso com o Sporting, porque havia uma cláusula que não fora cumprida. Só quando decidimos que o Jesualdo saía é que partimos para a escolha de um novo treinador. Nessa altura era do conhecimento público a rescisão do acordo-promessa que ele teve com o Sporting.

Dois anos de contrato é suficiente para um treinador que é falado como hipótese para clubes como o Inter de Milão ou o Liverpool?

Qualquer indivíduo que ganha é falado. Para isso corresponder à verdade, são necessárias duas coisas: a vontade de alguém contratar outra pessoa, e a vontade dessa pessoa de ser contratada. O André tem manifestado de forma categórica que - e a frase é dele - a cadeira do FC Porto é a sua cadeira de sonho, e quando um indivíduo está no seu clube, dificilmente aceitará uma troca.

O facto de ser portuense e portista é uma qualidade para um treinador do FC Porto?

É, sem dúvida. Nestes 28 anos como presidente, tive muitos treinadores. Tive quase sempre treinadores altamente competentes, cem por cento profissionais, mas que não tinham o coração azul e branco. Tirando o Pedroto, o Artur Jorge e o Oliveira, nos últimos anos não tive um treinador do FC Porto. O Villas-Boas acompanhou os sucessos do clube e compreendeu, com o Robson e com o Mourinho, o que era preciso lutar para ter sucesso. Se é um apaixonado pelo clube, não foi por isso que o convidei, mas é um acrescento na minha satisfação saber que escolhi um treinador pela sua competência, pelo seu carácter e pela sua liderança e que, ainda por cima, ele é dos nossos.

Acredita que Villas-Boas pode bater o recorde de quatro anos de Jesualdo?

Acredito. Acredito numa coisa com a certeza absoluta, que é que ele vai fazer mais do que os dois anos de contrato que tem agora.

Apesar do interesse...

Apesar do interesse, seja de quem for. Aliás, admira-me é que haja tão poucos interessados.

Então vai renovar com ele?

Isso é algo para discutir mais adiante.

"José Mourinho e André Villas-Boas têm o mesmo profissionalismo, a diferença é a paixão pelo FC Porto"

Há muitas pessoas que traçam paralelos entre André Villas-Boas e José Mourinho. Acha que existe algum paralelo entre ambos? Há semelhanças?

Não. Acho que se passa essa imagem, mas são muito diferentes. Claro que há semelhanças; por exemplo, são ambos altamente profissionais, vivem intensamente a sua profissão e dedicam-se aos seus clubes. Mas há logo aí uma grande diferença: o Mourinho foi um treinador de sucesso no FC Porto, mas, para ele, vir para cá ou para outro clube era igual, porque não era adepto do FC Porto. Curiosamente, a sua esposa até é portista desde pequena. Tenho ali uma fotografia em que eles assumem isso mesmo dizendo que o Mourinho festejou as vitórias de Viena e de Tóquio porque a esposa o obrigou. Foi um treinador fantástico, que se dedicou a cem por cento ao clube com um sucesso enorme. O Villas-Boas tem o acrescento de fazer o seu trabalho com profissionalismo, mas também com a paixão de o fazer pelo seu clube.

Consegue prever se André Villas-Boas chegará ao nível de José Mourinho, com os títulos que ele conseguiu?

Com os títulos que ele conseguiu, é difícil - vai ser difícil mais alguém chegar lá. Aqui, no FC Porto, teve um grande sucesso por mérito seu. Depois apanhou o Chelsea numa altura em que um milionário russo queria investir e lhe deu uma grande equipa, mas, para mim, o seu grande mérito foi o que conseguiu no Inter de Milão. Fez um trabalho notável, e não tenho dúvidas em dizer que ninguém mais fará o que ele fez.

Existe na opinião pública a ideia de que há algum ressentimento por parte do FC Porto em relação a José Mourinho. Isso corresponde à verdade?

Em termos pessoais, quando ele estava no Inter eu vivia intensamente as suas vitórias, tal como acontecia quando estava no Chelsea, de resto. Agora, no Real Madrid, estou dividido, porque o meu clube do coração em Espanha é o Barcelona e, naturalmente, estando ele no adversário do clube que se identifica connosco, fico dividido. Mais ainda tendo lá o Ricardo Carvalho e o Pepe, de quem sou amigo. Mas ressentimento quando ele ganha, nunca senti, muito pelo contrário.

