Segunda-feira à noite, 400km, e nós lá estávamos…

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O segundo dos cinco jogos que o nosso treinador considerou fulcrais rumo à conquista do título nacional, reservou-nos uma deslocação a Leiria. No Domingo à noite assistimos a um empate caseiro contra o último classificado, da equipa que joga o melhor futebol praticado no mundo inteiro e arredores. Ironias do destino têm destas coisas, não nos esquecemos do que fizeram e disseram o ano passado, quando depois daquele campeonato vergonhoso tiveram hipótese de se sagrar campeões no estádio do Dragão. Saíram daqui derrotados, ora pois, e este ano o feitiço virou-se contra o feiticeiro, se ganharmos os próximos dois jogos da Liga ZON Sagres, o título regressa às nossas mãos em plena lixeira de Alto dos Moinhos!! Há coisas fantásticas, não há?

Segunda-feira, dia de trabalho e estudos para qualquer cidadão normal. Leiria – FC Porto às 20h15 e cerca de 200km da cidade Invicta. Ultras contra o futebol negócio! Como verdadeiros aficionados lá saímos o mais depressa possível dos nossos compromissos profissionais e encontramo-nos no Dragão ao final da tarde. Os mesmos de sempre fizeram-se à estrada, na altura em que as portas do estádio Dr. Magalhães Pessoas já deviam estar abertas. Com o mesmo espírito de sempre, de muita paixão que sentimos por este clube e de muito sacrifício, abdicando e passando por cima de várias coisas para dizermos “presente” ao lado dos nossos jogadores, percorremos mais umas centenas de km para juntar à extensa lista só desta temporada. Chegada à cidade do Lis mesmo em cima do apito inicial e quando entrei já a bola rolava. Cerca de 2000 ultras do FC Porto ocuparam uma parte do sector visitante do estádio, juntando-se a eles os portistas daquela zona do país. Estádio deserto para manter a tradição daquelas bandas, nem quero imaginar o que seria aquele jogo sem a nossa presença, tamanha seria a podridão de ambiente vivido.

Apesar de deserto, gostei bastante duma particularidade do sector visitante daquele estádio, a acústica que proporciona, devido ao formato que tem. O topo não é muito elevado, não deve ter mais de vinte filas em altura, e a isso junta-se o facto de ser fundo, o que leva a que o poder vocal se amplie significativamente. Ambas as claques, Super Dragões e Colectivo, a marcarem presença com bastantes elementos como normalmente, apoiando a equipa do início ao fim do jogo. Cânticos, não só à equipa, como também aos jogadores individualmente, o que tem sido marca nos últimos tempos. Muito material presente, as famosas bandeiras gigantes, alguns estandartes e novamente a faixa gigante dos Super Dragões, pendurada entre o primeiro e o segundo anel do topo onde nos encontrávamos. A tal faixa que já tinha sido colocada em Braga e usada como coreografia nas recepções aos lampiões para a taça de Portugal e ao Sevilha para a Liga Europa, causa um efeito extraordinário. O momento da noite foi sem dúvida os minutos vividos até ao final, imediatamente após o golo de Guarín, que desencravou o marcador. Um golo que nos coloca mais perto do nosso objectivo, o resgate do título nacional!

Olhos e sorrisos de alegria entre todos, grande espírito de união e a festa começou a ser feita na bancada dos ultras do FC Porto. Poucos minutos após o tento do colombianos, solta-se o primeiro “allez allez CAMPEÕES allez!” Estremeci!! Como é bom voltar a ouvir isto e cantar a plenos pulmões! A adrenalina tomou conta de todos, o título é já ali ao virar da esquina. Do “E quem não salta é lampião” ao célebre “PORTO!”, “PORTO!” de uma bancada para outra, passando pelo “Nós só queremos o Porto Campeão!”, entoado nos últimos jogos, tomámos conta de Leiria! Como é bom olharmos para trás e recordarmos o nosso percurso até ali, lembrarmo-nos de tudo aquilo por que passámos e sentirmos que este já não nos foge e podermos festejar lado a lado com quem andamos todas as semanas! Inexplicável.

Os últimos minutos foram a cantar “campeões!” e a rever só a forma como os jogadores agradeceram no final. Já mencionado pelo Norte neste espaço, e muito bem mencionado, não vou aprofundar mais, mas garanto que nenhum jogador passou sequer do meio-campo. No momento do penalti, eu e outros tantos corremos até ao limite da bancada, na esperança de avistar os jogadores o mais próximo possível. Não lhes ficava mal, no final, terem ido atrás da baliza bater umas palmas. Simples e justo. A saída do estádio e o regresso a casa foi em clima de festa!

Quinta-feira, segunda mão dos oitavos de final da Liga Europa, jogo no Dragão com o CSKA de Moscovo. Depois da vitória por 0-1 na Rússia, e mesmo com as portas dos quartos de final escancaradas à nossa frente, só 32712 pessoas é que encontraram motivos suficientes para comparecer. Chamem-me exigente, mas não é um número aceitável para uma equipa que está a fazer uma época histórica. Começo pelos moscovitas, que se surpreenderam pela positiva, fazendo deslocar-se ao Porto com três ou quatro centenas de adeptos. Digno de registo. Adeptos esses, que não ouvi sequer uma vez. O golo de Hulk no primeiro minuto de jogo deve ter contribuído para isso. Antes do encontro começar, um minuto de silêncio em memória de todas as vitimas da recente catástrofe no Japão, acompanhado mais uma vez por uns absurdos aplausos.

Super Dragões com sector lotado e proporcionando um bom apoio à equipa. Colectivo mais discreto mas bem audível em certos momentos do jogo. O grande destaque de anteontem à noite é uma nova música lançada pelos Super Dragões já nos últimos cinco minutos da partida. Com a passagem prestes a ser garantida, o sonho a caminho de se tornar realidade em Maio próximo e nada como uma bela letra para acreditarmos ainda mais de que é possível: “Venceremos venceremos, venceremos outra vez, o Porto vai ganhar a taça, como em 2003”, entoaram os Super Dragões, para gáudio do resto do estádio. Grande momento sem dúvida, e se formos optimistas podemos dizer que faltam apenas quatro jogos para isso se concretizar. Mas continuar a pensar num adversário de cada vez, e agora é o Spartak de Moscovo que teremos pela frente!



QUEREMOS REPETIR 2003!

Um abraço ultra.