"Acomodados com Jesualdo"

Há uma diferença que salta à vista quando se compara André Villas-Boas com o seu antecessor no cargo de treinador do FC Porto, Jesualdo Ferreira: o primeiro tem praticamente metade da idade do segundo. Uma diferença que força a pergunta: Pinto da Costa sentiu a necessidade de fazer uma ruptura com o passado quando contratou Villas-Boas? A resposta não podia ser mais directa: "Senti, sim. Senti que o FC Porto, no futebol, estava acomodado. Já sabíamos o que ia acontecer. Já sabíamos quem ia jogar, já sabíamos em que sistema íamos jogar, já sabíamos tudo e estávamos acomodados. O Jesualdo Ferreira foi um treinador competentíssimo, é um autêntico professor de futebol, fez evoluir e fará sempre evoluir os jogadores, mas faltava a dinâmica e a ambição de que uma equipa campeã precisa. Por isso foi necessária uma ruptura."

"Dilúvios, neve e até um ciclone de apito na boca"

É inevitável abordar o facto mais relevante desta primeira fase da temporada: 36 jogos sem derrotas. Estava à espera de um número assim?

Se 36 jogos sem derrotas bate um recorde do tempo do Mourinho, é sinal de que é muito difícil de conseguir. Felizmente aconteceu assim, o que é óptimo e possibilita várias conclusões. A primeira é que esta série começou com o regresso do Hulk à equipa, ele que devia ter cumprido três jogos de castigo, tal como foi determinado pelo Conselho de Justiça [CJ] da Federação Portuguesa de Futebol, que é a entidade máxima da justiça no futebol. Bizarramente cumpriu 17 por vontade de alguém que não tinha fundamento jurídico para o fazer, como o provou o CJ da FPF. A primeira ilação a tirar é que a falta do Hulk foi preponderante e daí que, por mais que isso irrite alguns cavalheiros, o último campeonato ficará sempre associado aos túneis. Foi no de Braga, foi no da Luz, foi aí que o nosso adversário conseguiu afastar os principais jogadores da luta pelo título; dez jogos com o Jesualdo após o regresso do Hulk e mais 26 com Villas-Boas. É evidente que se no começo da época me perguntassem se, praticamente no final da primeira volta, ficaríamos satisfeitos com três ou quatro pontos de avanço, o que representaria ter a mesma "performance" do Benfica tendo ganho o jogo entre ambos, diria que seria muito bom. Chegar aqui com oito pontos de avanço é muitíssimo bom.

Começou a ganhar no jogo da Supertaça?

Não, começámos muito antes disso. As coisas começaram a correr bem no dia da apresentação do André Villas-Boas; foi o momento da primeira vitória. A forma desinibida, inteligente e directa como ele se apresentou e respondeu a todas as questões criou uma lufada de ar fresco e onda de esperança entre os adeptos. Criou-se uma nova dinâmica com a sua maneira de ser, capacidade, juventude e ambição. Depois foi decisiva a pré-época. Não vencemos alguns dos jogos que fizemos, nomeadamente no Torneio de Paris, enquanto o nosso adversário directo empolgava a crítica de Lisboa com exibições fantásticas e goleadas a adversários de segunda linha. É evidente que o empolamento dessas vitórias, ligado à maneira negativa e depreciativa como viam o nosso treinador e a equipa, foi fundamental para que, na Supertaça, cilindrássemos em jogo o Benfica, com uma exibição convincente. Aliás, quando íamos para o estádio os adeptos encarnados faziam-nos gestos indicando 5-0, como se fossem vencer por esses números. Não era com certeza uma antevisão do que seria o resultado do Dragão. E era assim também nas apostas, uma percentagem enorme de favoritismo para o Benfica. Mas, dentro do campo, com uma ambição, uma força e uma consciência do nosso valor imparáveis, conseguimos ultrapassar as dificuldades, pôr o adversário no seu lugar e tornar evidente que o empolamento habitual, tanto das exibições anteriores como a supervalorização de qualquer jogador que chega ali, que tudo isso jogou a nosso favor. Foi uma jornada em que vencemos claramente, em que fomos prejudicados com agressões que passaram impunes, e foi o lançamento para esta carreira. Os jogadores passaram a acreditar no seu valor, o treinador começou a entusiasmar os adeptos, e todos formamos um grupo que tem sabido ultrapassar todos os obstáculos.

Qual foi o obstáculo mais complicado de ultrapassar até agora?

Já jogámos debaixo de um dilúvio em Coimbra e vencemos. Já jogámos com neve em Viena e vencemos. Já tivemos um jogo com um rival directo em que sofremos um golo irregular, vimos um jogador mal expulso e outro ficou em campo inexplicavelmente que foi um misto da tempestade de Viena e do dilúvio de Coimbra; foi um ciclone que passou com apito na boca por esse jogo, e conseguimos resistir. A equipa está habituada a ultrapassar todos os problemas e a encarar todos os jogos para ganhar, seja contra quem for e seja onde for. E por isso é evidente que estes resultados não me podem surpreender.

"Moutinho é a mola de um relógio suíço"

João Moutinho foi a grande contratação desta temporada. Correspondeu completamente às suas expectativas daquilo que é um jogador à Porto?

Totalmente. O João Moutinho, como jogador, é o que toda a gente sabe e, como homem, é fantástico. Um indivíduo que, com o seu passado no Sporting, teve de ouvir ser apelidado de maçã podre e que não teve uma reacção violenta em resposta - que podia dar fundamentadamente, com os documentos que tinha e que levaram à sua saída - e se manteve em silêncio por respeito ao clube que representou e aos companheiros que lá ficaram... é uma atitude notável, que não sei se muitos outros teriam.

Dentro de campo, como corresponde ele à sua descrição de jogador à Porto?

É a mola, o motor de um relógio suíço. Ele não é do Porto, mas também não é de Lisboa; é do Algarve e, já agora, faço-lhe uma inconfidência dizendo-lhe que ele esteve cá a prestar provas antes de ir para o Sporting porque queria vir para cá. E só não ficou porque tinha um irmão que não foi aprovado, e os pais queriam que ambos ficassem juntos. Caso contrário, teria ficado cá. Quando disse que ele era um jogador à Porto, nunca sonhei que fosse possível que viesse para cá. Pela forma de ser, pelo facto de jogar sempre, de ser o primeiro a assumir os problemas, é o tipo de jogador que está de alma e coração em qualquer clube.

Acha que ainda vai rendibilizar os 10 milhões que investiu nele ou isso nem lhe passa pela cabeça?

Passar pela cabeça, pode passar, agora vontade de o vender, não tenho. Quero que esses dez milhões sejam rendibilizados com muitas vitórias e mantendo o relógio sempre a funcionar.

O jogo com o Paços de Ferreira foi um jogo para jogadores à Porto?

Foi um jogo que foi mal analisado. Li um título no teletexto que dizia: "FC Porto treme, mas não cai". Quer dizer, estava frio, mas não assim tanto. O FC Porto fez uma primeira parte fantástica. O Helton, na primeira parte, teve de correr para não arrefecer. O Paços não passou do meio-campo. O FC Porto teve um remate de cabeça do Sapunaru, o Falcao falhou dois golos que normalmente não falha, o Hulk esteve isolado, e eles nem respiraram. Na segunda parte, o Paços de Ferreira atirou-se para a frente. Agora, há uma coisa que temos e que muita gente pensa que não faz parte da equipa, mas nós temos: um grande guarda-redes. O Helton tem cinco golos sofridos, e os outros têm 14 ou 15. O Helton está lá para defender e faz parte da equipa, e acabámos o jogo em cima do Paços e vencemos por 3-0. Houve um momento em que o Paços de Ferreira dominou, mas, mesmo aí, sentimos que a equipa não queria ceder. E quando uma equipa joga assim, com aquela determinação, as probabilidades de ganhar são muito maiores. É isso que define os jogadores à Porto.

"Bruno Alves e Raul Meireles não estavam com a cabeça aqui na última temporada"

Disse que havia jogadores que não estavam com a cabeça no FC Porto. Referia-se a Bruno Alves e Raul Meireles?

Sim, referia-me a eles. Tenho todo o respeito por eles, são grandes jogadores, foram grandes profissionais, mas não tinham a cabeça aqui. O Bruno e o seu pai falavam todos os dias em transferências, o Raul Meireles menos, mas também, e toda a gente sabia que a vontade deles era sair. Acredito que deram todo o seu empenho, mas no subconsciente estava a vontade de sair e, quando isso acontece, o rendimento não é o mesmo. Não é uma crítica, mas apenas a constatação de uma realidade. Quando me perguntam o que é um jogador à Porto, tenho de responder que a primeira qualidade para qualquer jogador é querer estar no FC Porto. Ainda há dias ouvi o Álvaro [Pereira] a dizer que nem quer ouvir falar em transferências, e isto é que é um jogador à Porto.

Surpreendeu-o a forma como a equipa ultrapassou a saída deles?

Não, não me surpreendeu porque conhecia o valor dos que ficavam e dos que vieram. Trocar o Raul Meireles pelo João Moutinho não é um risco; sair o Bruno Alves, com o crescimento do Maicon e tendo já na agenda o Otamendi, que é só internacional argentino, era de prever que não houvesse assim um grande abalo. Só tive pena que o Bruno saísse porque me dava gozo ouvir o doutor Eduardo Barroso, que via cotovelos por todo o lado, talvez por deformação profissional. Nesse sentido, o Bruno faz falta.

"Tive pena que Baía e Fernando Gomes saíssem"

A escolha de Antero Henrique para o futebol corresponde à necessidade de renovação que disse sentir no final da última época?

O Antero é quase um caso como o do André Villas-Boas. Conheço-o há mais de 15 anos. Acompanhei a sua evolução, e ele quase não precisa de falar para eu saber o que pensa. Ele já estava cá com o Jesualdo e tem a mesma preponderância que tinha. Poderá é sentir-se mais envolvido, porque este projecto entusiasmou toda a gente no clube que sentia, como ele sentia, que estávamos a cair num comodismo que é o pior que pode acontecer numa instituição como o FC Porto.

Em contrapartida, as saídas de Vítor Baía e Fernando Gomes representaram algum percalço para o clube?

Tinha e tenho relações de amizade com ambos. Conheci o Vítor Baía ainda nos juniores e guardo com carinho a primeira camisola que ele usou como sénior, bem como a camisola com que ele ganhou a Champions contra o Mónaco. Tive pena que saíssem do clube, e essa saída não aconteceu por minha vontade, mas eles entenderam que esse era o caminho que deviam seguir, e eu tive de respeitar essa decisão.

"Recandidatura? No fim do mandato logo vemos"

Na véspera da entrevista a O JOGO, Pinto da Costa foi jantar com a sua comissão de recandidatura, tornando inevitável a pergunta óbvia: vai recandidatar-se? A resposta foi um claro nim, mas um nim pontuado por algum humor. "Acho que esse jantar foi mal interpretado", começou por explicar o presidente portista. "Este é um jantar habitual nesta altura do ano e nem sequer estamos em época eleitoral", acrescentou. Mas está ou não disponível para se recandidatar? Mais sorrisos na resposta: "Neste momento estou a cumprir o meu mandato; no fim logo vemos. Antes disso tenho muita coisa em que pensar. Temos o museu, por exemplo, que quero inaugurar no final do próximo ano." A próxima obra do catálogo do presidente portista tem projecto e até já começou a dar os primeiros passos, embora, para já, Pinto da Costa prefira mantê-los em segredo. "A seu tempo, tudo será anunciado. Posso dizer que será de topo, que servirá de complemento perfeito para o nosso estádio e para o nosso pavilhão, e garanto que será uma visita obrigatória da cidade, por muito que isso custe ao presidente da Câmara Municipal do Porto."

"Ganhar por cinco foi agradável mas podia ter sido por seis..."

Houve algumas críticas do Benfica às arbitragens, e Jorge Jesus até já disse que o campeonato está desequilibrado por causa delas...

Claro que disse. Teve de dizer, porque foi o que resultou de uma reunião de alguns senhores do Benfica para delinearem uma estratégia de ataque ao FC Porto. O Jorge Jesus sabe muito bem porque é que o Benfica falhou e porque é que o FC Porto venceu. Isso são entretenimentos ridículos, as chamadas desculpas de mau pagador. Se eu dirigisse o FC Porto e orientasse o FC Porto reunindo-me com um "staff" onde estavam comentadores de televisão e jornalistas de jornais amigos, é evidente que tinham de sair asneiras; se o sr. Delgado e o sr. Guerra tivessem capacidade para dirigir o Benfica, já estariam lá. Quando são esses iluminados que vão lá dar opinião e iluminar, é óbvio que levam à situação ridícula de pôr o presidente da Assembleia Geral a pedir aos sócios para não irem aos jogos fora. Isto realmente é uma ideia peregrina, que ninguém percebe. Claro que ninguém lhes ligou nenhuma; quando muito, perceberam mal, porque deixaram foi de ir à Luz, onde as audiências baixaram drasticamente. Depois forçaram o presidente a desdizer numa carta aquilo que os órgãos sociais tinham decidido inicialmente. Claro que quando não há uma orientação séria e se dirige ao sabor das opiniões de meia dúzia de opinadores e jornalistas, é óbvio que tem de dar asneira.

E que balanço faz do trabalho de Vítor Pereira na Comissão de Arbitragem?

Não queria comentar muito o trabalho do Vítor Pereira. Tenho a ideia de que é uma pessoa séria, que procura fazer o melhor que pode e sabe, mas compreendo que a sua missão é muito difícil. Portugal é o único país da Europa que tem três programas televisivos de mais de uma hora de gente que não percebe nada de futebol. Podem perceber de medicina ou cinema, mas são pessoas que não sabem nada de futebol e vão discutir até à exaustão o trabalho dos árbitros. É muito difícil que este barulho todo não influencie o subconsciente das pessoas. Estou convencido de que quando as pessoas perceberem o ridículo que é ver o doutor Eduardo Barroso ou o doutor Fernando Seara a dizer que os penáltis contra as respectivas equipas nunca o são e que os penáltis contra o FC Porto são todos, isto acaba. São pessoas que não ajudam o futebol e desprestigiam as classes a que pertencem pelo fanatismo que evidenciam.

Os 5-0 ao Benfica foram uma espécie de retribuição pelo que aconteceu na Luz na última época?

Não. Foi um jogo normal. Nem sequer foi inédito. Aliás, foi muito mais interessante termos dado 5-0 na Supertaça em Lisboa, porque foi em casa do adversário e teve mais impacto. Acho que não teve nada de especial. Se ganhássemos por 1-0, ficava satisfeito na mesma. Por cinco, foi agradável. Podia ter sido por seis...

Mas não acha que foi esse o jogo que definiu decisivamente a liderança do campeonato?

Isso estava definido muito antes. Aliás, nos últimos três jogos com o Benfica, já com a equipa completa depois das injustiças que resultaram das confusões no túnel da Luz, demos 10-1. Por isso, as coisas estavam definidas há muito...

"Já fomos felizes em Viena, por que não em Sevilha?"

No início da época disse que o FC Porto ia voltar a vencer interna e internacionalmente. Acredita que o FC Porto pode voltar a vencer uma grande competição europeia já este ano?

Acredito que sim, que é possível, embora seja difícil, como mostra o sorteio da próxima fase de Liga Europa. O Sevilha é sempre um adversário de respeito. Nunca dissemos que vamos ganhar; dissemos, e mantemos, é que vamos tentar ganhar. Sabemos que não há equipas invencíveis, mas vamos lutar para sermos invencíveis até onde for possível. De resto, o FC Porto já foi feliz em Viena este ano; porque não há-de voltar a ser feliz também em Sevilha?

Não há representantes portugueses na Liga dos Campeões nos oitavos-de-final...

Algo que vejo com tristeza e que é negativo para o futebol português. Mas talvez assim as pessoas que só olham para o Sul possam dar o valor que é devido ao FC Porto pelo facto de passar regularmente para além da fase de grupos.

O FC Porto apresentou recentemente o maior orçamento do futebol português. Essa é uma situação sustentável?

É. O FC Porto tem apresentado lucros nos últimos quatro anos. De resto, apresentou este orçamento mais recente com uma nova previsão de lucro. Portanto, é sustentável.

Mesmo fora da Liga dos Campeões?

Pensamos que sim. Embora a nossa vontade seja a de sobreviver fora da Liga dos Campeões o menos tempo possível, até porque a diferença nas receitas para a Liga Europa é muito grande.

"Saídas? Temos é jogadores de topo a pedirem para voltar ao FC Porto"

Vai ser possível manter jogadores como Hulk e Falcao na próxima época?

Acredito que sim. O Hulk tem uma cláusula de 100 milhões e se alguém bater esse dinheiro, ele pode sair. Mas estou convencido de que para o ano poderemos manter a estrutura da equipa actual.

Mas não há o risco de ficar com jogadores como Bruno Alves e Raul Meireles, que estiveram cá, mas tinham a cabeça noutro sítio?

Qualquer jogador tem objectivos. Os que jogam nos clubes mais pequenos querem jogar nos grandes, e os que jogam aqui sonham com o Barcelona e com o Real Madrid. Mas posso dizer-lhe que não sinto vontade de sair em nenhum jogador. O que temos, e não quero mencionar nomes, é jogadores de topo a pedir-nos para voltar ao FC Porto.

Disse que não há jogadores negociáveis durante a abertura de mercado em Janeiro. Nem Cristian Rodríguez ou Fucile?

O que eu disse foi que nenhum dos jogadores que o treinador considerar importantes sairá, seja por que preço for. Agora, se houver jogadores que não jogam e aos quais faça bem rodar quatro ou cinco meses num clube diferente, poderemos analisar essas situações.

Não tem propostas concretas nesse sentido?

Há vários clubes interessados em um ou dois jogadores, mas ainda não definimos o que vamos fazer.

Há a hipótese de se proceder a algum reajuste do plantel pelo lado do seu reforço?

Não há. Há dois anos havia uma lacuna no lado esquerdo que hoje não há - não vejo melhor jogador que o Álvaro Pereira. Depois, com o meio-campo que temos, também não é fácil ver que jogador poderia entrar no FC Porto. O Messi talvez conseguisse, mas não lhe podemos chegar...

No início da época falou-se na hipótese da contratação de Kléber, do Marítimo. Essa porta está fechada?

Completamente.

"Eticamente, a Liga está errada"

Como tem visto a actuação de Fernando Gomes na Liga de Clubes?

Acho que tem feito um grande esforço e, em termos administrativos e empresariais, a Liga está no bom caminho. Embora entenda que, eticamente, a Liga está errada e o campeonato viciado. Qualquer empresa que entra no desporto como patrocinador, é para ganhar; parece-me mal que o patrocinador da Liga seja também o patrocinador de um dos clubes concorrentes. Da mesma forma que a Revigrés quer que o FC Porto vença, que a Super Bock quer que o Sporting ou o FC Porto vençam, também o patrocinador da Liga quer que o Benfica ganhe, e isso é eticamente reprovável. Aliás, quando fui presidente da Liga o engº Roque ofereceu-se para a patrocinar com a Revigrés. Decidimos que sim, mas que o FC Porto teria de abdicar do patrocínio e arranjar outro patrocinador. Só que o engº Roque disse que não abdicava do FC Porto e que desistia de apoiar a Liga. Penso que o que se passa agora é incorrecto.

Mas acredita que, considerando a dimensão do mercado português, há alternativa aos actuais patrocinadores?

Tem de haver - a Liga tem de os procurar. Agora, parece-me incorrecto que o patrocinador da Liga seja o mesmo de um dos concorrentes, porque corremos o risco de viciar a competição. Acho que é eticamente incorrecto e já manifestei essa opinião junto de quem de direito.

Sente-se aliviado com a saída de Ricardo Costa da Comissão Disciplinar da Liga?

Quem se deve sentir aliviado são as vítimas das suas decisões. Já falámos no Hulk, que foi injustamente castigado com 17 jogos, quando devia ter cumprido três. Imagino que seja um alívio para ele e para o Sapunaru, que nem sequer pôde jogar.

Jesualdo Ferreira disse que, mais do que as ausências, esse processo influenciou negativamente o estado de espírito do plantel. Partilha dessa opinião?

Partilho, porque, perante uma injustiça tão clara, tão unânime entre os juristas que consultámos, instalou-se um clima de revolta e de impotência perante a inevitabilidade de jogar um campeonato que estava decidido à partida.

"Jesus é grande treinador e muito inteligente"

Jorge Jesus considerou anteontem os elogios que lhe dirigiu uma tentativa de dividir a família benfiquista, questionou a capacidade de Villas-Boas para resistir à pressão e duvidou do êxito do FC Porto sem a ajuda de terceiros. Era a resposta que esperava?

Só tenho uma objecção: é que fico admirado por ele não considerar um jogo de pressão a final da Supertaça contra um campeão nacional em título. Aí fico admirado; de resto, entendo perfeitamente. Essas declarações só reforçam o que disse: além de ser um grande treinador, é muito inteligente. Acho que o único falhanço dele foi ter considerado jogos sem pressão os dois FC Porto-Benfica que já disputou, um até para a final de uma Taça.

"Fernando Seara a presidente, Eduardo Barroso como vice"

Fala-se de eleições para a FPF. Ainda recentemente se falava na hipótese de Fernando Seara avançar com Octávio Machado. Tem seguido essa corrida?

Não tenho, não. Acho que o presidente da Federação deve ter passado no futebol, obra feita no futebol. Ouvi há dias alguém dizer do doutor Fernando Seara que é um homem do futebol. Não sei onde jogou, não sei onde treinou, não sei que clube dirigiu. Não sei se ir para a televisão falar de árbitros já define um homem de futebol. Se for assim, proponho o Eduardo Barroso para vice-presidente, que ele também fala tanto de árbitros como o Seara. Mas o presidente deve ser uma pessoa com passado e obra no futebol. E isenta. E quando digo isenta, é equidistante dos clubes. Alguém que assume as posições do Benfica contra os outros, um indivíduo que é mandatário de campanha do presidente de um clube, acho que esse indivíduo não tem os requisitos de isenção para desempenhar o cargo de presidente da FPF.

A recandidatura de Gilberto Madail seria uma boa solução?

O dr. Madail é simpatizante do Benfica, mas não há ninguém que não seja simpatizante de um clube ou de outro. Agora, não toma posições a favor de um lado contra outros, não foi mandatário de ninguém em nenhum clube e, portanto, parece-me que esses requisitos, ele tem. Mas essa corrida não é nada comigo. Acho é que o facto de alguém ser comentador na televisão não habilita essa pessoa para a presidência da FPF.

E quanto às eleições para a presidência da República, tem alguma posição?

Não tenho. Não devo tomar nenhuma posição. Enquanto presidente do FC Porto, não tenho posição, nem preferência, nem devo manifestar-me de qualquer forma.

"Salgueiros e Boavista são vítimas de Rui Rio"

Como vê a situação dos clubes da cidade, em concreto o Boavista e o Salgueiros?

Vejo com tristeza, porque são dois clubes que marcaram uma época. O Salgueiros é um histórico da minha infância, e o Boavista não precisa de apresentações. Ambos são vítimas do presidente da Câmara que temos. Tenho a impressão de que se isto acontecesse em Lisboa, já teria sido encontrada uma solução para os seus estádios e para os seus problemas.

Curiosamente, o FC Porto tem prosperado com Rui Rio...

Temos prosperado porque, como nunca recebemos nada de ninguém, continuamos na mesma. A única coisa que o FC Porto recebeu dos anteriores presidentes foi a deferência, respeito e atenção que deixou de receber com este. Não é o facto de se ser recebido na Câmara, de se vir aos jogos do FC Porto ou de se enviar um telegrama a desejar felicidades que faz com que se ganhe ou perca. Mas é agradável. Um clube que ostenta o nome da cidade, que é seu embaixador em todo o mundo, não ter o mínimo apoio e ser ignorado pela Câmara é uma coisa absurda, mas não é por isso que deixamos de ganhar.

MANUEL TAVARES e JORGE MAIA
jornal O JOGO, 25.12.2010